Melhor que dinheiro

Comecei minha jornada na política em 1978, como assessor parlamentar. De lá para cá fui deputado estadual, deputado federal constituinte e secretário de Estado, voltando depois a ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa do Maranhão, mas desde janeiro de 2011, não sou mais político, pelo menos desses com mandato eletivo. Depois dali ainda exerci funções como secretário de esportes do Estado e de comunicação do Município de São Luís.

Ao todo foram 40 anos de vida pública, cujo saldo, em meu ponto de vista, acredito tenha sido bastante positivo.

Nunca perdi uma eleição; não trago nenhuma mácula moral ou ética no meu currículo; não cultivei inimigos e fiz nesse trajeto uma infinidade de bons companheiros e amigos, e até mesmo os poucos adversários que tive, sempre me trataram de forma respeitosa.

Estou comentando isso aqui hoje, pelo fato de mesmo sem manter nenhum cargo ou laço formal com os poderes constituídos, ainda sou procurado por pessoas, no sentido de ajudá-las a resolver algum assunto de seu interesse. Isso acontece não apenas comigo, mas com qualquer pessoa que tenha sido político, ou que mantenha algum nível de poder, mesmo que só informal ou aparente, como é o meu caso.

Mas a razão pontual e específica de abordar esse assunto, se deve ao fato de eu ter sido procurado por um amigo, no sentido de ajudar uma pessoa que precisava tratamento médico de urgência, pois corria risco de perder a vida se não fosse atendido imediatamente.

Não me lembro da última vez que eu tenha ficado atônito com um caso assim. O fato de não conhecer o secretário de saúde do Estado me deu certa sensação de obsolescência, e essa é uma sensação horrível, posso garantir a vocês.

Imediatamente, meu temperamento irreverente e brincalhão fez troça de mim mesmo e me fez pensar que se não conheço o secretário de saúde, conheço o chefe dele, que foi meu contemporâneo no Colégio Batista, e é um dileto amigo meu, mas resolvi não recorrer a COBF e pedi ajuda à um outro querido amigo, que ainda está na política e tem o instrumento necessário para ajudar as pessoas. Poder.

O senhor que precisava de tratamento urgente foi atendido e passa bem, graças à ajuda daquele meu bom amigo e das pessoas a quem ele deve ter acionado para resolver tal questão.

Quando soube do desfecho satisfatório do caso, vi que a sensação de estar ficando obsoleto é inversamente proporcional a de conseguir ajudar alguém, de fazer o bem para uma pessoa. Essa em minha opinião é a função principal do poder.

Esse acontecimento serviu para reafirmar uma das primeiras lições que aprendi na minha vida, e que já foi até tema de propaganda de um banco, no tempo em que eu ainda era criança. “Melhor um amigo na praça do que muito dinheiro no caixa”.

Muito obrigado, meu amigo ABF!…

1 comentário em “Melhor que dinheiro”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

Busca

E-mail

No Twitter

Posts recentes

Comentários

Arquivos

Arquivos

Categorias

Mais Blogs

Rolar para cima