EU TE AMO, MÃE!
Muita gente me identifica instantaneamente como filho do falecido deputado Nagib Haickel, coisa que muito me honra e que de certa maneira é o meu prefixo. O que pouca gente leva em consideração é que meu pai precisou de uma mulher para me produzir, e nenhuma mulher neste mundo poderia ter me dado a luz, e eu, jamais teria tão maravilhosa luz se a mulher que me concebeu fosse outra senão essa Clarice, assim aspeada, Clarice de Clara, de translúcida, de transparente, mulher a quem devo muito mais do que o sobrenome, a quem devo o contrapeso, o equilíbrio, para que eu pudesse ser quem realmente eu sou, hoje.
Se meu pai me deu os traços árabes, se dele eu herdei o gosto pela política, pela história, meus pendores humanísticos devo a minha mãe, Clarice Pinto Haickel, que desde cedo incutiu em mim e em meu irmão as noções básicas da educação, do respeito ao próximo, dos valores familiares, do exemplo cristão de proceder, do dever de ser responsável por si, pelos outros e pelo bem comum. Se meu pai me deu a fibra, minha mãe me ensinou que, de nada vale a força e a tenacidade dessa fibra se ela não for flexível, pois é mais fácil quebrar um tronco de cedro do que um talo de bambu, que não oferecendo grande resistência à força, se dobra, se verga, mas dificilmente se quebra.
A bondade dessa mulher lhe precede e foi preciso que meu pai morresse para que muita gente notasse o que intuitivamente eu sempre soube: grande parte do sucesso de meu pai vinha dela. Pode parecer coisa de filho, mas podem acreditar, sem a minha mãe, meu pai seria mais um libanês louco, mais um político carreirista, mais um comerciante audacioso, mais um homem ou navio sem porto ou bandeira. Muito pouco ela fazia quanto aos negócios ou a política de meu pai, mas não precisava que ela o fizesse na política ou nos negócios, ela operava o milagre era nele, era em nós e em todos, com a sua bondade, com o seu carinho e com sua proteção. Hoje a impressão que eu tenho é que Deus deve ter uma grande dívida para com essa mulher e a paga que ele lhe dá é faze-la uma trabalhadora incansável na defesa das pessoas a quem se propõe proteger. O que estou dizendo pode parecer messiânico, mas tenho certeza de que, quem conhece a minha mãe irá concordar comigo, (para minha grande surpresa, nos últimos tempos descobri que ela é muito popular, pois onde quer que eu vá as pessoas perguntam por ela, quase como se fosse ela o animal político da família) ela não discursa, não fala para multidões, não desfralda bandeiras mas no pequeno circulo onde atua é considerada uma santa pessoa, por sua simplicidade, humildade, resignação, por sua preocupação para com os outros, seu amor fraternal, sua dedicação.
Neste dia das mães, eu que já tive seis (Clarice, Teté, Loló, Lúcia, Didi e Zezé) e que depois ganhei mais duas (Ivana, mãe da minha filha Laila. E Laila, minha filha, que segundo os oráculos foi minha mãe em vidas passadas) posso garantir a vocês que é maravilhoso ter tantas mães. Que se uma é bom, oito é muito melhor. E quero aproveitar a oportunidade para pedir, de público, perdão a todas elas por não ter sido tão bom, como elas mereciam que eu fosse, pois, por mais que nós, filhos, sejamos bons para com nossas mães, ainda assim, lhes estaremos devendo, no mínimo, as nossas vidas.
Obrigado mamãe, por mim mesmo, por meu irmão de sangue, por meus irmãos no teu amor e no teu carinho e até pelo teu filho mais velho, meu pai, que também te chamava de mãe.
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