Deus existe Sim!

Depois de muito pensar cheguei à mais importante conclusão de minha vida. Conclui que Deus realmente existe.

Essa minha declaração será, “de certa forma”, um alívio para minha mãe e minha mulher que insistem em querer salvar do inferno minha alma, segundo elas, imortal.

Para elas e para muita gente, apenas cogitar sobre a existência de Deus, já me coloca com um pé na soleira da porta de entrada dos domínios do Tinhoso. Veja só, logo eu que sempre desacreditei nessa história de Lúcifer, Satanás, Belzebú! Logo eu que jamais acreditei na história contada por aqueles que teimam em estabelecer um cenário de conflagração entre Deus e o Diabo.

Tendo chegado à conclusão de que Deus existe, resta agora saber se Deus nos criou ou fomos nós quem lhe demos vida. Vixe! Desagradei minha santa mãezinha!

É… Porque junto com essa minha conclusão definitiva de que Deus existe, me veio outra! De tanto pensar esbarrei em uma teoria que não deve ser original, certamente não fui eu o primeiro a formulá-la. A teoria diz que não foi Deus quem criou o homem à sua imagem e semelhança, foi o homem primitivo quem criou Deus. O criou para satisfazer a sua necessidade de justificar a grandeza de sua existência e a grandeza do mundo, do universo em sua volta. O Deus criador do homem primitivo fazia-lhe o mesmo efeito de um poderoso medicamento capaz de curar enfermidades graves ou simplesmente extirpar a dor mais lacerante. A existência de Deus nos primórdios da humanidade servia como ainda hoje serve e acho que deve continuar a servir, de alento para suas dúvidas mais inexplicáveis.

Coloquemo-nos no lugar do homem primitivo: O mundo existe. Nós o vemos, o pegamos, vivemos nele e dele. Descobrimos então que temos a capacidade de questionar: Quem criou tudo isso?

Sempre tem que haver um criador. Para os gregos foi Zeus, para os romanos, Júpiter. Mais perto de nós, os Astecas acreditavam que Quetzalcóatl criou o universo e tudo que há nele, enquanto os Maias lhe deram o nome de Kukulcán. Outros acreditavam noutros deuses. No início da civilização humana, para cada povo havia um Deus criador e invariavelmente, um Deus para cada ramo da atividade humana, para suprir sua necessidade de acreditar em algo maior, para dar ao homem o conforto e a esperança de que algo superior e inexplicável pode lhe ajudar se e quando ele precisar. Deus é o pai intangível.

Enquanto o homem primitivo criou uma infinidade de deuses, foi o homem mais evoluído quem criou a teoria de um único Deus, capaz de resolver tudo que imaginavam que os outros resolveriam. A idéia do monoteísmo é a mais inteligente postulação teológica. Um Deus onipotente, onipresente e onisciente. Um Deus infalível. A partir dai passou a se construir todos os enredos das três grandes religiões ocidentais.

A história elegeu Abraão como sendo o primeiro a advogar a existência de um Deus único, por isso ele é considerado o pai de judeus, cristãos e mulçumanos. Que ironia!

Em minha opinião são as religiões as grandes responsáveis pelo caos em que nos encontramos. Para chegarmos a essa conclusão basta que estudemos um pouco a história do mundo e do homem nos últimos cinco mil anos.

Mas vamos voltar ao ponto: Só a Abraão e alguns eleitos, (eles mesmos se elegeram) foi dado o direito de conhecer a face de Deus. Não me lembro de Moisés ter relatado como se parecia o criador. Nem Maomé, que disse apenas tê-lo ouvido.

Os dois, tanto Moisés quanto Maomé, se observarmos bem, eram em última análise simplesmente políticos, da mesma espécie que hoje todos abominam, com um agravante que para mim é a pior de todas as coisas, exerceram o poder político através do viés da religião, transformando seu seguidor em algo mais que um correligionário, transformando-o em um fanático religioso.

Tanto Moisés quanto Maomé foram tão políticos quanto são aqueles que hoje, na mesma área geopolítica conflagrada deles, o Oriente Médio, agem como seus representantes, desestabilizando o nosso planeta, plantando e colhendo ódio e intolerância.

Nessa altura do campeonato muitos vão estar me chamando de blasfemo. Pobres coitados, não sabem que mesmo se Deus existir da forma que eles pensam e não da forma que imagino ser, ainda assim, estarei eu num dos camarotes do céu, assistindo o martírio deles no purgatório de Dante, pois segundo consta o Deus deles nos deu um cérebro para cogitar e se não o usarmos, não estaremos honrando seus desígnios. Será que Deus nos deu o livre arbítrio para nos esquecermos dele, numa caixa obscura em nossa mente? Ou não foi Deus quem nos deu o livre arbítrio?

Mãe, eu acredito em Deus, só não é o mesmo Deus de Papas corruptos, Pastores extorquistas, Rabinos hipócritas ou Aiatolás fanáticos.

No entanto, me identifico como seguidor de Jesus. Do Jesus homem, aquele que se preocupava com os desvalidos, com as crianças, os enfermos, os pobres… O Jesus em quem acredito não é propriedade de nenhuma religião, é o exemplo que busco seguir e sei que sou muito pouco para acompanhá-lo, mas tento.

Meu Deus é como bálsamo, que me cura de todas as dores e me conforta em minha aflição. Meu Deus não é refém de nenhuma religião e Ele não permitiria que seus seguidores queimassem livros sagrados de outras religiões, nem disseminassem intolerância ou ódio.

PS: Muito recentemente fui colocado à prova em minha fé. Minha mãe caiu (ela tem 81 anos), quebrou o úmero e o fêmur e precisou fazer cirurgia. Eu passei mais de uma semana rezando incessantemente para esse mesmo Deus que eu às vezes duvido de sua divina existência.

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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