Antecipando o trabalho de alguns…

Muito se tem falado sobre a eleição governamental de 2018 e vou entrar hoje nessa conversa, aqui com você, que me lê agora.

Uma matéria publicada em alguns blogs faz alguns dias, nos dá conta de que são pelo menos cinco os candidatos propensos a disputar o direito de residir no Palácio dos Leões entre 2019 e 2022: Flávio Dino, Roseana Sarney, Roberto Rocha, Eduardo Braide e Maura Jorge. Certamente haverá também um, dois ou até quem sabe três candidatos daqueles tediosos partidos de extrema esquerda.

Nem vou me aprofundar no fato de eu não acreditar que Roseana e Braide, no frigir dos ovos, serão candidatos, por isso analisarei o quadro como apresentado na citada matéria dos blogs.

Vejamos! Aprendi bem cedo que a boa política se faz com grupo e sendo assim quais partidos formarão os respectivos grupos dos candidatos postos?

Flávio Dino parece ter vantagem neste quesito. Vou usar uma analogia matrimonial para exemplificar! Ele é casado com o PC do B, mas tem como amantes fixas, em ordem de importância, o PDT, o PT, o PSB e o PPS. Está noivo do DEM, do PP e do PRB. Ele namora firme com o PTB, o PEN, o PHS e outros semelhantes… E não quer perder o amor do PSDB, rompimento que acredito, será inevitável. Vendo este quadro, chego à conclusão que nosso atual governador tornou-se um verdadeiro Barba Azul, personagem que seduzia muitas mulheres com seu charme e seu poder. Flávio havia prometido fazer política de forma diferente de seus antecessores, mas também neste quesito faz tudo igual, como antigamente.

Roseana Sarney tem garantidamente consigo o amor do PMDB e deve contar com a volúpia de partidos como o PSC, o PSDC… No passado, ela era cheia de amores partidários, agora, só conta com os amores de casa mesmo.

Roberto Rocha deve se divorciar do PSB e casar com o PSDB. Fazer isso é uma questão de sobrevivência para ele, mas precisa ser hábil para fazê-lo.

Braide tem o PMN e não sei mais quem!

Da mesma forma, Maura parece estar casada com o jovem partido PODEMOS, cujo nome nem sei se devo escrever todo em letras maiúsculas!

Fico imaginando a dificuldade que terá cada um desses grupos em montar as chapas para as disputas eleitorais.

Aparentemente Dino não terá dificuldade alguma. Terá é que rejeitar candidatos. Roseana também não terá problemas quanto a isso, mas com os demais isso não acontecerá, pois além de um candidato ao governo e seu vice, será necessário que tenham dois candidatos ao senado e seus quatro suplentes. Arrumar nomes para compor as chapas é fácil, mas arrumar nomes capazes de fazerem essas chapas conquistarem efetivamente votos, isso já é bem mais difícil e até impossível para alguns.

Resumindo: Candidatos em condição de apresentar chapas que possam realmente disputar a eleição de governador e senadores em 2018, só Flávio e Roseana.

Dito isso, fica a questão específica dos partidos nas composições das chapas. Como já comentei, Maura, Braide e Roberto vão ter que arrumar soluções caseiras para montar seus times. O mesmo vai acontecer com Roseana, com uma diferença importante, que o seu grupo e o seu partido tem quadros suficientemente fortes para compor sua chapa.

Caso realmente Roseana seja candidata, coisa que repito, não acredito, seu vice deverá ser um grande agregador de votos da região tocantina ou da região dos cocais, mas quem quiser fazer uma boa aposta, jogue no nome de João Alberto para vice, ele também é uma boa escolha.

Para o senado, uma vaga é de Sarney Filho e a outra será de Lobão, se ele assim desejar, coisa que acredito não acontecerá, ficando a opção para Lobão Filho, já que Gastão já avisou que será candidato a deputado federal.

Os primeiros suplentes de cada candidato ao senado, a meu ver estão claros! O de Zequinha deve ser Clovis Fecury e do outro candidato, alguém da importância política e eleitoral de um Ildon Marques ou de um Paulo Marinho, resta saber em que partidos estão, se eles podem ser candidatos ou se preferem concorrer a deputado federal. Os segundos suplentes sempre foram nomes de composição e acomodação, o que deverá ocorrer novamente.

Enquanto isso no Palácio dos Leões as coisas estão mais difíceis. Lá tem muito cacique e pouco índio, e dos caciques que existem, tirando o atual morubixaba, só vejo Weverton Rocha com mais desenvoltura, sendo que os jovens caciques Jucelino e Fufuquinha, respaldados na importância de suas legendas podem sentar em volta da fogueira com algum crédito. Talvez isso possa acontecer também no que diz respeito a Luciano Leitoa e Cleber Verde. Mais do que estes, nenhum outro chefe político dessa tribo vai apitar. Lógico que não incluí aqui o nome do pajé da tribo, que será ouvido em qualquer situação. Marcio Jerry.

Nessa taba haverá um problema muito grave a ser resolvido. Que destino será dado ao atual vice-governador, Carlos Brandão, caso ele perca o controle do PSDB!? Algum dos partidos do grupo deve acolhê-lo e talvez, quem sabe, indicá-lo novamente a disputar o cargo de vice-governador. Outra possibilidade é ele concorrer para uma das vagas de senador, mas isso é menos provável!

Resta saber quais partidos estariam dispostos a fazer isso. Os mais fortes, que poderiam bancá-lo para continuar na chapa de Dino, em ordem de importância são: DEM, PP, PSB e PT. Veja, não incluí nesta lista o PDT, pois ele quer a primeira vaga de senador nesta chapa para seu presidente, Weverton Rocha e sendo assim não deve pleitear a vice. O mesmo deve ocorrer com o DEM, já que o presidente da Câmara dos Deputados está em campanha para atrair para sua legenda os descontentes de alguns partidos, entre eles o PSB de Zé Reinaldo que poderá ser candidato ao senado pela legenda democrata.

Será que algum destes partidos desejará fazer isso!? Lanço essa pergunta por que se Flávio Dino for reeleito governador, seu vice será o próximo governador do estado do Maranhão! Já pensaram nisso!?

Alguém mais obtuso poderia pensar!… Se é que pessoas obtusas pensam!… Por que não colocam então o Marcio Jerry de vice!? Respondo! Porque até para os maiores construtores, um edifício precisa de um alicerce sólido, que não esteja integralmente apoiado em outro!

Voltemos. Primeiro eles tem que resolver o destino de Brandão, que também poderá vir a disputar uma vaga de deputado federal, e nesse caso Flávio tem obrigação moral de garantir a eleição dele, em retribuição ao seu apoio, garantindo o PSDB na eleição de 2014.

Fica uma pergunta! Não sendo Brandão, quem deverá ser o candidato à vice de Flávio?

Há o eterno candidato a vice-governador, representando Imperatriz e a região tocantina, meu amigo e confrade, o Pastor Porto! Há o empresário Francisco Oliveira, grande industrial de Codó! Há o ex-prefeito de Caxias, ligado ao presidente da Assembleia Legislativa, Humberto Coutinho!…

Já declarei no Twitter que a única possibilidade de eu cogitar votar em Flávio Dino seria se Felipe Camarão fosse o seu vice, o que indicaria que quatro anos depois, ele seria governador do Maranhão, cargo para o qual eu acredito que ele estará totalmente preparado na ocasião.

Mas isso é um desejo meu. Uma ideia de minha mente inquieta que às vezes penso que seja também fértil e produtiva. O que essa tribo vai fazer não se sabe, mas se Felipe fosse o candidato à vice de Flávio e este vencesse a eleição, no futuro, o Maranhão teria um jovem, bom e sábio governador.

Quanto a Felipe, existem pessoas que imaginam para ele destinos diferentes. Uns querem que ele seja em 2020 o candidato a enfrentar Eduardo Braide na disputa pela prefeitura da capital e outros imaginam que ele possa vir a ser candidato a senador já em 2018. As duas ideias o subaproveitam!

Quanto às duas vagas ao senado, existem neste grupo palaciano pelo menos quatro candidatos. Weverton, Zé Reinaldo, Waldir e Eliziane. Os dois últimos, em minha modesta opinião, estão jogando, barganhando para tentarem se reeleger deputados federais ou até mesmo estaduais. Suas candidaturas ao senado são mais fracas que água de lima! Jamais ganhariam de qualquer um dos candidatos da tribo adversária! Esqueçam!…

Acredito piamente que os candidatos do grupo de Flávio serão mesmo Weverton e Zé Reinaldo!

Estabelecido que os candidatos deste grupo são os citados, a indicação de seus suplentes é uma questão de acordos internos, onde muitos fatores irão atuar e influenciar, como de resto acontece em casos como este. Aparecem aqui nomes fortes como o do empresário Francisco Oliveira, já aventado para vice, do pastor Porto, idem, e outros que possam agregar força eleitoral e política aos candidatos.

Outras coisas devem ser analisadas. Maura não perde nada sendo candidata. Deputada ela se elegeria sem dificuldade, mas se perder, que é o que deve acontecer, ela facilmente se elegerá novamente prefeita de Lago da Pedra.

Braide tem que decidir se é candidato! Se aceita correr o risco de perder e ficar sem mandato por dois anos para em 2020 candidatar-se a prefeito de São Luís. Há quem diga que ele será candidato a deputado federal.

Roberto Rocha não perde nada em se candidatar. Como senador terá ainda quatro anos de mandato para tentar recompor-se, caso perca a eleição. Voltar ao senado em 2022 será mais difícil, uma vez que é bem possível que enfrente Flávio Dino nessa disputa, que estará saindo do governo, caso ganhe em 2018.

Existe uma última coisa que precisa ser dita. O fator mais preponderante desta eleição é a candidatura ou não de Roseana Sarney. Se ela for candidata o bicho vai pegar. Se não for, Flávio vencerá sem muita dificuldade.

Roseana sendo candidata e perdendo, sepultará sua perspectiva de poder. Mas devo reconhecer que se não for agora, daqui a quatro anos ela terá muito menos chance de ganhar.

Sendo ou não candidata, Roseana vai eleger uma grande bancada de deputados estaduais, um bom número de deputados federais e uma das vagas de senador em disputa.

A eleição de 2018 será uma com Roseana nela, e outra, totalmente diferente, sem Roseana. A palavra está com ela.

Incrivelmente, por mais que os atuais governistas não aceitem essa ideia, ainda em 2018 será de Sarney a decisão sobre o destino do Maranhão.

Um Filme das Nossas Vidas

Em 2008, logo após realizar o filme “Pelo Ouvido”, tratei de inscrevê-lo nos mais importantes festivais de cinema do Brasil e do mundo.

O filme foi um verdadeiro sucesso, tanto de público quanto de crítica e agregou a mim o privilégio de comparecer a alguns desses festivais e neles receber alguns prêmios. Mas o maior de todos os prêmios que se pode ganhar em eventos como esses é a rede de contatos que você estabelece neles.

Entre 2008 e 2009, graças ao “Pelo Ouvido” conheci muita gente importante e boa do setor cinematográfico. Di Moretti, que se tornou meu parceiro em alguns roteiros, Jal Guerreiro, hoje uma querida amiga e um grande apoio na indústria, a cineasta Lúcia Murat, o mestre Orlando Sena, Alfredo Bertine, do Cine-PE, o cineasta Lírio Ferreira e sua alegria contagiante, isso pra falar rapidamente só de alguns…

Mas hoje quero falar com você que me lê agora, sobre o encontro que tive com três figuras fantásticas do cinema nacional. Em Huelva, na Espanha, conheci Marcelo Vindicatto e Selton Mello, com quem viria a reencontrar em Havana, desta vez na companhia de Vania Catani.

Trata-se de uma trinca de ases que costuma trabalhar juntos e já escreveram, produziram, atuaram e dirigiram três filmes. “Feliz Natal”, “O Palhaço” e “O Filme da Minha Vida”.

Recentemente fui assistir este último que acabou de ser lançado, e saí da sala de exibição com algumas sensações que não experimentava fazia muito tempo. Fiquei emocionado, comovido e feliz ao ver que em meio a tudo isso que está acontecendo pelo Brasil e pelo mundo, ainda há espaço para seres humanos especiais criarem uma obra tão sublime como esta.

Costumo dizer que há muitas maneiras de você gostar de um filme, mas dentre elas há uma que é a mais importante. É quando você sente uma mistura de felicidade e tristeza. Felicidade por ter visto um filme que o emocionou e o engrandeceu, e tristeza por não ter sido você quem o realizou, mesmo que o que está retratado nele pareça que saiu do lugar mais profundo de sua alma.

O filme é contado de forma simples e generosa. Seus realizadores narram uma história onde o tempo quase que se solidifica na tela, nos permitindo tirar lascas dele e saboreá-lo como a um delicioso bolo familiar, recheado de afeto, carinho, repleto das maravilhosas sensações de uma infância alegre e feliz.

Não vou entrar em detalhes sobre o filme. Vou comentar sobre o roteiro, que é irretocável, que nos conta uma história sólida e maciça através de pequenos pedaços, como se desfolhássemos uma tangerina antes de comê-la. O mesmo deve ser dito da inigualável fotografia de Walter Carvalho, sobre a luz e as cores das quais ele se apropria para nos dar uma genuína sensação bucólica. Das locações, da cenografia, do figurino, da maquiagem, dos cabelos e da direção de arte de Cláudio Amaral Peixoto, trabalhos que se igualam aos dos melhores filmes realizados nos Estados Unidos ou na Europa.

Há num entanto dois pontos mais altos neste filme, mais altos que os demais. As performances dos atores é um deles. Que se ressalte a atuação de todos os atores, pois ela é maravilhosa. Belíssima direção de atores! Certamente vai ganhar muitos prêmios de elenco! A outra coisa é a trilha sonora que nos leva a passear em tempos memoráveis registrados tanto em nosso consciente quanto em nosso inconsciente coletivo e individual. Entendeu!?… Se não entendeu não tem importância. Vá assistir ao filme!

Os chavões e os clichês presentes nessa obra, ao invés de diminuí-la, só a engrandecem, pois estão colocados onde se encontram, não por recurso estilístico ou esperteza, mas por necessidade imperativa de retratar a vida real que existe dentro daquela história ficcional.

Falar com porcos, apreciar as meninas se exercitando, flutuar, aprender a andar de bicicleta, o amigo mais velho que leva um menino a um bordel… Ainda agora parece que estou lá na sala, assistindo ao filme…

O final… Eu não posso contar!…

O sujo falando do mal lavado!

A tônica principal das ações e da propaganda do atual governo é apontar os equívocos políticos e os erros administrativos das gestões anteriores, fato que temos visto que não passa de peça de retórica eivada de preconceito e messianismo, uma vez que os mesmos equívocos e muitos dos erros apontados são cometidos de forma recorrente pelo chefe e pelos membros do atual governo.

A mais recente demonstração disso é a rusga pública de dois secretários de governo se “engalfinhando” na busca e na disputa por espaços político-eleitorais para o pleito a deputado federal no ano que vem. Isso sem contar com os diversos membros do governo, que de posse das canetas de suas pastas não se cansam de fazer ações com o objetivo de se credenciar à disputa de mandatos eletivos na eleição de 2018.

As mesmas coisas eram comuns em governos passados.

O governador Flávio Dino elegeu a antiga casa de veraneio do estado como símbolo da “malvadeza” de governos anteriores e resolveu que assim que assumisse iria vendê-la. Desconhecedor da realidade do governo que iria administrar, ele descobriu que a casa não possui nenhum documento que comprove que ela pertence ao estado, logo não pôde se desfazer dela. Durante mais de dois anos de sua gestão não soube o que fazer com a casa até que descobriu que o melhor que tinha a fazer era usá-la como produto midiático, fazendo com que nela fosse implantada uma clínica para atendimento de crianças. Algo contra o qual ninguém poderia levantar a voz. Dito e feito! Só resta uma coisa a ser dita. Se o governo quisesse realmente atender e beneficiar as crianças hoje atendidas naquele local, ele teria feito isso dois anos antes, assim que assumiu o governo e instalado a Casa Ninar em um verdadeiro hospital, local destinado a esse fim.

No trato da política esse governo já provou e comprovou que conseguiu superar os anteriores em termos de arrogância e incapacidade de ouvir, digerir, interpretar e responder a ponderações e criticas. Trata muito mal os políticos que se antes não tinham acesso ao governo e ao governador, hoje tem uma coisa que antes não tinham em relação a eles. Medo!

Este é um governo para o qual todos são suspeitos de estarem fazendo alguma coisa errada e passível de punição. Somente depois de semear esse medo, o atual governo angaria os apoios que ostenta.

Não se pode negar o grande preparo intelectual do atual governador. Ele é dentre os de sua geração o mais preparado culturalmente, mas não consegue agregar a isso a simpatia necessária e indispensável para transformá-lo em um verdadeiro líder. Ele não possui o charme e a simpatia de Roseana, a dureza tenaz e autêntica de João Alberto, a sensibilidade política de Lobão e muito menos a capacidade de entendimento das conjunturas e a imensa rede de relacionamentos de Zé Sarney.

No auge de sua capacidade intelectual e cultural, Flávio Dino, ao ler o capítulo XVII de “O Príncipe” de Maquiavel, quando o sábio florentino nos oferece de bandeja a opção de escolhermos entre o amor ou o medo, opta diretamente pelo medo, sem saber que o medo pode vir a gerar o ódio, oposto ao amor. Em que pese o seu preparo, ele desconhece que em termos de poder, o amor pode acabar por gerar também o medo, só que um medo menos ofensivo e cruel. O medo gerado pelo amor, aludido por Maquiavel nesta quadra de sua obra, é um medo profilático, necessário para nos manter sadios e operantes, não é o medo do terror que os poderosos podem exercer em seus vassalos ou opositores.

Olho para esse governo de forma totalmente isenta e vejo algumas coisas realmente boas que estão sendo realizadas! Vejo uma grande perda de oportunidade de realizar mudanças verdadeiramente boas por limitação de espírito. Vejo, pelo lado bom e pelo lado ruim, algumas coisas iguais as de antes. E o que é pior, vejo outras muito piores que as praticadas anteriormente.

 

Uma análise política espacial

De um tempo pra cá notei que eu perdi qualquer vergonha que pudesse ter em assumir meus pensamentos filosóficos e meus posicionamentos políticos considerados de direita.

Durante toda minha vida sofri imensa pressão, dos outros e até mesmo de mim, para que me travestisse de esquerdista, como aquelas pessoas que estão sempre insatisfeitas com tudo, sempre preparadas para reformar algumas coisas. Coisas que, na maioria das vezes, elas nem realmente conhecem ou entendem.

Se durante quase toda a história da humanidade a sociedade foi regida por regimes fortes, absolutistas, conservadores de sua situação original, desde o século XVIII as ideias iluministas e libertárias passaram a nos trazer, não só novas formas de pensar, mas novas formas de agir através desses pensamentos.

Se analisarmos os 200 anos dos séculos XIX e XX, veremos que dois terços deles foram dominados ainda por ideologias conservadoras ou de direita e que em apenas em um terço desse tempo, o predomínio foi das ideologias reformadoras ou de esquerda. Ocorre que é inegável que o charme e o apelo do segundo grupo são muito maiores que o do primeiro.

Nem vou tentar justificar o motivo de ser mais charmoso e sedutor o fato de alguém professar uma ideologia ou pertencer a um partido de esquerda. Para exemplificar bem esse fato vou apenas citar os dois grandes, para não dizer os dois únicos partidos dos Estados Unidos, o republicano, de direita e o democrata, de esquerda, se é que eles possam ser analizados por essas perspectivas!

Ocorre que em uma democracia consolidada como a americana, a distância entre essas duas posições ideológicas são tão tênues, são tão finas, tão imperceptíveis, que só as identificamos através de ações específicas de gestão e administração da economia, de projetos sociais específicos, da forma como encaram os conflitos diplomáticos ou bélicos…

Para o povo brasileiro em geral, ou para qualquer outro povo que não tenha um conhecimento ou uma convivência maior no sistema democrático, como hoje é o caso do povo venezuelano, não há diferenças visíveis ou importantes entre os republicanos e os democratas americanos.

A visível e palpável diferença entre o democrata Obama e o republicano Trump, no comando dos Estados Unidos, mostra bem a simpatia de um e a antipatia do outro. A forma cordial de um agir e a arrogância do outro tratar as pessoas. Vendo isso até nos faz pensar que os democratas são os bons e os republicanos são os maus nessa história, o que não é verdade. Não é o partido ou a ideologia que faz com que alguém seja bom ou mau

Para comprovar que isso não é verdade, basta dizer que um dos melhores presidentes americanos, Abraham Lincoln, era republicano, partido tido como de direita, e que mesmo assim ele foi o responsável pela libertação dos escravos daquele país, coisa que diversos presidentes democratas, ou seja, de esquerda, que vieram antes dele, não fizeram.

Herry Truman, presidente democrata e em tese de esquerda, não afeito a atos violentos ou maus, ordenou o único ataque nuclear da história da humanidade contra uma população civil. Ele nem por isso ele é considerado um sujeito “mau”.

No outro polo, o presidente comunista da União Soviética, Joseph Stalin, tido como de esquerda, é o responsável pela morte de milhões de pessoas que estavam em desacordo com a sua ideologia.

No caso do Brasil, podemos exemplificar em nossa história recente, o caso do presidente Itamar Franco que estaria bem à direita de Dilma, e guiou o Brasil para fora da crise que o afligia naquele momento, enquanto a citada esquerdista jogou-nos num abismo.

Hoje, liberto das pressões abjetas dos anos 70 e 80, onde se dizia que só sendo de esquerda você poderia estar do lado certo, do lado do bem, posso declarar que tenho pensamentos e ações de direita e não tenho vergonha disso, pois tanto meus pensamentos quanto minhas ações são verdadeiras, legítimas e honestas, tão ou mais que a de qualquer um que professe pensamentos ou realize ações de esquerda.

Aproveito a oportunidade para reafirmar que no Maranhão sempre militei no grupo político liderado por José Sarney, a quem muito respeito e admiro, mas que nunca deixei de cultivar um agudo senso crítico em relação não apenas ao grupo, mas também a tudo que diz respeito às ações políticas das quais eu viesse a participar.

 

PS: Semana passada, fui informado que uma pessoa do alto escalão do grupo do qual faço parte, declarou-me fora dele. Não me sinto fora, mas se eu por acaso for “gentilmente convidado” a me retirar, eles perdem muito mais do que eu!

O pensamento livre e independente de um membro nunca é bem aceito em um grupo, que imagina que somente a subserviência e a obediência canina de todos, interessam para a manutenção e a continuidade do poder político.

Escrever exorciza!

Não existem muitas pessoas de quem eu não goste. Sou um homem de muitos amigos e raríssimos inimigos. Meus amigos provêm das mais diversas camadas sociais e dos mais diversos campos ideológicos. Tenho até grandes amigos flamenguistas!… Já as pessoas de quem não gosto, estão inclusas exclusivamente no rol dos maus-caracteres.

São pouquíssimas as pessoas de quem eu não goste ou que não gostem de mim. Digo isso para ressaltar que há em nossa cidade dois sujeitos de quem realmente não gosto e faço questão de externar esse sentimento. São eles, um ex advogado que teve sua inscrição na OAB cassada por falta de ética e que agora vende notícias travestindo-se de blogueiro e um mítico empresário sem empresa e falido, porém muito poderoso e rico, cuja principal função é ser marido. Não gosto deles e faço questão de dizer isso aos próprios, e a quem mais interessar possa.

Já escrevi anteriormente um texto sobre o primeiro citado e hoje quero falar só um pouquinho sobre o segundo.

Penso ser importante ressaltar que existem diferenças fundamentais entre esses dois sujeitos. O primeiro é um verme! Um doente mental e social que talvez mereça até pena. Já o outro é uma pessoa extremamente poderosa, sofisticada, de hábitos finos, fumador de charutos cubanos e bebedor dos mais raros e caros vinhos que o nosso dinheiro possa comprar.

Não gosto dele por ser obtuso, arrogante, prepotente, grosso, mal educado, desagradável… Esses podem parecer motivos pouco relevantes para nos fazer desgostar de alguém, mas lhe garanto que não são.

Imagino ser importante que em defesa do indigitado eu não deixe de reconhecer que ele andou fazendo um bom trabalho no âmbito da promoção da literatura maranhense, mas isso não o absolve dos graves pecados sociais e de caráter que carrega consigo, impregnados em sua deformada e carcomida carcaça.

Faz algum tempo fiquei pensando que eu até poderia estar sendo injusto em meu julgamento para com ele, afinal de contas algumas pessoas de quem gosto e respeito convivem bem com ele e até o admiram! Foi então que pensei em reformular minha opinião a seu respeito, mas logo em seguida os acontecimentos da vida me mostraram que não deveria fazer isso. Vejam se eu não tenho razão!?

Quando do falecimento da mãe dele, pessoa pela qual eu tinha imenso carinho, entrei na fila das condolências e prestei a todos da família a minha solidariedade. Inclusive a ele.

Recentemente, quando do falecimento de uma tia minha, quando eu estava no velório dela, o dito passou por mim, e ao contrário daquilo que eu havia feito com ele, quando do falecimento da sua mãe, ele virou-me as costas.

Certamente você que me lê agora não pode imaginar a felicidade que eu senti naquele momento. Uma felicidade incontida motivada pela certeza da diferença de caráter que o separa de mim. Foi como se um facho de luz, vindo do céu, representando o Deus, o qual tantas vezes questiono, dissesse: “Bem aventurados os humildes e mansos, pois eles serão recompensados com respeito e honra”.

Ao constatar naquele momento a total falta de caráter daquele traste, resolvi ficar com o conceito que já fazia dele: Um canalha! Um crápula!

 

PS: A proporção em que escrevia esse texto, os sentimentos amargos e travosos que sentia por essa pessoa foram se dissipando e todas as sensações ruins que eu sentia foram desaparecendo.

Nota importante: No velório de minha tia, citado acima, a esposa desse sujeito, elegante e carismática, se solidarizou com todos os presentes.

O que é bom tem que ser aplaudido!

Por estar em desacordo com a linha editorial do Jornal O Estado do Maranhão, periódico onde publico meus artigos, o texto abaixo será publicado somente em meu Blog e em minha página no Facebook.

 

O que é bom tem que ser aplaudido!

Acredito que todos saibam, principalmente os meus poucos leitores,  que eu não sou partidário do governador Flávio Dino, e é por isso que acredito que eu tenha legitimidade para fazer um elogio público a uma ação pessoal dele, a qual reputo uma das mais importantes e inteligentes que um governante maranhense tenha imaginado. Explico!

O governador Flavio Dino incumbiu dois de seus secretários a fazerem as tratativas no sentido de que o Estado do Maranhão, através da Secretaria de Saúde, passasse a usar as dependências da Santa Casa de Misericórdia para atender a população da grande São Luís como hospital de emergência, desafogando assim os combalidos e ineficientes Socorrões, Um e Dois, pertencentes à prefeitura de nossa capital.

Quando soube disso, aplaudi de pé a iniciativa do governador, e aplaudirei todas aquelas que eu acredite venham melhorar a vida de nossa população.

Cedo eu aprendi que a atividade política é passageira, que as pessoas que ocupam cargos públicos, eletivos ou não, fazem isso num determinado lapso de tempo, e é exatamente AQUILO que essas pessoas fazem nesse pequeno corte temporal de suas vidas, que farão com que elas sejam lembradas. Alguns serão lembrados por terem feito boas coisas, outros por terem feito coisas ruins, outros por não terem feito nada e ainda outros nem serão lembrados.

Tenho certeza de que essa ação do governador Flávio Dino será uma das que serão lembradas, quando no futuro, contarem a história do período em que ele teve à frente dos destinos de nosso Estado.

Conversando com algumas pessoas, comentei sobre esse assunto e elas foram unânimes em dizer que o governo que realizasse essa ação, prestaria um grande serviço, talvez o maior que um gestor público pudesse proporcionar ao nosso povo.

Uma coisa me deixa muito feliz e orgulhoso em relação a isso tudo! É que mesmo eu não sendo partidário do governador, contribui para o sucesso dessa empreitada, pois, há algum tempo, fui procurado pelos secretários Carlos Lula e Pedro Lucas para ajudá-los na tarefa de convencer a direção da Santa Casa de Misericórdia de que essa seria uma oportunidade única para que eles pudessem ver o sonho do doutor José Murad, que durante muitos anos foi o provedor daquela instituição, se realizar. O sonho de Zé Murad era ver o povo maranhense tendo acesso gratuito a uma saúde melhor. Foi possível que eu ajudasse nessa tarefa graças aos estreitos laços de amizade, respeito e confiança que me ligam a diversos diretores daquela instituição.

O certo é que estivemos eu, Lula e Pedro diversas vezes com doutor Abdon Murad e com outros diretores da Santa Casa e conseguimos acertar uma forma capaz de fazer com que o governo pudesse desenvolver nas dependências gigantescas daquele prédio, o trabalho de saúde emergencial pretendido pelo governador e por seu secretário de saúde.

Sem falsa modéstia, existem coisas em minha vida das quais eu me orgulho. De ter sido parlamentar por tantos anos e ainda hoje ser respeitado por isso; por ter sido o autor das leis de incentivo à cultura e ao esporte de meu estado; por ter uma família maravilhosa e amigos queridos e leais… Mas eu disse na última reunião que tivemos na Santa Casa, e repito aqui pra você que me lê agora, que, ter contribuído para que um governo, ao qual não apoio politicamente, possa realizar uma obra que reputo como uma das mais necessárias no âmbito da saúde de nosso Estado, fecha, com chave de ouro, a minha vida pública, mesmo estando formalmente fora da política.

Parabéns governador Flávio Dino! Vou continuar discordando de Vossa Excelência quando e onde eu achar que devo, mas nesse caso, não só tiro o chapéu para o senhor, como me congratulo e agradeço por essa ação que vai realmente ajudar muitos de nossos irmãos menos favorecidos a ter acesso à saúde, de maneira mais rápida, barata e efetiva.

 

PS: Enquanto estava escrevendo este texto, liguei para um membro de um governo anterior que me disse que isso tudo que relatei aqui a você, já havia sido pensado antes, mas que não foi colocado em prática porque o secretário de comunicação da época disse que não haveria por parte da população o devido reconhecimento das ações do governo, que todo mundo iria pensar que ali era a Santa Casa e não o um hospital do Estado, que midiaticamente o governo não ganharia nada com aquela ação. Um absurdo!

Com essa ação o governador Flávio Dino vai obrigar, a mim e a outras pessoas, a dizermos que algo realmente está mudando no Maranhão.

 

 

 

O fator Roseana

Um ex-prefeito, intimamente ligado ao governador Flávio Dino, ao encontrar-se comigo no restaurante preferido dos políticos, em São Luís, colocou a mão no meu ombro, puxou-me para o lado, afastando-me dos demais, e me perguntou meio que sorrateiramente se eu acredito que Roseana será candidata a governadora do Maranhão na eleição de 2018.
Vi em seus olhos a chama de uma curiosidade honesta. Curiosidade que se justifica plenamente, uma vez que informação é um capital importantíssimo, ainda mais em tempos toscos como esses pelos quais estamos passando.
O erro dele foi imaginar que eu pudesse realmente saber a verdadeira intenção de Roseana no que diz respeito a seu destino político e eleitoral. Ele, bem como outros, nem imaginam que eu devo ser a pessoa menos qualificada para prestar um depoimento confiável, pelo menos do ponto de vista da pessoa em questão. Eu só sei o que eu faria no lugar dela!
O motivo daquela pergunta se deve ao fato de que o quadro político-eleitoral maranhense será um com Roseana disputando a eleição e outro completamente diferente sem ela na disputa. Todo mundo sabe, inclusive os correligionários de Flávio Dino, que caso Roseana seja candidata, muita gente ficará com os “passes” supervalorizados!
Acredito que faz muito tempo que Roseana não se sente tão feliz! Na verdade não lembro quando ela tenha sido assim tão paparicada por políticos e pelo povo em geral, exatamente para ser candidata!
Lembro-me de alguns momentos de gloria pelos quais ela passou: Quando seu pai era presidente da República; Quando ela encabeçava um grupo de deputados favoráveis ao impeachment de Collor; durante seu primeiro mandato como governadora; e quando, mesmo doente, venceu uma eleição sem sair da cama do hospital.
Fora esses momentos, apenas este agora, quando ela é conclamada a ser candidata ao governo do Maranhão, como sendo a única pessoa capaz de enfrentar Flávio Dino com chance de vencer, pode ser inscrito em sua biografia como momentos de verdadeira felicidade e grande contentamento.
Apenas em horas como estas é que o político se sente realmente realizado. Quando seus correligionários imploram para que ele entre numa disputa, quando o povo diz que ele é a única opção a se contrapor ao status quo, quando até seus ocasionais adversários gostariam que ele se candidatasse, pois assim eles seriam mais valorizados pelo poder dominante.
É!… Tenho certeza que Roseana está muito feliz com todas essas manifestações de apoio e solidariedade, e com a grande quantidade de apelos que ela tem recebido para se candidatar ao governo em 2018.
É aí que começo a pensar e me pergunto. Por que será que Roseana não foi candidata a senadora em 2014? Se tivesse sido teria ganhado, mesmo que com certa dificuldade. Seria a primeira vez no Maranhão que uma chapa majoritária elegeria o governador e a outra o senador. Teria feito história e teria estabelecido claramente que aquele pleito não foi hegemônico.
Se ela se afastou da política eleitoral em 2014, quando todos precisavam tanto dela, por que voltar agora, em uma situação desfavorável? Parece incoerente!…
Talvez o meu raciocínio extremamente pragmático não consiga ver o que há por trás de toda essa história. Talvez eu entenda menos de política que eu e algumas pessoas imaginamos. Ou talvez eu esteja certo e Roseana realmente não será candidata a governadora.
Caso realmente ela não venha a ser candidata, o pleito será gélido, a vitória do atual governador será certa, os correligionários dele valerão menos que seus opositores, exatamente como ocorria quando o grupo Sarney mandava no Maranhão.
Caso ela seja candidata o cenário ficará bastante movimentado. O seu grupo poderá garantir a eleição de um senador, suas bancadas estadual e federal se fortalecerão para a disputa e até os adversários de seus aliados, nos municípios, ficarão mais valorizados pelo atual governo, que como os governos de antes, relega os políticos a um terceiro plano.
Só Flavio Dino tem algo a perder se Roseana for candidata ao governo em 2018.

“Vamo Arreuní, Vamo Guarnicê…”

O Festival Guarnicê de Cinema completa em 2017, 40 anos de existência, e resolvi contar pra você um pouco de minha relação com este que é um dos mais antigos festivais de cinema do Brasil.
No início dos anos 1980, mais precisamente em 1983, eu, Celso Borges, Roberto Kenard, Paulinho Coelho e Érico Junqueira Aryes, secundados pelo cartunista Cordeiro Filho, pela jornalista Dulce Brito e pelo músico Ronaldo Braga, criamos a Revista Guarnicê, publicação voltada para a cultura de modo geral, com foco na literatura. Na Guarnicê havia espaço para tudo e todos, tanto que em 1984, para apoiar um parceiro de aventuras, o jornalista e cineasta João Ubaldo de Moraes, eu criei a Guarnicê Produções, que a princípio só existia como marca de fantasia.
Em parceria com Ubaldo e incentivado por Ivan Sarney, realizei meus primeiros trabalhos em super 8. Depois, também Zé Louzeiro passou a nos apoiar.
Comprei uma câmera, um projetor, uma moviolazinha… Aprendi o ofício de fazer cinema da maneira mais rudimentar que poderia existir, mas era algo maravilhoso. Para mim era melhor que a literatura, que tanto exigia de mim, um disléxico.
A primeira realização da Guarnicê Produções, tendo eu e Ubaldo como roteiristas, diretores, produtores, editores, sonoplastas… Só não fomos neste filme, atores… Estou falando de “The Best Friend – O Amigão”, um filme que se pode chamar de experimental, uma vez que se utiliza da mímica para contar sua história.
Nesta película, duas mãos se relacionam! Uma mão brasileira e uma mão americana, ambas identificadas pelas cores nos punhos de suas luvas brancas e pelas músicas que cantarolam, quando elas aparecem.
Aqueles ainda eram os tais anos de chumbo. O FMI estava em todas as notícias dos telejornais e o nosso filme falava exatamente disso.
A mão americana oferecia dinheiro à mão brasileira, que aceitava e pagava juros exorbitantes, como se via acontecer na telinha.
A história se desenrola e há um “grand finale” que ainda hoje, quando o assunto não está mais em voga, ainda surpreende por sua originalidade.
Devo dizer, para ser justo, que, para aquela época, aquela foi uma boa produção, mas vendo alguns detalhes referentes exatamente à produção daquele filme, hoje, tenho vontade de chorar!
Resultado: “The Best Friend – O Amigão” ganhou dois prêmios. O de melhor filme maranhense, pelo júri técnico e o de melhor filme do ano, pelo júri popular, que compareceu às sessões do festival naquele ano de 1984.
Depois disso continuamos, eu e Ubaldo produzindo outros filmes.
Acabada a Revista Guarnicê, eu que naquela época já estava na política, já era deputado estadual, resolvi ser deputado federal constituinte, o que me afastou de São Luís e das atividades artísticas e culturais.
Mesmo que não estivesse totalmente afastado, pois não parei de participar da vida artística, literária e cultural de modo geral, demorou 23 anos para que eu voltasse a me atrever a fazer cinema, formalmente.
Em 2007 realizei “Padre Nosso”, que na verdade foi um ensaio, para que pudesse me familiarizar com as novas tecnologias, agora já tão avançadas.
Em 2008 realizei “Pelo Ouvido”, filme com o qual repetiria a façanha de ganhar mais dois prêmios no Festival Guarnicê de Cinema, melhor atriz para Amanda Acosta e mais uma vez, melhor filme do festival, pelo júri popular.
O “Pelo Ouvido” saiu daqui e foi selecionado para mais de 120 festivais de cinema do Brasil e do exterior, onde no final de dois anos tinha ganhado 21 prêmios.
Em 2016 duas produções das quais fui coprodutor sagraram-se campeãs em suas categorias. “Macapá”, cujo diretor é o jovem promissor cineasta Marcos Ponts e “Joca e a Estrela”, em parceria com a Dupla Criação, que tem feito trabalhos primorosos em animação.
A minha história com o Guarnicê é essa, mas a história do Guarnicê com a cidade de São Luís e com o cinema do Maranhão é algo muito maior.
Viva o Festival Guarnicê! Viva o cinema Maranhense!

O 86 de Felix

Fico feliz pela honra de ser um dos primeiros a apresentar a mais nova façanha de Felix Alberto Lima. Trata-se de um projeto multimídia, composto de um livro, em encadernação de capa dura, um disco, em duas versões, LP e CD, e um filme documental em DVD. Essa ambiciosa obra chama-se “Maio oito meia, crônica de uma geração em movimento”, onde ele narra as peripécias de sua geração, que em 1986 fervilhava na vivência e na convivência do Campus da Universidade Federal do Maranhão e por toda a cidade de São Luís.

Felix começa seu livro com duas frases que para mim são emblemáticas em minha vida e das minhas paixões, cinema e memória. Waly Salomão grita: “A memória é uma ilha de edição”, e Jean-Luc Godard sussurra: “Cada edição é uma mentira”.

Construído com seu “time” narrativo próprio, com suas vírgulas sempre bem colocadas, o livro que compõe esse pacote, faz um minucioso recorte histórico dos fatos que aconteceram quando o autor e seus parceiros povoavam a universidade. Penso ser importante que se diga que nele o autor é fiel à ótica dos personagens que marcaram aquele período, pessoas que participaram ativamente do chamado movimento estudantil e de intensas agitações culturais no campus da UFMA, bem como em todos os bares e botecos da cidade.

Lendo o livro tive uma incrível sensação de “dejavu” (Heloisa!), mesmo que naquela época já estivesse fora do ambiente universitário. Já sendo deputado estadual desde 1983, mantinha relacionamentos de amizade com muitos dos personagens (CB, Párias…) que aparecem na incrível iconografia do livro e nas imagens resgatadas dos acervos audiovisuais da época.

Pegando como gancho a realidade de sua geração em torno do que acontecia principalmente na área de vivência do Campus do Bacanga, Felix faz o “link” de fatos como a polêmica exibição do filme “Je vous salue, Marie”, de Jean-Luc Godard, e avança sobre as disputas políticas no meio da militância estudantil, os festivais de música na UFMA, a poesia cambaleante da Akademia dos Párias, o Circo Voador no México e em São Luís, o Comunicarte, o show de Lobão e Titãs no Colégio Maristas, entrevistas memoráveis com Agostinho Marques e Luís Carlos Prestes, as primeiras eleições diretas para reitor na universidade, o jornal laboratório do curso de Comunicação Social e muitos outros fatos, para construir ao final o seu “Maio oito meia”, e faz isso com brilhantismo e competência, como já havia feito antes, em 2003, para comemorar um evento que acontecera três anos antes de 86. Ele é autor de outra importante obra de recorte jornalístico histórico. Trata-se do “Almanaque Guarnicê”, publicado para comemorar os 20 anos daquela que foi uma das mais importantes revistas culturais de nosso estado.

O filme, dirigido por Beto Matuck, outro bom amigo e parceiro de grandes realizações, é fiel ao relatado no livro e constrói uma obra intrigante e cativante transportando para o audiovisual todas as informações e sensações registradas em papel.

Integram também esse projeto um LP e um CD que trazem 12 músicas (11 regravações e uma canção inédita) que também embalam a trilha sonora do filme. Esse é um “plus” do projeto que ouvindo, voltamos no tempo.

Para finalizar essa breve análise, divido-me em dois sentimentos complementares. O primeiro é o de congratulações pelo belo e importante trabalho realizado por essa competente equipe. O segundo é o de gratidão pelo registro de parte tão importante e rica da história recente, dos fatos e das pessoas de nossa terra.

Esta será uma obra que marcará nossas vidas, nos fazendo jamais esquecer dias tão maravilhosos como aqueles.

 

PS: O Lançamento desta coletânea de obras será no Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, no próximo dia 30 de maio, a partir das 18h.

É importante salientar que esse projeto teve o apoio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Governo do Maranhão, através do patrocínio do Grupo Mateus.

 

Se eu fosse Temer

Se eu fosse Temer

Desde que ouvi as gravações feitas por Joesley Batista, um dos empresários mais poderosos de nosso país, que no Palácio do Jaburú conversava com o presidente Michel Temer sobre diversos assuntos, venho ruminando um entendimento melhor sobre toda essa situação. É isso que vou comentar com você hoje.

Temer é 19 anos mais velho que eu, mas começamos na política na mesma época. Ele foi nomeado procurador-geral do Estado de São Paulo em 1983 e eu tomei posse como deputado estadual pelo Maranhão naquele ano. Fomos deputados federais constituintes juntos em 1987 e depois disso cada um tomou seu rumo. Como curiosidade, posso dizer que Temer foi meu relator assistente quando da apreciação da emenda de Amaral Neto sobre a pena de morte.

Eu voltei para o Maranhão e Temer continuou em Brasília. Sua carreira deslanchou e o levou à presidência do PMDB, à vice-presidência da República e depois à presidência. Quanto a mim, trouxe minha vidinha até aqui.

Depois de todas essas idas e vindas encontrei-me com Michel umas três ou quatro vezes, ele sempre muito amável e gentil.

Ele nunca foi e pela sua forma de ser, nunca seria um homem duro, de posições mais rudes, sem tanta prosódia, adjetivação, mesóclises, sem tanto refinamento. Ele é o que se pode chamar de cidadão cordial. Essa não é uma característica apropriada para ser a mais marcante em um político na situação em que ele se encontra. O temperamento do qual precisávamos neste momento é um que oscilasse entre três pontos, do violento Antonio Carlos Magalhães, passando pelo enérgico Itamar Franco até chegar ao aparentemente pacato, mas obstinado Tancredo Neves.

Porém, Temer não é nada disso e ainda tem o péssimo hábito de se cercar de amigos ursos, de pessoas da pior qualidade. Aquele velho ditado que ouvi muitas vezes de meus pais, “me diga com quem andas que eu digo quem tu és”, poderia servir muito bem para ele, mas serve também para muita gente, boa e ruim.

Voltando ao problema em questão, como disse no início deste texto, desde que ouvi as gravações feitas por Joesley Batista, venho ruminando um entendimento melhor sobre toda essa situação e acredito ter chegado a uma conclusão. Temer deveria fazer uma análise dura, profunda e isenta, assistir alguns filmes sobre momentos de ruptura pelo qual passaram as sociedades, algo como “Danton”… E aí olhar para sua mulher, seu filho e suas filhas, e renunciar.

Na renúncia ele pode, veja bem, eu disse pode, ter uma saída menos desonrosa e mais altruísta.

O que ouvi nas gravações não é suficiente para condená-lo a nada, mas é muito mais que suficiente para destruir o pouco de apoio que ele ainda contava, tanto na sociedade quanto no próprio Congresso Nacional.

Acredito que o que pode realmente vir a incriminar Temer é a conversa envolvendo a propina entregue a Rodrigo Loures. Isso ficando provado, Temer estará definitivamente acabado! E pode ainda ter outras denuncias!

Apenas o fato dele ter ouvido um bandido como o Joesley Batista dizer o que disse, já configura falta de decoro e moral para exercer o cargo de presidente da República.

Fico imaginando o que passa pela cabeça de Michel e chego a ter pena dele. Imagino que ele não conseguiu acordar hoje com a mesma disposição que eu, não pôde beijar sua mulher com a alma leve como eu fiz com a minha, não se sentou à mesa para tomar café e assistir ao “Bom Dia Brasil” com o mesmo ânimo que eu. Ao pensar nisso tive pena dele.

Muitos irão dizer que pena não seria o sentimento que eu deveria ter, mas conhecendo-o como penso conhecer, sei que ele gostaria de ser lembrado como o homem que tirou o Brasil de sua pior crise econômica. Ver isso se esvair deve ser desesperador para ele.

Temer cometeu erros e deve neste momento tomar uma decisão que, se não pode salvar nem ele nem o país, pode impedir que ele e o Brasil sejam completamente destruídos.

No lugar dele eu renunciaria, mas providenciaria para que essa transição fosse feita em paz e irrestritamente sob a luz da Constituição Federal.

 

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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