Propaganda e Pesquisa

A análise e a previsão de cenários políticos podem não parecer importantes para algumas pessoas, mas possibilitam a antevisão e a preparação de ações para consubstanciar ou prevenir aquilo que possa vir a acontecer, podendo ser de crucial importância para o sucesso ou o fracasso de um projeto.

As pesquisas qualitativas e quantitativas são instrumentos de enorme importância para que se tenha uma visão clara e cientifica, não só do cenário, mas também das possíveis modificações que possam vir a acontecer.

Nem todo mundo está capacitado para entender e dominar esse poderoso instrumento de informação e conhecimento. Por outro lado há aqueles que as usam como mero instrumento midiático de propaganda.

Confesso que eu não sou a melhor pessoa para analisar uma pesquisa, pois não tenho o conhecimento técnico adequado para isso. Entretanto, por viver há tanto tempo no ambiente político, sou capaz de perceber pontos de convergência e de incongruência em uma pesquisa. Somando isso ao conhecimento prático dos cenários eleitorais e do ambiente político, sou capaz de olhar uma pesquisa e saber quando ela faz sentido e quando ela é uma mera peça de propaganda.

Mesmo sem acesso a pesquisas, faço análise de cenários já faz muito tempo, usando como principal ferramenta as informações que coleto, uma mercadoria que eu trato de checar, pesar e contrabalançar de forma a extrair delas a maior confiabilidade possível.

Na análise de cenários políticos, bem como de qualquer outro tipo, como econômico ou social de qualquer natureza e para qualquer fim, o analista precisa, o mais possível, abstrair as suas crenças pessoais, as suas vontades, os seus pontos de vista, coisa que é muito difícil de conseguir, por causa de nossa indissociável condição humana.

Dizem que os melhores analistas são os mais cartesianos e matemáticos, verdadeiras almas sherloquianas, capazes de dissecar os fatos e ver através das evidências de forma totalmente fria e desapaixonada. Concordo em parte com isso, mas um pouco de inteligência emocional, de conhecimento psicológico, entendimento sociológico, até de informações antropológicas e análise econômica, são de suma importância para que se chegue a um resultado o mais perto possível da verdade, e não apenas de um mero ponto de vista.

Sobre pontos de vista e verdade, é bom que se diga que o primeiro tem um valor imobiliário, pois depende do local onde seu agente se encontra. Já a verdade, essa pode ser ou não vista de qualquer lugar que esteja ele.

Alguém poderia dizer que o fato de eu ser ligado a um dos lados envolvidos na disputa política do Maranhão me desqualifica como um analista confiável, mas quem se der ao trabalho de ler as análises que eu fiz antes e as que eu tenho feito verá que não poupo ninguém, que não coloco panos quentes em quem quer que seja, que eu aponto, independentemente do agente, os erros de cada um e de todos.

Sobre as recentes pesquisas, o que posso dizer é que a realizada pela Exata, é apenas e tão somente uma peça de propaganda contratada pelo governo. Quanto a da Vox Populi, mais confiável, apresenta todas as deficiências características de um levantamento feito a pouco menos de um ano da eleição. Ela mostra apenas a tendência das intenções do eleitorado. Reflete o sentimento do eleitor maranhense, tendo por base o que está acontecendo neste momento, o que não pode também ser visto como uma verdade imutável, pois outras e decisivas ações irão definir o que acontecerá no dia da eleição.

No entanto, uma coisa é possível dizer-se com alguma certeza. Se o quadro permanecer assim e se todos os candidatos postos até aqui continuarem candidatos, a eleição só será decidida no segundo turno. Quanto à disputa do Senado, acredito que pela primeira vez na nossa história, os eleitos pertencerão a grupos políticos diferentes.

 

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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