Nem Diderot

Em frente ao hotel que costumamos ficar em Paris, o Madison, em Saint Germain des Près, há uma estátua do filósofo e escritor iluminista, Denis Diderot, que junto com Jean le Rond d’Alembert, foi fundador e editor da Encyclopédie.

Diderot acreditava na RAZÃO como guia, da qual a filosofia deveria se alicerçar para desvendar a VERDADE e constituir um sólido conhecimento. Se eu pudesse diria ao filósofo o seguinte: “Denis, mon cherry, razão e verdade são duas das coisas que nós estamos muito necessitados atualmente, principalmente no Brasil”.

Como todos sabem, razão e verdade são coisas imprescindíveis em nossas vidas. Podemos até “dispensá-las”, não as buscar e não vivermos com elas, mas no final serão elas que sempre irão estabelecer aquilo que trazem em seus significados intrínsecos.

Ninguém vive sem razão e verdade. Elas não precisam ser visíveis, palpáveis ou mesmo sentidas, mas elas sempre estarão lá, em algum lugar.

Diderot não é um filósofo dos mais citados, mas sua teoria e a prática que ele estabeleceu, é parte elementar dos acontecimentos.

Razão e verdade são coisas que podem – e devem – ser contestadas, sempre de forma consciente, consequente e sadia, por isso mesmo a busca dessas coisas, deve ser feita efetivamente de forma racional e pragmática, baseada em fatos comprovados, e essa busca não deve e não pode jamais ser contaminada por dados inconfiáveis provenientes de paixões motivadas por conceitos ideológicos, por filosofias políticas ou por crenças religiosas. Acontecendo isso, não se chegará a VERDADE através da RAZÃO.

Atualmente no mundo e principalmente no Brasil, que vive uma imensa e tensa polarização política e ideológica, é impossível que se descubra a razão ou a verdade, nos restando apenas narrativas contaminadas por opiniões destorcidas, baseadas em crenças precárias, motivadas por paixões políticas que estabelecem narrativas e mitos que beiram a religiosidade, e com aspectos semelhantes aos que ocorrem com as paixões futebolísticas.

Em nosso país, Diderot iria ter muito trabalho para estabelecer a verdade através da razão, pois aqui todos querem ter razão e serem os donos inquestionáveis da verdade.

No final das contas, para pessoas como eu, cabe o papel de, apenas e tão somente, suscitar tais fatos, escarafunchar guardados recônditos, arrancar o carnegão de feridas não cicatrizadas e trazer à baila essas observações, que não buscam ter razão ou descobrir a verdade, pois pessoas como eu acreditam que a razão e a verdade acabam não sendo as coisas mais importantes. O que há de mais importante nisso tudo é o caminho que trilhamos, os fatos que acontecem durante esse trajeto, as pessoas que conhecemos durante essa jornada. O que há de mais importante é a busca em si. Essa é a razão da verdade. Buscá-la sempre.

Aproveitando o fato dos graves atentados que nossa democracia está sofrendo, causados pela censura estabelecida exatamente pelos órgãos que deveriam impedir que esse tipo de coisas acontecesse, os tribunais superiores de nosso judiciário, fica a pergunta: Com quem está a razão? Qual é a verdade que se estabelece com esses acontecimentos?

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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