Contos, Crônicas, Poemas & Outras Palavras

Na próxima quinta-feira, dia 9 de agosto, às 19 horas, na sede da Academia Maranhense de Letras, localizada à Rua da Paz, 84, lançarei o livro intitulado “Contos, Crônicas, Poemas & Outras Palavras”, evento para o qual você que me lê agora está desde já convidado.

Trata-se de uma obra que deveria ter sido lançada em 2010, quando comemoraria 30 anos do lançamento de meu primeiro livro. Naquela ocasião não comemorei com um lançamento de livro, preferi comemorar a data aprovando na Assembléia Legislativa, em meus últimos meses como deputado estadual, as leis de incentivo à cultura e ao esporte, encerrando assim minha carreira política eleitoral. Fiz isso como preconizava meu pai que se mirava em Pelé, que segundo ele soube a hora de parar de jogar futebol. Parou no apogeu, quando ainda fazia uns golzinhos. Eu acredito que fui mais além. Parei quando fiz o único gol de placa em toda minha carreira política, que não foi curta, começou em 1983 e acabou em 2011.

Pensei que pararia definitivamente com a política e me dedicaria apenas a minha família, aos negócios, à literatura, ao cinema, às viagens. Pensei que poderia então me dedicar a finalmente dirigir a Fundação Nagib Haickel, entidade que idealizei em meados dos anos 90 e a qual jamais pude dar a devida atenção. Não consegui. Tentei ficar totalmente fora da política, mas não resisti às pressões e acabei aceitando o cargo de secretário de Esporte e Lazer do estado.

Como em tudo que faço, faço de forma total e completa, os projetos que tinha para essa fase de minha vida foram adiados temporariamente. Alguns, inadiáveis, vêm sendo desenvolvidos de forma mais lenta. Mas o lançamento de meu livro não. Só faltava achar uma boa oportunidade para fazê-lo. Essa ocasião é agora.

Trabalhei recolhendo alguns de meus textos inéditos, contos e poemas, pois as crônicas que constam desse livro já foram publicadas no jornal O Estado do Maranhão.

O restante do título do livro, “& Outras Palavras”, bem que poderia ser o título todo, mas poderia parecer para alguns que plagiasse Caetano… Preferi dar precedência, hierarquia, no que acredito ser a sequência decrescente de minha competência literária.

Acredito ser melhor contista que cronista, e melhor cronista que poeta, então coloquei essa ordem no frontispício do livro.

O “&” (e comercial) representa e significa a importância que dou aos coadjuvantes, personagens sem os quais, não podem existir, em toda a sua plenitude e grandeza, os atores principais.

Vejo-me muitas vezes como coadjuvante, mesmo quando desempenho o papel principal. Esse exercício me coloca em uma situação bem mais confortável e privilegiada para analisar tudo que ocorre na cena, como está disposto o cenário, como os personagens se apresentam.

No capítulo “Outras Palavras” reúno tudo o que não sejam contos, crônicas ou poemas. Lá estão alguns discursos políticos além de meus discursos de posse na AIL, na AML e no IHGM. Estão algumas frases, que ultimamente perdi a vergonha de colocar no papel. Elas foram a minha primeira forma de manifestação literária. Ainda garoto tinha cadernos cheios delas. Graças a Deus estas não são aquelas.

Coloquei neste livro alguns de meus roteiros cinematográficos e também estão nele alguns de meus contos antigos transformados em histórias em quadrinhos, verdadeiros storyboards para futuros filmes. As HQs foram desenhadas por Beto Nicácio e Iramir Araújo, companheiros da Dupla Criação. Senti-me o próprio Stan Lee.

A capa nasceu de uma ideia minha e foi realizada por Edgar Rocha e Nazareno Almeida. São fotografias de três janelas e uma porta de casarões antigos. Uma alegoria que acredito ser perfeita para o título: os contos, as crônicas e os poemas estão debruçados nas janelas, à mostra, acessíveis, enquanto para alcançar as outras palavras o leitor deve ir porta adentro.

A seleção do material publicado, o editor responsável pelo livro, é meu amigo e mestre Sebastião Moreira Duarte, que apresenta a obra e dirá algumas poucas palavras antes do lançamento. Também avalizam a publicação os escritores Jomar Moraes e Américo Azevedo Neto.

A revisão ficou ao cargo de Reydner de Carvalho, o projeto gráfico é do velho parceiro Paulinho Coelho e a impressão foi feita na Gráfica Minerva de meu amigo e irmão de alma Antonio Carlos Barbosa.

Dito isso, só espero que depois de 32 anos tentando ser um escritor razoável, os meus críticos mais cruéis concordem que pelo menos estou no caminho.

Petromax

Dentre todas as histórias bíblicas, as que eu mais gostava de ouvir, daquelas contadas por minha avó Maria Haickel, que em português era quase analfabeta, eram as que retratavam o rei Salomão.

Ela me punha sentado ao seu lado e lia a bíblia soletrando. Nos intervalos comentava algumas passagens. Quando ela me contou a história do filho cortado ao meio, resolvi que seria aquele o poder que eu queria para brincar. O super homem, meu super-herói favorito, havia sido definitivamente superado.

Deus teria perguntado a Salomão, o que ele preferia, riquezas infindáveis ou sabedoria. Ele então preferiu a segunda, pois com sabedoria conseguiria não só grande quantidade de riqueza, mas também todas as outras coisas que a riqueza seria incapaz de comprar. Só soube bem mais tarde, que Salomão teve seiscentas esposas e oitocentas concubinas. Era também um homem muito corajoso!

Quem me conhece sabe de minha fome de saber, de minha vontade por conhecer. Aliada a isso tenho uma incondicional admiração por figuras históricas. Esses fatos acabaram por levar minha busca pela sabedoria através do conhecimento da história dessas pessoas, fato que contribuiu muito para a minha formação, em todas as áreas da vida.

Os ídolos formadores de meu caráter vão de pessoas bem próximas, como minha mãe e meu pai até aquele herói quase anônimo que sacrificou sua vida para salvar um garoto que caiu no fosso das ariranhas no zoológico de Brasília. Seu nome: Sílvio Delmar Hollenbach.

Vai desde Buda, passando por Confúcio, Jesus, Maomé, até chegar à Madre Teresa de Calcutá. Admiro T. E. Lawrence, Gandhi e Mandela. Sun Tzu, Sócrates, Platão, Aristóteles, Hipácia de Alexandria, Maquiavel e Thomas More. Elisabeth I, Churchill, Da Vinci, Shakespeare, Cervantes, Vieira, Moliere, D. W. Griffith, Darwin, Einstein, Freud, Machado, Nelson Rodrigues e Stanley Kubrick dentre muitos outros.

Conhecendo a vida e a obra dessas pessoas, aprendi coisas que parecem ser pouco importante se analisadas separadamente, mas quando reunidas, a serviço de uma vivência, o que parece pouco se avoluma e consubstancia.

Algumas coisas parecem irrelevantes. Veja por exemplo o que diz Maquiavel quando qualifica as três espécies de inteligências que os príncipes possuem. Diz ele que há uma, excelente, que entende as coisas por si. A inteligência nata, pessoal, orgânica; outra, muito boa, que discerne as coisas através do que os outros entendem. Através de seus próximos, seus ministros. Adquirida pelo do aprendizado, a cultural ou social; e uma terceira, inútil, que não entende nem por si nem por intermédio dos outros. Uma inteligência arrogante, que pensa que tudo sabe ou aquela que é simplesmente incapaz de compreender as coisas mais simples.

Exclua o príncipe a quem Nicolau se refere e coloque em seu lugar uma pessoa qualquer, um de nós. Alguém que seja príncipe apenas de sua própria vida e comprovaremos que precisamos muito saber desse ensinamento, aparentemente tolo, mas indispensável para que tenhamos consciência de como podemos ser inteligentes ou não sê-lo. Ensinamento que se complementa ao que pregava um outro gênio, Sócrates, que dizia que devemos antes de tudo conhecer a nós mesmos.

Tenho um grande e bom amigo, ex-padre e professor de filosofia, que nas horas vagas, coisa que ele pouco tem, é também teólogo e cientista político amador. Certa vez ele me disse uma frase que jamais esqueci: “Existem algumas batalhas “religiosas”, que se as ganharmos, na melhor das hipóteses, ganhamos apenas o dízimo. Se as perdermos, é possível que se perca o próprio Deus”. 

A propósito de lutas, de pelejas, sempre me lembro do que disse meu pai uma vez quando conversávamos sobre a semelhança que há entre a política e a guerra. Ele me fez entender que o bom general escolhe as batalhas que deve lutar, o campo onde dispor suas tropas, a ocasião em que atacar ou defender, quando deve avançar ou recuar. O bom general sabe quando deve ser duro e quando deve ser suave.

A esse ensinamento incorporei uma observação minha: o manejo da espada, arte que Salomão pouco dominava, pode ser comparado ao exercício da vida ou mesmo da convivência com uma mulher, áreas em que o sábio rei se sobressaía. Com ambas precisamos ser fortes, mas também suaves, pois desse equilíbrio resulta o sucesso da luta com uma e a felicidade com a outra.

Para consubstanciar efetivamente a sabedoria que ganho conhecendo a vida daqueles que uso como régua e compasso, recorro sempre a um artifício importante, pergunto: O que faria fulano nessa situação? O que cicrano faria se isso acontecesse com ele? Como resolveria Beltrano esse dilema?

Acredito que a simples conjectura dessas questões nos levará certamente a encontrarmos as respostas para as perguntas que nelas residem, pontos de luz em nossa jornada.

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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