Ainda sobre 2009

Em primeiro lugar quero avisar a quem tem me procurado e não tem me encontrado, nem pessoalmente nem através de meus inseparáveis telefones celulares que estou fora de São Luis, em uma clínica tratando de saúde, me preparando para enfrentar melhor a difícil campanha eleitoral que se avizinha. De tempos em tempos eu tenho que fazer um check-up devido à operação de redução de estômago pela qual passei nove anos atrás, e aproveitando a oportunidade das férias, do recesso da Assembléia, do fato de o orçamento do Estado ainda estar fechado, e é claro, as demandas dos municípios estarem consequentemente bem menores, faço isso agora.

Em que pese os últimos quatro anos terem sido alguns dos melhores anos de minha vida, 2009, especificamente foi também um ano que pude experimentar sentimentos bem diversificados, tanto na quantidade quanto na intensidade.

Em 2009 continuei saboreando o prazer de ter realizado em 2008, o filme Pelo Ouvido, que foi muito bem recebido pela crítica assim como por todos que o assistiram; conheci pessoas e lugares especiais; reencontrei a plenitude do amor; senti novamente o prazer e a importância de exercer o mandato de deputado estadual através da prática legislativa e da proposição e aprovação de projetos importantes; ingressei na mais alta casa de cultura da minha terra, a Academia Maranhense de Letras; lancei um bom livro de crônicas; e bem próximo ao final do ano pude presenciar a consubstanciação de um antigo e acalentado projeto concebido por mim, o Museu da Memória audiovisual do Maranhão (sobre esse assunto tratarei especialmente em outra oportunidade).

É verdade que 2009 não foi um ano onde apenas aconteceram coisas boas. Em 2009 perdi um dos meus melhores amigos, um companheiro de lutas que me acompanhava desde 1982 e que me fará muita falta, não apenas nesse ano de eleição, mas para sempre. Falo do meu amigo e motorista José Moraes Neto. Em 2009 perdemos também a companhia de um colega deputado, Pedro Veloso, adversário leal e correto. Na verdade 2009 foi um ano de muitas perdas no que se refere ao convívio de pessoas importantes e amigas que nos deixaram.

Enquanto alguns nos deixaram por morte, outros resolveram nos deixar por motivos de vil traição mesmo. Falo de políticos fracos, covardes e oportunistas da pior espécie. Alguns desses foram seduzidos pelo bafo do poder que emana de cargos tão temporários quanto um suspiro. Em alguns casos não foram nem os detentores desses fugazes cargos que investiram na sedução, foram os outros, prefeitos, vereadores, chefes políticos de pouco ou nenhum escrúpulo que se entregaram ao poder de secretários de estado que nesses casos estão usando o cargo que não é, está seu, para engordar suas contas eleitorais. Já vi várias vezes esse filme antes.

Em alguns aspectos 2009 foi um ano bem diferente. Até meados de maio tivemos um governo e a partir daí passamos a ter outro. Nem vou aqui comentar como e porque isso ocorreu, vou apenas dizer que a mudança foi para melhor e aqui não deve ser levado em consideração o fato de eu fazer parte do grupo político que esta atualmente no controle da administração de nosso Estado, até porque eu devo ter sido quem mais reclamou de como agiu esse mesmo governo no que diz respeito ao trato dos assuntos de relacionamento político com os amigos leais, companheiros de todas as horas, com correligionários corretos e com os oportunistas de ocasião. Acredito que alguém que se porta dessa maneira seja insuspeito quando diz que, em que pese as falhas e as deficiências desse governo, ele ainda assim é infinitamente melhor que os dois anteriores.

De tanto eu reclamar da forma gananciosa como alguns políticos agiram em 2009, e olhe que eu não descarto a possibilidade deles talvez terem até agido assim, motivados pelo medo que sentiram das conseqüências dos usos e abusos da maquina eleitoral e financeira dos governos Zé Reinaldo e Jackson Lago, muitos acreditavam que eu não fosse ser candidato a mais um mandato de deputado estadual. Fiquem tranqüilos, nos encontraremos muitas vezes por aí, durante a próxima campanha. Estarei com os mesmos amigos, nos mesmos municípios que sempre estive desde 1982, quando de minha primeira eleição e com algumas pessoas de outros lugares que acrescentei à minha lista de amigos nesses 28 anos de política.

Por fim, mais uma vez ficou claro pra mim que as escolhas que fazemos definem nossas vidas. 2009 me serviu de lição. Que tenha servido para outras pessoas também.

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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