Bolsonaro não desqualifica a direita, ele só desqualifica o Bolsonarismo

O pensamento de direita não é somente representado por Bolsonaro, muito menos por seus seguidores, sejam eles os moderados ou mesmo aqueles que votam nele por falta de opção. O pensamento de direita já existia antes de Bolsonaro e continuará existindo depois dele. Graças a Deus.

O advento de Bolsonaro, guardadas as devidas proporções e aplicabilidades, é semelhante ao aparecimento de Lula, que por sua vez não desqualifica a esquerda, pois nem todo esquerdista é como Lula. Ou será que é?

No caso de Bolsonaro, posso afirmar que a maioria das pessoas que se posicionam conscientemente no campo ideológico da direita não pensa e não age como ele. Quem sabe realmente o que é o pensamento de direita, que defende a livre iniciativa, o livre comércio, o empreendedorismo, quem defende a liberdade de expressão, a auto determinação do indivíduo, o direito à propriedade dos bens amealhados pelas pessoas no decorrer da vida, quem valoriza instituições como a família, a igreja, a Nação, o País, de maneira consciente, quem sabe se comportar civilizadamente em sociedade, quem sabe a importância de sentimentos como respeito, elegância, refinamento social, aqueles que acreditam que o estado existe para regular as relações entre as pessoas e as instituições e não para submete-las às determinações ideológicas de uma elite política, esses sim, são os verdadeiros representantes da direita.

A direita advoga o liberalismo econômico e social, prega a valorização das liberdades individuais colocando os interesses dos indivíduos e suas necessidades em primeiro lugar, sem esquecer das responsabilidades deles para com a sociedade.

O pensamento liberal é sempre no sentido de garantir que para cada direito concedido ao cidadão, um dever dele para com a sociedade deve ser estabelecido. O Liberalismo acredita que direito não é privilégio, Direito é algo que necessita de uma contrapartida por parte de quem o recebe. O direitista acredita piamente que um direito só pode ser exigido pelo cidadão porque ele oferece à sociedade uma obrigação correspondente, que deve ser exigida pela sociedade com a mesma energia e tenacidade, equilibrando, justificando e equalizando as forças entre direitos e deveres dos cidadãos, fazendo com que as engrenagens da sociedade liberal estejam sempre alinhadas e afinadas.

O funcionamento padrão de uma sociedade liberal oferece a população o sucesso que uma sociedade comunista busca desesperadamente e que jamais conseguiu oferecer em nenhum lugar e em tempo algum. O perfeito funcionamento do liberalismo, quando agregado ao humanismo que toda sociedade humana necessita, transforma-se no modo quase perfeito de convivência social e política.

Bolsonaro não tem a profundidade necessária para entender esse tipo de coisa e por isso representa apenas uma parte da direita em nosso país. A maior parte dela, tem apoiado e deverá continuar apoiando Bolsonaro por não ter um verdadeiro representante do pensamento liberal ou de direita que possa representá-los.

Ninguém pode desconhecer que Bolsonaro se coloca no espectro da direita, mas achar que toda a direita brasileira é representada por ele e por seus seguidores mais fanáticos, é desconhecer a história da direita.  

Vou citar alguns luminares do pensamento liberal ou de direita em nosso país, pessoas ligadas as mais diversas áreas de atuação, e gostaria que você, que me prestigia com a leitura destas mal traçadas linhas, dissesse se Jair Bolsonaro poderia carregar a pasta de algum deles: Ruy Barbosa, Joaquim Nabuco, Cândido Rondon, Getúlio Vargas, Roberto Campos, Eugenio Gudin, Delfim Netto, Sandra Cavalcante, Carlos Lacerda, Góes Monteiro, José Sarney, Gustavo Corsão, Alceu Amoroso Lima (Tristão de Atayde), Assis Chateaubriand, Magalhães Pinto, Ademar de Barros…

Mesmo que você discorde de mim quanto aos nomes constantes na lista acima, tenho certeza de que você concordará comigo quanto ao fato de Bolsonaro jamais poder figurar num panteão como esse, logo, ele não sabe o que é ser um verdadeiro liberal, um representante genuíno da direita. Ele simplesmente ocupa o espaço de alguém que se contrapõe à esquerda e por esse motivo capitaliza o apoio eleitoral de muitos verdadeiros e consistentes liberais.

Do que precisa a direita no Brasil? De alguém que tenha a consciência dos componentes da lista acima e que tenha o apelo eleitoral de Bolsonaro, o que parece ser impossível, porque o povo brasileiro, o eleitor médio, não consegue perceber a diferença.

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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