Quatro verdades indubitáveis e uma certeza absoluta

As tarifas impostas pelos Estados Unidos contra os produtos brasileiros não são simples medidas econômicas, mas retaliações diretas às posições equivocadas e nocivas adotadas por Lula: a aproximação com regimes autocráticos, a recusa em reconhecer grupos terroristas, a campanha de desgaste da imagem dos Estados Unidos e do Ocidente, e a intenção de promover a desdolarização da economia mundial.

Paradoxalmente, essas mesmas tarifas fortaleceram Lula e sua base política. Ao se colocar como defensor da “soberania nacional”, o presidente conseguiu transformar um problema grave da economia em combustível para sua popularidade. No entanto, além dos discursos inflamados contra as tarifas, o governo não tomou medidas efetivas para reverter a situação. E não tomou justamente porque a existência desse problema lhe rende dividendos políticos.

A narrativa construída por Eduardo Bolsonaro, apresentando-se como arquiteto de uma suposta estratégia de pressionar Donald Trump e seus auxiliares a penalizarem produtos brasileiros, é um erro político grotesco.

Primeiro, porque, se fosse verdadeira, configuraria traição aos interesses do Brasil em troca de benefícios pessoais para seu pai. Segundo, porque é uma desvairada fantasia acreditar que Eduardo Bolsonaro teria poder de manipular o presidente da maior potência militar e econômica do mundo a ponto de fazê-lo agir contra um dos maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos. Tal versão é, ao mesmo tempo, absurda e nociva ao debate político.

Os atos de 8 de janeiro de 2023, manifestações que degeneraram em vandalismo e depredação, não podem, em nenhuma análise séria, ser equiparados a uma tentativa de golpe de Estado ou a um ataque armado contra a democracia.

O que se vê desde então é um processo jurídico manchado por irregularidades: prisões ilegais, violação da regra do juiz natural, ausência de individualização de condutas, imputação de crimes impossíveis, descumprimento do devido processo legal, desrespeito a preceitos constitucionais pétreos. Para agravar, há o expediente de acumular crimes de significados semelhantes, apenas para inflar penas.

O caso de Débora dos Santos é exemplar: condenada por abolição violenta do Estado democrático de direito e tentativa de golpe de Estado, ao mesmo tempo em que foi punida por deterioração de patrimônio tombado e dano qualificado, além de “associação criminosa armada”, quando todos sabem que sua “arma” era apenas um batom labial. A desproporção é tão evidente que chega a beirar o grotesco.

A aplicação de sanções como a Lei Magnitsky contra ministros do Supremo Tribunal Federal também é desmedida. Essa legislação foi concebida para punir criminosos ligados a violações graves de direitos humanos e corrupção internacional, jamais para enquadrar magistrados em sua função jurisdicional, mesmo que estes estejam cometendo erros graves.

É igualmente inaceitável que um país estrangeiro, neste caso os Estados Unidos, se arrogue o direito de ditar como deve funcionar a justiça brasileira ou pressionar os rumos de nossos processos.

O fio condutor de todos esses episódios é a manipulação da realidade por meio de narrativas: Lula se fortalece ao transformar o caso das tarifas em “defesa da soberania”; Eduardo Bolsonaro tenta se engrandecer inventando influência que jamais teve; o STF cria um espetáculo punitivo à custa da Constituição; e os Estados Unidos ensaiam impor sua vontade sobre nossa justiça.

Contra tudo isso, resta apenas reafirmar: a soberania de um país, o equilíbrio entre seus poderes e o respeito às liberdades individuais não podem ser negociados, manipulados ou usurpados em nome de narrativas convenientes.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

Busca

E-mail

No Twitter

Posts recentes

Comentários

Arquivos

Arquivos

Categorias

Mais Blogs

Rolar para cima