Algumas regras fundamentais da política

Numa animada conversa entre alguns bons e velhos amigos, surgiu a ideia de listar algumas regras fundamentais da política, que às vezes, ou não são observadas, ou não são nem do conhecimento de alguns políticos atuais.

Naquela conversa ficou decidido que cada um citaria uma regra que achasse ser fundamental no exercício da política, e que se possível citasse um caso ou exemplo que corroborasse tal regra.

Resolvemos também que não colocaríamos as regras em ordem numérica ou de importância, pois acreditamos que não há hierarquia nesse tipo de coisa. Regra é regra, ainda mais quando ela é discutida por velhos políticos numa mesa de bar.

– Bom cabrito não berra. Se berrar, precisa ter chifres e pernas fortes o bastante para sair dando cabeçadas e tentar sobreviver. Se não berrar pode virar governador.

– Existem atitudes que não devem ser tomadas forma alguma, tais como ser arrogante, prepotente, intolerante, perseguidor, hipócrita, corrupto… No entanto existem outras que são obrigatórias, como ser simpático, empático, disponível, compreensivo, diplomático, coerente e honesto. Ter os atributos da primeira lista ou por outro lado não ter os da segunda, não é garantia de insucesso. Infelizmente muita gente que é como os da primeira lista tem mais sucesso e muito mais poder que os que são como os da segunda, mas em contrapartida, normalmente, eles têm vidas mais curtas na política.

– Um vereador, um deputado, estadual ou mesmo federal, até consegue se eleger sozinho, sem precisar decisivamente de alguém ou de um grupo político! Já para ele se reeleger, vai precisar de ajuda, caso contrário não terá sucesso. Um candidato a prefeito, a governador, a presidente da república, ou mesmo a senador, jamais conseguirá se eleger sem um grupo que o apoie. O político que não entender isso, pode ter presente, mas certamente não terá futuro.

– Para ficar conhecido, um político não precisa ser eloquente e discursar bem, não precisa comparecer a todas as sessões plenárias, não precisa apresentar mil propostas legislativas, nem mesmo precisa estar diariamente nas redes socias e nos Blogs. Para um político ficar conhecido basta que ele se meta em alguma confusão, que não honre a palavra empenhada ou não seja cumpridor de seus compromissos, que ele desconheça ou não leve em consideração regras básicas de convivência social, como atender o telefone ou retornar uma ligação. Viu, senhores secretários!…

– Para ser um bom político, ou pelo menos para tentar ser um bom político, é indispensável que o indigitado conheça um pouco da história política do seu Estado e de seu País. Conhecer os fatos da história não garante a ninguém ser um bom político, mas desconhecê-los, garante que essa pessoa não será um político de sucesso, pois certamente cometerá os mesmos erros que outros cometeram antes.

– Há uma diferença enorme entre um membro do poder legislativo e um parlamentar. Para alguém ser membro do poder legislativo, seja como vereador, deputado estadual e federal ou mesmo senador, basta que o dito cujo seja eleito para esse fim. Para ser um parlamentar, o eleito deve estar preparado e capacitado para exercer integralmente as funções do parlamento, coisas que vão além da contingência de uma mera eleição.

– Dois fatores subverteram muito a atuação dos políticos nos últimos anos. O grande avanço da tecnologia de comunicação através das redes sociais, fazendo com que cada pessoa possa ser um verdadeiro jornalista, distribua sua opinião por todos os lados, de maneira quase sempre tóxica,  e o advento das emendas parlamentares, que transformou os políticos em verdadeiros ordenadores de despesas, feitas nem sempre de maneira republicana e correta. O mundo da política hoje é movido pelos Blogueiros e pelas emendas.

– Cada safra é uma safra, cada eleição é uma eleição. Uma eleição é como uma lavoura. Assim como o arroz, o milho ou o feijão precisam ser cultivados, também os votos precisam ser cultivados. Quando fazemos tudo certo no plantio da lavoura, é certa uma boa colheita, e o mesmo acontece com a eleição. Prova disso é o que aconteceu com três deputados que foram os mais votados em uma eleição, superando individualmente os coeficientes eleitorais de suas legendas, e na eleição seguinte não conseguiram se eleger nem na sobra, pelo simples fato de não terem feito corretamente o que deveriam.

Muitas outras regras foram citadas naquele delicioso bate papo, sendo que o ônus da prova além de não caber ao acusador, nem precisava ser trazido a baila, pois nessas ocasiões o que vale mesmo é o bom papo e a camaradagem.

PS: Uma coisa ficou certa naquela prazerosa ocasião, existem pessoas que deveriam prestar atenção a essas regras, ah, isso há!..

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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