Celso Antônio, brasileiro.

Nada sabia sobre Celso Antônio de Menezes. Muito pouca gente sabe sobre ele. Desde que tomei conhecimento de sua incrível história, tive vontade de realizar um documentário que possibilitasse às pessoas conhecerem esse gênio da arte brasileira, que nasceu na cidade de Caxias, no Maranhão.

Realizar este filme passou a ser uma de minhas metas. Comecei a procurar por Celso Antônio, a pesquisar tudo o que dissesse respeito a ele e o livro de Eliezer Moreira sobre Celso foi o estopim. Joaquim Itapary, sabendo de meu interesse, passou-me o endereço de um site de leilões de obras de arte e lá arrematei todas as peças do escultor que estavam disponíveis. Saí comprando tudo que pude encontrar, feito por ele.

Era minha intenção doar o acervo que adquiri, inclusive, parte dele da família de Celso, para o governo do Maranhão, para que ele colocasse em exposição permanente em um espaço dedicado às artes de nossa terra, mas o governo não se mostrou sensível a essa ideia.

As pessoas costumam valoriza pouco as funções de produtor executivo, de produtor, de diretor de produção… Isso é um grande erro. Nenhum diretor pode fazer bem o seu trabalho se não tiver por trás de si bons produtores. Sabendo disso resolvi escalar meu parceiro Joan Carlos Santos, da produtora Play Vídeo, para produzir comigo este filme que resgatará a história deste gênio esquecido de nossa arte.

Precisávamos de um diretor detalhista, minucioso, que beirasse a chatice no esmero da narrativa da história. Precisava de um poeta do cinema. Alguém que soubesse intercalar silêncio e som, longas sequências imagéticas com os necessários depoimentos que compusessem a tela que retrataria a nossa história. Afortunadamente eu tinha esse diretor. Beto Matuck, da Matuck & Yamaji Filmes, meu parceiro de muitos, grandes e bons projetos foi a escolha perfeita.

Essas três empresas integrantes do Polo de Cinema do Maranhão, a Play, enquanto proponente do projeto, a M&Y, se responsabilizando pela direção artística e a Guarnicê, na produção executiva, se valeram do indispensável apoio do MAVAM para realização deste filme, que temos certeza será um marco na história do cinema e das artes do Maranhão.

O filme Celso Antônio, brasileiro, é um sobrevoo sobre a trajetória do escultor maranhense Celso Antônio de Menezes, que viveu entre 1896 e 1984 e participou intensamente do movimento modernista, juntamente com Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Manuel Bandeira, entre outros, mas apesar de aclamado como um importante artista de vanguarda, sua obra é hoje refém do desconhecimento.

Nosso documentário refaz o caminho do escultor, investigando o que teria provocado o seu declínio e impedido que sua obra ficasse registrada mais profundamente no cenário das artes brasileiras.

Duas passagens são as mais controversas na vida do nosso personagem. A primeira, no governo Vargas, quando o renomado arquiteto francês Le Corbusier, que era amigo de Celso Antonio desde quando este morava em Paris, o convidou para fazer uma estátua que deveria ficar em frente ao prédio sede do Ministério da Educação… A obra se chamaria O homem brasileiro. Assistam ao filme e descubram o que aconteceu.

A outra grande polêmica foi quando, no governo do presidente Dutra, o escultor foi convidado para fazer uma escultura que simbolizasse o nosso trabalhador. Ela seria colocada em frente ao Ministério do Trabalho, no Rio de Janeiro.

Nesta imensa escultura em granito Celso Antônio usou como referência a figura de um homem mulato, atarracado, de feições fortes, com as mãos para trás, o que por si só fez da obra objeto de polêmica em torno de como deveria ser representado o tipo racial brasileiro. Dias após e inauguração a escultura foi retirada de seu local, sendo transferida para um parque em Niterói e caiu no esquecimento.

Um dos objetivos deste filme é sensibilizar o governo do Maranhão para que faça tratativas no sentido de trazer essa obra para São Luís e colocá-la em um local onde possa ser admirada por todos.

O lançamento de Celso Antônio, brasileiro será neste sábado, 27 de julho, às 10 horas da manhã, no Cinépolis, no São Luís Shopping. A entrada é franca.

3 comentários em “Celso Antônio, brasileiro.”

  1. Ailton Tonni Castro

    Caro Joaquim, só hoje tive oportunidade de ler este seu texto, tratando desse maranhense, para mim, e acredito para tantos outros maranhenses, até então desconhecido. Fiquei interessado em ver o filme “Celso Antonio, brasileiro”, mas procurando na programação do Cinepólis, não o encontrei. Gostaria de saber como fazer para conseguir esse objetivo.

    1. Meu caro Ailton,
      Este filme foi apenas lançado no Cinépolis. Ele agora vai participar agora do circuito de festivais, mas posso lhe presentear com uma cópia, assim que tiver disponível. Entrarei em contato com você por e-mail.

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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