A colecionadora

Ela começou muito cedo. Primeiro foram Barbies. Tinha de todos os tipos. Depois foram as figurinhas dessas de álbuns. Coisa chata!

Depois ela resolveu colecionar latinhas de refrigerantes, cervejas e energéticos. As caixinhas de fósforos foi o passo seguinte, um pulo para os maços vazios de cigarros, de todos os países do mundo.

Autógrafos de seus ídolos, borboletas. Ela colecionava de tudo. À proporção que o tempo passava e ela crescia, suas coleções se diversificavam e se sofisticavam. Selos, imãs de geladeira, chaveiros, bichinhos de pelúcia, caixas, moedas, dedais, relógios de pulso, gibis, carrinhos, soldadinhos de massa, livros autografados, canetas. Bebidas eram várias: Whisky, vinho, vodka, cachaça… Um dia ela acordou e olhou em volta e descobriu que a sua vida era uma grande estante, uma grande caixa, um imenso depósito. Resolveu se desfazer de todas as suas coleções. Deu ou vendeu. Pouco importava, estava decidida a iniciar uma nova e definitiva coleção. Dali em diante colecionaria pessoas. Não precisaria levá-las para casa, espetar-lhes alfinetes, pregá-las em um papel, plastificá-las, nem mesmo classificá-las. Colecionar pessoas para ela seria mais que um passatempo, seria antes de tudo uma forma dela se deixar levar, ser espetada, classificada. Seria uma forma direta e eficiente dela se deixar colecionar. Anos depois alguém diria a ela que o que ela havia feito de melhor na vida era colecionar, ao que ela respondeu terna e suavemente: “Jamais fui uma colecionadora. O que na verdade eu fazia era a me envolver com todas aquelas coisa e pessoas”.

Depois de um instante em silêncio, ela completou: “Com as coisas eu me envolvia, com as pessoas me desenvolvia”.

PS: Gostaria muito de ter publicado hoje algo sobre a eleição municipal neste segundo turno, mas devido ao fato de estar viajando e não ter tido tempo de fechar o meu texto, coloco aqui esse micro-conto da vida real, nesse lugar onde deveria estar outra história, menos real.

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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