Enfim, nosso polo de cinema!

Em 1995, eu e Zé Louzeiro, representante maior do cinema maranhense, roteirista de filmes como “Lúcio Flavio, o passageiro da agonia”, “Pixote, a lei do mais fraco” e “O homem da capa preta”, pra citar apenas três de seus trabalhos, conversamos pela primeira vez sobre a possibilidade de implantarmos em São Luís um polo de produção cinematográfica, tendo em vista nossa cidade ser um cenário vivo, uma vez que o Projeto Reviver possibilitou isso. Treze anos depois, em 2008, quando eu realizei o filme “Pelo Ouvido” nós continuávamos falando nessa possibilidade, mas nada ainda havia sido feito nesse sentido.

O movimento audiovisual de nosso estado, nesses últimos 20 anos, tomou vulto, e os fatores que muito contribuíram para isso foram a consolidação dos Festivais, Guarnicê e Maranhão na Tela; a existência do Grupo Lume de Frederico Machado, que reúne um videoclube, uma sala de exibição, uma produtora e uma distribuidora de cinema; a implantação de uma Unidade Vocacional do IEMA destinada a oferecer cursos na área audiovisual; e a instalação do MAVAM.

Passaram-se 20 anos para que tivéssemos por aqui um polo, mesmo que informal, de cinema, que reúne em torno do MAVAM, Museu da Memória Audiovisual do Maranhão, algumas produtoras independentes como a Guarnicê Produções, a Dupla Criação, a Play Vídeo, a Objetiva Filmes, a Freela, a Mago, cineastas como Arturo Saboia, Beto Matuck, Francisco Colombo, Marcos Ponts, Rafaelle Petrini, Mavi Simão e Fernando Baima, só para citar alguns.

Já tendo tudo isso, estávamos a um passo de termos o nosso polo de cinema efetivado. Faltava apenas a implantação de um Núcleo de Produção Digital que pudesse fornecer equipamentos de última geração para que realizássemos nossos projetos, se não em pé de igualdade com os grandes centros nacionais, pelo menos possibilitando termos os insumos materiais para realizarmos, sem maiores dificuldades, nossos trabalhos mais simples.

Foi pensando nisso que procurei meu amigo, o atual ministro da Cultura, Sergio Sá Leitão, e pleiteei junto a ele a destinação de um dos 16 NDPs que a Secretaria do Audiovisual (SAV) do MinC iria distribuir. Mostrei a ele o nosso potencial, falei de nossos projetos, de nossos filmes, dos prêmios que eles têm conquistado em festivais nacionais e internacionais. Disse da necessidade de termos o apoio de um organismo fomentador como este em nosso estado.

Depois disso o ministro destinou, por nossa indicação, para o IFMA, os equipamentos necessários para instalarmos, ainda este ano, o nosso NPD, e já na semana passada o reitor daquela instituição, professor Roberto Brandão, cujo dinamismo vem revolucionando o trabalho realizado naquela importante instituição assinou o termo de cessão de uso e o acordo de cooperação técnica referente a um conjunto desses equipamentos da SAV- CTAV.

Como já disse os referidos equipamentos servirão para implantar no Maranhão um NPD, Núcleo de Produção Digital, ponto de apoio e fomento às nossas produções audiovisuais, com as mesmas características do que ocorre no CTAV, o Centro Tecnológico Audiovisual do MinC, localizado no Rio de Janeiro.

O convênio assinado com o MinC prevê a criação de um comitê gestor do NPD-MA que se responsabilizará pela organização das demandas deste núcleo, além de se incumbir pela criação de um acervo audiovisual resultante dos trabalhos realizados em torno de si, e será composto por representantes do IFMA, do MAVAM e do Sebrae.

Ver mais esse projeto ser realizado me dá a certeza de que estamos no caminho certo, e de que é possível, em um curto prazo, termos em nosso estado uma promissora indústria audiovisual consolidada, o que nos levará ao passo seguinte, a criação junto a FIEMA, de um Sindicato da Indústria Audiovisual do Maranhão.

 

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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