O signo da posição

Eu sempre disse e repito, a direita usa muito mal os meios de comunicação. A primeira coisa errada é o fato de se autointitularem “conservadores”, uma palavra que é antipática, sugere algo retrógado, antiquado, velho, chato, o contrário de “progressista”, que automaticamente nos faz pensar em algo moderno, revolucionário, jovem, dinâmico, inovador.

O pior nem é apenas o simples fato do uso equivocado da nomenclatura, mas o efetivo uso dos adjetivos que induzem o nome conservador, o que não identifica alguém que seja verdadeiramente de direita.

Midiaticamente o direitista é malvisto e o esquerdista se não é bem-visto, pelo menos é palatável. O direitista é sempre considerado alguém em boas condições financeiras, o que já subentende alguém que não deseja que ocorram mudanças para que as coisas melhorem para os menos favorecidos, enquanto os esquerdistas têm uma imagem de paladinos da justiça, de lutadores em favor de causas justas, que melhorem a vida das pessoas, ao ponto de até se sacrificarem por elas.

A verdade é que existem pessoas de posicionamento situado a direita do espectro político que fazem exatamente as mesmas coisas que as mais a esquerda, mas que, ou não sabem divulgar seu trabalho, ou ele é incluído no rol dos de esquerda, devido as características de suas ações.

Exemplos singelos disso são os de minha mãe e minha esposa, cada uma a seu modo. Minha mãe realiza diversas ações junto a comunidade cristã a qual pertence, voltada a melhorar a vida das pessoas, mas ela não é militante política, mas suas crenças a colocam do lado direito do planisfério ideológico. O mesmo ocorre com minha esposa que sendo uma liderança empresarial, realiza diversas ações no sentido de incluir mulheres, jovens e idosos, de forma engajada e consciente, no meio produtivo, no ponto de vista econômico e social, e de modo algum faz isso como uma militante de esquerda. Pelo contrário.

Eu mesmo, durante muitos anos tive vergonha de me declarar de direita, pois era bonito ser de esquerda, muitos de meus amigos eram de esquerda e os que eram de direita, falavam e faziam coisas que para mim eram reprováveis, não que eles fossem más pessoas, mas que não sabiam se colocar na cena política e simplesmente faziam o oposto dos esquerdistas, que era exatamente a coisa errada a ser feita.

Hoje, mais vivido e maduro, assumo minha efetiva posição e tenho orgulho dela, mas não admito que me rotulem pejorativamente como direitista, como um mero conservador, alguém que não luta por mudanças para patamares melhores, muito menos como alguém que aceita esse tipo de coisa.

Da mesma forma eu não colo automaticamente nos esquerdistas o rótulo de hipócrita, maniqueísta e sectário que é comum nos dessa latitude, até porque esses adjetivos podem muito bem ser encontrados no pessoal de direita, que agem como se tivesse sua imagem refletida em um espelho em relação aos seus postos, faz as mesmas coisas erradas que faz um esquerdista sem coerência ou o critério correto.

O mal não está em ser de esquerda ou de direita, mas naqueles que não agem sem aquilo que é indispensável para tudo na vida: Correção e honestidade em seus propósitos, coerência em suas ações, tolerância em sua convivência, respeito em seus relacionamentos, inteligência emocional, humildade e sabedoria para consigo mesmo e com todos. Coisas muito difíceis de serem encontradas simultaneamente e em quantidade suficiente em quem normalmente está envolvido com política.

Tendo essas coisas, não interessa de qual lado do espectro político que uma pessoa se encontra. Tendo isso, ninguém é de direita ou de esquerda. Quem é assim, quem tem esses predicados, adjetivos e substantivos, é um humanista, e sempre buscará o caminho do centro, da conciliação e do entendimento.

Já diziam quase todos os grandes pensadores, que o melhor caminho é sempre o caminho do centro.

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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