O boicote ao Oscar 2016

Eu estou certo de que a indústria cinematográfica não privilegia da mesma forma os projetos que envolvam temáticas de outras raças que não a branca, mas me recuso terminantemente a acreditar que Spike Lee quisesse que em “Spotlight” fosse introduzido um personagem negro interpretado por Jaime Fox ou que em “O regresso” Will Smith fizesse o papel principal. Isso não deixaria de ser um tanto ridículo, uma vez que nessas histórias não existem personagens negros. (desculpem a ironia, mas não resisti!).

Exemplo oposto a essa lógica é o caso do personagem Nick Fury, o chefe dos agentes da S.H.I.E.L.D. que é branco nas HQs, mas que no cinema, escalaram Samuel L. Jackson para interpretá-lo, o que foi realmente uma grande jogada, principalmente pelo ator que é maravilhoso.

Este ano a quase totalidade dos enredos dos filmes que participaram da premiação do Oscar, tratavam de personagens reais e a indústria não produziu nenhum filme cujo tema envolvesse os negros. Pelo menos nenhum que pudesse ter sido incluído na lista dos melhores, habilitados para disputar uma estatueta.

O já citado Samuel L. Jackson faz um dos oito odiados de Tarantino, e o faz como sempre, de maneira brilhante, mas não ao ponto de ver o seu nome ser incluído entre os cinco atores, principais ou coadjuvantes que concorreram este ano. O mesmo aconteceu com Will Smith em sua performance no filme “Um homem entre gigantes”.

Lembro que em 2015 tivemos o filme “Selma” e em 2014 “12 anos de escravidão”, ambos com temáticas negras e com diversas indicações e efetivamente prêmios.

Em 2013 foi a vez de “Django livre” e vejam que o Django anterior, da década de 70, era Franco Nero, italiano, louro, e de olhos azuis! Isso sem falar em “O voo” com Denzel Washington, indicado como melhor ator.

2012 foi a vez de “Histórias cruzadas” render indicações para a ganhadora do prêmio de melhor atriz coadjuvante, Octavia Spencer, e para Viola Davis, que não conseguiu vencer Meryl Streep.

Em outros anos tivemos como filmes representativos para a classe de artistas negros, “A cor púrpura”, “Malcolm X”, “Conduzindo miss Dayse”, “Histórias cruzadas”, “Ali”, “Faça a coisa certa”, “Febre da Selva”, “A hora do Show”, “Acorrentados”, “No calor da noite”, “A força do destino”, “Tempo de gloria”, “Jerry Maguire”, “À Procura da Felicidade”, “Amistad”, “Duelo de titãs”, “Um sonho de liberdade”, “A última Ceia”, “Ray”, “Colateral”, “Dreamgirls – Em busca de um sonho”, “Um dia de treinamento”, “Preciosa”, dentre tantos outros filmes com temática ou com participação de grandes artistas negros, quase sempre indicados ou vencedores de importantes prêmios!

Vejamos as filmografias de Denzel Washington, de Morgan Freemam, de Will Smith, de Cuba Gooding Jr., de Chris Rock, de Jaime Fox, de Halle Berry, Samuel L. Jackson, Whoopi Goldberg, Danny Glover, Sidney Poitier, Viola Davis, Queen Latifah, Laurence Fishburne, isso pra citar apenas alguns. Estes atores além de diretores como Spike Lee, Steve McQueen, John Singleton, Gina Prince Bythewood, Lee Daniels, apenas para citar cinco, são grandes profissionais e realizam trabalhos extraordinários, cada um de sua forma e com suas características próprias.

Contudo devo concordar com um ponto dessa discussão que nem sequer eu ouvi ser levantada por aqueles que patrocinaram o boicote ao Oscar deste ano. É o fato de existirem poucos projetos cinematográficos que insiram negros, hispânicos, asiáticos, indígenas, mulheres, crianças, deficientes, idosos, homossexuais…

Agora, bater o pé por não terem um determinado tipo de pessoas dentre os indicados à disputa dos melhores trabalhos realizados durante um ano, isso me parece um pouco demais, já que no mínimo o que poderia se fazer era ter bom senso e analisar os desempenhos dos concorrentes.

Sou a favor que haja mais diversidade de raça, gênero, idade, sexo nas produções cinematográficas, mas daí a exigir-se que haja indicados de uma determinada categoria dessa diversidade!… Melhor seria fazer um Oscar negro, um branco, um hetero, um gay, um teen, um old, um pra comédia, outro pra drama…

Sei que vai haver quem concorde comigo e quem discorde de mim. Só desejo que quem discordar entenda que não sou a favor de qualquer forma de descriminação e é por isso que me posiciono desta maneira.

Para mim, quem sempre deve ser indicado para a disputa de um prêmio, é aquela pessoa que tiver o melhor desempenho, seja ela da cor que for.

 

Oscar 2016

Vamos diretamente ao que interessa! A minha lista de possíveis ganhadores da estatueta mais famosa do mundo cinematográfico.

Para melhor filme a disputa será entre “Spotlight – Segredos revelados” e o “O regresso”, dois filmes que também polarizarão a disputa de melhor diretor, mas acredito que Alejandro Iñárritu será novamente agraciado este ano, assim como o seu filme.

Na disputa de melhor ator nos deparamos com uma guerra homérica, pois todas as performances são extraordinárias: “Leonardo DiCaprio em “O regresso”, Matt Damon em “Perdido em Marte”, Eddie Redmayne em “A garota dinamarquesa”, Bryan Cranston como “Trumbo” e Michael Fassbender como “Steve Jobs”, são em ordem decrescente, minhas opções. Eles transformaram a escolha deste ano em uma tarefa difícil.

No caso das atrizes isso já não se comprova. Quem deve levar o prêmio é a queridinha do momento em Hollywood, Jennifer Lawrence por “Joy”, mas onde tiver uma Cate Blanchett a disputa é dura. Meu voto, no entanto, é para Brie Larson, por sua atuação em “O quarto de Jack”.

Os meus prêmios favoritos, já disse isso antes, são os de ator e atriz coadjuvantes, pois é neles que os atores principais se refletem e que as histórias se completam.

Na categoria de ator coadjuvante a disputa é quase tão intensa quanto na de melhor ator. Torço para que o premiado seja Sylvester Stallone por seu desempenho em “Creed”, mas confesso que um ator como Mark Rylance de “Ponte dos espiões” não pode ser esquecido.

No caso das atrizes coadjuvantes a disputa é mais ferrenha do que quanto às melhores atrizes, pois todas desempenharam magistralmente os seus papeis.

Kate Winslet (“Steve Jobs”), Alicia Vikander (“A garota dinamarquesa”), Jennifer Jason Leigh (“Os 8 odiados”), Rachel McAdams (“Spotlight: Segredos revelados”) e Rooney Mara (“Carol”) são as minhas apostas em ordem decrescente.

Para melhor roteiro adaptado meu voto vai para “O quarto de Jack”, mas “A grande aposta” pode surpreender.

Para melhor roteiro original, não será uma surpresa se a animação “Divertida mente” vença, mas “Spotlight: Segredos revelados” e “Ex Machina” são fortes concorrentes.

Na montagem reside uma importante forma de direção de um bom filme. Voto em “O regresso”, mas “Spotlight: Segredos revelados” e “A grande aposta” podem surpreender-me.

Uma categoria muito disputada é a de melhor design de produção, a antiga direção de arte. Aqui sinto falta da presença de “Carol” na disputa, se bem que os cinco indicados são impecáveis nesse quesito. Fico com “A garota dinamarquesa”, mas imagino que aqui possa ser feita uma pequena concessão a “Mad Max: Estrada da fúria” ou o óbvio possa ocorrer: “O regresso”.

No quesito melhor fotografia, todos os indicados são excelentes. Ocorre que o excesso de cenas na neve deve render a “O regresso” ou a “Os oito odiados” uma estatueta. Aqui também “Mad Max: Estrada da fúria” pode vencer.

Em melhor figurino a disputa é também muito acirrada e qualquer um que vença será feita a justiça. A minha predileção recai sobre “Carol”, mas “A garota dinamarquesa” é uma segunda opção.

“Mad Max: Estrada da fúria” certamente será o vencedor do Oscar de melhores efeitos visuais, uma vez que essa produção usou as velhas trucagens mecânicas dos anos 70 e 80.

A melhor trilha sonora é sem dúvida alguma a de “Star Wars: O despertar da força”, em que pese exista um Enio Morriconne por trás de “Os 8 odiados”.

Sou suspeito nessa categoria. Sempre que existir um filme de “007” concorrendo à melhor música, minha preferência recairá sobre ele: “Writing’s on the wall” com Sam Smith.

Infelizmente não tenho mais espaço para comentar os outros concorrentes nem o polêmico boicote ao Oscar deste ano proposto pelo diretor Spike Lee.

 

As mudanças do governo

 

Depois de um ano à frente do governo do Maranhão, Flávio Dino implementou mudanças na configuração administrativa de algumas Secretarias de Estado, distribuindo melhor as tarefas e certamente melhorando o funcionamento da gestão do Estatal.

Pouco tenho a comentar sobre a fusão da Secretaria de Agricultura com a de Pesca, a não ser que essa é uma medida boa para a produção do setor.

A fusão da Secretaria de Assuntos Políticos com a de Comunicação poderia fazer um analista desatento ou desconhecedor dos meandros do poder no atual governo imaginar que o resultado seria desastroso e que tal medida fosse uma aberração administrativa. Muito pelo contrário. O que aconteceu neste tocante foi uma reafirmação do poder do secretario Marcio Jerry sobre os assuntos de comunicação do governo, que desde sempre vinha sofrendo o assédio de um determinado grupo dentro do governo para que a SECOM mudasse de mãos.

O que aconteceu foi que sob o manto protetor de Jerry, Robson Paz continua sendo o que ele sempre foi, operador da máquina de comunicação do governo, que na verdade sempre foi chefiada pelo secretário de Assuntos Políticos.

Aventou-se se as mudanças operadas pelo governador teriam fortalecido ou enfraquecido o homem forte de seu governo. Nem uma coisa nem outra. Marcio Jerry continua com a mesma força e com a mesma importância que sempre teve, mesmo que alguns ponderem que ele perdeu a atribuição de interfaciar com o Poder Legislativo, encargo que foi destinado ao ex-presidente da ALM, o secretário do Gabinete Civil, Marcelo Tavares.

Neste ponto, mais uma bola dentro no que diz respeito à reforma implantada por Flávio. Marcelo tem muito mais jeito, muito mais traquejo, muito mais experiência para tratar com os deputados do que Marcio. Marcio é presidente do PCdoB em nosso estado, fato que por si só causa rusgas no trato com as bancadas. Marcio é menos afeito às conversas diplomáticas, coisa que o convívio no ambiente parlamentar exige. Marcelo é conhecido por ter uma excelente capacidade de diálogo político e uma boa postura diplomática e em que pese ser filiado ao PSB, não tem cargo de direção no partido e pelo que parece não mais ambiciona a vida eleitoral.

Neste ponto, acredito ser esta uma medida extremamente eficiente e eficaz no que diz respeito à melhoria do relacionamento com o Legislativo, que já vinha mostrando algumas dificuldades. Resta, no entanto, que o governador dê a Marcelo o respaldo necessário para desenvolver um bom trabalho nessa função, ainda mais em um ano difícil como este que ainda por cima é ano eleitoral.

A retirada de Felipe Camarão da SECMA, a fusão desta pasta com a de Turismo foi outra jogada corajosa e incrivelmente providencial.

Ao desenvolver um projeto onde as duas secretarias se complementavam, Flávio enxergou que elas muito bem poderiam ser só uma e teve a coragem de mudar. Mais uma bola dentro.

Acredito que essa mudança será bastante satisfatória, principalmente porque na direção da Secma foi colocado Diego Galdino, o que garante a continuidade do excelente trabalho que foi implantado e desenvolvido por Felipe Camarão quando esteve por lá.

Falando em Felipe Camarão, sua colocação como secretário de Governo inaugura uma nova fase na gestão governamental de nosso Estado. A função do ocupante deste cargo é ser o longo braço do governador. Ser sua voz e realizador de suas determinações. Este é um cargo que requer que seu ocupante seja uma pessoa íntegra, leal e de extrema confiança. Alguém que represente o mandatário como se ele o fosse e para esse intento não posso imaginar ninguém mais apropriado que Felipe Camarão.

Este jovem vem demonstrando por onde passa ser merecedor de todo respeito e de toda a admiração pelo simples fato de tratar a todos com o mesmo respeito e com uma cordialidade única.

Nesta função Felipe agilizará e operacionalizará para Flávio ações que ele deve ter muito se ressentido neste primeiro ano de seu governo.

Por hora é só.

 

A boa política não aceita equívocos

Em 2007 presidi as comissões que na nossa Assembleia Legislativa efetivaram as reformas de seu Regimento Interno e a necessária adequação da Constituição de nosso Estado, uma vez que muitas mudanças haviam sido feitas e nossa Carta Magna nunca havia sido adequada a elas.

Nesse intento, também concorreram para o sucesso dessa façanha, de forma bastante ativa, os deputados Rubens Júnior, Chico Gomes, Víctor Mendes, Marcelo Tavares, Pedro Veloso e Penaldon Jorge, que trouxeram importantes contribuições à mesa dos trabalhos.

Alinhamos e revisamos leis antigas às novas regras da Constituição Federal de 1988, que nunca haviam sido revisitadas.

Diminuímos a quantidade de comissões temáticas de 18 para 12 e aumentamos a quantidade de parlamentares membros de 5 para 7, o que deu maior poder às comissões e mais relevância a seus membros.

Estabelecemos os critérios para a concessão de títulos de cidadania e de medalhas de mérito legislativo, dando nomes de maranhenses ilustres a cada uma das suas divisões, segundo as especificidades das atividades dos agraciados.

Para ser cidadão maranhense a pessoa precisa residir no Maranhão por pelo menos 10 anos ou ter prestado relevantes e comprovados serviços ao nosso Estado. Isso não tem sido lá muito respeitado.

Já no âmbito das medalhas, se quiséssemos homenagear uma pessoa ligada à cultura, a medalha seria a João do Vale; no âmbito da educação e ciência, a medalha se chamaria Terezinha Rêgo; no âmbito da cidadania o nome da medalha seria Maria Aragão; no âmbito esportivo a distinção levaria o nome de Canhoteiro; e no setor da política, o nome da comenda seria o de Nagib Haickel; se o agraciado não se encaixasse em nenhum desses âmbitos de atividades a medalha de mérito legislativo continuaria levando o nome de Manoel Beckman.

Mas em minha opinião a regulamentação mais importante que fizemos naquela ocasião foi nivelar o Regimento Interno da Assembleia Legislativa do nosso Estado, bem como a Constituição do Maranhão às suas semelhantes de vigência federal, o Regimento Interno da Câmara dos Deputados e a Constituição da Republica, no que diz respeito à eleição da Mesa Diretora do Legislativo maranhense.

A legislação federal não prevê a reeleição para membros da Mesa Diretora do Poder Legislativo dentro da mesma legislatura, coisa que no Maranhão nunca havia acontecido. Nós tivemos a preocupação de estabelecer aqui, norma semelhante à federal.

O que fizemos foi realmente uma façanha e ela parecia que iria durar.

Qual não foi a minha surpresa ao ver que no final de 2010, sob o patrocínio do deputado Ricardo Murad, já então candidato à presidência da ALM, os dispositivos de reeleição foram reintroduzidos em nossa legislação!

Pensando que se elegeria presidente da ALM no início da legislatura seguinte, o deputado Ricardo Murad fez com que deputados ligados a ele o ajudassem na aprovação dessas mudanças, o que configura um erro grave no funcionamento do Legislativo.

Assim foi feito. Desfizeram tudo de bom que havíamos construído três anos antes e reestabeleceram a reeleição para membros da Mesa Diretora, contra o meu voto e de meia dúzia de deputados conscientes de seus deveres.

Veio a nova legislatura e a eleição da Mesa Diretora da ALM. O eleito, no entanto, foi Arnaldo Melo. Foi ele que se beneficiou do instrumento casuístico que fora estabelecido no intuito de beneficiar Ricardo Murad.

Praticaram um desserviço ao Legislativo maranhense e consequentemente ao povo de nosso Estado, que desde então não pode contar com uma disputa realmente republicana e democrática na esfera deste poder.

Deste fato eu extraio duas lições que acredito serem fundamentais para o conhecimento e o entendimento da política. Primeiro, que o casuísmo é uma arma cujo projétil pode atingir também quem a dispara. Segundo, realmente não se pode contar com o ovo “dentro” da galinha.

Independentemente de quem seja o presidente do Poder Legislativo, independentemente de qual partido ele seja, se ele é considerado ou não um bom presidente, esse dispositivo deve ser extirpado mais uma vez de nossa legislação.

 

 

Umas coisas mudam, outras não

 

O momento atual comprova aquilo que eu sempre disse: na política mudam-se as pessoas e até algumas práticas, mas a mecânica da política não muda facilmente. Ela é regida por leis rígidas como as da convivência humana, leis da antropologia, da sociologia e da psicologia.

No dia 2 de fevereiro vimos o governador comparecer à abertura da sessão legislativa na Assembleia Legislativa de nosso Estado e não se fazer representar, como era costume. Aqui a prática mudou! Vontade discrissionária do agente. O atual governador deseja contracenar mais de perto com os atores políticos. Isso é muito bom.

Nesta mesma semana, este mesmo governo, que disse que não iria interferir nas acomodações dos blocos parlamentares e eleição da Mesa da Assembleia Legislativa, o fez de maneira direta.

Não o condeno por isso. Manobras como esta fazem parte do jogo político, mas ocorre que essas práticas eram recriminadas anteriormente e agora, no uso do poder, quem antes criticava o que era feito, continua fazendo igual. Aqui, neste ponto, nada mudou!

É muito importante que se reconheça que algumas coisas que os políticos dizem e fazem faz parte do roteiro que eles têm que seguir para construir uma imagem. Dizer-se republicano e democrático é condição indispensável para um político ser bem aceito, mesmo que na prática, algumas vezes, isso não aconteça. Não que isso seja uma mentira deslavada, mas existem coisas com as quais não concordamos em algum momento e que nos vemos realizando em outro! Esse não é um pecado apenas dos políticos. Este é um pecado de todos nós, seres humanos. Ocorre que na política isso se sobressai.

Alguém poderia dizer que agir assim seria pura incoerência! Não é tão simples como parece! É a mecânica da política, que alguns fazem questão de não reconhecer que é assim, é o que faz com que as coisas aconteçam dessa forma. Fritar ovos exige primeiro que eles sejam quebrados!

Vou refrescar rapidamente a memoria dos mais esquecidos ou relatar para os que desconhecem os precedentes: Durante 10 anos o ex-deputado Manoel Ribeiro se elegeu presidente do nosso Legislativo sempre com a interferência direta dos governadores de então. Isso aconteceu até que um grupo de deputados se rebelou e resolveu não obedecer à imposição do Executivo e elegeu Tatá Milhoemem para presidir a ALM.

Não houve mudança do equilíbrio político nem da Assembleia, nem do governo. O que aconteceu foi que não permitimos que o Executivo nos obrigasse a eleger alguém que não queríamos.

No caso atual, entendo que as coisas sejam diferentes, os deputados e até a sociedade reconhecem que o melhor nome para presidir a ALM é o de Humberto Coutinho. Eu mesmo concordo com essa tese. Não é possível que os deputados não saibam disso! Mas o que está em foco aqui não é isso, é a participação do Executivo neste cenário.

Acontece que o que o Executivo deseja realmente neste caso é garantir, não apenas a reeleição do presidente, mas também a reeleição do primeiro vice-presidente, o que garantirá uma administração mais “tranquila”, do ponto de vista dos Leões. Sou obrigado a concordar que, do ponto de vista do governo, esta postura está completamente correta.

Das interferências que eu já presenciei essa será uma das menores, mas é bom que se repita, interferências estão ocorrendo.

Comecei na política como assessor em 1978, aos 18 anos. Antes disso eu era mero expectador, meu pai era deputado desde que eu tinha oito anos e até onde me lembro, as coisas aconteciam dessa forma. É assim que as coisas acontecem.

Feliz ou infelizmente esse tipo de coisa não vai mudar, pois faz parte da natureza, da mecânica da ação. Não recrimino, apenas constato, faço aquilo que algumas pessoas teimam em não fazer.

 

 

Pensamentos nefrológicos

Como faço quase todos os dias, naquele acordei por volta das cinco da manhã. Não que eu precise acordar a essa hora, não que eu seja um operário que precise madrugar para chegar no horário certo à obra, é que minha bexiga que não funciona normalmente durante o dia pede para ser esvaziada invariavelmente nessa hora. Ela é como um relógio cuco suíço que expulsa o passarinho pontualmente no horário previsto.

Depois desse ritual nefrológico e muitas vezes também gastroenterológico, eu estou pronto para exercitar um de meus passatempos favoritos: Escrever. Antigamente diria que era a árdua tarefa de desenvolver pensamentos em papel e tinta, hoje é um exaustivo exercício de “catar milho” nas letrinhas do teclado.
Naquela madrugada me peguei analisando friamente os aspectos do voto facultativo. Fui rever minhas opiniões e minhas convicções, ver se elas poderiam ser abaladas, levando-se em consideração uma analogia absurda que me veio à mente quando pingava a última gotinha de urina no vaso.

Imaginei-me sendo obrigado a analisar a possibilidade de aceitação do voto facultativo no Brasil, levando em consideração alguns dos meus passatempos ou esportes favoritos.

Imediatamente raciocinei que numa sociedade evoluída a obrigatoriedade não precisa existir, pois as pessoas evoluídas não precisam de normas coercitivas, tais como o voto obrigatório, ou o quinto mandamento de Moisés, que diz “Não matarás” para fazer ou deixar de fazer alguma coisa.

Dito isso, conclui que o que deveria ser obrigatório, nas sociedades menos evoluídas, eram aulas curriculares de xadrez, modalidade que dá às pessoas que o praticam uma ampla e objetiva visão de rumo, de estratégia para conseguir um determinado objetivo.

Que o judô deveria ser ensinado a todos, pois ele desenvolve o corpo em conjunto com a mente e o espirito, no sentido de extravasar energia física sem uso de violência. Que todos deveriam conhecer o basquete, modalidade que irreversivelmente nos faz descobrir a importância de agirmos em conjunto, em equipe, de forma fraternal e unida.

Que o desenvolvimento do vocabulário e da linguística poderia ser muito melhorado, eliminando grande parte das dificuldades de entendimento e comunicação, se todos praticassem as simplórias palavras cruzadas, e por fim, imaginei que se todos pudessem conhecer o jogo da paciência, que desenvolve nas pessoas a humildade do reconhecimento de seus erros e faz com que seus praticantes busquem a correção dos mesmos, os fazendo mais tolerantes, fazendo com que consequentemente se tornassem mais evoluídos.

Ao terminar de formular essa teoria no mínimo “estrambólica”, descobri que coisa semelhante poderia ser dita e justificada, quem sabe até com muito mais brilhantismo, sobre muitas outras modalidades esportivas e disciplinas curriculares, do que como eu fiz com as armas escolhidas por mim para evoluir a sociedade.

Ao pensar nisso cheguei a uma constatação e a uma conclusão fulminante: a única coisa que verdadeiramente pode fazer com que uma sociedade realmente evolua é o conhecimento, o ensinamento aos membros dessa sociedade, da educação formal e da educação complementar que se possa dar a eles. Sem isso ninguém, nenhuma pessoa individualmente e nenhuma sociedade coletivamente será evoluída. Sem instrução, sem ensino, sem educação, não se chega a lugar algum!

Ao final acabei por me deparar com um sério dilema: é preciso que o cidadão, primeiro tenha a educação necessária para que, só depois disso ele possa, conscientemente, escolher se usa ou não o seu direito de eleger seus representantes ou ao cidadão sem educação e consequentemente sem a formação necessária, deve deixar nas mãos de outras pessoas a decisão de escolher aqueles indivíduos que irão lhes representar?

Pensamentos assim não saem na urina…

Um ano de governo *

Tenho sido cobrado quanto a uma análise que prometi fazer sobre a nova administração implantada no Maranhão, assim que o governo completasse 180 dias, porém achei melhor estender esse prazo para quando ele completasse um ano, por entender que seis meses seria pouco tempo para se fazer uma apreciação mais embasada e justa.

Confesso que nem estava com muita vontade de fazer essa análise, pois não tenho tido a paciência necessária para assuntos ligados à política em sua forma partidária, onde uma apreciação como essa, se for encarada como positiva para a nova administração será criticada ferozmente pela oposição e se for tida como negativa, será encarada pelo governo como um mero ataque, de modo que por um prisma ou por outro, não será vista como um estudo criterioso.

Estou cansado dos maniqueísmos e dos sectarismos da política, coisa que não é de hoje que abomino e rejeito de forma peremptória, portanto, alerto de antemão que o que direi a seguir é resultado de minhas observações, isentas, sobre o funcionamento da nova gestão política e administrativa do Maranhão.
Em primeiro lugar devo falar ainda sobre a eleição. Ela transcorreu de forma normal e refletiu claramente a vontade popular, mesmo que os atores políticos, alguns por ações e outros por omissões, tenham contribuído para que o jogo eleitoral não tivesse transcorrido em melhores climas.

Dito isso, devo tratar da indicação dos nomes escolhidos para gestores das diversas secretarias e autarquias do governo do Maranhão, dizendo desde logo que eles foram o que de melhor havia a disposição do governador. No entanto, havia antes, continua havendo ainda hoje e pelo visto vai continuar existindo, uma discrepância muito acentuada entre o calibre do governador e o de seus auxiliares, causando um efeito nocivo à estrutura de autoridade do governo. Sinto que o governador se impõe mais pelo medo que ele causa nas pessoas que pelo respeito e a admiração que na verdade ele gostaria de imprimir com suas atitudes.

Podemos comprovar essa discrepância no fato do governador ter passado mais tempo que o necessário para trocar o comando da SECMA, já que era sua autoridade discricionária que estava em jogo e não apenas o desastroso desempenho da citada pasta antes da indicação do excelente Felipe Camarão. O mesmo fato não foi sentido quanto à recusa de aceitação do deputado Zé Reinaldo à pasta de Minas e Energia, uma vez que essa pasta efetivamente não existe mesmo. O governador simplesmente tentou com essa manobra acomodar o prefeito de Santa Inês, cuja esposa assumiria a Câmara no lugar de Zé Reinaldo.

Secretariado indicado e empossado, os desempenhos foram ficando visíveis conforme as peculiaridades de cada pasta e as capacidades de cada gestor, coisa que já era de se esperar.

Aqui cabe um parêntese: O governo cometeu um equívoco grave ao não cooptar para si funcionários de segundo e terceiro escalão, temendo que eles fossem partidariamente comprometidos com o grupo outrora dominante, com isso perdeu agilidade e certa continuidade das ações normais da máquina administrativa. O uso dessa forma de tentativa de aniquilação, ao contrário do resultado imaginado, só perpetua a rixa e preserva os possíveis laços de lealdade e gratidão que porventura possam existir, e não existindo, os cria.

Lembro que uma coisa deixou o então candidato Flávio Dino um tanto chateado comigo. Foi quando escrevi que a diferença que haveria numa mudança de grupo dominante na política do Maranhão seria meramente de nomes e conceitos ideológicos, e que a política, que tem poder e força própria, independentemente de nomes e ideologias, seguiria seu caminho igualmente como antes. Dito e feito.

Este continua a ser o cerne de minha análise, tanto que a secretaria que mais trabalhou neste primeiro ano de governo foi a de Transparência e Fiscalização, voltada a levantar tudo que possa ter sido feito de errado na administração anterior.

Concordo que esse trabalho seja importante, mas em minha opinião, um governo que prioriza essa ação em detrimento de outras, está focado tão somente no lado policial e eleitoral da gestão. Mas não estaria sendo justo se afirmasse que o atual governo só faz isso. Não, não é bem assim. Ele faz outras coisas também.

Por falar em policial, este foi um setor que teve desempenho semelhante ao dos anos anteriores, onde a incorporação de novos quadros para a Polícia Militar se deu apenas no final do ano, mas a notícia sobre ela palmilhou cada instante do tempo midiático do governo. Inclusive, sobre este assunto, parece que apenas 455 novos policiais foram realmente incorporados, enquanto as notícias fazem com que, erroneamente, acreditemos que já foram acrescidos aos quadros da PM do Maranhão 1500 novos praças. Simples detalhes midiáticos, com os quais governos desta ou daquela coloração estão afeitos.

Da extensa lista de compromissos de campanha, o novo governo cumpriu nove, operacionalizou oito e não deu conta de cumprir quatorze, mas ninguém vai exigir que tanto o atual governo quanto o seu governante sejam mágicos, que de uma hora para outra solucionem problemas antigos e de grande complexidade, mesmo que tenhamos na campanha eleitoral ouvido promessas que nos faziam acreditar que seria muito fácil solucionar problemas como, por exemplo, o do IDH, que requer investimentos constantes e sistemáticos em melhoria de infraestrutura, saneamento básico, saúde, educação e cidadania.

Neste ponto poderia fazer uma clara e direta comparação entre as gestões de antes e de agora, quanto a SEDEL. Posso falar desta pasta com propriedade, pois estive em seu comando entre 2011 e 2014. O que se vê hoje, em termos gerais, não é muito diferente do que acontecia anteriormente na maior parte dos setores. Os JEM’s continuam sendo o grande trabalho desta pasta, o Castelão continua sendo uma das prioridades, a lei de incentivo continua ativa, as praças esportivas continuam sendo mantidas, as piscinas, depois de um ano, continuam estagnadas, no mesmo estado, uma vez que a solução para o caso delas é bem complicada…

Há, no entanto, dois fatores que fazem a atual administração da SEDEL ser bem diferente da anterior. Primeiramente o grande prestígio pessoal que o atual secretário desfruta por parte do governo, coisa que na minha época não acontecia. Segundamente o esforço que a nova administração está fazendo para elevar o IDH de alguns de nossos mais carentes municípios, o que levou a iniciarem a construção de pequenos complexos esportivos e de lazer nestas localidades.

Em campanha o atual governador fez parecer que resolveria estes problemas de IDH com facilidade, pelo simples fato de querer fazê-lo e é aí que reside minha discordância.

O grupo que dominava a política do Maranhão, do qual eu fazia parte, não resolvia este problema porque não tinha capacidade para fazê-lo, porque tentava fazê-lo da maneira incorreta, pode até quem quiser dizer, que ele não tentava fazer tais mudanças, mas a verdade é que as dificuldades que o grupo anterior tinha em melhorar o IDH do Maranhão continuam existindo sob o comando do atual grupo dominante e isso ninguém pode negar.

O que se pode argumentar é que muito tempo se passou e pouco foi efetivamente conseguido nesse sentido. Infelizmente o que constato é que as mesmas dificuldades estão sendo e continuarão sendo enfrentadas pelos novos governantes.

Um programa implantado pela nova administração deve ser citado e elogiado. Trata-se de um adendo ao Bolsa Família que destina recurso uma vez ao ano para compra do material escolar das famílias de baixa renda de nosso estado. Uma maravilhosa iniciativa. Simples como as boas coisas devem ser.

No que diz respeito ao grupo que dominava a política do Maranhão, já era mesmo tempo de dar oportunidade a outros decidirem os destinos de nosso povo e se responsabilizarem pelos sucessos e pelos insucessos dessa façanha.

Setores como Saúde e Educação sofrem dos mesmos problemas. Eles não foram melhorados em absolutamente nada pelo simples fato de ter havido uma mudança nos nomes dos gestores ou no direcionamento ideológico do novo governo. O sistema funciona da mesma maneira, as carências são as mesmas, as dificuldades são idênticas.

No setor de infraestrutura o que se viu foi a finalização de muitas obras começadas na gestão anterior e o início de novas obras. Esse setor não para, é um passo após outro.

Setores como o fazendário e o portuário são dois dos que tiveram melhores performances nesse primeiro ano do novo governo que foi marcado por uma total inação da mídia governamental, menos por responsabilidade dos profissionais do setor e mais por consequência de uma diretriz de governo. Foi dada preferencia às mídias alternativas e sociais em desfavor da mídia convencional, uma vez que esta, está em sua maioria, em poder de grupos de oposição ao governo. No final do ano o governo começou a usar a mídia convencional e sua visibilidade se sobressaiu.

Poderia dizer que esse primeiro ano tenha sido um ano de preparação e que este segundo ano será de afirmação, tanto que a coisa mais importante que o governo fez nesse primeiro ano de gestão foi resgatar a imagem desgastada de seu aliado de primeira hora, o prefeito de São Luís.

O governador disse recentemente em uma entrevista que a máquina do governo não participará das campanhas eleitorais de 2016 para as prefeituras municipais. No caso de São Luís, graças a Deus, isso já não é verdade, pois sem a injeção de recursos e a execução de obras na cidade, seu candidato continuaria fragilizado e nossa cidade não estaria recebendo benefícios tão importantes.

Segundo o governador ele participará das campanhas de seus candidatos, mas seu governo, os recursos dele, não serão usados como suporte de campanha eleitoral. É nessa hora que reafirmo o que disse antes. Mudamos de governante, de grupo hegemônico, mas a política não muda, nem mesmo na retórica.
Nenhum candidato a prefeito apoiado pelo governo ficará satisfeito apenas com a presença do governador e de seus auxiliares em seu palanque, o que eles irão querer é o suporte do governo com a realização de obras ou pelo menos com as promessas delas, o que acaba dando no mesmo.

Se isso acontecer desta forma como estou descrevendo, qual será a diferença para tempos pretéritos? Os nomes dos atores e as ideologias professadas por eles!?

No que diz respeito ao relacionamento do governo com a classe política há uma diferença que deve ser citada e analisada. Se anteriormente a classe política era desprestigiada porque o governante não os levava em consideração por desleixo e inapetência, o que se sente hoje é que o atual governante e seus assessores mais diretos não prestigiam a classe política por simples desprezo, por não acreditarem ser a classe política necessária no processo de mudanças que querem implantar no Maranhão.

Se antes se cometia o pecado do desleixo e da falta de reconhecimento, agora se acredita piamente que a classe política maranhense não está preparada para agir como vetor de mudança de nosso panorama social.

Quando digo que se mudam os nomes e as ideologias e não se mudam os fatos e os acontecimentos da política, posso provar. Lembram-se do incidente que aconteceu em Lago da Pedra quando a prefeita Maura Jorge foi impedida de falar numa solenidade que fora convidada pelo governo? Pois é! Coisa muito parecida acontecia antes, quando o grupo Sarney detinha a hegemonia política de nosso Estado e algum correligionário, cabeça de bagre, emprenhava o ouvido do governante fazendo com que ele cometesse erro como aquele que foi cometido naquela ocasião.

Para finalizar essa rápida análise que já se estende por quase quatro laudas, gostaria de dizer que se fosse dar uma nota para o governo neste seu primeiro ano, daria um oito, pois se excetuando a visão fixa no retrovisor, ele cometeu poucos erros quando olhou para frente e focou no que era realmente importante.

Como muitos eu não vislumbro um ano de 2016 fácil para ninguém, muito menos para o governo em qualquer uma de suas esferas. O que se pode fazer em momentos como esse é o básico, o simples feijão com arroz, quando muito, alguma inovação que não seja muito onerosa e que tenha boa e grande repercussão.

* Por problema de espaço físico está matéria não será também publicada na página de opinião de O Estado do Maranhão.

Visita forçada ao meu Twitter

Para começar o ano, convido você para conhecer alguns de meus pensamentos, postados no Twitter:

Invisto meu tempo planejando as grandes coisas que pretendo fazer, enquanto isso, me eximo de fazer as pequenas coisas que não planejei.

Hitler disse que a sorte dos ditadores é que os homens não pensam. Conclamo todos os seres humanos a pensar e acabar com a sorte dos ditadores.

A arrogância é sempre má conselheira.

Um bom sentimento exclama? Então uma boa ideia interroga!

Arte e extinção são duas palavras que não combinam. Só há duas formas de se fazer arte: a replicação da natureza e a reinvenção dela.

A verdadeira sabedoria consiste em sabermos nossos limites, em sabermos até onde podemos e devemos ir para conseguir o que queremos…

Depois de se conseguir superar a suprema dúvida, o que restar só poderá ser a suprema verdade. Será que alguém consegue suprimir toda dúvida?

Tudo já foi dito, mas é bom que sempre se repita para que não se esqueça.

Alguém comentou o fato de eu estar mais esbelto, ao que outro comentarista sacramentou: “Isso é claro sinal da decadência!” Um terceiro comentarista aproveitou a deixa e arrematou: “Melhor estar esbelto por decadência que obeso por deselegância e prepotência”.

Mundinho devagar! A relatividade só tem 100 anos!! Mundinho fugaz! A relatividade já tem 100 anos!!

Para que saibam quem somos, basta que se diga o que fizemos e fazemos.

O maior de todos os poderes é o tempo. Nele o que tem de secar seca, o que tem para florescer floresce.

Quem usa muito as redes sociais fica mais conhecido, mas muito mais distante, muito menos íntimo das pessoas. Whatsapp, Instagram, Faceboock, Twitter… Tudo isso só distancia as pessoas, as torna mais superficiais. Nos dias atuais, a maior demonstração de intimidade, graças às novas tecnologias, é falar com alguém ao telefone.

Há uma enorme batalha sendo travada dentro de minha mente. De um lado, minha inteligência, e, de outro, minha capacidade de exprimi-la.

O excesso na prática de uma qualidade pode facilmente transformar-se em um defeito.

Uma dura conclusão: a verdade varia de pessoa para pessoa, de um ponto de vista para o outro, logo não existe uma única verdade, mas opiniões…

Tudo na vida passa: se deixa de ser criança; o basquete juvenil; a revista Guarnicê; deputado; Nagibão; casamentos… O que importa é o hoje! Dona Clarice, Laila, Jacira e as pessoas que amo; O MAVAM da FNH; os filmes que faço e aqueles que sublimo. O amanhã? Este é uma mera sequência de hojes, com fortes influências de ontens… O caminho? Nós fazemos parte dele e ele nos faz em parte.

Quanto mais me afasto da política partidária, mais claro fica para mim o quanto esse é um jogo baixo e viciado, onde não há inocentes, nele existem aqueles que se elegem com um discurso e praticam outro; Hipócritas que cobram aquilo que não oferecem; “Sabidos” demais!…

Existem pessoas que só tem um assunto! Monos… Monofônicos, monocromáticos…

Na política nunca se deve usar luvas, o tato é a melhor saída sempre.

Em tempos difíceis, aos políticos não é permitida a possibilidade de errar. O menor erro pode custar muito caro.

Um grupo político pode resistir aos ataques de adversários muito poderosos, mas não consegue resistir a seus próprios desacertos internos.

É uma pena que tudo que aprendemos nos primeiros anos de nossas vidas só venhamos a compreender realmente em nossos últimos anos nela.

 

Um problema de vento e areia

 

Eu sei que esse tema não é apropriado para as festas de final de ano, mas estou sem saber a quem recorrer, então vai agora mesmo.

Minha reação instintiva é pensar em acionar o Ministério Público, mas já o fiz uma vez, em conversa informal com o promotor responsável pelo meio ambiente e não rendeu nenhum efeito prático. Nada foi feito. Ao contrário, como consequência do aludido problema um prédio onde funcionava o destacamento do Corpo de Bombeiro, responsável pela guarda salva vidas da Avenida Litorânea, foi engolido pelas areias.

Refiro-me a poderosa erosão eólica de nossas praias. A grande quantidade de areia que se acumula ao pé do aterro de contenção que sustenta a avenida. Material, que caso não encontrasse esse obstáculo construído pelo homem, iria se acomodar aos pés das falésias de nossas costas praianas.

A ausência contínua do poder público em suas mais diversas esferas e áreas tem feito com que lentamente percamos uma das mais belas paisagens de nossa cidade, pois o acúmulo dessa areia está literalmente tapando a visão maravilhosa que tínhamos dos mais de seis quilômetros de praia desse importante logradouro que embeleza a nossa querida cidade de São Luís.

Nós que já não temos muitas, nem boas áreas de lazer, estamos sendo expulsos especificamente desta, por aquela poderosa força da natureza, movida pelo vento e tendo como munição, minúsculas partículas de areia de praia, que nem por isso autoriza que essa manifestação da natureza deve ser preservada em sua forma voraz e descontrolada. A natureza deve ter sim prioridade, desde que ela não interfira nocivamente na vida diária da comunidade.

Já conversei com diversas pessoas e todas com quem falei são da mesma opinião: alguma coisa deve ser feita urgentemente para que a areia não tome conta, desordenadamente, de nossas praias. A areia proveniente da erosão eólica deve ser retirada dos locais onde se acumula e transferida mecanicamente para o outro lado da Avenida Litorânea, depositando-a no lugar aonde ela iria se acumular originalmente, caso não tivesse a interposição do obstáculo citado anteriormente.

Temos em São Luís e no Maranhão, de um modo geral, um Ministério Público bastante atuante no setor de meio ambiente, mas neste caso específico acredito que falte uma ação mais efetiva, não só dele, mas também da Prefeitura Municipal e de outros órgãos que poderiam ajudar para que problemas como esse não acontecessem e não precisassem de soluções, uma vez que a prevenção resolveria antecipadamente questão dessa natureza.

Não sei se a Câmara de Vereadores ou mesmo a Assembleia Legislativa, através de suas Comissões de Meio-Ambiente e de Turismo poderiam interceder para que esse problema seja superado de maneira satisfatória, e o mais rápido possível.

Espero que esse caso, que parece pequenino e que era insignificante 30 anos atrás, possa ser resolvido e que e que possamos recuperar a vista maravilhosa de nossas praias por falta de ação do poder público.

O que nos falta são líderes

Eu sei o que é um líder, mas fiz questão de recorrer a um dicionário para que tivesse uma definição perfeita do que significa a palavra líder, e mais do que isso tentar buscar uma explicação para o fato de, em nosso estado, o Maranhão e em nosso país, o Brasil, nós não termos líderes.

Vejamos o que diz o dicionário. “Líder: indivíduo que tem autoridade para comandar ou coordenar outros; pessoa cujas ações e palavras exercem influência sobre o pensamento e comportamento de outras”.

Para ser um líder o sujeito não precisa ser um mandatário, ter um cargo político, ser vereador, deputado, senador, prefeito, governador ou presidente. Um líder não precisa mudar a praxe e se denominar “presidenta”, uma vez que a líder resolve o problema com a simples utilização de um “a”, artigo feminino que define o sexo do ocupante do cargo presidencial.

Alguém disse que o que nós brasileiros realmente precisamos é de termos menos opinião e mais conhecimento. A democracia universaliza o direito à opinião, mas esta de nada vale se ela não é embasada em conhecimento sólido, caso contrário, nada mais será que reflexo do conhecimento de outros, manipulando a massa insana, sedenta de direitos e com pouca, quase nenhuma, visão de deveres e de cidadania.

Como um país que não tem uma educação descente pode gerar líderes? Eu estou querendo demais. Somos produtos de nossa própria biomassa. Dela não vão sair líderes da estatura de um Gandhi, de um Churchill, de um Mandela, de um Lincoln, ou mesmo de nomes nem sempre bem recomendados como Peron ou Vargas. É bem verdade que algumas sociedades geram líderes como Hitler e Mussolini, mas essas são exceções que apenas confirmam a regra: Os homens precisam de líderes. De bons líderes. Os maus líderes, estes devem ser descartados.

É bom que se ressalte que um líder não se faz sozinho. É preciso que os corações e as mentes das pessoas, seus olhos, ouvidos e intelecto estejam propensos a aceitar a liderança daqueles que se destacarem a sua frente.

No Brasil, podemos contar nos dedos os líderes verdadeiros que tivemos. Cabral foi o primeiro comandante desta terra, mas jamais foi seu líder. Antes dos portugueses os chefes indígenas seriam verdadeiros líderes?

Zumbi foi um líder? Acredito que sim. O claudicante D. João VI foi um líder. Mesmo sendo um fraco, ele foi um líder. Tiradentes foi um líder? Penso que foi mais um mártir. Caxias foi líder nas revoltas civis do império e na guerra do Paraguai? Prestes foi um líder, mesmo que de uma pequena parcela de pessoas.

Vargas foi líder. JK foi líder. Tancredo e Ulisses foram líderes. Lula é líder. Nem Dilma nem Aécio o são. Veja que é fácil citar lideres políticos, mas líderes populares que tenham o respeito do povo de forma espontânea nós não temos. Temos ídolos como Pelé e Roberto Carlos.

Um povo sem líderes é um povo sem guias, um povo sem direção.

No Maranhão acontece a mesma coisa só que de forma mais paroquial.

Meu pai foi um líder amado e seguido na região do Vale do Pindaré. O mesmo aconteceu e ainda acontece em várias regiões, mas essa liderança é etérea, passageira, como toda liderança o é, sendo esse tipo de liderança é muito mais frágil e volátil que as outras.

É bom que se ressalte que há diferenças fundamentais entre liderança e chefia. O líder é antes de tudo amado e respeitado enquanto o chefe é apenas temido, como prevê Maquiavel no capítulo XVII de “O Príncipe”.

No Maranhão Magalhães de Almeida foi líder. Vitorino foi líder. Sarney foi líder. Flávio Dino é nosso governador e deseja ser um novo líder. O seu trabalho e o tempo dirão se ele conseguirá ser reconhecido como tal.

Porém, nós maranhenses e nós brasileiros precisamos de um outro tipo de líder. Um que nos oriente independentemente de política partidária, um que se destaque por bravura, pela falta de compromisso consigo mesmo e por total compromisso com tudo aquilo que for correto e melhor para nosso estado, nosso país e nossa gente.

 

 

 

 

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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