As lições que ficam

Há trinta anos, quando meu pai morreu, não tive muito tempo para absorver, entender, nem sentir a falta que ele me faria, pois precisava fazer de tudo para minimamente tentar substituí-lo naquilo que fosse possível. Neste intento eu e meu irmão Nagib nos ajudamos naquilo que era possível e bem ou mal, conseguimos nos sair mais ou menos bem. Diria até que satisfatoriamente bem.

Hoje, passados esses trinta anos, foi mamãe que nos deixou, e ao contrário daquilo que sentimos com a morte de papai, o desamparo é imenso, diria que é total, pois se estávamos, eu e Nagib, e também as outras pessoas de nossa família, minimamente preparados para enfrentar os desafios que nos fossem apresentados na falta de Nagibão, o despreparo para enfrentar a vida sem a presença de mamãe é total.

Para se substituir o provedor, o lutador, o comerciante, o político e mesmo o pai e o amigo, bastava que trabalhássemos incansavelmente como ele fazia, que nos mirássemos em seus feitos e em seus ensinamentos silenciosos. Substitui-lo era uma questão de empenho e trabalho. Para substituir aquela que era a amálgama feita de amor, afeto, compreensão, doçura, carinho, aquela que era nosso escudo e nossa avalista divina, precisaríamos ter algo que sempre tivemos de graça, que jorrava dela como a luz do sol e o vento do mar. Substituir minimamente nossa mãe é algo impossível, pois não estamos equipados nem preparados substituí-la ou imitá-la.

Quando perdi meu pai fiquei durante muito tempo manco e caolho. Temo que perder minha mãe me torne um cego, tetraplégico, com demência e portador de uma profunda tristeza, eternamente.

Mas pensando bem e lembrando das frases que eles dois mais gostavam de repetir: “O difícil se faz logo, o impossível demora um pouco mais” e “Nasci para ser feliz”, vejo que ter tido a oportunidade de ter vivido 34 anos com meu pai e 64 anos com minha mãe, não me deixa nenhuma saída a não ser agradecer pela vida e pelos ensinamentos que eles nos legaram e continuar FAZENDO e sendo FELIZ.

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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