Desconstruindo

Não tenho postado textos às quartas-feiras, mas o comentário de um tal João do Rio, pseudônimo claramente falso, de alguém que além de não ter coragem, não tem também senso do ridículo, me fez postar este de hoje.

No post anterior, nesta página, contei uma história que aconteceu comigo e com minha mulher. Lendo juntos nossos e-mails, descobri um maravilhoso texto de um saudoso amigo, o escritor e político carioca Artur da Távola. Comentei o fato e transcrevi seu maravilhoso texto, o que foi o suficiente para o tal João do Rio mandar-me o seguinte comentário:

Que mentira! De onde é que esse deputadinho do Maranhão vai ser amigo de um grande político e escritor como foi o Artur da Távola? Vê se se enxerga cara! Para de mentir.

Ao qual postei a seguinte resposta:

Resposta: Caro João do Rio, porque eu iria mentir em meu blog sobre um assunto tão facilmente comprovável. É muito fácil dirimir sua dúvida, para isso basta que você entre no site da Câmara dos Deputados, procure pela Assembléia Nacional Constituinte e veja se é verdade ou não que fomos eu e Paulo Alberto Moretzsonh Monteiro de Barros (Artur da Távola) deputados federais na legislatura de 1987 até 1991. E mais, se você não estiver satisfeito e ainda assim achar que eu esteja mentindo, procure em alguma das livrarias de São Luis o meu livro de contos, “A Ponte”, nele você irá encontrar um prefácio escrito por Artur. Como imagino que você não vai se dar ao trabalho de procurar, passo a transcrever o referido prefácio a seguir.

FACÚNDIA

Joaquim Haickel é um facundo.  Na vida como na literatura.  Raros escritores são, na arte, o que na vida são.  E sua facúndia existencional estica-se para a literatura. É um célere, um devorador. Afoito, prefere as pedras preciosas in natura.  Seu afã é descobri-Ias, jamais o paciente ato de as lapidar. A mistura de velho árabe sábio com garoto levado que lhe marca a tipologia e o temperamento, aparece nos contos.  Ora, a surpreendente inversão e economia dos contos “Agenda”, “Ambulante”, “Padre Nosso” e “Geladeira”, ora o vezo regional de maranhense empedernido dos contos “As Moças do Curralzinho e os Rapazes do Pau Furado” ou o flagrante da Coluna Prestes pelo interior de seu estado, ou, ainda, o seu intenso e belo conto “Engenho Central, Pindaré’.

Não importa que o facundo Joaquim salte da cidade de Imperatriz, no Maranhão, para qualquer sartreana angústia existencial ou para o erotismo sadio que o atormenta tanto na vida pessoal quanto na literatura.  Assim são os facundos: generosos, dispersivos, estróinas do talento. O mesmo Joaquim Haickel que pode ser visto jogando de cortador e saltando alto com seus 110 kg no voleibol ou viajando para aprofundar-se na cultura chinesa, por certo sentado ao lado da mais bonita morena presente no avião; o mesmo Joaquim Haickel que pode ser visto a trabalho sério como deputado federal ou ouvido na estrepitosa gargalhada de que são pródigos os felizes e saudáveis, pode ser encontrado, também, na ternura simples por personagens femininos que inventa e pressente como a comovente “Clara Cor-de-Rosa” ou a visão tragipatética de Francimar o menino que era menina por vontade da mãe.

Joaquim Haickel é, pois, um facundo.  Sua literatura imita-lhe a vida.  E sua vida (ah! que alívio) é venturosa.  Sim, enfim, senhores, eis que surgiu alguém naturalmente feliz e que do fundo da alegria de viver é capaz de encontrar a tragicidade, o espanto, a parada sensível.  E assim como atira-se a viver, sem tréguas, lamúrias ou timidez, vai criando e devorando vivências e personagens com apetite invejável.  Invejável, sim.  Nós outros, temerosos, prudentes, ora ficamos com raiva do desperdício à espera de que ele amadureça os temas e trabalhe os textos, o teor das histórias, a sua ideologia e rigor temático, ora ficamos é mesmo com inveja de tanta seiva, riqueza e talento, o que o leva, pródigo mas feliz, ao desperdício de quem nasceu forte, alegre, e concebe a vida como deliciosa aventura e, não, como penosa tarefa a enfrentar.

Artur da Távola

Fico indignado com pessoas como esse João do Rio, pois é muito fácil tentar enxovalhar alguém, mas eu não aceito esse tipo de coisa.

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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