Fui procurado na ultima sexta-feira, 07 de setembro pelo jornalista e meu amigo particular Roberto Kenard para dar uma entrevista para o Diário da Manhã a ser publicada neste domingo, 09/07. Dito e feito. A seguir, autorizado pelo autor da matéria, repercuto aqui

Entrevista de domingo:
Joaquim Nagib Haickel

É Advogado, empresário, escritor, cineasta e político. Atualmente, apesar da pouca idade, 47 anos, é o mais antigo Deputado Estadual em atividade no Estado do Maranhão. Elegeu-se para a Assembléia Legislativa pela primeira vez em 1982, quando foi o mais jovem Deputado Estadual do Brasil.
Em 1986 elegeu-se Deputado Federal Constituinte, onde foi membro da comissão de direitos e garantias individuais, tendo sido relator do projeto que buscava instituir em nosso país a pena de morte. Seu voto foi contrário.
Entre 2003 e 2004 ocupou o cargo de primeiro secretario daquela instituição, onde hoje é membro titular da comissão de constituição de justiça e redação final, Vice-presidente da comissão de assuntos municipais e da comissão de defesa dos direitos dos consumidores, além de presidir a comissão de adequação e revisão do regimento interno da ALM e da constituição do Estado do Maranhão.

1. Quando você foi eleito pela primeira vez em 1982, era o deputado mais jovem do país, tinha 22 anos. Afinal, você entrou para a política por gostar ou por força da opinião de seu pai, também político?
Desde criança eu sempre gostei de estar metido no meio das conversas dos políticos. Meu pai vivia dizendo pra minha mãe: ‘Clarice tira esse menino daqui que ele está atrapalhando a conversa’ (Risos). Meu pai preferia que eu não me envolvesse em política. Queria que fosse um grande advogado, quem sabe um médico de renome, ou um empresário de sucesso. Comecei a trabalhar nas empresas dele mas ele logo viu que pro comercio eu não levava muito jeito. Então fui ser seu chefe de gabinete na Câmara dos Deputados, em Brasília. Adorei o trabalho, mas não me acostumei com a cidade. Voltei pra São Luis. Vim ser chefe de gabinete do governador João Castelo. Fui pegando cada vez mais gosto pela política, conhecendo mais pessoas, aprendendo com os melhores professores, políticos como Zé Sarney, Clodomir Milet, Zé Burnett, Ivar Saldanha, Zé Bento Neves e tantos outros.

2. É sabido que você sempre esteve com o grupo Sarney. Você acha que, se eleita, Roseana Sarney seria melhor governante do que Jackson Lago?
Tenho certeza que se ela tivesse vencido as eleições estaria fazendo muito melhor que ele está. Roseana, de quem discordo em alguns pontos, tem uma qualidade muito importante para um governante, ela faz o que tem que ser feito independentemente de quem vai agradar ou desagradar . Agir assim nem sempre é a melhor coisa para um político fazer, mas é a melhor coisa a ser feita quando você está no comando.
Outra coisa, as pessoas que estão aí, no governo, não se prepararam para governar. Eles eram muito bons na oposição, apontando os erros. No governo não demonstraram ainda a que vieram. A mesma coisa, ao contrario, acontece conosco que estamos na oposição e fomos governo por tantos anos. Não aprendemos ainda, pelo menos no meu caso, como é falar mal de tudo sem se importar com o grau de dificuldade de se fazer o que é certo e o que é melhor ao mesmo tempo.

3. O que acha de bom no atual governo e o que acha de pior?
O melhor no atual momento político do Maranhão, em minha opinião, é essa possibilidade de consumação da alternância do & no poder, coisa que consolida o estado democrático e fortalece as instituições.
Em relação ao governo especificamente, o que há de pior nele é seu imobilismo. O governo é um paquiderme. Outra coisa é a extrema dificuldade que ele tem em se comunicar, interna e externamente.
De bom, é o relacionamento aberto, franco e democrático que tenho com algumas pessoas que compõem a atual administração.

4. Voltemos no tempo. 1984, eleição para presidente pelo Colégio Eleitoral. Havia a pré-candidatura de Paulo Maluf, grande amigo de seu pai, o deputado Nagib Haickel e havia a chapa Tancredo/Sarney. Você ficou dividido entre apoiar o amigo de seu pai ou o pai de seu amigo Fernando Sarney. No fim das contas você apoiou Paulo Maluf. Isso deixou alguma seqüela política?
Bom que tenha tocado neste assunto. Aquela foi uma época bastante importante e aquele episodio especificamente me fez amadurecer bastante, me ensinou muito sobre as pessoas e sobre a vida.
Tinha que escolher entre fazer aquilo que eu queria fazer e que era o que alguns amigos meus queriam que eu fizesse ou fazer algo que não queria fazer e que esses amigos iriam repudiar enormemente, mas que era o correto a ser feito e que deveria fazer. Não é uma decisão muito fácil pra ninguém, imaginem para um jovem e inexperiente deputado de 24 anos.
Teria escolher se apoiava Maluf, que era amigo de meu pai e que de certa forma o salvara meses antes quando ele teve um infarto e precisou ser levado às pressas pra São Paulo, ou Sarney, homem que sempre respeitei e admirei, e pai de meu amigo Fernando.
Meu pensamento foi puramente lógico. Raciocinei que se não acompanhasse meu pai numa hora e situação daquelas, quem irá querer me acompanhar em qualquer hora ou jornada? Se não fosse leal ao meu pai naquela circunstancia, quem iria algum um dia acreditar em minha lealdade? Depois de me perguntar com clareza e de me responder com convicção, ficou fácil resolver. Fiz o certo, o que deveria ter feito. Se não fizesse o que fiz, hoje não seria um homem digno de respeito.
Não acredito que o que fiz em 1984 deixou seqüelas em alguém. Em Fernando com certeza não deixou. Se alguém não entendeu ou não gostou do que fiz, isso realmente não me interessa, pois o que fiz me serviu de grande aprendizado.

5. É conhecida, também, a sua amizade com Aderson Lago, desde quando ele era ainda deputado estadual. Como o vê hoje, já no poder?
Conheço Aderson há muitos anos. Sempre o tive como um dos melhores deputados de nossa Assembléia e por 8 anos pude desfrutar de sua companhia na ALM. Mesmo que em lados opostos, partidariamente falando, sempre estivemos do mesmo lado quando o interesse do poder legislativo e do povo do Maranhão estava em jogo.
Mas o Aderson Lago Secretario do Gabinete Civil do Governo é, e tem que ser mesmo, bem diferente do Deputado Aderson Lago, ícone da oposição maranhense nos últimos anos, por ser um critico incansável e arguto. Antes ele era pedra, agora é vidraça. Muda tudo.
O poder nos dá certas liberdades e nos tira certas possibilidades. Te garanto que Aderson trocaria todo o poder que tem e mais o que se atribui a ele, pra voltar ao plenário e para a tribuna da ALM.

6. Paulo Neto. Você acha ainda sustentável a permanência dele como deputado? Ou a Assembléia Legislativa seguirá com seu intragável corporativismo e não tomará nenhuma atitude no caso?
Sou daqueles que não acredita em CPI. Explico: O ‘C’ é de comissão, o que faz com que as decisões sejam colegiadas e dificulte bastante as coisas. O ‘P’ é de parlamentar, ou política, o que se choca frontalmente com o ‘I’ de inquérito, que deve ser uma coisa técnica, pericial, policial. Isenta de opiniões políticas.
Acho que a cada dia a situação de Paulo Neto fica mais difícil e a da Assembléia também. Por isso sou a favor de que se agilizem os trabalhos do ministério publico e da justiça e que, quando e se condenado por estas instituições, nós o cassemos.

7. Nada, nos últimos anos, foi tão profundamente corroído quanto a imagem dos políticos. Quem é culpado: os políticos ou o povo que os elege?
Seria fácil colocar toda a culpa no eleitor por escolher mal ou por vender seu voto. Seria até fácil de resolver se fosse só esse o motivo do descrédito dos políticos. Infelizmente não é tão simples assim.
O eleitor não pode, de maneira irresponsável, escolher quem vai representá-lo em qualquer âmbito da administração. Seja do presidente da republica ao vereador, tem que se lembrar que da sua escolha resultará o seu destino e o destino de todos nós.
O político, eleito ou simplesmente nomeado, não pode de modo algum, nem sob qualquer pretexto desvirtuar suas incumbências. Se comprovadamente, o fizer, deve ser excluído imediatamente.

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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