Cinema e Justiça

Cinema e Justiça

Ontem compareci ao “Happy Hour Cultural” da Escola Superior da Magistratura do Maranhão (Esmam), onde conversei sobre o tema “Justiça e Cinema”. Como diz o título da palestra, falei sobre o fato do cinema frequentemente abordar temas referentes à justiça e ao mundo jurídico.

Comecei comentando sobre justiça ser um conceito abstrato, que se refere a um estado ideal de interação social, onde deve haver equilíbrio entre os interesses em questão. Que a ideia de justiça está presente nos estudos não apenas do direito, mas também da filosofia, da ética, da moral e até mesmo da religião.

Ressaltei que as concepções e aplicações práticas da justiça variam de acordo com o contexto social onde ela é praticada. Que ela é comumente alvo de controvérsias entre pensadores e estudiosos, e para que ela ocorra precisa ser parametrizada por um conjunto de leis que servem como normas de conduta e convivência, que variam de sociedade para sociedade.

Depois entrei direto no cinema, a quem, sem dizer novidade, chamei de sétima arte, uma vez que ela é posterior às seis artes clássicas: música, teatro, pintura, escultura, arquitetura e literatura. Disse também que ela é a união de todas as artes anteriores, pois o cinema se apropria da literatura no roteiro, do teatro na interpretação dos atores, da música em suas trilhas sonoras, e da pintura, da escultura e da arquitetura, em suas ambientações e cenários. Some-se a isso o uso das mais modernas tecnologias de fotografia e filmagens, o que transforma o cinema não apenas na arte mais completa, como naquela que atinge maior público e congela o tempo.

Disse-lhes que o cinema pode ser utilizado como veículo de informação, como nos casos dos célebres cines jornais; de educação, na transposição de obras literárias e teatrais; de arte, como na criação de linguagens próprias do cinema; como entretenimento, quando se apresenta pura e simplesmente como lazer; e como indústria, quando ficam patentes os inúmeros recursos utilizados em suas realizações.

Dito isso, passei a discorrer sobre os cinco filmes que escolhi especialmente para exemplificar como o cinema se utiliza do assunto justiça, e fiz comentários sobre essas maravilhosas realizações, sempre demonstrando como o cinema serve de veículo para a difusão da ideia de justiça.

“Doze homens e uma sentença” conta a historia de um julgamento de um jovem que é acusado de ter matado o pai. Ironicamente o foco do filme não é o crime ou o criminoso, mas os 12 homens que vão julgá-lo e as reações desses homens no processo de julgamento.

“Testemunha de acusação”, que conta com um elenco estrelar, serve para Agatha Christie demonstrar mais uma vez ser de uma genialidade inigualável ao engendrar uma trama onde uma testemunha aparentemente hostil a um réu, na verdade serve para livrá-lo de uma pena capital.

“O vento será sua herança” traz à baila um fato verídico ocorrido nos anos de 1910, no sul dos Estados Unidos. Uma discussão jurídico-religiosa sobre o ensinamento da teoria evolucionista nas escolas. Um tema eletrizante, capaz de fazer com que ninguém pisque na sala de exibição.

“Filadélfia” trata do desrespeito ao direito à opção sexual e os consequentes preconceitos advindos desse fato, tudo isso num momento obscuro da vida de uma sociedade hipócrita, que se vê obrigada a conviver com uma doença avassaladora.

Por fim, “O povo contra Larry Flynt”, baseado em fatos reais da vida do editor de uma revista masculina que resolve defender com unhas e dentes o direito contido na primeira emenda à Constituição americana, que garante o direito à informação e à opinião, temas muito polêmicos, fronteiriços dos direitos das pessoas envolvidas em casos desse tipo.

Todos estes filmes imperdíveis!

Acredito que quem compareceu, gostou da palestra.

 

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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