O Perigo do Efeito Orloff

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Em 2013 escrevi alguns textos falando sobre as mudanças que aconteceriam numa eventual troca de grupo político no comando do governo de nosso Estado. Esses textos fizeram com que eu recebesse uma ligação do então candidato e hoje governador Flávio Dino que me disse que eu era um homem de pouca fé, que era um descrente, que não acreditava que ele seria capaz de proceder de maneira diferente da “oligarquia”.

Expliquei-lhe que não se tratava de não acreditar em seus propósitos e em suas intenções, muito pelo contrário, que eu acreditava nelas e era isso que mais me preocupava, pois se ele não conseguisse implementá-las, resultaria numa grande decepção, numa grande frustração, não apenas para seus eleitores, mas para todos em nosso estado, pois mudanças cíclicas são muito importantes e necessárias.

Os detentores do poder deveriam saber disso e para prolongarem seu tempo no comando deveriam ciclicamente afastar-se dele para depois voltarem melhor preparados, mas o poder vicia e esse vício faz com que pessoas inteligentes não pensem da forma que deveriam pensar.

Naquela época eu dizia em meus textos que numa eventual mudança de comando político em nosso Estado, mudariam os nomes, mudariam até as diretrizes, mudariam inclusive algumas posturas, mas o sistema em si mudaria muito pouco ou quase nada, pois o chassi onde o poder está montado, este só muda quando há uma completa mudança de modelo, quando o projeto é totalmente novo e não traz nada do passado. Nada neste caso significa apoiamentos e compromissos que possam fazer o novo poderoso continuar preso a conceitos e práticas antigas. A coisa mais importante no “novo” é a total independência, o descompromisso com quem quer que seja, mas para o novo ser verdadeiramente novo ele também precisa ter atitudes elevadas, altruístas, nobres…

Veio a eleição e Flávio se elegeu. Na época me manifestei também aqui nesse espaço dizendo que após seis meses faria uma análise sobre seu governo. Os seis meses se passaram e resolvi dar mais 180 dias de prazo para mim mesmo, para que eu pudesse melhor avaliar, haja vista esses seis primeiros meses mostraram-se escassos para uma análise mais justa e coerente do novo governo, uma vez que as peças novas montadas na antiga máquina ainda não renderam o suficiente para que possam ser analisadas de forma justa.

No entanto, existem algumas coisas que posso adiantar sem medo de fazer algum mau juízo, coisas estruturais, programáticas, algo que poderíamos analogicamente chamar de sangue venoso e sangue arterial, aqueles que fazem o corpo funcionar satisfatoriamente. É sobre essas observações que passo a tratar agora.

Conversando com alguns amigos que tenho dentro do atual governo, disse-lhes de minha preocupação quanto a sensação de que nele, de bom mesmo só haja o próprio Flávio Dino. De que as peças da máquina estão muito aquém do maquinista. Sei que essa sensação é falsa, pois sei do grande valor individual de alguns membros do governo, tais como Marcelo Tavares, Felipe Camarão, Marcellus Ribeiro, Marcos Pacheco, Rodrigo Lago, Robson Paz, Márcio Jardim, Ted Lago, Bira do Pindaré, Francisco Gonçalves e mesmo, do algumas vezes tão injustamente criticado, Márcio Jerry, entre outros poucos.

Criticar Flávio Dino por permitir que Márcio Jerry detenha grande poder de influência e de decisão em seu governo é no mínimo ter memória curta e não ser capaz de se lembrar do que fazia Jorge Murad nos governos de Roseana, Azis no governo Jackson, Alexandra no governo Zé Reinaldo, Milhomem e Edinho no governo Lobão, dona Isabel no de Cafeteira, Teixeira com Luiz Rocha, Zé Burnet com Castelo, Araújo Careca com Nunes Freire e Jaime Santana com Pedro Neiva.

O que está errado agora assim como antes, é os mandatários comissionados agirem de forma mais dura que o necessário para quem é apenas um comissionado. Maquiavel falou sobre isso. O príncipe pode e deve delegar poderes, mas o secretário deve usá-los com a devida sabedoria e delicadeza para que não transpareça ser dele o poder originário, pois poderá causar ciúmes em uns e raiva em outros.

O segundo ponto que gostaria de tocar diz respeito ao fato do atual governo demonstrar uma fixação maior com o passado, que a devida obsessão que precisa ter com o presente e com o futuro de nosso Estado.

Não se pode negar que FD implantou novas práticas na gestão pública, mas também não se pode dizer que todas são eficientes, mesmo que sejam aparentemente salutares.

Ter descartado quase todos os funcionários que faziam a máquina estatal funcionar fez com que ela não funcionasse nos primeiros meses de governo. Agora é que ela está começando a se mover. Nisso o governo errou feio.

Esses funcionários não são, nunca foram e nunca serão partidários de ninguém. São eles que fazem o Estado andar. Seus substitutos foram orientados a repudiar qualquer conversa com quem quer que fosse. Aterrorizados tiveram ainda mais dificuldade.

O terceiro e último ponto que eu gostaria de comentar é sobre a totalmente equivocada forma de comunicação que o atual governo adotou. Em quase nove meses, tempo de um parto, não conseguiu fazer uma licitação para esse importante setor da administração e usa alguns Blogs, o Twitter, o Facebook, o Instagram e outros veículos mais para combater os adversários do que para se comunicar com a população. Esse erro poderá custar muito caro ao governo que não consegue enxergar e saber que uma coisa é campanha politica e eleitoral e que outra é o dia a dia da administração pública.

O velho mestre Nicolau também tem uma lição para isso. Existem formas distintas de agir. Uma para tempos de guerra e outra para tempos de paz. Mas se Maquiavel não seduzir com suas palavras, tentem as da Bíblia que diz que há um tempo para cada coisa, tempo de plantar e tempo de colher…

Não sou adversário do atual governo, nem sou seu correligionário. Sou apenas um maranhense que quer ver seu Estado bem administrado. Que antes exigia dos antigos mandatários as mesmas coisas que exige dos atuais e que exigirá dos futuros: Procurem fazer o melhor possível; Sejam inteligentes e por isso, humildes; Olhem para frente sem se esquecer do passado e não o contrário; Ouçam o que dizem seus amigos com os dois ouvidos, mas reservem um deles para ouvirem aqueles que nem sempre concordam com vocês; Cuidado com o Efeito Orloff…

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A Pedra e a Palavra recebe prêmios em Portugal

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Um dos participantes do Polo de Cinema Ficcional, Documental e de Animação do Maranhão, o Cineasta e membro das AML, da AIL e do IHGM, Joaquim Haickel, recebeu no último dia 23 de julho, dois prêmios por seu longa-metragem A Pedra e a Palavra.

O filme mostra a vida e a obra do Padre António Vieira, que viveu no Maranhão por 9 anos, tendo construído aqui boa parte da fama que carregaria pra depois de sua morte.

1-Troféus

 

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Assunto Extremamente Importante

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Já faz algum tempo desde a publicação da última pesquisa sobre a intenção de votos para a Prefeitura de São Luís, mas eu gostaria de voltar a esse assunto, uma vez que acredito que ele não tenha perdido sua atualidade.

Ao reanalisar a tal pesquisa constato que definitivamente há algo de muito errado nela, e que pouco podemos fazer quanto a isso, pois o que está verdadeiramente errado nela é a lista de candidatos nela listados!

Não consegui identificar um único nome dentre os citados pelos eleitores ou pela empresa pesquisadora, em que eu desejasse realmente votar. Existem até pessoas de quem gosto nessa lista, mas votar é algo diferente. Não há ninguém capaz de fazer proposições que me empolguem e que me façam vibrar. A escolha vai acabar sendo feita da pior maneira que pode existir: por eliminação. Pode ser que com o passar do tempo e a melhor apresentação dos candidatos algum deles desponte e ganhe minha preferência, mas até agora…

O fato é que nem eu, nem ninguém conhece alguma proposta palpável por parte dos candidatos. Só o que se vê é jogo de cena e só o que se escuta é conversa mole… Uma mise-en-scéne antiga em um discurso desgastado.

Mas em meio a essa reflexão, por um instante, pensei na dificuldade que é ser candidato e resolvi relacionar algumas propostas, caso me desse a louca e eu também resolvesse me candidatar a prefeito do lugar que mais amo neste mundo, minha São Luís. Talvez minha lista de propostas sirva para algum candidato mais humilde, que as aceite e as possa incluir em suas metas.

Meu primeiro pensamento foi no tocante ao nosso maravilhoso Centro Histórico, o Casco Antigo, como dizem os espanhóis, que como poucos sabem conservar e manter funcionando áreas como estas.

Acabo de chegar de uma viagem a Portugal e Espanha, onde pude rever lugares plenamente preservados em sua originalidade e utilizados na vida cotidiana da cidade, por sua gente e para o desfrute dos visitantes provenientes de todo o mundo.

Não que as ruelas do centro de Barcelona pareçam com as de São Luís, isso não. As daqui se parecem com as de Lisboa e do Porto, só que as de lá estão em condições impecáveis de uso e tem uma efetiva utilização funcional e comercial, seja para uso das pessoas do cocal ou para o deleite dos turistas.

Cafeteira, quando prefeito, cometeu um crime quando tirou os bondes das ruas de nossa cidade, mas se redimiu quando, governador, executou o Projeto Reviver, que transformou nossa cidade em Patrimônio Mundial. Agora precisamos que outro governante faça esse patrimônio ser bem utilizado, ou melhor, realmente utilizado. O candidato que não colocar isso em seu plano de metas e não realizar um trabalho efetivo quanto a isso, não merece meu voto agora e não merecerá meu respeito depois.

Vou listar a seguir algumas propostas, mas vou me fixar apenas nas que estejam de alguma forma relacionadas ao Centro Histórico.

Implantaria todas as repartições municipais nessa área e conclamaria as administrações Estadual e Federal a transferir suas atividades para o Centro Histórico, visando à ocupação dessa importante região que se encontra em avançado estado de abandono, dando vida diurna a ela e efervescência noturna através de bares, restaurantes, casas de shows…

Criaria incentivos mais efetivos para a abertura de pequenas e micro empresas nessa região; implantaria um sistema integrado de estacionamentos no Aterro do Bacanga com minivans que pudessem deixar os usuários dos estacionamentos nas portas de seus respectivos locais de trabalho; de comum acordo com os vendedores ambulantes e camelôs radicados na Rua Grande, os recolocaria em um espaço exclusivamente reservado a eles, com toda infraestrutura de um centro comercial, na margem esquerda do Rio Bacanga, na altura da Areinha, onde tanto eles quanto a população seriam grandemente beneficiados; transformaria a Rua Grande em um Shopping Center a céu aberto, entregando a gestão da Rua ao CDL, a ACM e as entidades semelhantes; abriria a possibilidade de PPP (parcerias público privadas) para a construção de estacionamentos embaixo das praças da cidade; convidaria faculdades para usar casarões antigos; reordenaria o trânsito nas ruas centrais como Afogados, Sol, Paz e Santana; aumentaria o efetivo da guarda municipal em toda essa região; incentivaria o uso das casas desta área para moradia…

Posso estar parecendo pouco sensível e pouco realista no que diz respeito ao que realmente dá votos, às coisas que o povão tanto precisa, mas isso os políticos, de modo geral, já o fazem de sobra, pois todos precisamos que o trânsito seja organizado, que a segurança seja reforçada, que a saúde funcione e que a educação realmente possa servir de veículo de acesso à cidadania para os filhos dos cidadãos de nossa cidade.

Ocorre que o político, de um modo geral, o prefeito, o governador ou o presidente da República, cada um em sua esfera de atuação, não deve e não pode deixar de tomar medidas efetivas, eficientes e eficazes no que diz respeito a coisas que podem não dar votos, mas estruturam a vida de toda uma cidade, um estado ou um país.

Medidas como a preservação e a efetiva utilização do Centro Histórico de São Luís são indispensáveis para que a gente de nossa cidade tenha uma vida melhor, pois se esse setor funcionar a contento, a administração poderá dedicar mais atenção a outras áreas e a outros setores.

Quando sei de projetos no sentido de construir centros administrativos fora do centro de São Luís, fico pensando que os administradores de cidades como São Paulo, Barcelona, Lisboa, Praga, entre outras, estão errados em priorizar o uso inteligente dos seus centros históricos com funções administrativas. Pobres tolos!

Muitas outras coisas devem constar em um bom plano de governo e em uma boa plataforma eleitoral para a prefeitura de nossa cidade, mas se nelas não estiver claramente previsto o bom uso do nosso maior patrimônio urbanístico e arquitetônico, este será um projeto aleijado e seu proponente um candidato alijado, pelo menos do meu voto.

 

 

 

 

 

 

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