Comentários e considerações a respeito de minha análise sobre a eleição de governador de 2026

Após a publicação da minha última análise sobre o panorama político da próxima eleição para governador do Maranhão, recebi muitas mensagens e algumas ligações de pessoas que conhecem profundamente a política de nosso estado. Para minha satisfação, a maioria concorda amplamente com minhas ponderações, com um ou outro pequeno ajuste aqui ou ali.

Gostaria de comentar três dessas conversas, preservando o anonimato dos interlocutores.

Duas dessas pessoas consideram quase impossível que haja uma união entre três candidatos contra o representante do atual governo. Os motivos vão desde diferenças partidárias e ideológicas até traços de personalidade fortes, que dificultam concessões. Essas mesmas duas figuras – e a terceira também – compartilham da minha visão de que a influência eleitoral do ministro Flávio Dino é bastante limitada.

A terceira pessoa com quem conversei, dotada de grande vivência e experiência política, fez observações que me marcaram bastante e com as quais concordo. Ela afirmou algo mais ou menos assim: Em todo esse cenário, há uma pessoa que tem muito a ganhar, mas também é quem mais tem a perder. E completou: Eduardo Braide é hoje, o político de maior relevância no Maranhão. Trabalha muito e bem, erra pouco e sua gestão é considerada bastante superior à média dos governos municipais e estaduais anteriores. Seu único defeito é ser um guerreiro solitário, um general sem coronel, major, capitão, tenente, sargento ou cabo. Pode até contar com alguns poucos e bons oficiais subalternos, mas nenhum com autonomia suficiente para comandar sequer um pelotão. E soldados sem comando não servem para quase nada.

Esse interlocutor também apontou uma peculiaridade da política em nosso estado: lideranças antes hegemônicas costumam desaparecer do cenário após perderem o poder. Em outras regiões, mesmo após perder a hegemonia, certos grupos ainda mantêm alguma influência. Ele citou os dois mandatos de Flávio Dino como governador e sua atual fragilidade eleitoral, evidenciada pela dificuldade de reeleição dos deputados de sua base. Também lembrou que, após 50 anos de hegemonia e 20 anos diretamente à frente do governo estadual, tendo elegido outros 4 governadores, dezenas de senadores e centenas de deputados, o grupo Sarney, hoje, não tem força para influenciar decisivamente uma eleição.

Outros comentários foram feitos por diferentes pessoas, mas optei por destacar aqui apenas esses três, que considerei mais relevantes. Alguns dos que omiti aqui partiram de pessoas que, insatisfeitas por discordarem de mim, preferiram atacar minha pessoa em vez de analisar meus argumentos, uma prática infelizmente cada vez mais comum. Não sei se agem assim por falta de capacidade de argumentação ou por acharem que, ao me agredirem pessoalmente, conquistarão a simpatia de indivíduos tão nefastos quanto elas.

Gostaria de reafirmar que nas análises que faço busco sempre não deixar que elas sejam motivadas por ideologia ou partidarismo, pois isso seria ruim principalmente para mim, para o meu entendimento pessoal sobre o contexto. Muitas vezes, inclusive, chego a conclusões que preferia que fossem diferentes.

Pediram uma análise, então lá vai!..

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Já faz algum tempo que amigos meus me cobram uma análise sobre o quadro político e eleitoral de nosso estado, no que diz respeito a eleição para governador do ano que vem, e ainda não havia me manifestado porque estava envolvido em trabalhos que me tomavam bastante tempo e atenção, me deixando desfocado da política local, o que não é bom se quisermos fazer uma análise mais apurada e confiável. Agora já mais tranquilo posso me dedicar a tarefa que me foi pedida.

Ao que tudo indica a disputa pelo governo do estado parece ter verdadeiramente apenas quatro possíveis candidatos: Orleans Brandão, apoiado pelo governador Carlos Brandão, Felipe Camarão, candidato do ministro Flávio Dino, Eduardo Braide, prefeito de São Luís e Lahesio Bonfim, ex-prefeito de São Pedro dos Crentes.

Caso os quatro sejam realmente candidatos, fazendo uma continha eleitoral rápida e simples, chegamos à fácil conclusão de que a eleição se decidirá no primeiro turno em favor do candidato do governador Carlos Brandão, mesmo que até agora ele não apareça como favorito nas pesquisas. Se os outros três candidatos tiverem um mínimo de juízo e pouca vaidade, se unirão em torno daquele que tenha mais condições de enfrentar a poderosa e avassaladora máquina política do governo do estado, sendo este candidato a governador, o terceiro entre eles candidato a vice governador e o segundo entre os três, candidato ao senado, caso contrário, acredito que não haverá possibilidade de tentarem se unir em um eventual segundo turno, pois isso não acontecerá.

Por pior e por mais mal avaliado que esteja um governo, e esse não é o caso do atual governo do Maranhão, ele sempre possui condições de suplantar seus adversários em uma eleição, e a explicação para isso é óbvia. Poder!

Todos sabemos o imenso poder que possui o ministro Flávio Dino, mas esse poder não se reflete ou se transforma em apoio eleitoral ou popular. O fato dele ser o mais bem preparado entre os ministros de nossa suprema corte, não lhe confere simpatia popular ou votos, pois durante o tempo em que militou na política, como deputado, governador e em seus poucos meses como senador, não cultivou apoio político, popular e eleitoral verdadeiros, cultivou foi forte medo de alguns e severas restrições de outros, o que não lhe habilita a ter um candidato que possa impor em uma eleição, mesmo que o candidato seja uma pessoa bem quista, bem conceituada e bem avaliada como é o caso de Felipe Camarão.

Eduardo Braide aparece até agora em todas as pesquisas como o preferido dos eleitores, mas sabemos que isso tende a mudar à proporção que a campanha eleitoral efetivamente se iniciar e o governo do estado começar a apertar os parafusos e as porcas das engrenagens governamentais, que é o que desde sempre realmente garante o resultado em uma eleição em nosso estado e é o que parece irá acontecer mais uma vez.

Lahesio Bonfim aparece bem nas pesquisas e sempre será lembrado em qualquer cenário, devido a relevância que tem na região sul do estado, porém não possui estrutura nem musculatura para enfrentar as forças alocadas neste campo de batalha, além de não passar confiança e credibilidade para setores importantes de nosso estado.

Se o cenário se confirmar o de quatro candidatos acredito que Orleans deve ganhar no primeiro turno, o que também deverá acontecer se a disputa na primeira rodada da eleição for entre apenas três candidatos. Porém se a eleição desde o início ficar estabelecida entre apenas dois candidatos, o governo terá que fazer uma força bastante grande para decidir a disputa em primeiro turno, pois caso aconteça um segundo, se consubstanciará em uma guerra devastadora de sobrevivência política para todos os envolvidos e precipitará ações e atitudes que podem custar muito caro para todos os envolvidos.

Aqui cabe uma observação que penso ser necessária sobre a postura do atual governo. Penso que ele se posiciona bem em relação aos deputados e aos prefeitos, ele oferece a população bastante circo e algum pão, mas sinto que ele deixa a desejar em seu relacionamento com a classe média e o empresariado, mas isso não é uma falha apenas desse governo, ela vem ocorrendo em todos os governos de nosso estado.

Em minha modesta opinião, não resta a menor dúvida que a grande vantagem é do grupo ligado ao governador Brandão, tanto que se a eleição for decidida no primeiro turno, o pleito para a Assembleia Legislativa, a Câmara Federal e para as duas vagas para o Senado devem ser preenchidas, em sua maioria, por políticos ligados ao governo. No senado, caso Brandão apoie Weverton e Roseana, a eleição de ambos é certa. Acredito também que ele eleja uma bancada estadual de 36 deputados e federal de 15 parlamentares.

Se eu tivesse que vaticinar, hoje, com os dados que tenho, sob a atual perspectiva, diria que o futuro governador do Maranhão será aquele apoiado por Carlos Brandão… A menos que Flávio Dino fique, por um milagre, humilde, apoie Braide para governador, colocando Camarão de vice e sua chapa ao senado conte com Lahesio e Jerry, que terá pouca chance de se reeleger deputado.

Um sábado de atas, sapotis, mangas, pitombas e uma boa e inquietante conversa

Um sábado de atas, sapotis, mangas, pitombas e uma boa e inquietante conversa

Sempre que posso, depois do sagrado Caldo do Seu João, na Rua do Sol, vou com meu irmão, Nagib, ao Mercado Central, garimpar coisas para comprar.

Na última vez que lá estivemos, paramos em uma barraca para comprar umas atas, sapotis, mangas e pitombas, frutas que lembram muito nossos país. Estávamos ali quando se aproximou de nós um senhor. Ele tinha uma cara conhecida, mas não me lembrava o nome dele.

Nos cumprimentou e disse que conheceu nosso pai, disse que ambos trabalharam na Fábrica Santa Isabel, nos anos 1950. Que conheceu nossa mãe, do tempo em que ela trabalhava na secretaria de fazenda do município.

Ele contou muitas histórias, inclusive dos times de futebol de salão de papai e tio Samuel Gobel. Ficamos lá durante um bom tempo. Ele se lembrando de sua juventude e nós bebendo daquela fonte.

Ele contou que ao deixar a fábrica, se dedicou aos estudos, constituiu família, formou-se, trabalhou durante toda a vida e que hoje goza de uma confortável aposentadoria, na companhia de sua esposa, filhos, netos e até bisnetos.

No meio de nossa conversa ele disse uma coisa que me deixou muito feliz e recompensado. Disse que meu pai estaria orgulhoso de mim, por tudo que fiz depois que ele faleceu. Disse que ele acompanhou meu trabalho na política e acompanha o que faço na literatura, no cinema e o trabalho no MAVAM. Fiquei surpreso que ele soubesse sobre o MAVAM!…

Quando já íamos nos encaminhando para finalizar a nossa prosa, ele me disse que em que pese ele não ter tanto conhecimento quanto eu sobre política, que ele acredita que as coisas que estão acontecendo no Brasil, que todas as arbitrariedades que estão sendo cometidas pelos poderes da república, tanto no executivo, quanto no legislativo e principalmente no judiciário, vão acabar levando nosso país a um verdadeiro desastre. E finalizou de maneira catastrófica: “O que o STF tem feito, quase justifica a ação daqueles idiotas que tentaram dar um golpe de estado. É em momentos como esse, que as revoluções francesa e russa se justificam plenamente”.

Fiquei abismado, e bastante preocupado, pois aquele senhor que demonstrou durante todo o tempo em que passamos conversando, ser uma pessoa equilibrada, correta e de bem, e ele realmente é tudo isso, cogita que para resolver a crise criada pela desenfreada polarização, a generalizada judicialização de nossa sociedade, é justificável que se recorra a força.

Saí dali com as frutas que fui comprar, mas também com a cabeça cheia de questionamentos, difíceis para um sujeito como eu, com o meu perfil, minha formação e meu modo de pensar e me colocar perante as coisas da vida, conseguir digerir correta e satisfatoriamente.

Era como se ao invés de termos comprado as frutas de preferencia de nossos país tivéssemos comprado pepinos, jilós e pimentas para prepararmos uma salada de difícil digestão.

A excessiva judicialização da política

O julgamento pelo Supremo Tribunal Federal, de um processo envolvendo a eleição da presidência da Assembleia Legislativa do Maranhão oferece uma oportunidade valiosa para refletirmos sobre o fenômeno da judicialização excessiva da política e os riscos que ela representa para a segurança jurídica em nosso país.

Conforme dispõe a Constituição do Estado do Maranhão e o Regimento Interno da ALEMA, as eleições para os cargos da Mesa Diretora seguem regras claras: em caso de empate, realiza-se nova votação, e persistindo o empate, considera-se eleito o candidato que tiver mais idade. Foi exatamente esse o procedimento adotado: após duas votações empatadas, a vitória foi conferida ao parlamentar mais velho, em total conformidade com as normas vigentes.

Embora o direito de recorrer à Justiça seja uma garantia constitucional, a situação específica apresenta peculiaridades relevantes. A parte que interpôs o recurso tinha pleno conhecimento das normas regimentais, pois um de seus membros já havia presidido o Legislativo estadual e atuado sob essas mesmas regras. Ademais, um outro de seus membros, que atuou como assessor da comissão responsável pela revisão do Regimento Interno, teria advertido sobre a ausência de fundamento na pretensão recursal. Esses elementos configuram indícios robustos de litigância de má-fé, caracterizada pela adoção de medidas processuais com o propósito de retardar ou perturbar a tramitação processual.

Prova maior da solidez da decisão tomada pela ALEMA é o fato de que até mesmo o ministro Flávio Dino, reconhecido correligionário e incentivador político da parte recorrente, manifestou-se contra o recurso, validando a regularidade do procedimento adotado pela Casa Legislativa.

O que causa maior inquietação, no entanto, não é o mero ajuizamento da demanda, mas o ambiente de incerteza que se estabeleceu durante sua tramitação, alimentando a percepção de insegurança jurídica. O receio de que mesmo regras claras e práticas consolidadas possam ser revistas ou subvertidas gera instabilidade e mina a confiança nas instituições.

Essa insegurança se agrava diante de uma tendência preocupante no cenário jurídico-político: o avanço do ativismo judicial. Em diversos casos, o STF tem se posicionado no sentido de suprir alegadas omissões legislativas, ainda que existam normativos aplicáveis, sob a justificativa de que o Legislativo não teria produzido a regulamentação desejada. Essa postura cria situações em que normas claras e suficientemente reguladas passam a ser reinterpretadas com base em narrativas que, muitas vezes, se afastam do texto legal e da vontade popular expressa democraticamente, por seu legítimo representante, o Poder Legislativo.

A consequência desse cenário é o enfraquecimento da estabilidade normativa e a ampliação da percepção de que o que hoje é certo pode, amanhã, tornar-se objeto de revisão por mera construção argumentativa, sem respaldo na legislação ou na vontade soberana dos legisladores.

O caso da eleição da ALEMA é emblemático: a regra regimental refletia um critério objetivo, inspirado inclusive no procedimento adotado pela Justiça Eleitoral para o desempate em pleitos majoritários. A tentativa de desconstituí-la por meio de judicialização não apenas revela uma conduta processual questionável, mas também põe em xeque a previsibilidade das decisões judiciais, essencial para a segurança jurídica e para a estabilidade do Estado Democrático de Direito.

É necessário reconhecer que o direito de ação é inalienável, mas também é imperativo que o Judiciário não atue como substituto dos poderes legitimamente constituídos.

Em suma, a judicialização excessiva da política e o ativismo judicial desmedido impõem sérios desafios ao ordenamento jurídico brasileiro. Defender a segurança jurídica é, mais do que nunca, essencial para assegurar a previsibilidade, a estabilidade institucional e a confiança do cidadão nas instituições republicanas.

Quem tem medo da Lei Magnitsky

Muitas pessoas têm reagido com surpresa e até com indignação à possibilidade de o governo americano aplicar sanções contra algumas pessoas de outros países, com base na Lei Magnitsky, o que, segundo o entendimento dos Estados Unidos, atentaram contra direitos fundamentais, como por exemplo a liberdade de expressão. Posso até estar errado, mas acredito que na verdade não é nem surpresa nem indignação, penso que em alguns casos é medo mesmo.

Mas, afinal, o que há de errado com um país decidir que não deseja manter relações com indivíduos que considera violadores de princípios que ele, como Estado soberano, decidiu proteger?

Do ponto de vista do direito internacional, todo país tem o direito de controlar quem entra ou não em seu território, com quem estabelece relações diplomáticas, comerciais ou jurídicas, e quais critérios adota para isso. Esse é um dos pilares da soberania estatal. Assim como uma pessoa pode decidir, livremente, quem entra ou não em sua casa, com quem mantem relações comerciais ou mesmo afetivas, desde que ao fazer isso não desrespeite as leis locais, um país pode estabelecer critérios para suas relações externas, desde que respeite as normas internacionais às quais aderiu.

A Lei Magnitsky é um instrumento criado pelos Estados Unidos para permitir sanções contra cidadãos estrangeiros acusados de violar os direitos humanos ou cometer atos de corrupção, terrorismo e crimes de modo geral. Ela se baseia na ideia de que certos valores, como a dignidade da pessoa humana, a integridade do processo judicial e a liberdade de expressão, devem ser protegidos universalmente, e que Estados soberanos têm o direito de não se associar a quem os agride. Essa lei é operacionalizada em território americano, contra quem cometa infrações em outros países, mas ela não invade a jurisdição desses países, ela se restringe a ações em seu território.

Qualquer país tem o direito de recusar se relacionar ou permitir a entrada em seu território de pessoas que considera incompatíveis com seus valores legais, os critérios para isso é que devem ser observados de forma bastante pontual, evitando o cometimento de qualquer tipo de injustiça.

Recentemente veio a público uma carta emitida pelo Departamento de Estado Americano, endereçada ao ministro Alexandre de Moraes, que em um inglês castiço e em tradução literal para um português de igual qualidade explica para o afoito ministro que qualquer ordem judicial, proveniente do Brasil ou de qualquer outro pais, contra qualquer pessoa ou empresa americana, só será válida e passível de legalidade e cumprimento se ela for analisada e homologada pelo poder judiciário americano, o que faz portanto com que as ordens expedidas por Moraes, sob o acobertamento do STF, por si só não tem nenhum poder ou efeito nos Estados Unidos. Mas isso todo mundo já sabia, só que tanto o STF quanto a imprensa calhorda brasileira alimentaram o noticiário falso durante semanas, tentando colocar a opinião pública a seu favor, a favor de uma conhecida ilegalidade.

A defesa da soberania do Brasil deve começar aqui dentro, contra aqueles que tentam suprimir a liberdade de nosso povo da maneira mais abjeta possível, subvertendo nossas leis e destruindo a credibilidade e a confiança que precisamos ter em nosso sistema de justiça e quem mais tem feito isso é o STF.

Eu não tenho medo da Lei Magnitsky. Você tem?

Pensando bem, talvez o melhor título para esse texto fosse reproduzir a pergunta título da peça de Edward Albee, “Quem tem medo de  Virgínia Wolf”, com a qual o autor induz o leitor e expectador a descobrir se ele tem realmente coragem de encarar a verdade sobre si mesmo e sobre a vida, despida de mentiras e das narrativas criadas por ele, para justificar seus desacertos.

Já escrevi sobre isso em 2019!…

Em 2002, 2006 e 2010 fiz pronunciamentos na Assembleia Legislativa, e em 2019 escrevi um texto semelhante a este que torno público hoje. Naquelas ocasiões eu comentava que precisávamos urgentemente de uma reforma política e eleitoral. Ainda estamos precisando disso.

Parece que uma reforma, de maneira ampla, como eu havia proposto, não acontecerá, mas a Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal, aprovou esta semana uma Proposta de Emenda à Constituição  que, entre outras coisas, estabelece que em nosso país não mais haverá reeleição para prefeitos, governadores e presidentes da república. Porém,  existem outras mudanças interessantes inclusas nessa PEC, como por exemplo a unificação das eleições, acabando com a insensatez de termos eleições de dois em dois anos, o que causa um prejuízo financeiro enorme ao país e gera um desserviço ao nosso sistema eleitoral, pois cria uma interdependência entre os poderes legislativo e executivo, fazendo com que um interfira no pleito do outro, infelizmente, sempre de maneira prejudicial e danosa para o cidadão e para a sociedade.

Outra mudança que me parece ser boa é a unificação do tamanho dos mandatos para todos os cargos eletivos dos poderes legislativo e executivo, criando não só uma natural coincidência entre seus inícios e términos, mas consequentemente estabelecendo uma maior coerência entre as ações políticas de um determinado partido ou grupo de candidatos, o que de certa forma promoverá uma maior unidade e fidelidade entre eles.

Infelizmente a PEC aprovada não inclui outras medidas, que se aprovadas, trariam grande melhoria para nosso sistema eleitoral e político, como por exemplo o fim do voto proporcional, colocando em seu lugar o voto majoritário em uma de suas formas e aplicabilidades, tais como o voto distrital simples, onde os municípios e estados seriam divididos em regiões eleitorais chamadas de distritos e de onde cada um deles sairia um representante eleito.

Outra possibilidade é adotar-se o voto distrital misto, onde parte dos representantes seriam eleitos pelos distritos e outra parte através de uma lista escolhida pelos partidos. Particularmente eu não gosto desta modalidade, que é muito complicada, de difícil explicação para o eleitor e principalmente porque ela dá aos partidos uma força imensa, ao possibilitar que eles estabeleçam listas e nelas incluam, em ordem de precedência quem eles desejem privilegiar, o que não me parece algo democrático.

Há ainda uma outra modalidade de votação, com a qual eu mais me identifico, que é o voto majoritário simples, onde os candidatos mais votados nos municípios e nos estados seriam os eleitos em cada pleito.

Nessa PEC também foi incluída a diminuição do tempo de mandato dos senadores, o que em minha opinião é uma boa medida, pois acaba com as eleições desencontradas para um terço e dois terços dos membros do Senado.

Melhor ainda seria se tivessem incluído nela também uma nova forma de eleição para os senadores, unificando a eleição para o Congresso Nacional, fazendo com que os três parlamentares mais votados em cada uma das unidades da federação, fossem designados para representar seus estados no Senado Federal e os demais eleitos fossem designados para representar o povo desses estados na Câmara Federal, o que acabaria com uma aberração eleitoral que há em nosso país, os suplentes – não votados – de senadores. Neste caso os suplentes de senadores seriam os deputados dispostos em ordem decrescente na lista dos eleitos para aquela legislatura. Isso seria um imenso avanço em nossa legislação eleitoral.

Existem outras coisas que precisam ser revistas no tocante a esse delicado setor de nosso país, tais como tipos de financiamento de campanhas eleitorais, candidaturas avulsas, fidelidade partidária, cláusulas de barreira, obrigatoriedade do voto e até mesmo a possibilidade de termos um comprovante de voto, o famigerado e polêmico voto impresso.

O processo legislativo é lento. As mudanças acontecem lentamente, principalmente no que diz respeito aos costumes políticos e eleitorais, mas as mudanças aprovadas pela CCJ do Senado me parecem boas.

Para que se pense um pouco em quem poderá ser o futuro governador do Maranhão

Até agora, pelo menos que eu saiba, são sete os possíveis candidatos ao governo do Maranhão: Orleans Brandão, Felipe Camarão, Eduardo Braide, Iracema Vale, Lahesio Bonfim, Roberto Rocha e Hilton Gonçalo.

Tenho feito um esforço incrível tentando escrever algo sobre essa disputa, mas confesso que tenho sentido muita dificuldade. Assim sendo desenvolvi um modelo de análise, uma coisa simples, onde qualquer um com um mínimo de raciocínio lógico, um pouco de conhecimento político, e uma certa quantidade de sensibilidade quanto a esse assunto, poderá analisar alguns dos possíveis cenários.

Portanto, baseado nos dados e nas observações abaixo, diga quem é a pessoa que  lhe parece ser mais talhada para ser o nosso próximo governante.

1 – Coisas que não devem ser levadas em consideração na escolha de um governador:

Ser parente do atual governador; Ser candidato escolhido por um ex-governador; Ser o prefeito da capital; Ser chefe de um dos poderes do Estado; Ser alguém  que teve uma boa performance eleitoral na última eleição para governador; Ser um político com diversos mandatos; Ser de uma família que detenha o comando de diversas prefeituras e cargos importantes no Estado.

2 – Coisas que devem ser levadas em consideração na escolha de um governador:

Ser alguém que tenha apoio político; Ser uma pessoa preparada para exercer o cargo; Ser alguém que tenha experiencia de sucesso em gestão pública; Ser alguém assertivo e tenaz; Ser alguém conhecido pela população; Ser alguém respeitável, confiável  e cumpridor de compromissos; Ser alguém com bons antecedentes.

É muito provável que depois de ler isso e analisar as opções com base no que aqui está disposto, você tenha chegado ao fim dessa leitura e da consequente análise que ela suscita, tão indeciso como eu saí dela e como ainda estou até agora.

A minha dúvida não é quanto a quem escolher para votar, mas em quem poderá ser realmente nosso próximo governador.

Por enquanto minha única certeza é que a próxima eleição para o governo do Maranhão será uma das mais inusitadas de todos os tempos e poderá marcar definitivamente a quebra de um ciclo político em nosso estado, coisa que pensávamos que aconteceria com a eleição de Flávio Dino, mas não ocorreu. Aquilo foi apenas e tão somente mais do mesmo, com outros personagens.

Será que em 2026 esse cenário muda e teremos realmente uma renovação verdadeira na política do Maranhão?

Maternidade, de Celso Antonio

Faz algum tempo realizamos um documentário sobre um dos mais importantes escultores brasileiros, o maranhense Celso Antonio  e  é sobre ele que desejo falar hoje.

O fato é que há uma estátua de Celso Antonio, que leva o nome de “Maternidade”, que pertencia ao acervo do Palácio Capanema, antiga sede do Ministério da Educação, no Rio de Janeiro, que foi colocada sobre um canteiro no bairro de Botafogo e essa obra está ali abandonada, e é constantemente depredada por vândalos e nós que amamos a arte desse importante escultor, desejamos que as autoridades a levem de volta ao sua antiga casa.

Também idealizei um projeto alavancado pela lei de incentivo a cultura, no âmbito federal, que possibilitasse que fosse feita duas cópias desta obra, para que fossem colocadas, uma em Caxias, no Maranhão, cidade natal do artista e uma em São Luís.

Abaixo reproduzo matéria postada nas redes sociais sobre a campanha de devolução da estátua para seu lugar de origem.

“Tem uma mãe abandonada na Praia de Botafogo, em frente ao Edifício Argentina. Ela está deitada, amamenta seu filho no colo e, depois de tantos anos ao relento, perdeu os dedos dos pés e está com o rosto seriamente desfigurado. Ainda assim, conserva o sorriso um dia admirado por Drummond, a espera de voltar para a sua casa original.

Obra de Celso Antonio, um dos maiores artistas de esculturas monumentais do Brasil em todos os tempos, A maternidade ficava no salão de exposições do Palácio Capanema, onde também está A moça inclinada, outra criação de traço indígena do escultor.

“Celso Antônio esculpiu em pedra duas mulheres esplêndidas, que considero irmãs pelo sopro vital que as anima, se não forem uma só mulher: a moça antes e depois da maternidade. Viviam juntas no edifício do Ministério da Educação. Separaram-se depois”, escreveu Carlos Drummond de Andrade, em crônica do Caderno B, do Jornal do Brasil, em 1974.

Na verdade, foram separadas. A escultura não teria agradado à Lucio Costa que a considerava “amaneirada, meio contrafeita”, como contou Leneide Duarte-Plon, na biografia de Celso Antônio. Na primeira oportunidade, numa manutenção da sede do Ministério, em 1968, o urbanista a cedeu à Prefeitura do Rio.

Já passou da hora da mãe indígena voltar para a sua casa, o Palácio Capanema. Ainda é possível salvar o frágil mármore, material sensível às intempéries. Se você concorda com o retorno d’A maternidade para o seu local original, assine a nossa petição e ajude a resgatar esse patrimônio inestimável.

Sandra Branco, arquiteta, servidora aposentada do Iphan e autora de Capanema-Maru
Sérgio Belleza, do Instituto Celso Antônio.”

A minha coerência me é muito cara

Eu já havia comentado anteriormente sobre minha intenção de passar algum tempo sem me manifestar nas redes sociais sobre assuntos polêmicos, principalmente assuntos que envolvessem política, mas isso parece ser impossível, não só por causa de meu temperamento bastante peculiar, mas também pelo fato de os políticos de nosso país não pararem de fazer coisas que me obrigue a comentar.

Aprendi a me posicionar na vida guiado pelos ensinamento de três dos maiores mestres da filosofia, Sócrates com sua ética interrogativa, Platão que valoriza o âmbito das ideias usando para isso a interação através do diálogo e Aristóteles, com seu rigor lógico e sua busca incessante pela coerência. Na soma do que preconizam os três e com associação de alguns outros ensinamentos, construí meu edifício.

Mas hoje quero deixar de lado um pouco Sócrates e Platão e me fixar mais em Aristóteles, de quem herdei uma ânsia incontrolável pela racionalidade e pela coerência, fato que muitas vezes se choca frontalmente com o exercício pratico da política e causa, pelo menos em pessoas como eu, dilemas recalcitrantes.

Se há uma coisa que me é muito cara é a minha coerência, a qual busco de forma constante e incessante, o que como já disse, causa algumas vezes,  no político que sou, um enorme incomodo.

É impossível não ser coerente e reconhecer que o Supremo Tribunal Federal, que em meu entendimento tem sido responsável pelos maiores e piores atentados contra a nossa democracia, ao desrespeitar de formas torpes e abjetas o devido processo legal, está correto ao se manifestar contrário a decisão da Câmara dos Deputados que resolveu que aquela Corte não pode processar o deputado Alexandre Ramagem por possíveis crimes que ele tenha cometido antes de ser empossado no cargo de deputado federal.

Acredito que neste caso o STF tenha toda razão, uma vez que entendo que a lei é clara e não carece de interpretação, quando estabelece que a imunidade parlamentar é uma prerrogativa de quem foi eleito para essa função, apenas depois de sua posse. Subverter isso como a Câmara fez é errado e não está em conformidade com nossa Constituição.

Da mesma maneira como tenho apontado os graves e imperdoáveis erros que veem sistematicamente sendo cometidos pelo STF, aponto os acertos que aquela Corte possam vir a cometer, e não faço isso como um favor a ela, mas como obrigação que tenho por ser um defensor implacável desta aristotélica ação que é a coerência.

Retirar do STF a prerrogativa de processar Ramagem por possíveis crimes que ele tenha cometido antes de tomar posse do mandato de deputado é tão errado quanto aceitar e permitir que o mesmo STF julgue pessoas sem a individualização de suas condutas, que processe pessoas que deveriam ser processadas em outro foro, que desrespeite a Constituição Federal, quebrando a independência e a harmonia entre os poderes, extrapolando os limites de sua competência.

Todas as mazelas que vemos acontecer em nosso país tem como causa fundamental a falta de coerência, seja ela no âmbito pessoal, legal e político.

Minha esposa, que lê meus textos antes que os publique, recorrentemente me pergunta como é que eu posso querer ser tão coerente, se faço tantas críticas aos posicionamentos políticos de Flávio Dino, ao mesmo tempo em que digo que ele é o mais competente e mais bem preparado ministro do Supremo Tribunal Federal, e eu respondo a ela que o fato dele simplesmente ser o mais competente e bem preparado ministro de STF, não faz com que ele tome sempre decisões corretas, como deveria, (como no caso das emendas parlamentares irrastreáveis), uma vez que falta a ele, e não a mim, a devida coerência, de sendo realmente o mais competente e bem preparado dos ministros daquela corte, não agir de forma política, coisa que não condiz com a condição de magistrado, coisa que acontece na maioria das vezes em quase todos os casos e com quase todos os ministro do STF.

A coerência em alguns casos, em algumas pessoas, funciona como uma espécie de compulsão ou vício. Parece ser esse o meu caso.

Um péssimo sinal dos tempos

Hoje fui tomar café da manhã no Hotel Blue Tree, aqui em São Luís, e tive a grata surpresa de ver que a equipe principal do Botafogo e a sub-20 do Goiás estão hospedados no hotel.

O ambiente estava bastante animado e para interagir com os presentes, me aproximei de uma das mesas onde estavam jogadores do Goiás e brinquei com eles dizendo: “Vou perguntar para o pessoal da estrela solitária se eles trouxeram o Nilton Santos!”

Os jovens jogadores do Goiás fizeram uma cara de espanto e responderam a minha brincadeira com uma pergunta que me deixou completamente perplexo: “Quem é esse Nilton Santos? Em que posição ele joga?”

Esse fato me remeteu imediatamente ao dia em que, conversando com um grupo jovens cineastas, perguntei se eles já haviam assistidos alguns filmes indispensáveis para uma boa formação de quem se dedica a este setor, como “A noite americana”, Ladrões de bicicleta”, “O homem que matou o facínora”, “A mulher faz o homem” e “A guerra do fogo” e nenhum deles havia visto nenhum dos filmes que citei.

O desconhecimento da história e dos assuntos aos quais nos dedicamos é o responsável pela péssima qualidade dos profissionais nos mais diversos setores, pois em muitos aspectos isso é uma disfunção causada pela modernidade e o imenso e desorientado avanço das novas tecnologias.

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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