O verdadeiro valor do amor.

Estávamos eu e Jacira em casa, cada um com seu notebook, lendo nossos emails, quando ela pediu que eu parasse um pouco e ouvisse um que ela havia acabado receber de nossa amiga Bruna Maciel.

O texto que ela leu para mim, vocês terão a oportunidade de lê-lo mais abaixo. Mas o curioso é que enquanto ela lia, eu ia tendo um Déjà vu. Era como se eu já tivesse ouvido aquelas palavras.

Antes que ela chegasse ao meio do texto eu pedi que parasse e perguntei quem era o autor, pois aquelas palavras me pareciam conhecidas. Nunca havia lido aquele texto, mas ele me soava muito familiar.

Ao final estava escrito o nome de seu autor: Artur da Távola. Foi então que caiu a ficha.

Conheci Artur da Távola, em 1987 quando fomos colegas, deputados federais na Assembléia Nacional Constituinte. Ficamos amigos, pois tínhamos interesses comuns: Literatura, cinema, música, filosofia, psicologia, política…

Uma vez saímos da Câmara dos Deputados, depois de uma daquelas sessões que começavam às nove da manhã e se prolongavam até nove da noite e fomos jantar no restaurante Piantella. Lá pelas tantas surgiu essa conversa sobre o peso dos sentimentos, a importância do amor na paleta de tintas do pintor ou na escala das notas musicais do maestro de nossas vidas, das sensações que eu e ele tínhamos sobre isso. Ele inclusive comentou que já havia escrito um texto sobre esse assunto.

Até Jacira ler para mim o tal texto, ele me era totalmente desconhecido, mas há nele frases inteiras que me remetem àquela conversa, tida há mais de vinte anos. Grande Artur!

O texto abaixo é para vocês, como uma espécie de presente do dia dos namorados que aconteceu ontem e que em minha opinião deve ser comemorado diariamente.

Leia esse presente e depois releia com a pessoa que você ama.

“Aos que não casaram, aos que vão casar, aos que acabaram de casar, aos que pensam em se separar, aos que acabaram de se separar. Aos que pensam em voltar…

Não existem vários tipos de amor, assim como não existem três tipos de saudades, quatro de ódio, seis espécies de inveja.

O amor é único, como qualquer sentimento, seja ele destinado a familiares, ao cônjuge ou a Deus. A diferença é que, como entre marido e mulher não há laços de sangue, a sedução tem que ser ininterrupta…

Por não haver nenhuma garantia de durabilidade, qualquer alteração no tom de voz nos fragiliza, e de cobrança em cobrança, acabamos por sepultar uma relação que poderia ser eterna.

Casaram. Te amo pra lá, te amo pra cá. Lindo, mas insustentável. O sucesso de um casamento exige mais do que declarações românticas. Entre duas pessoas que resolvem dividir o mesmo teto, tem que haver muito mais do que amor, e às vezes, nem necessita de um amor tão intenso. É preciso que haja, antes de mais nada, respeito. Agressões zero.

Disposição para ouvir argumentos alheios. Alguma paciência… Amor só, não basta. Não pode haver competição. Nem comparações. Tem que ter jogo de cintura, para acatar regras que não foram previamente combinadas. Tem que haver bom humor para enfrentar imprevistos, acessos de carência, infantilidades. Tem que saber levar.

Amar só é pouco. Tem que haver inteligência. Um cérebro programado para enfrentar tensões pré-menstruais, rejeições, demissões inesperadas, contas para pagar. Tem que ter disciplina para educar filhos, dar exemplo, não gritar.

Tem que ter um bom psiquiatra. Não adianta, apenas, amar. Entre casais que se unem, visando à longevidade do matrimônio, tem que haver um pouco de silêncio, amigos de infância, vida própria, um tempo pra cada um. Tem que haver confiança. Certa camaradagem, às vezes fingir que não viu, fazer de conta que não escutou. É preciso entender que união não significa, necessariamente, fusão. E que amar “solamente”, não basta.

Entre homens e mulheres que acham que o amor é só poesia, tem que haver discernimento, pé no chão, racionalidade. Tem que saber que o amor pode ser bom, pode durar para sempre, mas que sozinho não dá conta do recado.

O amor é grande, mas não são dois. Tem que saber se aquele amor faz bem ou não, se não fizer bem, não é amor. É preciso convocar uma turma de sentimentos para amparar esse amor que carrega o ônus da onipotência. O amor até pode nos bastar, mas ele próprio não se basta.

Um bom Amor aos que já têm! Um bom encontro aos que procuram! E felicidades a todos nós!”

Ave Artur, os que amam e os que vão amar te saúdam!

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

Busca

E-mail

No Twitter

Posts recentes

Comentários

Arquivos

Arquivos

Categorias

Mais Blogs

Rolar para cima