O falastrão e o tirano

Na última terça-feira, dia 6, fiz uma postagem em minhas redes sociais intitulada “O falastrão e o tirano”, que reproduzo aqui, a seguir:

“Nas antigas histórias de heróis, do tempo em que eu era bem jovem e via nas atitudes justas, nobres e honradas as qualidades mais importantes, sempre havia um personagem falastrão e ignóbil, mas havia também um herói que parava o tirano e dava fim a injustiça e a usurpação do poder.


Acredito que o personagem falastrão e ignóbil, Jair Bolsonaro, já tenha sido confrontado com sua triste realidade, através do resultado absurdo e desastroso de suas próprias atitudes, só não tenho certeza se ele entendeu clara e realmente o que aconteceu.


Mas resta uma dúvida! Ainda não está claro para mim quem vai parar o tirano, usurpador do poder, Alexandre de Moraes!? Quem vai fazer com que o canalha respeite a Constituição do Brasil, que ele jurou defender quando assumiu o cargo de ministro de nossa Suprema Corte?”.

Houve três tipos de reações diferentes a minha postagem. Para minha satisfação, a maioria foi de pessoas que concordavam integralmente comigo, mas também houve quem se ofendesse por eu qualificar Bolsonaro como o fiz, e quem dissesse que eu estava errado ao dizer o que disse sobre Alexandre de Moraes.

Uma prima minha, revoltada pelo fato de eu ter chamado Bolsonaro de Ignóbil, disse que não admitia que ele fosse desrespeitado, logo por mim. Ela disse que ele é um líder popular que defende a liberdade, a pátria e a família, e como tal deve ser respeitado.

Eu respondi a ela que um verdadeiro líder deve se comportar de acordo com o decoro, deve ter uma conduta inatacável, deve ser imune a construção de narrativas que o fragilize e que consequentemente coloque em risco o destino de seus liderados. Que não agindo destas formas Bolsonaro estava claramente tipificado como o ignóbil que descrevi em minha postagem.

Uma senhora fez um comentário nesta minha postagem, dizendo que ela não conseguia entender como eu, uma pessoa tão inteligente, culta, consciente e coerente, um artista, poderia achar que Bolsonaro fosse apenas um ignóbil falastrão e ainda por cima taxar Alexandre de Moraes de canalha, pois ele na verdade seria o herói dessa história!

Eu respondi a ela que desde sempre deixei clara minha opinião contrária a postura temerária do presidente da república. Sempre o vi como o remédio amargo e ineficiente contra a grave doença que atacava e ainda ataca o nosso organismo nacional, ou seja, Lula, o PT e as ideias esquerdizantes de modo amplo e geral.

Disse-lhe que ela estava fazendo a mesma coisa que eu, só que da forma inversa. O que para mim era um remédio travoso e duvidoso, para ela era a própria doença. O que para mim era uma gravíssima enfermidade, para ela era a cura messiânica.

Reconheço que usei uma metáfora um pouco forte na tentativa de explicar àquela senhora o que estava acontecendo. Disse a ela que eu entendia e respeitava o fato dela lutar para não ser “estuprada” por Bolsonaro, mas que ficava perplexo e não conseguia entender o fato de que para se livrar de um “estuprador”, ela aceitava ser “estuprada” por outro, Alexandre de Moraes, ainda achava isso bom e correto, além dela não ser capaz de entender a gravidade das ações dele e de seus colegas do STF e do TSE, cometem contra o devido processo legal, o estado de direito e a Constituição Federal!

Ao final de tudo isso, mais uma vez me ficou a certeza de que estamos trilhando por caminhos muito difíceis e estamos atravessando tempos muito conturbados, que precisamos ser muito sábios para superarmos tudo isso de maneira satisfatória.

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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