Sarney 2022

Até mesmo nas sociedades mais avançadas da terra, nos países mais desenvolvidos do mundo, uma pessoa com 90 anos de idade, é considerada idosa, isso para ser politicamente correto e não se dizer que ela é uma pessoa velha.

Nessa idade a maioria das pessoas já está senil, muitos sofrem de doenças degenerativas, a memória funciona mal ou já nem funciona mais. Nessa fase da vida as pessoas tem dificuldade de locomoção, e já não mantém a mesma capacidade cognitiva.

Mas em nosso país há um homem que já passou dos 91 anos e que se mantém, dentro de seus limites, ativo e capaz de discorrer sobre os assuntos mais importantes da atualidade.

Estou me referindo a José Sarney, personagem cuja trajetória registrei recentemente em uma produção audiovisual realizada em dois capítulos, um dedicado ao escritor, José, e o outro tendo como objeto o político, Sarney.

Na série feita para ser exibida nas televisões do Maranhão, do Brasil e do mundo, falamos do autor de poemas, contos, crônicas e romances, sobre os quais não desejo comentar aqui.

Hoje quero falar sobre o Sarney político, homem de 91 anos, que pensa melhor que qualquer um com menos idade e mais agilidade que ele.

Na série José & Sarney, procurei deixar bem distintas as causas, as circunstâncias, seus desdobramentos e suas consequências, no que diz respeito ao escritor e ao político. Mas, em que pese ele se declarar preferencialmente escritor por vocação e político por destino, eu prefiro vê-lo como um político por natureza, que para não afundar no lodaçal de seu ofício, se banha diariamente na fonte da literatura e da cultura, até para manter a sanidade e a paz de espírito.

Por conhecê-lo de perto, posso afirmar categoricamente que Sarney não é nenhum santo, mas também com a mesma exatidão da afirmação anterior, garanto que entre todos os políticos brasileiros, não há nenhum mais capacitado para o correto e sábio exercício do poder.

Esta semana, Sarney, a quem muita gente ousou taxar de ultrapassado e até mesmo de gagá, deu mais uma demonstração de genialidade e lucidez, ao dizer em entrevista ao jornal Correio Brasiliense, que aquilo que nosso país mais precisa é de uma reforma política e eleitoral que possa fazer com que voltemos ao eixo, que nos leve de volta a um roteiro verdadeiramente democrático e desenvolvimentista, que nos afaste desta crescente radicalização, que nos leva a quase um estado de guerra, que se não é efetivamente beligerante, é uma guerra tácita, feita de bombardeios de corrupção, disparos de desrespeito, explosões de intolerância e rajadas de incapacidade de diálogo.

Ao defender a adoção do parlamentarismo, regime muito parecido com o que na prática já temos hoje em dia, pois o poder do Congresso Nacional em nosso regime presidencialista, claramente não condiz com ele, Sarney dá a senha para abrir a cela na qual nos encontramos trancafiados.

Além disso, defende uma radical reforma eleitoral, acabando com o famigerado voto proporcional, causador de deformações e desequilíbrios profundos em nossa representatividade política, e a adoção de voto distrital misto, que coloque o parlamentar realmente mais próximo de seus representados.

Aos 91 anos de idade, o nosso mais longevo político, foi deputado federal, governador de Estado, senador durante 40 anos, quatro vezes presidente do Congresso Nacional e presidente da República, se dá ao luxo de receber o presidente atual, os outros ex-presidentes da República, para longas conversas, as quais ele faz questão de não comentar, por respeito à liturgia do cargo, mas de quebra, em entrevistas como a citada, dá aula de bom senso, equilíbrio, sabedoria política e inteligência emocional.

Enquanto Sarney dá demonstração de lucidez e conhecimento de toda a situação nacional, apontando as melhores soluções e caminhos para atravessarmos essa complicada conjuntura, assistimos vários políticos, alguns até de peso, se perderem em contradições e em incoerências.

Sarney já foi tido como um político antigo, velho, ultrapassado, mas ele tem provado categoricamente que continua agora como estava no apogeu de seu poder.

Se perguntarem pra mim em quem eu votarei para presidente em 2022, eu direi sem titubear: Em José & Sarney, pois a existência do primeiro, torna possível o segundo ser quem é.

Veja a foto da ilustração deste texto, pense um pouco e analise qual dos últimos oito presidentes da república poderia ser a melhor solução para os problemas que enfrentamos hoje em nosso país.

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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