Eu tentei!

 

Tentei!… Bem que eu tentei, mas não consegui!

Deixe-me explicar. Desde meados do ano passado venho sendo procurado por diversos candidatos a prefeito e a vereador, para que eu me incorpore às suas campanhas políticas, para que eu participe da coordenação de algumas delas, para que eu frequente comitês, que dê sugestões, que faça propostas para planos de governo… Eu bem que tentei, compareci a algumas reuniões, conversei com algumas pessoas, fui até em convenção, mas acredito que algo dentro de mim tenha se quebrado. Se não quebrou, emperrou de forma aparentemente definitiva.

O fato é que eu não consigo mais me aproximar da prática política concernente ao seu estágio de eleição. O sistema eleitoral brasileiro está extremamente desvirtuado, fato que tem me causado profundo desconforto.

Mas o que será mesmo que tanto me desestimula a participar de uma campanha eleitoral, afinal de contas eu fiz isso durante 40 anos de minha vida, quando participei de 20 eleições, uma a cada dois anos!

Pensando bem, acredito que seja pelo fato de eu não aguentar mais ouvir candidatos repetindo algumas promessas que eles têm consciência que são impossíveis de serem cumpridas, da mesma forma que não aguento mais ver eleitores que se empenham em extorquir candidatos que se deixam extorquir, aproveitando-se da fragilidade estrutural do eleitor e, agindo assim alimentam esse nocivo círculo vicioso.

Não aguento mais ver leis inócuas serem estabelecidas, tais como a proibição de distribuição de camisetas, mas a permissão de pagamento de pessoas para atividades em comitês e bandeiraços.

Veja bem! Não sou nenhum santo, não! Não sou hipócrita e quando um dia o fui, saiba que me sentia péssimo ao sê-lo e não gostaria de voltar a passar por isso em minha vida.

Não vejo como alguém possa ser um candidato vitorioso a algum cargo eletivo sem que esteja passível de se submeter à prática de uma simples falsidade ou hipocrisia, ou mesmo à prática de delito eleitoral ou comum. O sistema, infelizmente, quase obriga os candidatos a agirem assim.

É verdade que existem alguns amigos meus que eu gostaria que se elegessem, pois acredito que eles possam ser bons vereadores e prefeitos em seus municípios, mas daí a eu participar pessoalmente de suas campanhas!… Isso não dá mais não! Pelo menos não agora, com essas regras e com a desvirtuação que o mal uso delas imprimem ao sistema.

Candidatos como Zé da Folha em São Domingos do Maranhão, Cid Costa em Buriti Bravo, George Luís em Primeira Cruz, Zeca Brás em Altamira, Zuca em Buriti, Luís Fernando em Ribamar, Mauricio Almeida na Raposa, Gilberto Aroso no Paço, Valtinho em Benedito Leite, Roberto Costa em Bacabal, Alexandre Almeida em Timon, são alguns dos candidatos que penso possam ser bons prefeitos de seus municípios. Desejo que eles tenham sucesso em seus pleitos, e que não se esqueçam jamais do compromisso, não apenas com seus eleitores e cidadãos, mas com eles mesmos. O compromisso de tentar fazer o melhor possível para melhorar a realidade de seus municípios e das pessoas que neles vivem.

Da mesma forma há umas duas centenas de candidatos a vereador que penso, podem fazer um bom trabalho em benefício de suas comunidades.

Dito isso, me desculpo com todos os que me convidaram a participar de suas campanhas, por não ser capaz de operacionalizar as ações que esperam de mim. Minha atividade política se restringe, a partir de agora, a manifestações ideológicas e filosóficas, proferidas em artigos de jornais e mensagens nas redes sociais.

Eu sei, e todos sabem que não há como, uma pessoa como eu, deixar definitivamente a política, mas também devo ser honesto e dizer que não tenho como, pelo menos nesse momento, me dedicar a nenhuma campanha eleitoral.

Neste momento desenvolvo juntamente com um grupo de companheiros cineastas alguns projetos audiovisuais, dos quais não posso me distanciar minimamente. Espero em breve apresentar a vocês e a todo o público maranhense e quem sabe até brasileiro, o resultado dos belos trabalhos que estamos realizando no Polo de Cinema Ficcional, Documental e de Animação do Maranhão. Vejam o link: www.youtube.com/watch?v=MO7964hX-EE

 

PS: Quando relia esse texto me veio à mente outro motivo que acredito ser o que realmente me leva a não poder participar dessa eleição. É que a essa altura de minha vida, não devo mais me comprometer por ninguém. Não devo mais empenhar a minha palavra, a não ser por mim mesmo.

 

 

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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