Maternidade, de Celso Antonio

Faz algum tempo realizamos um documentário sobre um dos mais importantes escultores brasileiros, o maranhense Celso Antonio  e  é sobre ele que desejo falar hoje.

O fato é que há uma estátua de Celso Antonio, que leva o nome de “Maternidade”, que pertencia ao acervo do Palácio Capanema, antiga sede do Ministério da Educação, no Rio de Janeiro, que foi colocada sobre um canteiro no bairro de Botafogo e essa obra está ali abandonada, e é constantemente depredada por vândalos e nós que amamos a arte desse importante escultor, desejamos que as autoridades a levem de volta ao sua antiga casa.

Também idealizei um projeto alavancado pela lei de incentivo a cultura, no âmbito federal, que possibilitasse que fosse feita duas cópias desta obra, para que fossem colocadas, uma em Caxias, no Maranhão, cidade natal do artista e uma em São Luís.

Abaixo reproduzo matéria postada nas redes sociais sobre a campanha de devolução da estátua para seu lugar de origem.

“Tem uma mãe abandonada na Praia de Botafogo, em frente ao Edifício Argentina. Ela está deitada, amamenta seu filho no colo e, depois de tantos anos ao relento, perdeu os dedos dos pés e está com o rosto seriamente desfigurado. Ainda assim, conserva o sorriso um dia admirado por Drummond, a espera de voltar para a sua casa original.

Obra de Celso Antonio, um dos maiores artistas de esculturas monumentais do Brasil em todos os tempos, A maternidade ficava no salão de exposições do Palácio Capanema, onde também está A moça inclinada, outra criação de traço indígena do escultor.

“Celso Antônio esculpiu em pedra duas mulheres esplêndidas, que considero irmãs pelo sopro vital que as anima, se não forem uma só mulher: a moça antes e depois da maternidade. Viviam juntas no edifício do Ministério da Educação. Separaram-se depois”, escreveu Carlos Drummond de Andrade, em crônica do Caderno B, do Jornal do Brasil, em 1974.

Na verdade, foram separadas. A escultura não teria agradado à Lucio Costa que a considerava “amaneirada, meio contrafeita”, como contou Leneide Duarte-Plon, na biografia de Celso Antônio. Na primeira oportunidade, numa manutenção da sede do Ministério, em 1968, o urbanista a cedeu à Prefeitura do Rio.

Já passou da hora da mãe indígena voltar para a sua casa, o Palácio Capanema. Ainda é possível salvar o frágil mármore, material sensível às intempéries. Se você concorda com o retorno d’A maternidade para o seu local original, assine a nossa petição e ajude a resgatar esse patrimônio inestimável.

Sandra Branco, arquiteta, servidora aposentada do Iphan e autora de Capanema-Maru
Sérgio Belleza, do Instituto Celso Antônio.”

A minha coerência me é muito cara

Eu já havia comentado anteriormente sobre minha intenção de passar algum tempo sem me manifestar nas redes sociais sobre assuntos polêmicos, principalmente assuntos que envolvessem política, mas isso parece ser impossível, não só por causa de meu temperamento bastante peculiar, mas também pelo fato de os políticos de nosso país não pararem de fazer coisas que me obrigue a comentar.

Aprendi a me posicionar na vida guiado pelos ensinamento de três dos maiores mestres da filosofia, Sócrates com sua ética interrogativa, Platão que valoriza o âmbito das ideias usando para isso a interação através do diálogo e Aristóteles, com seu rigor lógico e sua busca incessante pela coerência. Na soma do que preconizam os três e com associação de alguns outros ensinamentos, construí meu edifício.

Mas hoje quero deixar de lado um pouco Sócrates e Platão e me fixar mais em Aristóteles, de quem herdei uma ânsia incontrolável pela racionalidade e pela coerência, fato que muitas vezes se choca frontalmente com o exercício pratico da política e causa, pelo menos em pessoas como eu, dilemas recalcitrantes.

Se há uma coisa que me é muito cara é a minha coerência, a qual busco de forma constante e incessante, o que como já disse, causa algumas vezes,  no político que sou, um enorme incomodo.

É impossível não ser coerente e reconhecer que o Supremo Tribunal Federal, que em meu entendimento tem sido responsável pelos maiores e piores atentados contra a nossa democracia, ao desrespeitar de formas torpes e abjetas o devido processo legal, está correto ao se manifestar contrário a decisão da Câmara dos Deputados que resolveu que aquela Corte não pode processar o deputado Alexandre Ramagem por possíveis crimes que ele tenha cometido antes de ser empossado no cargo de deputado federal.

Acredito que neste caso o STF tenha toda razão, uma vez que entendo que a lei é clara e não carece de interpretação, quando estabelece que a imunidade parlamentar é uma prerrogativa de quem foi eleito para essa função, apenas depois de sua posse. Subverter isso como a Câmara fez é errado e não está em conformidade com nossa Constituição.

Da mesma maneira como tenho apontado os graves e imperdoáveis erros que veem sistematicamente sendo cometidos pelo STF, aponto os acertos que aquela Corte possam vir a cometer, e não faço isso como um favor a ela, mas como obrigação que tenho por ser um defensor implacável desta aristotélica ação que é a coerência.

Retirar do STF a prerrogativa de processar Ramagem por possíveis crimes que ele tenha cometido antes de tomar posse do mandato de deputado é tão errado quanto aceitar e permitir que o mesmo STF julgue pessoas sem a individualização de suas condutas, que processe pessoas que deveriam ser processadas em outro foro, que desrespeite a Constituição Federal, quebrando a independência e a harmonia entre os poderes, extrapolando os limites de sua competência.

Todas as mazelas que vemos acontecer em nosso país tem como causa fundamental a falta de coerência, seja ela no âmbito pessoal, legal e político.

Minha esposa, que lê meus textos antes que os publique, recorrentemente me pergunta como é que eu posso querer ser tão coerente, se faço tantas críticas aos posicionamentos políticos de Flávio Dino, ao mesmo tempo em que digo que ele é o mais competente e mais bem preparado ministro do Supremo Tribunal Federal, e eu respondo a ela que o fato dele simplesmente ser o mais competente e bem preparado ministro de STF, não faz com que ele tome sempre decisões corretas, como deveria, (como no caso das emendas parlamentares irrastreáveis), uma vez que falta a ele, e não a mim, a devida coerência, de sendo realmente o mais competente e bem preparado dos ministros daquela corte, não agir de forma política, coisa que não condiz com a condição de magistrado, coisa que acontece na maioria das vezes em quase todos os casos e com quase todos os ministro do STF.

A coerência em alguns casos, em algumas pessoas, funciona como uma espécie de compulsão ou vício. Parece ser esse o meu caso.

Um péssimo sinal dos tempos

Hoje fui tomar café da manhã no Hotel Blue Tree, aqui em São Luís, e tive a grata surpresa de ver que a equipe principal do Botafogo e a sub-20 do Goiás estão hospedados no hotel.

O ambiente estava bastante animado e para interagir com os presentes, me aproximei de uma das mesas onde estavam jogadores do Goiás e brinquei com eles dizendo: “Vou perguntar para o pessoal da estrela solitária se eles trouxeram o Nilton Santos!”

Os jovens jogadores do Goiás fizeram uma cara de espanto e responderam a minha brincadeira com uma pergunta que me deixou completamente perplexo: “Quem é esse Nilton Santos? Em que posição ele joga?”

Esse fato me remeteu imediatamente ao dia em que, conversando com um grupo jovens cineastas, perguntei se eles já haviam assistidos alguns filmes indispensáveis para uma boa formação de quem se dedica a este setor, como “A noite americana”, Ladrões de bicicleta”, “O homem que matou o facínora”, “A mulher faz o homem” e “A guerra do fogo” e nenhum deles havia visto nenhum dos filmes que citei.

O desconhecimento da história e dos assuntos aos quais nos dedicamos é o responsável pela péssima qualidade dos profissionais nos mais diversos setores, pois em muitos aspectos isso é uma disfunção causada pela modernidade e o imenso e desorientado avanço das novas tecnologias.

A quem interessar possa

Atenção!… Se você não me conhece, não sabe o que eu penso, nem quais são meus posicionamentos políticos e ideológicos, dê uma chance a você e uma oportunidade para mim!… Saiba quem sou eu, conheça meus pensamentos e minha forma de me posicionar, e depois disso tire suas conclusões e decida em qual dos tipos abaixo você se enquadra.

1 – Quem conhecer a mim, souber de meus pensamentos e posicionamentos políticos e ideológicos, tiver acesso aos textos que posto em minhas redes sociais, mas não respeite nem a mim nem as minhas ideias e posicionamentos, sugiro que não continue a ler meus textos, mas se insistir em lê-los e resolver fazer comentários grosseiros ou mentirosos, saiba que poderá ser tratado com a devida reverência.

2 – Quem por acaso me conheça, discorde de mim, de meus pensamentos e de meus posicionamentos políticos e ideológicos, mas trate a mim, as minhas ideias e posições com respeito, será muito bem-vindo, pois com a nossa interação será possível trocarmos ideias e crescermos juntos.

3 – Se você conhece a mim, a minha forma de pensar e de me posicionar, concorda com aquilo que eu penso, digo e escrevo, acredita que pensamos da mesma maneira, fico muito feliz com sua companhia, mas tome cuidado com uma coisa muito importante. O fato de pensarmos de forma semelhante, não significa que concordamos em tudo, certamente há diferenças entre nós!… O fato de estarmos do mesmo lado, não significa que agimos da mesma maneira. Para mim, as nossas ações são os resultados de nossos pensamentos e posicionamentos, e por isso devem ser praticadas de maneira correta e coerente, ou pelo menos, no mínimo da maneira menos errada possível. Isso é o que no final das contas, faz toda a diferença.

Mais uma história do Júlio César do Pindaré

Quem conheceu o meu pai, Nagib Haickel, sabia que ele não tinha educação escolar formal completa, que ele só cursou até o primeiro ano do curso médio de contabilidade, mas que era uma pessoa extremamente inteligente e procurava se informar sobre tudo.

Certa vez, quando ele era deputado federal e eu era deputado estadual, saímos os dois de casa, para irmos a uma solenidade no Palácio dos Leões e no meio da conversa que mantínhamos no carro, ele me saiu com uma história hilária que muito bem representa o que acontece com a maioria das pessoas.

Me disse ele que uma das frases que ele achava mais inteligentes fora pronunciada por Júlio César. Eu e imagino que quase todo mundo só se lembra de uma frase de César, mas mesmo assim perguntei a ele qual era essa frase, louco para que ele dissesse outra. Mas qual nada! Ele respondeu em tom de brincadeira, como era do seu jeito bonachão, tentando arranhar um latim castiço: “Veni, vidi, vici.”, ou seja, “Vim, vi, venci.”.

Ocorre que não entendi por que falar aquela frase no contexto dos assuntos que estávamos conversando, perguntei a ele o porquê!

Ele, ao volante de seu fusquinha vermelho, virou um pouco para o meu lado e explicou: “Eu não suporto essas solenidades, palestras, jantares, coisas pomposas, só compareço por obrigação de ofício, por isso adaptei a frase de “julhinho” para essas ocasiões: Eu venho!…Chego, faço um ou dois estardalhaços, dou umas duas daquelas minhas conhecidas gargalhadas, faço dois giros pelo salão, um indo e outro voltando, cumprimento as pessoas que importam e dou no pé. Faço o mesmo que César – vim, sou visto, e venço no rumo da casa!”

Esse era o meu pai, cuja sabedoria inata, usava Júlio César como exemplo de vida, mesmo que em outro contexto.

“Papa mortuus est.”

Com o falecimento de Jorge Mário Bergoglio, o Papa Francisco, ocorrido hoje, dia 21 de abril de 2025, aumenta a intensa especulação sobre quem será o próximo pontífice da Igreja Católica. Diversos cardeais são considerados “papáveis”, cada um com suas características próprias e distintas, o que pode influenciar de forma favorável ou desfavorável a decisão do conclave.​

Para quem não sabe, conclave é como se chama o evento que marca a eleição de um Papa, como se viu recentemente em um filme que serve bem para esclarecer muito do que ocorre nos bastidores da eleição do mandatário dessa que é uma das mais antigas instituições do mundo.

Os principais candidatos à sucessão de Francisco, em ordem alfabética, sem nenhuma conotação de primazia política ou eleitoral, são:

Jean-Claude Hollerich (Luxemburgo, 66 anos)
Arcebispo de Luxemburgo e presidente da Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia, Hollerich é visto como um moderado com forte presença política europeia. ​

Luis Antonio Tagle (Filipinas, 67 anos)
Ex-arcebispo de Manila e atual prefeito do Dicastério para a Evangelização, Tagle é carismático e representa a crescente influência da Ásia na Igreja. Sua eleição marcaria a escolha do primeiro papa asiático.

Matteo Zuppi (Itália, 69 anos)
Arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana, Zuppi é reconhecido por seu trabalho em questões sociais e mediação de conflitos, como a guerra na Ucrânia. Sua abordagem pastoral e progressista o torna um forte candidato. ​

Peter Turkson (Gana, 76 anos)
Conhecido por seu trabalho em justiça social e desenvolvimento humano, Turkson seria o primeiro papa africano em mais de mil anos. No entanto, sua idade pode ser um fator limitante. ​

Pierbattista Pizzaballa (Itália, 59 anos)
Patriarca Latino de Jerusalém, Pizzaballa possui experiência significativa em diálogo inter-religioso, especialmente no Oriente Médio. Sua eleição poderia reforçar a presença da Igreja em regiões de conflito. ​

Pietro Parolin (Itália, 70 anos)
Atual Secretário de Estado do Vaticano, Parolin é conhecido por sua vasta experiência diplomática e proximidade com Francisco. É visto como um moderado capaz de manter a continuidade das reformas iniciadas pelo papa anterior. 

Robert Sarah (Guiné, 79 anos)
Ex-prefeito da Congregação para o Culto Divino, Sarah é uma figura conservadora respeitada. Sua eleição agradaria setores tradicionais da Igreja, embora sua idade também seja um obstáculo.

A escolha do próximo papa dependerá de diversos fatores, incluindo a direção que os cardeais desejam para a Igreja: continuidade das reformas de Francisco, retorno a uma abordagem mais conservadora ou uma nova perspectiva vinda de regiões em crescimento no catolicismo, como África e Ásia. A diversidade de candidatos reflete a universalidade da Igreja e os desafios contemporâneos que ela enfrenta.

O fato de não haver nesta disputa representantes da região onde mais se concentra a população adepta da religião católica, a América Latina, é um sintoma curioso nesta eleição.

Poder não é para quem tem, poder é para quem sabe

Meu eu pai, o deputado Nagib Haickel, ex-presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, costumava repetir corriqueiramente, a frase título deste texto e ela  sempre me pareceu expressar uma verdade extraordinariamente poderosa.

Sempre que meu pai discursava para seus eleitores da região do Vale do Pindaré, ou mesmo em outros lugares, principalmente pelo interior do Maranhão, ele repetia essa frase, e ele a dizia para justificar que mesmo tendo ele pouco poder de decisão e pouca influência política, ainda assim fazia com que as melhorias e o progresso chegassem até às regiões que ele  representava e ao povo que o apoiava, pois o conhecimento que ele tinha dos problemas que aquelas pessoas enfrentavam e das necessidades que elas tinham, possibilitava com que ele buscasse a ajuda de quem, com mais poder que ele, mais bem posicionado que ele, pudesse ajudá-lo a resolver tais situações.

​A frase “Poder não é para quem tem, poder é para quem sabe” poderia ser atribuída a diversas figuras proeminentes da filosofia ou da política, mas não é possível se estabelecer sua autoria claramente. Essa frase reflete uma ideia recorrente em reflexões sobre liderança e autoridade: o verdadeiro exercício do poder está ligado ao conhecimento e à sabedoria de utilizá-lo, mais do que à mera posse de autoridade.​

Essa perspectiva é explorada por diversos pensadores. Por exemplo, o filósofo francês Michel Foucault discute em suas obras como o poder está intrinsecamente ligado ao saber, sugerindo que o conhecimento é uma forma de poder e que o poder é exercido através do conhecimento. Em seu livro Microfísica do Poder, Foucault afirma que o poder não está apenas nas instituições, mas nas relações e práticas cotidianas, sendo o saber uma ferramenta fundamental para o exercício do poder .​

Além disso, a frase “Saber é poder”, atribuída a Francis Bacon, reforça a ideia de que o conhecimento é a base para o exercício eficaz, eficiente e efetivo do poder .​

Acredito que meu pai não teve notícia sobre os pensamentos de Foucault ou de Bacon.

Portanto, a autoria dessa frase deve ser atribuída a Nagib Haickel, mesmo que ela encapsule uma visão de campos nos quais ele tinha pouco conhecimento, filosofia e sociologia, mas também de um outro campo no qual ele era autodidata, a política. Meu pai sabia que o poder efetivo está ligado à capacidade de compreender e aplicar o conhecimento de forma sábia, de trilhar caminhos por onde apenas o conhecimento e tudo aquilo que ele é capaz de agregar, pode trazer de benefício para realização de seus intentos.

Tudo isso enriquece ainda mais o significado da frase e faz com que ela se torne um símbolo da prática política de Nagib Haickel: agir com inteligência estratégica, sensibilidade social e senso de dever público, mesmo diante de limitações de seu poder formal.

Como somente as pessoas com mais idade conheceram meu pai e sabiam como ele pensava e agia, é importante que se diga para aqueles que não sabem de sua história, que ele não tinha instrução formal, só cursou até o segundo ano do ensino médio do curso de contabilidade e morreu três meses antes de completar sessenta anos, mas mesmo assim construiu e manteve empresas comerciais por 40 anos e elegeu-se deputado estadual e federal em cinco mandatos.

A frase título deste artigo, é para minha vida um mantra.

Um paradigma de caos

Nuclear Explosion With Orange Mushroom Cloud

Pessoas que se imaginam inteligentes, mas na verdade só são malacas, têm usado resultados de pesquisa sobre opinião pública quanto a aprovar ou não a anistia para os vândalos de 8 de janeiro de 2023, no sentido de dizer que a maioria da população desaprova tal medida, mas não é assim que devem funcionar as tomadas de decisões, pois se assim o fosse não se precisaria dos poderes da república, mas de um grande instituto de pesquisa!

Vejam bem!… Se fizerem uma pesquisa para saber se as pessoas desejam que não haja mais a cobrança de impostos, imagino que o percentual favorável a extinção dos impostos seja próximo de 100%, e nem por isso se deve ou se pode acabar com o recolhimento de impostos. Existe uma organização constitucional exatamente para isso e existe um poder legislativo que executa essa função. Ele existe para ouvir, filtrar, traduzir e operacionalizar os anseios do povo, da melhor maneira, que for viável e possível.

O Brasil se encontra num dos piores momentos de sua existência, e isso se deve à extrema e exacerbada politização de todos os assuntos em nosso país, e à descontrolada polarização da vida nacional, principalmente da política partidária e ideológica, agravada pela completa falta de tato e de respeito das autoridades dos três poderes, marcantemente do poder judiciário, para com o funcionamento normal, regular, republicano e democrático de nossas instituições.

Quanto ao mérito da anistia, a princípio eu sou contra, pois acredito que se a processualística nos julgamentos desses réus tivessem transcorrido de maneira correta a anistia não seria necessária. Vândalos depredadores do patrimônio público seriam processados pelos crimes que realmente cometeram e apenados conforme prevê a legislação, e não haveria necessidade de anistia. Como essas coisas transcorreram da forma errada e os responsáveis não têm a capacidade de reconhecer isso e sanar os erros cometidos, só resta o caminho da anistia.

Recentemente Fernando Gabeira fez um comentário exemplar sobre o que está acontecendo que eu penso que todos deveriam ver e ouvir, ao qual eu faria apenas um pequeno adendo: os erros nos julgamentos dos vândalos de 8 de janeiro aconteceram de forma consciente e proposital por iniciativa do ministro Alexandre de Moraes e corroborado depois pelos demais ministros do STF.

Assistam a fala de Gabeira neste link, e vejam como é simples entender o que está acontecendo : https://x.com/GloboNews/status/1910524369685586273

Acredito ser importante dizer que não sou favorável que a anistia seja estendida a quem possa realmente ter atentado contra o sistema democrático, tentado dar um golpe de estado  e assassinar pessoas.

Aproveitando um assunto polêmico, gostaria de lincar este com um outro assunto igualmente polêmico: A cassação do mandato do deputado Glauber Braga no conselho de ética da Câmara dos Deputados.

A mim me parece que a pena atribuída a esse deputado, a quem eu particularmente considero asqueroso, foi desproporcional ao delito cometido. Penso que a pena mais apropriada para o caso dele seria a de suspensão, por 180 dias, de seu mandato e suas funções parlamentares.

Vejo no caso do Glauber o mesmo intuito de vingança e perseguição que ocorre em relação aos vândalos de 8 da janeiro de 2023, sendo que um é atacado pela direita e os outros são atacados pela esquerda, com a ajuda desigual do sistema judiciário.

Mesmo sendo eu um escritor e roteirista acostumado a dar vida a personagens e desenvolver textos literários e cinematográficos, muitos deles ancorados em fatos reais de nossa história, confesso que não consigo imaginar um bom enredo como desfecho para todo esse caos.

A mão e o Flagrum Romano

Eu sou contra a anistia!

Acredito na lei, na ordem e na justiça. Acredito que todo aquele que comete um crime deve ser processado, julgado e sentenciado, mas é imperativo que tudo isso aconteça dentro do devido processo legal e respeitando o pleno estado democrático de direito. As pessoas devem responder pelos crimes que realmente tenha cometido e não por crimes que um inquisidor desvairado, que é ao mesmo tempo vítima, investigador, acusador e juiz, escolheu para elas. Um criminoso deve obrigatoriamente ser processado e julgado no foro adequado e os direitos dele não podem ser desrespeitados de forma e de maneira alguma.

Sou contra essa anistia! Sou a favor é de uma enérgica revisão dos julgamentos eivados de irregularidades e prevaricações, respaldadas por brechas e firulas jurídicas, como o ativismo judicial, a jurisprudência criativa e o tal livre convencimento motivado, que são usados para justificar muitas das barbaridades que têm sido cometidas.

É inaceitável que em processos que correm na mais alta corte de justiça de nosso país, não haja a indispensável individualização das condutas, que haja desrespeito as prerrogativa dos acusados, que mendigos, pipoqueiros e sorveteiros sejam presos e até condenados por golpe de estado, apenas por estarem presentes, comercializando seus produtos, em uma manifestação que descambou para o vandalismo, injustificável, que deve ser condenado por todos e devidamente punível.

Toda minha defesa é quanto aos participantes presenciais das ações de visível e comprovado crime de depredação do patrimônio público. Não dedico um único movimento de ventilação pulmonar em defesa daqueles que podem ter participado de um planejamento ou tentativa de golpe de estado. Penso que se ficar comprovado, de forma cabal, correta e imparcial, a existência de tentativa de golpe de estado, que os responsáveis por esse crime, devem ser devidamente punidos, respeitando todos os procedimentos legais, de forma imparcial, sem uso de viés ideológico e na forma da lei.

Vejo apenas três caminhos possíveis para superarmos os problemas que enfrentamos: 1 – A aprovação de anistia aos vândalos e as pessoas acusadas injustamente por crimes maiores, que não os cometeram, sem que essa anistia possa ser estendida a possíveis idealizadores de uma tentativa de golpe de estado. 2 – O STF reconhecer os abusos cometidos e promover uma revisão dos julgamentos e das penas surgidas deles. 3 –  Não acontecer nada, nem anistia, nem o que seria o correto, nem as revisões dos processos, o que fará que nosso país continue muito dividido e tenso.

Acredito que nada disso ocorrerá. No primeiro caso porque os defensores da anistia, não a querem realmente para que a justiça seja feita em relação aos injustiçados, e no segundo, porque os ministros do STF, não desejam fazer justiça, desejam apenas punir os vândalos de 8 de janeiro de 2023, para que essas punições fiquem de exemplo, além do que, eles desejam ameaçar aqueles que pensam de forma diferente deles.

No final das contas estão todos errados. São todos uma vergonha para o povo brasileiro, tantos aqueles que estão do lado do cabo do Flagrum Romano, quanto aqueles que estão do lado das pontas dele, em uma ou em outra narrativa.

Vamos falar um pouco sobre Donald Trump

Vou começar nossa conversa sobre Trump convidando você a assistir ao sensacional filme “O Aprendiz”, título que nos remete a fazer uma ligação automática ao programa que esse sujeito alaranjado manteve na TV americana. Esse ótimo filme nos apresenta aquele que de certa forma foi o professor e um dos maiores apoiadores de Trump em suas primeiras peripécias no mundo dos negócios, principalmente os mais obscuros: Roy Cohn.

Depois de assistir a esse filme você certamente vai entender muita coisa sobre este sujeito que adora fazer biquinho enquanto fala. Coisas que vai levá-lo a saber aspectos importantes da situação em que os Estados Unidos e indiretamente o mundo se encontra.

Não vou escrever um texto muito longo sobre o assunto Trump, pois ele de certa forma é maçante e polêmico demais, pois DT é uma persona que gera grandes sentimentos, ou muito negativos ou bastante positivos, e falar de gente assim acaba sendo chato.

Vou dizer apenas algumas coisas que acredito serem interessantes sobre ele. Por exemplo, que ele já teve, até hoje, 6 pedidos de recuperação judicial de algumas de suas empresas, aquilo que comumente se conhece pelo nome de falência. Foram elas O Trump Taj Mahal (1991),  Trump Castle (1992),  Trump Plaza Hotel (1992), Trump Plaza Casino (1994),  Trump Hotels and Casino Resorts (2004) e o  Trump Entertainment Resorts (2009).

Nos Estados Unidos esse dispositivo que é conhecido pelo nome de Chapter 11 Bankruptcy é um recurso jurídico que permite às empresas se reestruturarem financeiramente enquanto continuam operando.

Depois da execução das medidas decorrentes dessas ações, Trump continuou suas atividades, pois a legislação americana protege a pessoa física contra as possíveis falências empresariais, mas ele também mudou mais o foco de seus negócios, passou a licenciar seu nome e focar em marcas e imagem, em vez de administrar diretamente empreendimentos de alto risco.

No que diz respeito ao político Donald Trump, acredito que ele seja a prova viva de que nos Estados Unidos da América, qualquer um, qualquer um mesmo, pode vir a ocupar o cargo mais importante do país.

Trump é uma aberração política, ele não tem nenhuma capacidade de realmente exercer o mínimo de excelência em um cargo político. Ele é apenas e tão somente um produto de marketing, bem trabalhado, empacotado e vendido a um preço muito maior do que seu real valor venal.

O fato de Trump ser mais aceitável que Joe Biden ou Kamala Harris, não é por ele ser bom, é por Biden e Harris serem ruins e talvez nem sejam muito pior que ele, mas ele é mais “vendável”.

O que Trump vem fazendo nesses primeiros meses de seu segundo mandato presidencial se parece muito com o que faria um empresário poderoso, mas extremamente bravateiro e trapalhão.

Ele está improvisando falas, sugerindo negócios absurdos e esdrúxulos, que vistos sem a devida atenção e com o imenso medo do qual as pessoas são acometidas por se tratar de quem se trata e de ser o país que é, é que pelo menos por enquanto, as coisas estão dando um pouco mais certo do que errado, e até o que dá errado, tem sido de alguma forma consertado.

Donald Trump é um imenso risco para todos nós, mas as vezes penso que qualquer pessoa que se sente naquela cadeira, naquela sala ovalada, se configura em um grande risco para todos.

O meu maior medo quanto a pessoas como Donald Trump é que pelo fato de estarem num lugar tão alto, de se levarem tanto a sério, de não terem a fútil ambição de deixar um legado do qual possam vir a se orgulhar e a fazer os seus familiares e seus conterrâneos se orgulharem, eles possam acabar por fazer alguma coisa muito ruim para todos.

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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