Um sábado de atas, sapotis, mangas, pitombas e uma boa e inquietante conversa

Um sábado de atas, sapotis, mangas, pitombas e uma boa e inquietante conversa

Sempre que posso, depois do sagrado Caldo do Seu João, na Rua do Sol, vou com meu irmão, Nagib, ao Mercado Central, garimpar coisas para comprar.

Na última vez que lá estivemos, paramos em uma barraca para comprar umas atas, sapotis, mangas e pitombas, frutas que lembram muito nossos país. Estávamos ali quando se aproximou de nós um senhor. Ele tinha uma cara conhecida, mas não me lembrava o nome dele.

Nos cumprimentou e disse que conheceu nosso pai, disse que ambos trabalharam na Fábrica Santa Isabel, nos anos 1950. Que conheceu nossa mãe, do tempo em que ela trabalhava na secretaria de fazenda do município.

Ele contou muitas histórias, inclusive dos times de futebol de salão de papai e tio Samuel Gobel. Ficamos lá durante um bom tempo. Ele se lembrando de sua juventude e nós bebendo daquela fonte.

Ele contou que ao deixar a fábrica, se dedicou aos estudos, constituiu família, formou-se, trabalhou durante toda a vida e que hoje goza de uma confortável aposentadoria, na companhia de sua esposa, filhos, netos e até bisnetos.

No meio de nossa conversa ele disse uma coisa que me deixou muito feliz e recompensado. Disse que meu pai estaria orgulhoso de mim, por tudo que fiz depois que ele faleceu. Disse que ele acompanhou meu trabalho na política e acompanha o que faço na literatura, no cinema e o trabalho no MAVAM. Fiquei surpreso que ele soubesse sobre o MAVAM!…

Quando já íamos nos encaminhando para finalizar a nossa prosa, ele me disse que em que pese ele não ter tanto conhecimento quanto eu sobre política, que ele acredita que as coisas que estão acontecendo no Brasil, que todas as arbitrariedades que estão sendo cometidas pelos poderes da república, tanto no executivo, quanto no legislativo e principalmente no judiciário, vão acabar levando nosso país a um verdadeiro desastre. E finalizou de maneira catastrófica: “O que o STF tem feito, quase justifica a ação daqueles idiotas que tentaram dar um golpe de estado. É em momentos como esse, que as revoluções francesa e russa se justificam plenamente”.

Fiquei abismado, e bastante preocupado, pois aquele senhor que demonstrou durante todo o tempo em que passamos conversando, ser uma pessoa equilibrada, correta e de bem, e ele realmente é tudo isso, cogita que para resolver a crise criada pela desenfreada polarização, a generalizada judicialização de nossa sociedade, é justificável que se recorra a força.

Saí dali com as frutas que fui comprar, mas também com a cabeça cheia de questionamentos, difíceis para um sujeito como eu, com o meu perfil, minha formação e meu modo de pensar e me colocar perante as coisas da vida, conseguir digerir correta e satisfatoriamente.

Era como se ao invés de termos comprado as frutas de preferencia de nossos país tivéssemos comprado pepinos, jilós e pimentas para prepararmos uma salada de difícil digestão.

A excessiva judicialização da política

O julgamento pelo Supremo Tribunal Federal, de um processo envolvendo a eleição da presidência da Assembleia Legislativa do Maranhão oferece uma oportunidade valiosa para refletirmos sobre o fenômeno da judicialização excessiva da política e os riscos que ela representa para a segurança jurídica em nosso país.

Conforme dispõe a Constituição do Estado do Maranhão e o Regimento Interno da ALEMA, as eleições para os cargos da Mesa Diretora seguem regras claras: em caso de empate, realiza-se nova votação, e persistindo o empate, considera-se eleito o candidato que tiver mais idade. Foi exatamente esse o procedimento adotado: após duas votações empatadas, a vitória foi conferida ao parlamentar mais velho, em total conformidade com as normas vigentes.

Embora o direito de recorrer à Justiça seja uma garantia constitucional, a situação específica apresenta peculiaridades relevantes. A parte que interpôs o recurso tinha pleno conhecimento das normas regimentais, pois um de seus membros já havia presidido o Legislativo estadual e atuado sob essas mesmas regras. Ademais, um outro de seus membros, que atuou como assessor da comissão responsável pela revisão do Regimento Interno, teria advertido sobre a ausência de fundamento na pretensão recursal. Esses elementos configuram indícios robustos de litigância de má-fé, caracterizada pela adoção de medidas processuais com o propósito de retardar ou perturbar a tramitação processual.

Prova maior da solidez da decisão tomada pela ALEMA é o fato de que até mesmo o ministro Flávio Dino, reconhecido correligionário e incentivador político da parte recorrente, manifestou-se contra o recurso, validando a regularidade do procedimento adotado pela Casa Legislativa.

O que causa maior inquietação, no entanto, não é o mero ajuizamento da demanda, mas o ambiente de incerteza que se estabeleceu durante sua tramitação, alimentando a percepção de insegurança jurídica. O receio de que mesmo regras claras e práticas consolidadas possam ser revistas ou subvertidas gera instabilidade e mina a confiança nas instituições.

Essa insegurança se agrava diante de uma tendência preocupante no cenário jurídico-político: o avanço do ativismo judicial. Em diversos casos, o STF tem se posicionado no sentido de suprir alegadas omissões legislativas, ainda que existam normativos aplicáveis, sob a justificativa de que o Legislativo não teria produzido a regulamentação desejada. Essa postura cria situações em que normas claras e suficientemente reguladas passam a ser reinterpretadas com base em narrativas que, muitas vezes, se afastam do texto legal e da vontade popular expressa democraticamente, por seu legítimo representante, o Poder Legislativo.

A consequência desse cenário é o enfraquecimento da estabilidade normativa e a ampliação da percepção de que o que hoje é certo pode, amanhã, tornar-se objeto de revisão por mera construção argumentativa, sem respaldo na legislação ou na vontade soberana dos legisladores.

O caso da eleição da ALEMA é emblemático: a regra regimental refletia um critério objetivo, inspirado inclusive no procedimento adotado pela Justiça Eleitoral para o desempate em pleitos majoritários. A tentativa de desconstituí-la por meio de judicialização não apenas revela uma conduta processual questionável, mas também põe em xeque a previsibilidade das decisões judiciais, essencial para a segurança jurídica e para a estabilidade do Estado Democrático de Direito.

É necessário reconhecer que o direito de ação é inalienável, mas também é imperativo que o Judiciário não atue como substituto dos poderes legitimamente constituídos.

Em suma, a judicialização excessiva da política e o ativismo judicial desmedido impõem sérios desafios ao ordenamento jurídico brasileiro. Defender a segurança jurídica é, mais do que nunca, essencial para assegurar a previsibilidade, a estabilidade institucional e a confiança do cidadão nas instituições republicanas.

Quem tem medo da Lei Magnitsky

Muitas pessoas têm reagido com surpresa e até com indignação à possibilidade de o governo americano aplicar sanções contra algumas pessoas de outros países, com base na Lei Magnitsky, o que, segundo o entendimento dos Estados Unidos, atentaram contra direitos fundamentais, como por exemplo a liberdade de expressão. Posso até estar errado, mas acredito que na verdade não é nem surpresa nem indignação, penso que em alguns casos é medo mesmo.

Mas, afinal, o que há de errado com um país decidir que não deseja manter relações com indivíduos que considera violadores de princípios que ele, como Estado soberano, decidiu proteger?

Do ponto de vista do direito internacional, todo país tem o direito de controlar quem entra ou não em seu território, com quem estabelece relações diplomáticas, comerciais ou jurídicas, e quais critérios adota para isso. Esse é um dos pilares da soberania estatal. Assim como uma pessoa pode decidir, livremente, quem entra ou não em sua casa, com quem mantem relações comerciais ou mesmo afetivas, desde que ao fazer isso não desrespeite as leis locais, um país pode estabelecer critérios para suas relações externas, desde que respeite as normas internacionais às quais aderiu.

A Lei Magnitsky é um instrumento criado pelos Estados Unidos para permitir sanções contra cidadãos estrangeiros acusados de violar os direitos humanos ou cometer atos de corrupção, terrorismo e crimes de modo geral. Ela se baseia na ideia de que certos valores, como a dignidade da pessoa humana, a integridade do processo judicial e a liberdade de expressão, devem ser protegidos universalmente, e que Estados soberanos têm o direito de não se associar a quem os agride. Essa lei é operacionalizada em território americano, contra quem cometa infrações em outros países, mas ela não invade a jurisdição desses países, ela se restringe a ações em seu território.

Qualquer país tem o direito de recusar se relacionar ou permitir a entrada em seu território de pessoas que considera incompatíveis com seus valores legais, os critérios para isso é que devem ser observados de forma bastante pontual, evitando o cometimento de qualquer tipo de injustiça.

Recentemente veio a público uma carta emitida pelo Departamento de Estado Americano, endereçada ao ministro Alexandre de Moraes, que em um inglês castiço e em tradução literal para um português de igual qualidade explica para o afoito ministro que qualquer ordem judicial, proveniente do Brasil ou de qualquer outro pais, contra qualquer pessoa ou empresa americana, só será válida e passível de legalidade e cumprimento se ela for analisada e homologada pelo poder judiciário americano, o que faz portanto com que as ordens expedidas por Moraes, sob o acobertamento do STF, por si só não tem nenhum poder ou efeito nos Estados Unidos. Mas isso todo mundo já sabia, só que tanto o STF quanto a imprensa calhorda brasileira alimentaram o noticiário falso durante semanas, tentando colocar a opinião pública a seu favor, a favor de uma conhecida ilegalidade.

A defesa da soberania do Brasil deve começar aqui dentro, contra aqueles que tentam suprimir a liberdade de nosso povo da maneira mais abjeta possível, subvertendo nossas leis e destruindo a credibilidade e a confiança que precisamos ter em nosso sistema de justiça e quem mais tem feito isso é o STF.

Eu não tenho medo da Lei Magnitsky. Você tem?

Pensando bem, talvez o melhor título para esse texto fosse reproduzir a pergunta título da peça de Edward Albee, “Quem tem medo de  Virgínia Wolf”, com a qual o autor induz o leitor e expectador a descobrir se ele tem realmente coragem de encarar a verdade sobre si mesmo e sobre a vida, despida de mentiras e das narrativas criadas por ele, para justificar seus desacertos.

Já escrevi sobre isso em 2019!…

Em 2002, 2006 e 2010 fiz pronunciamentos na Assembleia Legislativa, e em 2019 escrevi um texto semelhante a este que torno público hoje. Naquelas ocasiões eu comentava que precisávamos urgentemente de uma reforma política e eleitoral. Ainda estamos precisando disso.

Parece que uma reforma, de maneira ampla, como eu havia proposto, não acontecerá, mas a Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal, aprovou esta semana uma Proposta de Emenda à Constituição  que, entre outras coisas, estabelece que em nosso país não mais haverá reeleição para prefeitos, governadores e presidentes da república. Porém,  existem outras mudanças interessantes inclusas nessa PEC, como por exemplo a unificação das eleições, acabando com a insensatez de termos eleições de dois em dois anos, o que causa um prejuízo financeiro enorme ao país e gera um desserviço ao nosso sistema eleitoral, pois cria uma interdependência entre os poderes legislativo e executivo, fazendo com que um interfira no pleito do outro, infelizmente, sempre de maneira prejudicial e danosa para o cidadão e para a sociedade.

Outra mudança que me parece ser boa é a unificação do tamanho dos mandatos para todos os cargos eletivos dos poderes legislativo e executivo, criando não só uma natural coincidência entre seus inícios e términos, mas consequentemente estabelecendo uma maior coerência entre as ações políticas de um determinado partido ou grupo de candidatos, o que de certa forma promoverá uma maior unidade e fidelidade entre eles.

Infelizmente a PEC aprovada não inclui outras medidas, que se aprovadas, trariam grande melhoria para nosso sistema eleitoral e político, como por exemplo o fim do voto proporcional, colocando em seu lugar o voto majoritário em uma de suas formas e aplicabilidades, tais como o voto distrital simples, onde os municípios e estados seriam divididos em regiões eleitorais chamadas de distritos e de onde cada um deles sairia um representante eleito.

Outra possibilidade é adotar-se o voto distrital misto, onde parte dos representantes seriam eleitos pelos distritos e outra parte através de uma lista escolhida pelos partidos. Particularmente eu não gosto desta modalidade, que é muito complicada, de difícil explicação para o eleitor e principalmente porque ela dá aos partidos uma força imensa, ao possibilitar que eles estabeleçam listas e nelas incluam, em ordem de precedência quem eles desejem privilegiar, o que não me parece algo democrático.

Há ainda uma outra modalidade de votação, com a qual eu mais me identifico, que é o voto majoritário simples, onde os candidatos mais votados nos municípios e nos estados seriam os eleitos em cada pleito.

Nessa PEC também foi incluída a diminuição do tempo de mandato dos senadores, o que em minha opinião é uma boa medida, pois acaba com as eleições desencontradas para um terço e dois terços dos membros do Senado.

Melhor ainda seria se tivessem incluído nela também uma nova forma de eleição para os senadores, unificando a eleição para o Congresso Nacional, fazendo com que os três parlamentares mais votados em cada uma das unidades da federação, fossem designados para representar seus estados no Senado Federal e os demais eleitos fossem designados para representar o povo desses estados na Câmara Federal, o que acabaria com uma aberração eleitoral que há em nosso país, os suplentes – não votados – de senadores. Neste caso os suplentes de senadores seriam os deputados dispostos em ordem decrescente na lista dos eleitos para aquela legislatura. Isso seria um imenso avanço em nossa legislação eleitoral.

Existem outras coisas que precisam ser revistas no tocante a esse delicado setor de nosso país, tais como tipos de financiamento de campanhas eleitorais, candidaturas avulsas, fidelidade partidária, cláusulas de barreira, obrigatoriedade do voto e até mesmo a possibilidade de termos um comprovante de voto, o famigerado e polêmico voto impresso.

O processo legislativo é lento. As mudanças acontecem lentamente, principalmente no que diz respeito aos costumes políticos e eleitorais, mas as mudanças aprovadas pela CCJ do Senado me parecem boas.

Para que se pense um pouco em quem poderá ser o futuro governador do Maranhão

Até agora, pelo menos que eu saiba, são sete os possíveis candidatos ao governo do Maranhão: Orleans Brandão, Felipe Camarão, Eduardo Braide, Iracema Vale, Lahesio Bonfim, Roberto Rocha e Hilton Gonçalo.

Tenho feito um esforço incrível tentando escrever algo sobre essa disputa, mas confesso que tenho sentido muita dificuldade. Assim sendo desenvolvi um modelo de análise, uma coisa simples, onde qualquer um com um mínimo de raciocínio lógico, um pouco de conhecimento político, e uma certa quantidade de sensibilidade quanto a esse assunto, poderá analisar alguns dos possíveis cenários.

Portanto, baseado nos dados e nas observações abaixo, diga quem é a pessoa que  lhe parece ser mais talhada para ser o nosso próximo governante.

1 – Coisas que não devem ser levadas em consideração na escolha de um governador:

Ser parente do atual governador; Ser candidato escolhido por um ex-governador; Ser o prefeito da capital; Ser chefe de um dos poderes do Estado; Ser alguém  que teve uma boa performance eleitoral na última eleição para governador; Ser um político com diversos mandatos; Ser de uma família que detenha o comando de diversas prefeituras e cargos importantes no Estado.

2 – Coisas que devem ser levadas em consideração na escolha de um governador:

Ser alguém que tenha apoio político; Ser uma pessoa preparada para exercer o cargo; Ser alguém que tenha experiencia de sucesso em gestão pública; Ser alguém assertivo e tenaz; Ser alguém conhecido pela população; Ser alguém respeitável, confiável  e cumpridor de compromissos; Ser alguém com bons antecedentes.

É muito provável que depois de ler isso e analisar as opções com base no que aqui está disposto, você tenha chegado ao fim dessa leitura e da consequente análise que ela suscita, tão indeciso como eu saí dela e como ainda estou até agora.

A minha dúvida não é quanto a quem escolher para votar, mas em quem poderá ser realmente nosso próximo governador.

Por enquanto minha única certeza é que a próxima eleição para o governo do Maranhão será uma das mais inusitadas de todos os tempos e poderá marcar definitivamente a quebra de um ciclo político em nosso estado, coisa que pensávamos que aconteceria com a eleição de Flávio Dino, mas não ocorreu. Aquilo foi apenas e tão somente mais do mesmo, com outros personagens.

Será que em 2026 esse cenário muda e teremos realmente uma renovação verdadeira na política do Maranhão?

Maternidade, de Celso Antonio

Faz algum tempo realizamos um documentário sobre um dos mais importantes escultores brasileiros, o maranhense Celso Antonio  e  é sobre ele que desejo falar hoje.

O fato é que há uma estátua de Celso Antonio, que leva o nome de “Maternidade”, que pertencia ao acervo do Palácio Capanema, antiga sede do Ministério da Educação, no Rio de Janeiro, que foi colocada sobre um canteiro no bairro de Botafogo e essa obra está ali abandonada, e é constantemente depredada por vândalos e nós que amamos a arte desse importante escultor, desejamos que as autoridades a levem de volta ao sua antiga casa.

Também idealizei um projeto alavancado pela lei de incentivo a cultura, no âmbito federal, que possibilitasse que fosse feita duas cópias desta obra, para que fossem colocadas, uma em Caxias, no Maranhão, cidade natal do artista e uma em São Luís.

Abaixo reproduzo matéria postada nas redes sociais sobre a campanha de devolução da estátua para seu lugar de origem.

“Tem uma mãe abandonada na Praia de Botafogo, em frente ao Edifício Argentina. Ela está deitada, amamenta seu filho no colo e, depois de tantos anos ao relento, perdeu os dedos dos pés e está com o rosto seriamente desfigurado. Ainda assim, conserva o sorriso um dia admirado por Drummond, a espera de voltar para a sua casa original.

Obra de Celso Antonio, um dos maiores artistas de esculturas monumentais do Brasil em todos os tempos, A maternidade ficava no salão de exposições do Palácio Capanema, onde também está A moça inclinada, outra criação de traço indígena do escultor.

“Celso Antônio esculpiu em pedra duas mulheres esplêndidas, que considero irmãs pelo sopro vital que as anima, se não forem uma só mulher: a moça antes e depois da maternidade. Viviam juntas no edifício do Ministério da Educação. Separaram-se depois”, escreveu Carlos Drummond de Andrade, em crônica do Caderno B, do Jornal do Brasil, em 1974.

Na verdade, foram separadas. A escultura não teria agradado à Lucio Costa que a considerava “amaneirada, meio contrafeita”, como contou Leneide Duarte-Plon, na biografia de Celso Antônio. Na primeira oportunidade, numa manutenção da sede do Ministério, em 1968, o urbanista a cedeu à Prefeitura do Rio.

Já passou da hora da mãe indígena voltar para a sua casa, o Palácio Capanema. Ainda é possível salvar o frágil mármore, material sensível às intempéries. Se você concorda com o retorno d’A maternidade para o seu local original, assine a nossa petição e ajude a resgatar esse patrimônio inestimável.

Sandra Branco, arquiteta, servidora aposentada do Iphan e autora de Capanema-Maru
Sérgio Belleza, do Instituto Celso Antônio.”

A minha coerência me é muito cara

Eu já havia comentado anteriormente sobre minha intenção de passar algum tempo sem me manifestar nas redes sociais sobre assuntos polêmicos, principalmente assuntos que envolvessem política, mas isso parece ser impossível, não só por causa de meu temperamento bastante peculiar, mas também pelo fato de os políticos de nosso país não pararem de fazer coisas que me obrigue a comentar.

Aprendi a me posicionar na vida guiado pelos ensinamento de três dos maiores mestres da filosofia, Sócrates com sua ética interrogativa, Platão que valoriza o âmbito das ideias usando para isso a interação através do diálogo e Aristóteles, com seu rigor lógico e sua busca incessante pela coerência. Na soma do que preconizam os três e com associação de alguns outros ensinamentos, construí meu edifício.

Mas hoje quero deixar de lado um pouco Sócrates e Platão e me fixar mais em Aristóteles, de quem herdei uma ânsia incontrolável pela racionalidade e pela coerência, fato que muitas vezes se choca frontalmente com o exercício pratico da política e causa, pelo menos em pessoas como eu, dilemas recalcitrantes.

Se há uma coisa que me é muito cara é a minha coerência, a qual busco de forma constante e incessante, o que como já disse, causa algumas vezes,  no político que sou, um enorme incomodo.

É impossível não ser coerente e reconhecer que o Supremo Tribunal Federal, que em meu entendimento tem sido responsável pelos maiores e piores atentados contra a nossa democracia, ao desrespeitar de formas torpes e abjetas o devido processo legal, está correto ao se manifestar contrário a decisão da Câmara dos Deputados que resolveu que aquela Corte não pode processar o deputado Alexandre Ramagem por possíveis crimes que ele tenha cometido antes de ser empossado no cargo de deputado federal.

Acredito que neste caso o STF tenha toda razão, uma vez que entendo que a lei é clara e não carece de interpretação, quando estabelece que a imunidade parlamentar é uma prerrogativa de quem foi eleito para essa função, apenas depois de sua posse. Subverter isso como a Câmara fez é errado e não está em conformidade com nossa Constituição.

Da mesma maneira como tenho apontado os graves e imperdoáveis erros que veem sistematicamente sendo cometidos pelo STF, aponto os acertos que aquela Corte possam vir a cometer, e não faço isso como um favor a ela, mas como obrigação que tenho por ser um defensor implacável desta aristotélica ação que é a coerência.

Retirar do STF a prerrogativa de processar Ramagem por possíveis crimes que ele tenha cometido antes de tomar posse do mandato de deputado é tão errado quanto aceitar e permitir que o mesmo STF julgue pessoas sem a individualização de suas condutas, que processe pessoas que deveriam ser processadas em outro foro, que desrespeite a Constituição Federal, quebrando a independência e a harmonia entre os poderes, extrapolando os limites de sua competência.

Todas as mazelas que vemos acontecer em nosso país tem como causa fundamental a falta de coerência, seja ela no âmbito pessoal, legal e político.

Minha esposa, que lê meus textos antes que os publique, recorrentemente me pergunta como é que eu posso querer ser tão coerente, se faço tantas críticas aos posicionamentos políticos de Flávio Dino, ao mesmo tempo em que digo que ele é o mais competente e mais bem preparado ministro do Supremo Tribunal Federal, e eu respondo a ela que o fato dele simplesmente ser o mais competente e bem preparado ministro de STF, não faz com que ele tome sempre decisões corretas, como deveria, (como no caso das emendas parlamentares irrastreáveis), uma vez que falta a ele, e não a mim, a devida coerência, de sendo realmente o mais competente e bem preparado dos ministros daquela corte, não agir de forma política, coisa que não condiz com a condição de magistrado, coisa que acontece na maioria das vezes em quase todos os casos e com quase todos os ministro do STF.

A coerência em alguns casos, em algumas pessoas, funciona como uma espécie de compulsão ou vício. Parece ser esse o meu caso.

Um péssimo sinal dos tempos

Hoje fui tomar café da manhã no Hotel Blue Tree, aqui em São Luís, e tive a grata surpresa de ver que a equipe principal do Botafogo e a sub-20 do Goiás estão hospedados no hotel.

O ambiente estava bastante animado e para interagir com os presentes, me aproximei de uma das mesas onde estavam jogadores do Goiás e brinquei com eles dizendo: “Vou perguntar para o pessoal da estrela solitária se eles trouxeram o Nilton Santos!”

Os jovens jogadores do Goiás fizeram uma cara de espanto e responderam a minha brincadeira com uma pergunta que me deixou completamente perplexo: “Quem é esse Nilton Santos? Em que posição ele joga?”

Esse fato me remeteu imediatamente ao dia em que, conversando com um grupo jovens cineastas, perguntei se eles já haviam assistidos alguns filmes indispensáveis para uma boa formação de quem se dedica a este setor, como “A noite americana”, Ladrões de bicicleta”, “O homem que matou o facínora”, “A mulher faz o homem” e “A guerra do fogo” e nenhum deles havia visto nenhum dos filmes que citei.

O desconhecimento da história e dos assuntos aos quais nos dedicamos é o responsável pela péssima qualidade dos profissionais nos mais diversos setores, pois em muitos aspectos isso é uma disfunção causada pela modernidade e o imenso e desorientado avanço das novas tecnologias.

A quem interessar possa

Atenção!… Se você não me conhece, não sabe o que eu penso, nem quais são meus posicionamentos políticos e ideológicos, dê uma chance a você e uma oportunidade para mim!… Saiba quem sou eu, conheça meus pensamentos e minha forma de me posicionar, e depois disso tire suas conclusões e decida em qual dos tipos abaixo você se enquadra.

1 – Quem conhecer a mim, souber de meus pensamentos e posicionamentos políticos e ideológicos, tiver acesso aos textos que posto em minhas redes sociais, mas não respeite nem a mim nem as minhas ideias e posicionamentos, sugiro que não continue a ler meus textos, mas se insistir em lê-los e resolver fazer comentários grosseiros ou mentirosos, saiba que poderá ser tratado com a devida reverência.

2 – Quem por acaso me conheça, discorde de mim, de meus pensamentos e de meus posicionamentos políticos e ideológicos, mas trate a mim, as minhas ideias e posições com respeito, será muito bem-vindo, pois com a nossa interação será possível trocarmos ideias e crescermos juntos.

3 – Se você conhece a mim, a minha forma de pensar e de me posicionar, concorda com aquilo que eu penso, digo e escrevo, acredita que pensamos da mesma maneira, fico muito feliz com sua companhia, mas tome cuidado com uma coisa muito importante. O fato de pensarmos de forma semelhante, não significa que concordamos em tudo, certamente há diferenças entre nós!… O fato de estarmos do mesmo lado, não significa que agimos da mesma maneira. Para mim, as nossas ações são os resultados de nossos pensamentos e posicionamentos, e por isso devem ser praticadas de maneira correta e coerente, ou pelo menos, no mínimo da maneira menos errada possível. Isso é o que no final das contas, faz toda a diferença.

Mais uma história do Júlio César do Pindaré

Quem conheceu o meu pai, Nagib Haickel, sabia que ele não tinha educação escolar formal completa, que ele só cursou até o primeiro ano do curso médio de contabilidade, mas que era uma pessoa extremamente inteligente e procurava se informar sobre tudo.

Certa vez, quando ele era deputado federal e eu era deputado estadual, saímos os dois de casa, para irmos a uma solenidade no Palácio dos Leões e no meio da conversa que mantínhamos no carro, ele me saiu com uma história hilária que muito bem representa o que acontece com a maioria das pessoas.

Me disse ele que uma das frases que ele achava mais inteligentes fora pronunciada por Júlio César. Eu e imagino que quase todo mundo só se lembra de uma frase de César, mas mesmo assim perguntei a ele qual era essa frase, louco para que ele dissesse outra. Mas qual nada! Ele respondeu em tom de brincadeira, como era do seu jeito bonachão, tentando arranhar um latim castiço: “Veni, vidi, vici.”, ou seja, “Vim, vi, venci.”.

Ocorre que não entendi por que falar aquela frase no contexto dos assuntos que estávamos conversando, perguntei a ele o porquê!

Ele, ao volante de seu fusquinha vermelho, virou um pouco para o meu lado e explicou: “Eu não suporto essas solenidades, palestras, jantares, coisas pomposas, só compareço por obrigação de ofício, por isso adaptei a frase de “julhinho” para essas ocasiões: Eu venho!…Chego, faço um ou dois estardalhaços, dou umas duas daquelas minhas conhecidas gargalhadas, faço dois giros pelo salão, um indo e outro voltando, cumprimento as pessoas que importam e dou no pé. Faço o mesmo que César – vim, sou visto, e venço no rumo da casa!”

Esse era o meu pai, cuja sabedoria inata, usava Júlio César como exemplo de vida, mesmo que em outro contexto.

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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