AM contra MA, ou Alexandre de Moraes é um analfabeto funcional ou um crápula enganador

A utilização da frase, escrita por Machado de Assis em 15 de setembro de 1876, na crônica intitulada “História de Quinze Dias”, “A soberania nacional é a coisa mais bela do mundo, com a condição de ser soberania e ser nacional”, usada pelo ministro ALEMOR, primo – irmão de Valdemort, aquele outro vilão, o da saga de Herry Potter, na ação cautelar contra Bolsonaro, é uma demonstração de ignorância literária cognitiva ou de esperteza canalha.
Em sua crônica, Machado utiliza essa frase de forma irônica e crítica. Ele denuncia a fraude eleitoral durante o Segundo Reinado, afirmando que a soberania proclamada oficialmente era, na prática seletiva, pois está restrita a uma minoria letrada, e manipulada, pois o restante da população “votava como vai à festa”, sem nenhuma consciência política. Igualzinho acontece hoje em dia.
Em certa altura Machado diz: “Agora, o que é ainda mais grave que tudo, é a eleição, que a esta hora se começa a manipular em todo este vasto império.
Ao afirmar que a soberania só é válida se for realmente soberania e nacional, Machado satiriza o uso vazio do termo — uma soberania que não inclui o povo cheio de direitos e não é sequer exercida de fato pelo país.
Machado não elogia a soberania nacional — ele ironiza a retórica oficial, pois naquele momento histórico, a soberania era simbolicamente exaltada, mas não praticada de fato. O autor expõe a contradição entre um ideal nacional e uma realidade manipulada.
No tempo de Machado a frase subvertia o discurso oficial de soberania, mostrando sua face ilusória quando a maioria da população era impedida de participar com autonomia. É o que chamamos de Crítica ao discurso vazio.
Machado de Assis estava atento às mazelas políticas do Império, evidenciando a distância entre teoria e prática política, o que falta hoje em dia para aqueles que acreditam que Alexandre de Moraes e seus iguais estejam defendendo a constituição e a democracia, quando na realidade as atacam de forma absurda.
No contexto atual, o ministro Alexandre de Moraes citou essa frase para argumentar em defesa da soberania do país, em contraponto a atos que, em sua visão, ameaçavam a integridade e autonomia nacionais. No entanto, o uso original de Machado visava justamente demonstrar a hipocrisia do uso dessa soberania vazia e manipulada, que defende Moraes.
A frase escrita em 1876, com tom satírico sobre eleições fraudulentas, e colocada hoje em situação oposta, em defesa dos fraudadores de nossa lei maior. Machado alertava para o fato de que a soberania só é “a mais bela” se for genuína e não uma soberania falsa que com assertividade se arvora contra agressores externos enquanto internamente ela é completamente vilipendiada da forma mais descarada e da maneira mais abjeta, exatamente por aqueles que deveriam preservá-la.
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