Carta-Poema 1: Correspondência em Preto e Branco
(era o que eu diria se fosse ela)
Sua respiração estava ali,
bem aos meus ouvidos.
Podia senti-la no corpo inteiro,
ele me fazia imaginar
passando por cada pedaço de meu corpo
ainda não tocado.
Eu não precisava fazer nada,
ele sabia exatamente onde deveria estar
e o que deveria fazer.
Era tudo muito interessante,
isso nunca me acontecera antes.
Eu precisava de uma pessoa assim,
com a mente diferente
com esse olhar meio turvo sobre o mundo
com um mundo cristalino dentro de si,
em suas mãos.
Talvez nem ele saiba
o quanto interessante e enigmático ele se torna,
quando brinca com minha mente.
Ele sabe exatamente o que fazer
para que eu tenha vontade
de conhecer
tudo,
mais e mais.
É como se ao deixar de ouvi-lo por um único segundo
estivesse perdendo anos de conhecimento
e de prazer.
Parece que ele sempre existiu.
Na verdade
é como se ele estivesse guardado
em algum lugar dentro de mim,
da minha mente,
esperando o momento certo
para emergir.
Eu juro,
não o criei,
ele existe,
mas eu ainda o desconheço.
E o pior…
ou melhor
o desconhecido nele
me atrai muito mais…
Pior ainda
ele foge de mim…
Desesperadamente…
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