Indignado pela indignidade

É indecente e criminosa a politização que está ocorrendo em torno da pandemia de coronavírus. É asquerosa a atitude de pessoas que aproveitam ocasiões de tamanha dificuldade para dar vazão a essa que é uma das mais torpes facetas da condição humana: a perfídia.

Utilizarem-se deste momento, em que enfrentamos essa avassaladora calamidade, onde todos estamos sujeitos a adoecer e alguns até a morrer, para tirarem vantagem política ou denegrir adversários, é algo ultrajante e inaceitável.

Os canalhas que fazem esse tipo de coisa estão sendo observados, e mesmo aquelas pessoas de pouca percepção, são capazes de reconhecer quem joga com suas vidas.

É igualmente inadmissível gestores públicos idiotas não serem capazes de se comportar com a devida e necessária civilidade, urbanidade e decoro, ainda mais em um momento como esse. Muito grave também é o que acontece com a imprensa, onde jornalistas tomam posições ideológicas e partidárias, colocando em segundo plano o bem comum.

Exigir-se inteligência emocional de quem não a possui talvez seja demais, mas ter-se a inteligência comum, aquela que nos faz entender como funciona uma operação simples de adição ou subtração, isso é indispensável. Sem essa inteligência mínima, somos completamente descartáveis, principalmente neste momento de crise.

O que se espera é que todos deem vazão à honra e à nobreza que deve habitar em algum canto obscuro, até mesmo da criatura humana mais desnaturada que vaga sobre esta condoída terra.

Estou enojado com o que tenho visto e posso garantir que o que vi até aqui me faz crer que ninguém está inocente das acusações.

A responsabilidade de um governante numa hora dessas ultrapassa o limite da mera representatividade eleitoral e política. Ela passa a extrapolar os limites da obrigação legal e a se estabelecer como questão de posicionamento social e humano.

A macroeconomia, lato sensu, e individualmente os sistemas econômicos mais simples, que vão das empresas de maior porte até as empresas individuais, atingindo o cidadão comum na ponta mais distante desta cadeia, não pode ser de forma alguma esquecida, mas também não pode ser o item mais importante neste momento.

Quando eu era detentor de cargo público, como deputado ou secretário de estado, sempre chamei a atenção dos meus colegas e colaboradores para um dilema que bem representa a vida e a ação dos políticos de todas as esferas. O dilema da vaca e do carrapato.

Nele, algumas pessoas advogam que por existirem carrapatos, melhor seria não se ter vacas, enquanto alguns mais radicais defendem que se mate as vacas para acabar com a praga dos carrapatos.

Desculpem o exagero deste exemplo, mas ele se deve ao fato absurdo de existir pessoas incapazes de ver que cada caso possui no mínimo dois lados. Muitos casos possuem três, quatro, cinco… Uma infinidade de facetas que devem ser levadas todas em consideração. Imaginem no caso de uma situação como esta que estamos enfrentando agora!?…

Da mesma forma que o desastre que essa pandemia vai causar em nossas vidas a curto prazo, de forma pontual e particular, ela causará um incalculável e descomunal desastre econômico, que acarretará problemas gravíssimos de todas as ordens, em todas as esferas, de todos os setores da sociedade.

Mas uma coisa é certa! Os que não morrerem vítimas desta doença, sofrerão as graves consequências dela, e precisam estar preparados para isso. Sobreviver é possível, vejam o que aconteceu depois da peste negra, o que aconteceu durante e depois das grandes guerras, e em consequência das grandes quebradeiras e recessões pelas quais o mundo passou! Sobrevivemos!…

O que não é admissível é que os canalhas de um lado e jumentos de outro, tentem tirar proveito dessa calamidade para ganhar alguma coisa com isso, seja econômica ou politicamente. Isso é inaceitável!

A hora é de total desarmamento dos espíritos.

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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