Enquanto todo mundo comenta sobre a segunda barbaridade que Alexandre de Moraes cometeu no dia de ontem, eu quero comentar sobre a primeira delas.

No Brasil de hoje em dia, um senador da República pode ser proibido de sair de casa à noite, de falar na internet, de viajar, de dar entrevistas e até de se aproximar de outros cidadãos. Pode ser obrigado a andar com uma pulseira eletrônica no tornozelo, como se fosse um fugitivo perigoso. E tudo isso por ordem de um único homem: o ministro-inquisidor Alexandre de Moraes, do STF – Supremo Tribunal Federal e do TMOI – Tribunal do Maldito Ofício da Inconstitucionalidade..

Não há julgamento. Não há sentença. Não há direito à defesa. Há apenas o arbítrio, e isso, o arbítrio, se tornou rotina em nosso país.

O Brasil já não é uma democracia funcional. É uma democracia tutelada por um STF / TMOI que faz leis, julga, investiga, pune e censura. Tudo ao mesmo tempo e com a mesma arrogância.

Moraes não apenas investiga. Ele já sabe quem é culpado. Já decide o castigo. Já aplica a pena. Não há instância superior. O que o ministro quer, o ministro faz. E todos se calam, seja por medo, por covardia, ou por conveniência.

Os fatos relatados aconteceram com o senador Marcos do Val que ao retornar ao Brasil, no dia de ontem, foi recepcionado pela polícia federal para impor ao parlamentar as seguintes medidas cautelares determinadas por Moraes: Uso de tornozeleira eletrônica, com recolhimento domiciliar noturno, das 19h às 6h durante a semana, e recolhimento integral nos fins de semana, feriados e dias de folga; Cancelamento do passaporte diplomático, com expedição de ofício ao Itamaraty, além da exigência de entrega imediata de todos os passaportes em sua posse; Proibição de uso de redes sociais, direta ou indiretamente (incluindo por terceiros); Proibição de contato com testemunhas ou investigados, para evitar interferência no curso das investigações; Suspensão do uso de armamentos, mesmo possuindo porte autorizado anteriormente; Bloqueio dos bens e ativos financeiros, incluindo contas bancárias, cartões de débito e crédito, chaves Pix, investimentos, veículos, embarcações e aeronaves; Bloqueio do salário e verbas de gabinete pertencentes ao seu mandato.

Observem bem as duas últimas medidas cautelares citadas acima, impostas a um senador da República Federativa do Brasil. Como é que este homem vai poder sobreviver, como ele vai manter e prover sua família?

Claramente Alexandre de Moraes quis fazer com Marcos do Val o que a Lei Magnitsky, imposta pelos Estados Unidos, fez contra ele próprio. É claramente uma forma de vingança. Já que ele não pode se vingar do inatingível e inalcançável Trump ele atinge que está ao alcance de sua varinha maligna de condão.

O STF virou o superpoder da República. Moraes, seu braço armado. E a Constituição? Um pedaço de papel velho, que só vale quando convém aos poderosos. Quem tem o monopólio da virtude, da verdade e da toga, não precisa de leis. Precisa apenas da certeza de que tudo pode fazer.

Quem controla a narrativa, controla o regime. Quem controla a caneta, controla a liberdade. E quem ousa discordar, descobre rapidamente que, no Brasil de hoje, a justiça tem lado, tem alvo e tem método.

E pode tudo. Porque ninguém ousa dizer que não pode.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

Busca

E-mail

No Twitter

Posts recentes

Comentários

Arquivos

Arquivos

Categorias

Mais Blogs

Rolar para cima