Ainda sobre a eleição na OAB-MA

Muito se tem falado sobre a surpresa que foi o resultado da eleição da OAB – MA e por isso resolvi também dar minha contribuição para esse debate.

Comecei nesse negócio de política como assessor de meu pai, quando isso ainda era permitido, nos idos de 1979, mesmo que antes, desde menino, o tenha acompanhado por muitas de suas andanças pelo Maranhão. Digo isso para comprovar que conheço um pouquinho sobre política. Pelo menos tempo para isso eu tenho, se não aprendi, não é culpa dos mestres que tive, que, diga-se de passagem, foram os melhores.

O que se viu recentemente, menos do que a grande maioria palpiteira até agora aludiu, foi um sintoma simples de um organismo constipado. Explico: É importante que seja dito que a OAB do Maranhão vem, há muitos anos sendo controlada por um mesmo grupo e que os tempos atuais são de mudanças, onde a população e as classes buscam novas lideranças e principalmente alternativas de grupos que os representem.

A politica classista é diferente da política popular. A diferença de esclarecimento do eleitor de uma para o de outra é abissal. A classe dos advogados não pode ser auscultada e auferida da mesma forma, com os mesmos instrumentos e a mesma lógica que a grande massa popular.

Especificamente nesta eleição o que se viu foi uma abstenção imensa, o que sempre prejudica muito mais quem estiver na situação, e um maior comparecimento da grande quantidade de jovens advogados com menos de dez anos de vinculação à Ordem.

Os dois fatores citados anteriormente, por si só já justificam uma eleição vencida pela oposição por uma diferença de menos de 200 votos.

Mas o que tenho visto e ouvido é uma enxurrada de desculpas esfarrapadas de um lado e alegações politiqueiras de outro.

Se de um lado algumas pessoas acham que faltou trabalho por parte do grupo que mantinha até agora a hegemonia da OAB-MA, e estão errados ao tentarem arrumar culpados pelo insucesso da campanha, por outro, alguns analistas creditam que o resultado dessa eleição seja um rotundo “não” ao governador Flávio Dino, uma vez que o grupo derrotado é ligado a ele. As duas teorias são completamente falsas. Uma porque caça bruxas, outra porque as demoniza.

A partidarização de eleições classistas é uma prática comum na nossa adolescente democracia assim como nas democracias mais maduras e colocadas à prova.

Culparem a candidata derrotada, seus apoiadores, membros de sua chapa ou mesmo o governador do Estado é um absurdo. Desconhecer que a chapa vencedora conseguiu aglutinar mais votos, menos por desacordos fundamentais com a atual administração e muito mais pelo fato de quererem tomar em suas próprias mãos os destinos de suas carreiras e profissões, sem contar com o fato de ambicionarem espaços importantes no cenário da advocacia de nosso Estado, é igualmente absurdo.

A eleição de um novo grupo para dirigir os destinos da OAB – MA, menos que uma derrota para alguém ou uma vitória para outrem, é um sinal dos tempos pelo qual passamos. Um tempo que coloca anualmente no mercado de trabalho de nossa terra mais de mil novos advogados. Foi esse o fator primordial dessa eleição, o voto jovem, de uma classe pouco manipulável, que deseja agarrar com unhas e dentes seus próprios destinos.

Como diriam alguns amigos meus, “simples assim!”.

 

1 comentário em “Ainda sobre a eleição na OAB-MA”

  1. A juventude desta geração, vem com muita sede de justiça, de respeito e de demandas de inovação. Esta geração é resultado de gerações que acumulavam papéis sobre suas mesas, sem jamais responder, em tempo hábil, as questões das suas famílias, dos movimentos, dos processos jurídicos importantes. Com a prática comum da internet, saudável, as famílias e as categorias vivem a plenitude dos direitos humanos, onde o tempo livre para viver com qualidade, é realmente dos jovens. Logo veremos a justiça surgir com a energia dos ativistas e quem sabe no horizonte veremos advogados dignos de reconfigurarem a Ordem e Progresso, (herança é direito de saúde pública, conquista é direito adquirido). Parabéns por viver em memorável época e somar com suas visões épicas, a realidade jurídica e política do país com palavras tão rebuscadas e um olhar sensato de um jovem empreendedor que faz história por onde se propõe fazê-lo.

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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