Sempre as narrativas: Blindagem para uns, prerrogativas para outros

Seja lá o que for, busca por blindagem ou por prerrogativas, esse movimento do Congresso Nacional tem uma explicação simples e cristalina, que vou tentar expor aqui para vocês.

A PEC que prevê o retorno, turbinado, das prerrogativas dos congressistas, originalmente estabelecidas pela Constituinte de 1988 e modificadas em 2001 por pressão popular diante dos inúmeros escândalos de corrupção, nada mais é do que uma reação do Legislativo ao conluio firmado entre os poderes Executivo e Judiciário na tentativa de controlarem o país, do ponto de vista administrativo e institucional, estabelecendo regras que nem sempre possuem amparo em nossa Carta Magna.

Esse movimento é consequência direta do vertiginoso poder que o Supremo Tribunal Federal ilegalmente se atribuiu, sabotando os freios e destruindo os contrapesos estabelecidos no artigo 2º de nossa Constituição, bem como da desastrosa gestão administrativa, econômica e diplomática conduzida pelo atual governo.

Isso, entretanto, não diminui em nada a responsabilidade do Congresso Nacional por operacionalizar diversas ações não apenas desprovidas de suporte legal, mas principalmente de cunho antiético e até mesmo criminoso, como é o caso das deformações que o Legislativo introduziu, com o passar dos anos, no advento das emendas parlamentares. Essas, que surgiram como forma de equilibrar o poder discricionário de realizar benefícios para o povo e a sociedade, acabaram se transformando em instrumento de distorção e negociata com o Executivo.

Ainda sobre o poder Legislativo, constata-se que, devido à sua peculiaridade de múltipla representatividade, ele traz em si fatores que dificultam bastante uma avaliação mais justa sobre sua real contribuição ao país. Sempre acreditei que a maior responsabilidade pelos problemas da nação recai sobre o Legislativo, uma vez que ele representa diretamente o povo, individualmente, e os estados da Federação, conjuntamente.

O fato de esse poder frequentemente se omitir, se acovardar, não ser coeso, abrigar membros de péssima qualidade e, em regra, agir movido por interesses meramente eleitorais, faz dele o menos confiável para a população, quando deveria ser exatamente aquele no qual ela mais confiasse.

A busca por garantias por parte dos congressistas chega a ser indecente. Primeiro, porque eles já deveriam tê-las resguardadas, como estabeleceram os constituintes originários em 1988. Depois, porque, se precisam desesperadamente delas, é porque alguém os ameaça ou porque cometem atos para os quais necessitam de proteção, o que, por si só, é condenável. Não há uma terceira opção quanto a isso.

Blindagem ou prerrogativas, do jeito que está posto em pauta, se parlamentar eu fosse votaria contra. Mas seria a favor do retorno ao texto aprovado originalmente na Constituinte.

Com tais atitudes, quem perde é sempre o povo brasileiro.

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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