Voto triste

O momento de votarmos se aproxima e nossa responsabilidade para conosco mesmo, para com nossa família, para com a sociedade em que vivemos, para com nosso estado e nosso país cresce a cada minuto e essa responsabilidade deve ser decisiva em nossa escolha, pois quatro anos é tempo demais para suportarmos as consequências de um erro.

Votando em presidente da República e governador, em deputados estadual, federal e senadores, estaremos passando para os nossos escolhidos, em primeira instância, e para os eleitos em última, uma procuração com prazo de validade de quatro anos (oito no caso dos senadores) para que estas pessoas decidam por nós os caminhos e os rumos de nossas vidas e das instituições estatais de nossa sociedade.

Fico pensando!… Será que nós estamos realmente conscientes da importância do voto!? Será que as pessoas sabem o que é cada tipo de posicionamento em relação ao ato de votar!? O que é o voto em branco, o voto nulo, a abstenção!? Será que somos realmente capazes de avaliar real e conscientemente as opções que nos são apresentadas e pesar os impactos que cada uma das possíveis escolhas poderão acarretar nas nossas vidas, individual e coletivamente!?

A minha resposta a todas essas perguntas é: NÃO! Nós não estamos preparados para fazermos uma escolha consciente de nossos representantes. Mas este não é o maior problema. Maior que este problema é o fato de outros estarem prontos para escolher por nós quem nos governará, e essas pessoas fazem isso pelos mais diversos motivos, bons e maus!

Nós votamos em alguém basicamente por três motivos: porque o conhecemos e confiamos nele; porque acreditamos em seus princípios, propósitos e em suas propostas; e porque ele pertence a um partido que defende uma ideologia com a qual simpatizamos e defendemos. Há uma quarta razão para que alguém vote em um candidato. Ela é repugnante, mas existe e não é incomum. É o voto em troca de algum benefício pessoal e financeiro. Este voto é enquadrado como crime eleitoral.

Quando lembro que passei 36 anos de minha vida, envolvido na política, entre mandatos de deputado estadual, federal e secretário de estado, vejo que nem todo esse tempo fez com que eu me acostumasse com algumas práticas desse setor. A hipocrisia é uma dessas práticas. Algumas vezes o político é obrigado a ser hipócrita e neste quesito eu nunca fui bom, por isso talvez não tenha tido mais sucesso nesta carreira. Ser mentiroso é outra prática comum na política. Não vou aqui ser hipócrita e dizer que eu jamais menti. Se não tivesse mentido em algumas ocasiões não teria sobrevivido a um mandato!…

Por ser um mentiroso ruim desenvolvi um método capaz de fazer a verdade substituir a mentira de forma contundente, utilizando uma técnica desarmadora da mentira e da consequente hipocrisia que ela acarreta, utilizando a franqueza! Desde o primeiro momento eu estabelecia as regras fundamentais para o sucesso dos relacionamentos com as pessoas, grupos ou entidades, com quem eu tivesse que conviver politicamente. Entre elas havia uma sobre a qual fiz minha fama e estabeleci o respeito que até hoje eu desfruto no mundo da política do Maranhão: “Aquilo que é combinado, dentro de parâmetros morais e éticos, não é caro e deve ser cumprido. Ninguém é obrigado a aceitar um acordo, mas tendo aceitado, se obriga a honrá-lo. Você pode até não cumprir um acordo que tenha sido acertado, desde que haja uma repactuação satisfatória”.

Olho a política e vejo que esses valores não mais existem. É bem verdade que eles sempre foram raros, mesmo em tempos idos, mas esses tempos atuais, mais intolerantes, são nocivos a valores como esses.

Vou sair de casa neste domingo pra votar e farei isso da forma mais responsável e consciente que eu puder, mas preciso confessar que não estou feliz, pois gostaria que entre os candidatos apresentados para governar o meu estado e o meu país, tivessem nomes melhores e realmente viáveis, que nos dessem mais esperança de termos um futuro melhor.

Neste domingo, vou votar nos candidatos que segundo minha análise, são os que existem de menos pior para nos governar.

 

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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