Indignado pela indignidade

0comentário

É indecente e criminosa a politização que está ocorrendo em torno da pandemia de coronavírus. É asquerosa a atitude de pessoas que aproveitam ocasiões de tamanha dificuldade para dar vazão a essa que é uma das mais torpes facetas da condição humana: a perfídia.

Utilizarem-se deste momento, em que enfrentamos essa avassaladora calamidade, onde todos estamos sujeitos a adoecer e alguns até a morrer, para tirarem vantagem política ou denegrir adversários, é algo ultrajante e inaceitável.

Os canalhas que fazem esse tipo de coisa estão sendo observados, e mesmo aquelas pessoas de pouca percepção, são capazes de reconhecer quem joga com suas vidas.

É igualmente inadmissível gestores públicos idiotas não serem capazes de se comportar com a devida e necessária civilidade, urbanidade e decoro, ainda mais em um momento como esse. Muito grave também é o que acontece com a imprensa, onde jornalistas tomam posições ideológicas e partidárias, colocando em segundo plano o bem comum.

Exigir-se inteligência emocional de quem não a possui talvez seja demais, mas ter-se a inteligência comum, aquela que nos faz entender como funciona uma operação simples de adição ou subtração, isso é indispensável. Sem essa inteligência mínima, somos completamente descartáveis, principalmente neste momento de crise.

O que se espera é que todos deem vazão à honra e à nobreza que deve habitar em algum canto obscuro, até mesmo da criatura humana mais desnaturada que vaga sobre esta condoída terra.

Estou enojado com o que tenho visto e posso garantir que o que vi até aqui me faz crer que ninguém está inocente das acusações.

A responsabilidade de um governante numa hora dessas ultrapassa o limite da mera representatividade eleitoral e política. Ela passa a extrapolar os limites da obrigação legal e a se estabelecer como questão de posicionamento social e humano.

A macroeconomia, lato sensu, e individualmente os sistemas econômicos mais simples, que vão das empresas de maior porte até as empresas individuais, atingindo o cidadão comum na ponta mais distante desta cadeia, não pode ser de forma alguma esquecida, mas também não pode ser o item mais importante neste momento.

Quando eu era detentor de cargo público, como deputado ou secretário de estado, sempre chamei a atenção dos meus colegas e colaboradores para um dilema que bem representa a vida e a ação dos políticos de todas as esferas. O dilema da vaca e do carrapato.

Nele, algumas pessoas advogam que por existirem carrapatos, melhor seria não se ter vacas, enquanto alguns mais radicais defendem que se mate as vacas para acabar com a praga dos carrapatos.

Desculpem o exagero deste exemplo, mas ele se deve ao fato absurdo de existir pessoas incapazes de ver que cada caso possui no mínimo dois lados. Muitos casos possuem três, quatro, cinco… Uma infinidade de facetas que devem ser levadas todas em consideração. Imaginem no caso de uma situação como esta que estamos enfrentando agora!?…

Da mesma forma que o desastre que essa pandemia vai causar em nossas vidas a curto prazo, de forma pontual e particular, ela causará um incalculável e descomunal desastre econômico, que acarretará problemas gravíssimos de todas as ordens, em todas as esferas, de todos os setores da sociedade.

Mas uma coisa é certa! Os que não morrerem vítimas desta doença, sofrerão as graves consequências dela, e precisam estar preparados para isso. Sobreviver é possível, vejam o que aconteceu depois da peste negra, o que aconteceu durante e depois das grandes guerras, e em consequência das grandes quebradeiras e recessões pelas quais o mundo passou! Sobrevivemos!…

O que não é admissível é que os canalhas de um lado e jumentos de outro, tentem tirar proveito dessa calamidade para ganhar alguma coisa com isso, seja econômica ou politicamente. Isso é inaceitável!

A hora é de total desarmamento dos espíritos.

sem comentário »

Os Cavaleiros do Apocalipse

0comentário

Essa pandemia causada pelo novo coronavírus fez com que eu fosse ler um pouco a esse respeito, e em meio a minhas leituras deparei-me com matérias correlatas que me remeteram a outro assunto: o fim dos tempos, o que me levou ao Evangelho de João, o Livro das Revelações, mais conhecido como Apocalipse.

Escrito como se fosse uma poesia, meio que psicodélica, pois em algumas passagens o escritor está tão doidão, parece até ter usado algum tipo de alucinógeno, pois nos induz a acreditar que está tendo visões bem características deste tipo de atitude. É aí que aparecem os Quatro Cavaleiros do Apocalipse: a fome, a guerra, a peste e a morte.

Aquela leitura me fez ver que em pleno século XXI, tempos de imensa evolução tecnológica, a humanidade ainda é atingida de forma avassaladora por surtos, epidemias e pandemias, nos remetendo a um texto religioso de dois mil anos.

Segundo as estatísticas da Organização Mundial da Saúde, morrem no mundo, vítimas apenas dos mais diversos tipos de gripe, duas pessoas por minuto, 120 por hora, mais de 2.800 por dia, acima de 86.000 por mês, o que totaliza mais de 1 milhão e 50 mil pessoas, anualmente.

Porém, há um fato muito mais alarmante do que essa peste que se abate sobre a humanidade e que nos passa despercebido, mesmo sendo muito mais cruel e permanente que a falta de saneamento e as doenças que ela acarreta. Falo da fome, outro dos quatro Cavaleiros do Apocalipse, que segundo João de Patmos se espalharão pela terra e a devastarão, quando estiver próximo o fim do mundo.

Segundo estatísticas da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, a fome mata pelo mundo, 10 pessoas por minuto, 600 por hora, mais de 14.000 por dia, algo em torno de 430.000 por mês, totalizando mais de 5 milhões 180 mil pessoas por ano. O equivalente a quase cinco vezes a população da cidade de São Luís! São números inacreditáveis!

Em outra esfera, e por mais incrível que possa parecer, a guerra, outro cavaleiro do dos tempos, mata muito menos pessoas. Estimativas indicam que aproximadamente 360 mil pessoas morreram em 2019 nas guerras convencionais, em curso no mundo. Número bem inferior à quantidade de outras mortes, causadas pelos outros agentes citados anteriormente.

O número de vítimas da guerra ganha imensas proporções quando se soma todas as mortes de todos os conflitos bélicos da história, mas cumulativamente os três fatores são catastróficos.

O quarto flagelo é a própria morte, e nesta última leitura que fiz, por um instante, fiquei achando que havia um erro naquele elenco, afinal de contas os três outros cavaleiros sintetizam o quarto. Todos levam à morte! Mas logo entendi que aquela morte citada por João em seu caótico poema profético, tem uma outra conotação, uma outra dimensão, ela diz respeito a um outro tipo de vilão que ataca a humanidade também há milênios. O controle torpe e corrupto dos homens e das sociedades por religiosos e políticos infames e mentirosos. Essa morte representa isso, a falência das lideranças da humanidade, na religião e na política.

A alegoria usada para caracterizar os quatro mensageiros do fim dos tempos é auto explicativa: montado em um cavalo branco acinzentado, aparece uma figura de porte majestoso, usando uma coroa, um arco e uma máscara, que representa a mentira e a infâmia praticadas pelos poderosos da falsa igreja e os mandatários da terra; um potro avermelhado, cor do sangue que jorra nas guerras, traz uma figura com características de guerreiro que empunha uma espada com a qual matará seus inimigos; um equino negro, cor que sugere as trevas e a ganância, traz montado em si uma figura famélica, carregando uma balança destinada a fraudar a pesagem e a distribuição dos frutos que por sorte brotem da terra; e, por fim, um corcel amarelo esverdeado, cuja cor sugere a decomposição dos corpos, traz montado em si uma figura com característica cadavérica, empunhando uma jarra contendo doenças e uma espécie de gadanho, que usará para revirar os restos de suas vítimas.

No momento atual é este último cavaleiro, o da peste, que nos visita. Ele está sendo combatido e certamente será derrotado em mais essa batalha. Mas uma pergunta se impõe: até quando ficaremos reféns destes flagelos? Quando iremos nos livrar deles definitivamente?

A minha opinião é que estes quatro tem um que os lidera, e que deve ser eliminado para que os demais deixem automaticamente de existir.

Pense nisso!…      

sem comentário »

Singularidade

3comentários

Ninguém pode sustentar com capacidade de impor como verdade, a narrativa de que uma pessoa age discriminando as mulheres, lato sensu, se ficar comprovado que tal pessoa se refere a um indivíduo em particular, que por acaso é uma mulher, não pelo fato de ser mulher, mas por sua posição política e ideológica. O mesmo ocorre em muitos outros casos, como narrativas sobre racismo, homofobia, fascismo, corrupção, desonestidade…

Dois casos desse tipo tomaram conta do nosso dia a dia nos últimos anos. No primeiro, a esquerda, insiste em dizer que criaram uma narrativa caluniosa, injuriosa e difamatória contra o ex-presidente Lula, imputando a ele ações criminosas, corruptas e desonestas que envolvem bilhões em desvio do erário público brasileiro.

Acusações foram feitas, processos foram instaurados, julgamentos aconteceram, sentenças foram proferidas, penas foram cumpridas e ainda assim a banda à esquerda do espectro ideológico de nosso país, de modo geral, defende a inocência do apenado, declarando isso tudo ser uma grande trama, um grande golpe contra a liberdade e o estado democrático de direito.

Por outro lado, a direita defende incondicionalmente o presidente Jair Bolsonaro, acusado de racismo, homofobia, misoginia, fascismo, apologia ao desrespeito à liberdade, à violência e à ditadura.

O fato é que em 2018, depois de desmontado, o esquema de poder do Partido dos Trabalhadores, que comandou nosso país, por 14 anos, apoiado numa esquerda que minou, aparelhou e fragilizou nossa sociedade nas últimas seis décadas, ruiu.

Isso aconteceu por um motivo elementar, comum às estruturas políticas baseadas em ideologias autoritárias, concentradoras de poder, mesmo aquelas que APARENTEMENTE não o são, como no caso da que se implantou no Brasil, desde a ascensão da esquerda ao poder em 1995 com Fernando Henrique Cardoso.

Essas estruturas não sobrevivem ao tempo, pois as pessoas e as gerações mudam. Elas não se perpetuam, ainda mais em uma sociedade como a de hoje, onde a informação se dissemina por si só, não dependendo mais dos grandes detentores e manipuladores do poder jornalístico, que teve seu apogeu nos anos quentes da Guerra Fria, nas décadas de 60 e 70, e seu declínio a partir de 1989, com a queda do Muro de Berlim, símbolo do controle ideológico e político de metade do mundo pelo comunismo.

Acusar Bolsonaro de tudo que acusam é muito fácil e acho até que ele ajuda bastante seus acusadores, pois é um camarada verborrágico, irascível, descontrolado, que reage primeiro e pensa depois!… Quando pensa!…

Mas acusar quase 60 milhões de brasileiros que disseram um retumbante NÃO a tudo que o PT e os esquerdistas fizeram com nosso país, isso é inadmissível! Um absurdo sem precedentes na história contemporânea, essa mesma história que é movimentada e sustentada pelas redes sociais!…

A tentativa de criar uma narrativa falsa sobre o fato de nossa democracia está sendo enfraquecida pelo presidente, que ele defende o uso da violência, o desrespeito à liberdade, à depredação do meio ambiente, que ataca índios, homossexuais, mulheres, negros… Isso é apenas o reducionismo da questão política estabelecida pela esquerda em busca de recuperar o espaço que perdeu.

Bolsonaro é acusado de misoginia, mas ele tem parte das mulheres ao seu lado. Ele não ataca as mulheres, ataca as pessoas deste gênero que se opõem a ele e ao seu projeto político, que foi chancelado por seus eleitores! O mesmo ocorre com os negros, os homossexuais, os indígenas… O problema deste senhor é que além de não saber se comunicar, não demonstra nenhum interesse em aprender, o que dificulta muito o trabalho de pessoas que como eu, acredita saber o que realmente está acontecendo em nosso país.

Em minha modesta opinião o que está acontecendo no Brasil é um distúrbio, quase como uma singularidade gravitacional, causada pelo desmonte das estruturas sociais, perpetrado pelas ideologias de esquerda, na intenção de controlar totalmente a sociedade. Ninguém está preparado para absorver e solucionar a imensa fragilidade estrutural causada pelo vazio, pelo buraco negro (se é que posso chamá-lo assim sem ser considerado racista), que dá origem a este distúrbio, a esta singularidade.

PS: Atenção patrulhadores, de esquerda e de direita: corram para o Google!…

3 comentários »

A importância da História

0comentário

Fiquei imaginando qual é a nota que se poderia dar, de zero a dez, para filmes baseados em fatos reais, no que diz respeito ao conhecimento, aprendizado que eles possam nos oferecer ao assisti-los. Imaginei isso no tocante às portas e janelas que eles possam abrir para nós, mesmo que algumas vezes até conhecemos o enunciado do assunto, mas quase sempre desconhecemos os detalhes sobre eles.

Cheguei à conclusão que muitas respostas podem ser dadas a essa pergunta, mas posso garantir que nenhuma será igual a zero. Não existe nenhum filme, por pior que seja, por mais mal feito que possa ser, que não agregue conhecimentos e aprendizados para quem o assistir. 

Observei que muito poucas deverão ser as notas iguais a 1, 2 e 3, e essas não estarão relacionadas a filmes ruins, mas àqueles que se apropriam de um determinado fato real para desenvolver em torno dele uma forte carga dramática. Essas podem até parecer notas baixas para filmes tão importantes, mas não são. “Tróia”, “Barrabás”, “Quo Vadis”, “Coração Valente”, “…E o Vento Levou”, “Sem Lei, Sem Alma”, “O Encouraçado Potemkin”, “Doutor Jivago”, “O Discurso do Rei” e “Cidadão Kane”, são perfeitos representantes deste tipo e desta categoria de filme. 

Estabeleci que notas 4, 5 e 6 deveriam ser as pontuações de filmes que usam em seus enredos apenas algumas dramatizações e licenças poéticas, como é o caso de “Ben-Hur”, “Spartacus”, “El Cid”, “1492, a Conquista do Paraíso”, “A Rainha Margot”, “Titanic”, “Carruagens de Fogo”, “Reds”, “O Vento será tua Herança”, e “O Império do Sol”. Todos, filmes baseados em fatos reais, que se apoderam das narrativas literárias e cinematográficas para mais e melhor envolver o público, dando asas à dramatização, mas mantendo-se bem fiéis ao fato histórico enfocado. 

Vi que poderia dar notas 7, 8 e 9, para filmes que estão em patamares quase totalmente ancorados em fatos reais, mas com uma pegada mais próxima da documentação histórica, não do documentário, e sim com menos preocupação com os artifícios literários do roteiro ou com os recursos próprios da cinematografia, como, “A Missão”, “Amistad”, “Tora, Tora, Tora”, “O mais Longo dos Dias”, “A Queda – as últimas horas de Hitler”, “O Julgamento de Nuremberg”, “Malcolm X”, “JFK – A Pergunta Que Não Quer Calar”, “Os Gritos do Silêncio” e Attica.

As notas 10, em minha opinião, devem ser atribuídas a filmes que agradam quase a unanimidade das pessoas graças a sua abordagem bem ajustada, limpa, sem ruídos, irretocável, como é o caso de “A Guerra do Fogo”, “Agonia e Êxtase”, “O Homem que não Vendeu sua Alma”, “Amadeus”, “Os Eleitos”, “O Último Imperador”, “Lawrence da Arábia”, “Gandhi”, “Patton” e “A Lista de Schindler”. 

É importante que se ressalte que quem tiver o privilégio de assistir a esses 40 filmes, pode se considerar não só um felizardo, mas ficar certo de ter tido acesso a algumas das páginas mais importantes da história da humanidade. 

Preciso dizer também, sendo um pouco gabola, que assisti a todos estes filmes e a mais algumas centenas deste mesmo tipo, que é o meu favorito. Os vejo sempre com o espírito crítico bem aguçado, procurando analisar neles, o que é verdade e o que é obra literária e cinematográfica. Sugiro que se pesquise a respeito dos fatos envolvendo os filmes baseados em eventos reais ou históricos, faço isso frequentemente e essa é uma outra grande satisfação que tenho com o cinema: a pesquisa histórica.

Abordei esse assunto hoje porque durante a semana que passou, assisti a dois filmes baseados em fatos reais, os quais eu, que sou tido por algumas pessoas como um sujeito culto, bem informado, além de cinéfilo de grande monta, nem imaginava que existissem. Os filmes e muito menos os fatos que os motivaram.

Não vou fazer spoilers! Só vou dizer que os filmes, “Jodotville” e “O Banqueiro da Resistência”, são imperdíveis, menos pela arte cinematográfica que expressam, e muito mais pelas extraordinárias e surpreendentes histórias que contam. 

Esses dois filmes estão disponíveis na Netflix. Não deixe de assisti-los, e descubra o quão pouco nós conhecemos a história de nosso mundo e comprovem a crueza de nossa condição humana. 

PS: Depois que acabei de escrever esse texto, quando fui lê-lo novamente para revisá-lo, constatei que a maioria dos 42 filmes que usei nele, como exemplos, têm de alguma forma envolvimento com conflitos bélicos. Parece que essa infelizmente é uma marcante e triste condição humana. 

sem comentário »
https://www.blogsoestado.com/joaquimhaickel/wp-admin/
Twitter Facebook RSS