Exupéry + Maquiavel = Compromisso.
Muita gente estranha ao saber que meu maior reduto eleitoral não é Pindaré-Mirim, terra de meu pai, onde meu tio Zé Antonio foi Prefeito por 10 anos e onde minha família foi hegemônica durante mais de vinte; Nem Santa Inês, onde possuo emissoras de rádio e televisão; Nem Zé Doca, município onde meu pai foi o primeiro administrador; Muito menos o Bom Jardim de Adroaldo, a Monção de João Gusmão ou a Santa Luzia de Otavio Rodrigues.
Meu pai sempre foi votado nestes municípios, sempre se elegeu neles e nunca ficou mudando de reduto. Construiu toda sua vida pública ajudando a construir aquela região. Pode-se dizer que ele era o mais legitimo representante daquela gente. Tanto isso é verdade que depois de sua morte nove deputados ocupam o lugar que antes era só dele: Pedro Paruru e João Silva em Pindaré e Monção; Marconi Farias e Valdivino Cabral em Santa Inês; Janice Braide, Oseías Rodrigues e Fufuca Mendes em Santa Luzia; Chico Caíca em Zé Doca; Maurinete Gralhada em Bom Jardim.
Alguns amigos perguntam por que eu nunca ocupei o espaço geopolítico que antes era de meu pai. É que meu pai fazia uma espécie de política muito pessoal. Era como se na verdade fosse um vereador estadual, e confesso que eu não seria capaz disso.
Analisando cada um dos deputados que ocuparam o seu espaço eleitoral, vejo que todos são ex-prefeitos ou esposa e filho de ex-prefeito ou então grandes lideranças locais.
Mas há uma coisa que me deixa triste. O fato de eu ser tão querido, admirado e respeitado em lugares como São Domingos, Primeira Cruz, Pio XII, Satubinha, Altamira, Brejo de Areia, Vitorino Freire, Olho D’Água das Cunhães, São Bernardo, São João Batista, Sucupira do Riachão, Humberto de Campos ou Buriti Bravo e não poder sentir na região em que meu pai atuou politicamente, essa mesma sensação.
Acredito que se há um culpado nisso, sou eu. Quando meu pai morreu em 93, eu não quis substituí-lo logo nas eleições de 1994. É que eu precisava arrumar a casa depois de sua morte. Pagar as contas e dar para minha família a segurança que parecia ter se esvaído com ele.
Em 1998, quando resolvi me candidatar novamente, notei que meu maior adversário, por mais incrível que pudesse parecer, seria exatamente o homem que me deu tudo na vida, inclusive na política: meu pai.
Todos me comparavam a ele. Todos queriam que eu fosse como ele. Que jogasse bombons para as crianças, que irradiasse jogos de futebol nos palanques, que pulasse e levantasse as calças, que providenciasse água, luz, estradas, postos de saúde, sempre respaldado na sua imutável posição governista. Nessas condições eu não seria capaz de competir com a imagem do Nagibão.
Hoje, analisando esse quadro, acho curiosamente incrível que alguém que havia me dado tudo enquanto vivo, depois de morto, me dificultava a vida, me obrigando a construir o meu próprio caminho. Até nisso meu pai foi bom para mim.
Muita gente ainda pensa que eu herdei os votos de meu pai e que me elejo graças ao trabalho maravilhoso que ele fez na região do Vale do Pindaré. Não, eu não sou votado naquela região. Ainda não!
Esse mesmo pensamento equivocado teve o jornalista Luis Carlos Azenha, que em uma matéria em seu blog cogitava que meus votos seriam provenientes do prestigio que eu auferia com meus canais de radio e televisão na cidade de Santa Inês. Ledo engano. Dos quase 33000 votos que tive em todo o estado em 2006, apenas pouco mais de 400 foram em Santa Inês, contra quase 7000 em São Domingos, aonde nem os sinais de minhas emissoras, nem a popularidade de meu pai, jamais chegaram.
Em alguns momentos já pensei em deixar a política, mas devido a imensa demonstração de confiança, respeito e carinho que eu tenho recebido do povo de municípios como São Domingos, reacendeu em mim o animo, a vontade e a convicção de que devo continuar, pois não posso decepcionar essa gente, muitos deles que, mesmo tendo acabado de perder uma eleição, continuam firme ao nosso lado, demonstrando a mesma confiança, mesmo respeito e o mesmo amor.
Nessas horas me vem a lembrança duas frases de escritores que, ao seu modo, retrataram príncipes: “Você é eternamente responsável por tudo aquilo que cativa” e “… se é melhor ser amado ou temido.”
Tentarei firmemente ser responsável. E amado, honrarei esse amor com lealdade.
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