Nunca é demais repetir…
Nos meses de março e abril últimos, escrevi textos que foram bastante comentados em todas as esferas políticas de nosso estado.
Entre as coisas que escrevi anteriormente, as que me pareciam mais importantes eram justamente aquelas que diziam respeito à forma de como deveríamos encarar os imensos desafios que naquele momento tínhamos pela frente. Hoje, ainda acredito que se agirmos com eficiência e agilidade ainda possa haver tempo de fazermos algo para minorar alguns desses problemas, tanto os que herdamos das administrações passadas, que são muitos, quanto os que nós mesmos criamos em tão pouco tempo.
Lembro de um discurso que pronunciei na Assembleia Legislativa, no qual fiz uma brincadeira com o nome do ex-governador. Disse que em que pesasse o fato de eu acreditar que o governador Jackson Lago fosse uma homem bem intencionado, seu governo antes de ser LAGO era na verdade um verdadeiro arquipélago, composto por muitas ILHAS. Porções de poder cercado de interesses políticos subalternos por todos os lados. Foi isso que acabou sendo o rápido e desastroso governo do PDT e é exatamente isso que poderá se tornar o atual governo, um governo arquipélago. Deveríamos aprender com a história, principalmente com os exemplos, com os erros dos outros e jamais repeti-los.
Um governo arquipélago é aquele em que cada secretaria ou órgão estadual é uma ilha, algo estanque, separado de todo o resto, onde o secretário ou gestor é o mandatário maior, onde ele, antes de operar a máquina estatal, trata de seus interesses políticos individuais. Onde para trabalhar lá, se precise ser de uma determinada igreja, ser filiado aquele partido, ter um certo sobrenome, ser proveniente de uma região específica ou se comprometa a votar em um certo candidato.
Não sou louco ao ponto de imaginar que um político não pense em sua eleição ou reeleição. Isso nunca! É legítimo que façam isso, mas que façam isso dentro de um critério mínimo de competência, decência, ética e comprometimento com as diretrizes de seu grupo.
É importante que se diga, até agora, a culpa de tudo isso que está acontecendo não é de modo algum da governadora Roseana. Ela só terá alguma culpa se permitir que esse tipo de coisa continue acontecendo, e se isso persistir, será o fim. Não haverá nenhuma diferença entre o nosso governo e os dois anteriores. Será nesse momento que uma nova força política se apresentará como salvadora do estado e a população descrente, optará pelo novo. Esse filme é antigo, eu não o vi, mas o conheço.
O atual governo teria que ser de reconstrução, de estabilização, de restabelecimento da ordem na administração dos negócios de estado e do estado.
Nós políticos, principalmente os com mandato eletivo, teríamos sim que participar efetivamente da construção desse novo cenário, mas deveríamos antes de tudo termos consciência do que fazer e de como fazê-lo.
Alertei para que ninguém se jogasse numa busca frenética pela indicação de cargos no governo, pois para cada cargo haveria um perfil correspondente e esse deveria ser minimamente respeitado, pois não vivemos mais o tempo do jabuti trepado. Não há mais espaço para desculpa de enchente ou mão de gente. Ao contrário disso confundimos colocações políticas estratégicas com concessão de empregos a políticos. Existem pessoas no governo que simplesmente ocupam um cargo mas não produzem nada, nem administrativa nem politicamente. Algumas dessas pessoas precisam ser colocadas para trabalhar!? Tudo bem! Mas não necessariamente onde o foram, pois ali atrapalham mais que ajudam. Uma coisa é o cargo, outra é a função que ele representa.
Quem por acaso faz parte da administração direta e executiva do estado deveria ter a consciência de que só lhe é possível estar ali porque há uma estrutura política que o sustentou, que o sustenta e o mantém. Por sua vez, os políticos, de todos os tamanhos e em todos os níveis, têm que ter consciência de seu valor dentro dessa estrutura, mas seria bom que soubessem que esse valor não pode jamais colocar em risco a estabilidade administrativa do governo, nem a paz, a harmonia, a tranquilidade interna de nosso grupo político.
Disse que gostaria de ver vários de meus colegas políticos, com ou sem mandato, participando do governo, mas ressaltei que queria que partisse em primeiro lugar deles e que ainda assim recebam orientação expressa da Governadora Roseana Sarney, de que o cargo que viessem a ocupar não lhes pertenceria, mas sim ao povo do Maranhão, do qual nós somos temporariamente os procuradores. Que tivessem consciência de que deveriam tratar os assuntos administrativos de maneira clara e reta, que os assuntos políticos fossem prioridade, que tivessem preferência desde que não conflitassem com os administrativos, que estivessem de acordo com a legalidade, com a justiça, com a coerência, com o bom senso e principalmente com o interesse público.
Finalizei dizendo que a montagem da base de apoio do governo seria uma obra delicada, que demandaria muita atenção, dedicação e cuidado. Que aqueles que sempre foram conosco teriam que ser tratados com toda deferência e consideração. Quem quisesse vir apoiar que viesse, mas que ficasse claro que a contrapartida desse apoio jamais aconteceria à custa do sacrifício de quem sempre foi leal e companheiro. Isso também não tem sido observado. Velhos, grandes e leais amigos estão se sentindo preteridos.
Tudo isso foi escrito e dito por mim há mais de quatro meses atrás, já prevendo o cenário de hoje. Exatamente porque acredito que o que disse anteriormente continua sendo verdade hoje, nunca é demais repetir.
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