A (re)estruturação do agronegócio.

A (re)estruturação do agronegócio.

Estamos assistindo a um impressionante surto de desenvolvimento no campo, puxado pelo interesse mundial na produção de bio-combustível.

Em todo o país estão sendo construídas 76 usinas de álcool com capacidade de processamento de 150 milhões de toneladas de cana, que ocuparão 2 milhões de hectares de plantio. Para a produção de biodiesel estão em implantação 65 plantas industriais, que esmagarão 15 milhões de toneladas de grãos originários de cerca de 6 milhões de hectares cultivados.

Em de 2006 foram inauguradas 13 unidades de produção de álcool no país. Até 2008 estarão começando a funcionar outras 16 e 47 estão previstas para entrar em operação até 2010.

São de cerca de 11 bilhões de dólares os investimentos de curto prazo em agroenergia e de todo este volume de investimento, o Maranhão está, no momento, sendo contemplado com apenas um projeto de biodiesel, que terá como fonte de suprimento disponível o óleo de soja.

É um paradoxo que o Maranhão, com uma das menores taxas de ocupação de seu território com atividade agrícola, esteja ficando à margem deste grandioso processo. Nosso Estado, com uma área territorial de mais de 33 milhões de hectares, é a oitava unidade da federação em extensão territorial e, proporcionalmente, uma das que menos ocupa seu território com a atividade agrícola – menos de 5%, algo em torno de 1,5 milhão de hectares – posicionando-se em 19º lugar no ranking nacional segundo dados do IBGE – PAM 2005, enquanto a ocupação no Paraná, por exemplo, chega a quase 48% de seu território. Apenas os estados da região Norte, inseridos na Amazônia e com grandes extensões territoriais, possuem menores ocupações do que o Maranhão.

Por outro lado, as áreas com restrição de uso no Maranhão correspondem a quase 20 milhões de hectares, ou algo em torno de 59% do território do Estado, envolvendo áreas protegidas na forma de unidades de parques estaduais, parques nacionais, reservas biológicas e reservas extrativistas, terras indígenas e de reserva legal. Isto nos torna um dos campeões nacionais em áreas de preservação ambiental.

A conjunção destas duas circunstâncias, terras ociosas e grande extensão de áreas ambientalmente protegidas, nos candidatam a uma posição de destaque na atração de investimentos rurais, que poderão ser realizados sem agressão ao meio ambiente e sem comprometer a atual estrutura de produção de alimentos básicos.

Mas diante de oportunidades tão concretas de desenvolvimento, o que temos testemunhado aqui é uma atrasada contaminação da atividade rural pelo romantismo, quando não pela ideologia.

Afinal de contas porque não desejar que o agronegócio desempenhe ainda mais o papel de criador de empregos no campo? Atualmente no país existem mais empregos formais no campo do que na construção civil.

Porque a agricultura de alta produtividade, que conta com o respaldo da pesquisa tecnológica, não deve ser também o foco de uma política agrícola para o Estado?

Será que só a agricultura familiar de pequena escala e voltada para o autoconsumo, e com métodos primitivos de produção, deve ser objeto de desejo de nossa política econômica?

Como resolver o paradoxo de eliminar a fome sem estimular a produção em larga escala? Podemos esperar que a ineficiência da pequena produção alimentar de subsistência resolva o problema de suprir os alimentos essenciais a preços baixos?

Uma análise desapaixonada desses temas certamente nos levará a concluir que, ao lado de assistir tecnicamente, modernizar e estimular a agricultura familiar, um grande esforço também deverá ser feito para criar um ambiente favorável para a atração de investimentos em larga escala, voltados para a agroindústria alimentar e de bioenergia. Sem isso todos nós políticos, governantes e técnicos, estaremos frustrando um momento de extraordinárias oportunidades de crescimento para nosso Estado.

É este o momento oportuno para se exigir do executivo a definição e a aplicação de políticas publicas para o setor, definidas à luz dessa atual conjuntura favorável. Ao mesmo tempo em que os instrumentos para sua execução sejam criados para sinalizar aos investidores o definitivo comprometimento do governo estadual com os projetos de desenvolvimento de nossa vocação agrícola.

O papel do Estado no agronegócio deve ser no sentido de preparar um ambiente favorável aos investimentos de larga escala; privilegiar o zoneamento econômico-ecológico; apoiar e incentivar a pesquisa e a disseminação da informação; dar a segurança jurídica e os incentivos fiscais e financeiros. Ações que nos darão melhores condições de competitividade em relação aos Estados vizinhos que já adotam políticas públicas neste sentido.

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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