Refazendo aquele sonho
De mim só me lembro estar elegante.
Terno escuro, camisa clara, gravata de seda…
Dela, não esquecerei de nada,
jamais…
Era um sonho…
Seu vestido longo de cetim,
seus olhos cor de mel,
sua boca carnuda.
Um aroma de sedução no ar…
Vinho,
conversa ao pé do ouvido,
música,
coisas pra beliscar,
inclusive seu braço pela fresta da cadeira.
Dança…
Seu corpo juntinho ao meu
encaixados como perola e ostra
ondulavam.
Seu olhar era denunciador,
seu rosto e seu corpo falavam por ela…
Tudo que aconteceu naquela noite
depois da hora em que a vi…
preferi esquecer…
Agora, distante em tempo e espaço
me imagino,
me quero em seu colo.
Mergulho em seu decote,
nele descortino o mundo e desço…
Encontro montes,
uma vasta pradaria,
vales,
um rio feito de suor…
Precipício…
Mergulho nele.
Quando emergir
quero estar de novo
nas costas dela,
imprensando-a contra a parede,
mordendo sua nuca,
lambendo seu pescoço,
e aos seus ouvidos
quero fechar a cortina de outra noite
e ver outro dia nascer.
Mais tarde,
depois do café,
ler pra ela esse poema
e fazê-la sentir ciúme
imaginando que refiz meu sonho
com outra mulher.
Comentários