Meu ídolo

Há algum tempo, participando de uma entrevista, me foi perguntado quem seriam os meus ídolos. Naquela ocasião certamente eu devo ter falado sobre ícones das artes, da filosofia e da política, nem me lembro bem ao certo.

Hoje, arrumando a sala que eu tenho como uma espécie escritório, onde guardo documentos, fotografias e objetos que contam pedaços da minha vida, a pergunta voltou sozinha, assim, do nada, como quem atravessa o tempo e instalou-se na minha cabeça: Quem são os meus ídolos?

Percorri, mentalmente, as estradas que formam o mapa da minha existência. Lembrei de pessoas comuns que me marcaram pela simplicidade, e de outras que foram para mim como um farol em noite sem estrelas, bússola em trajeto  desconhecido e lanterna em beco escuro. Recordei aqueles que passaram rápido e os que me acompanharam por quase toda a jornada. Alguns me deram apenas exemplos, outros amor e outros me fizeram sonhar.

No meio dessa viagem íntima, uma voz dentro de mim interrompeu: “Escolhe apenas um. Um só.”

Foi assim que me sentei à mesa, abri o computador e comecei a escrever para justificar a minha escolha. Não seria qualquer um. É o único que, para mim, está antes e acima de todos.

Primeiro, preciso dizer: não acredito em religiões. Conheço muitas, algumas a fundo, mas não deposito nelas minha fé ou minha confiança. Vejo as religiões como construções históricas, psicológicas e sociais voltadas ao controle das pessoas. Respeito-as e quem as segue, mas não me submeto às suas amarras.

Segundo, não tenho certeza de que o meu ídolo existiu de fato. E, se existiu, não sei se foi como contam. Isso, para mim, importa menos do que o personagem que o nome evoca: uma figura tão carregada dos valores que busco, de dúvidas que reconheço como humanas, que sua existência histórica é secundária diante da força da ideia de sua vida.

Terceiro, minha admiração não nasce dos milagres ou feitos extraordinários que lhe atribuem, mas do fato de que quase tudo que sei sobre ele, eu aceitaria vivenciar. Quase tudo.

A essa altura, acredito que você já sabe de quem falo. Mas não espere idolatria cega e apaixonada de minha parte. Duvido dele às vezes; duvido da história oficial. Ainda assim, tenho a convicção de que, se existiu alguém digno de ser reverenciado, esse alguém foi ele.

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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