A Hora e a Vez!…

É chegada a hora e a vez do deputado, e agora novamente ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, eleito pelo voto popular pela primeira vez em 1978, portanto há quase 40 anos trilhando os caminhos da política, assumir definitivamente o comando de seu grupo.

Ele tem tudo para isso! É experiente, culto, bom orador, bem articulado, bem relacionado, respeitado por todos, inclusive por seus adversários, que sempre o tiveram em um bom conceito.

Zequinha, como ele é chamado pelos mais íntimos, é correto cumpridor de seus acordos, simpático e elegante no trato da vida social e na política, sempre desenvolveu a atividade parlamentar de forma um tanto independente do posicionamento de seu pai, tanto, que por diversas vezes ficaram em campos legislativos opostos.

É lógico que a nomeação dele para o ministério do presidente em exercício, Michel Temer, é ainda reflexo do poder e da influência que Zé Sarney mantém, principalmente dentro do PMDB, mas também no cenário político nacional. No entanto, só o prestígio de Sarney não seria suficiênte para emplacar alguém em um ministério. O indicado precisaria ter nome capaz de valorizar a indicação e suportar as pressões que advêm dela.

Sarney Filho desenvolveu em sua passagem pelo Ministério do Meio Ambiente, durante o segundo governo de Fernando Henrique, entre 1999 e 2002, um excelente trabalho, elogiado por diversos ambientalistas. Nos útimos anos aprofundou seu conhecimento no setor, transformando-se em referência na política nacional sobre o tema.

Na política doméstica, aqui na paróquia, se manteve discreto, desenvolvendo seu trabalho parlamentar, sempre em estreito contato com os prefeitos, vereadores e correligionários que o apoiam.

Pelo menos uma vez ele teve prestes a ser candidato a governador de nosso estado, mas foi cogitado também em outras ocasiões. O certo é que nunca foi candidato ao governo, mas sempre se elegeu deputado com extrema facilidade, tendo sido inclusive o deputado mais votado dentre todos.

É muito dificil que os mecanismos da política permitam o protagonismo de duas pessoas da mesma famíla, por isso, a ascenção de Roseana à condição de governadora do Maranhão, cargo que ocupou por 14 anos, colocou Zequinha, de certa forma, na penumbra do poder.

Mas ele, muito cedo, adquiriu a capacidade de voar com suas próprias asas, o que fez com que consolidasse em torno de si um nicho de representantes importantes de seu grupo político, e desenvolveu com os demais um relacionamento afável, respeitoso e confiável, o que agora lhe dá a possibilidade de reclamar para si o comando de todo o seu grupo, uma vez que seu pai, Zé Sarney, já ultrapassou a barreira dos 86 anos e que sua irmã, Roseana, já afirmou, reinteiradas vezes, que não mais deseja participar da vida eleitoral do Maranhão, tanto que jogou fora, em 2014, uma eleição ganha para o Senado. Sarney Filho poderá agora ser a amálgama que unirá as forças políticas que gravitam em torno de si.

Tenho vívidas lembranças de fatos que o ligam a dois políticos bem diferentes entre si. O primeiro foi o então deputado estadual Haroldo Saboia, que saindo de uma noitada de boa comida para mim e de boa bebida para ele e para outros parlamentares, no extinto restaurante La Boheme, de Tália Rola e Teresa Martins, me disse um tanto alto: “Brigo com o Sarney Filho, mas sei que ele é o que de há melhor na famíla Sarney… Acontece que ele jamais será governador do Maranhão…”

O outro político que comentou sobre ele foi meu pai, Nagib Haickel, num dia em que estávamos só nós dois, voltando para casa, ele como sempre, dirigindo seu Chevetinho: “Meu filho, eu sei que Fernando é verdadeiramente teu amigo, que ele gosta de ti e demonstra isso, mas o melhor deles, em termos de política, é Sarney Filho!…” Meu pai me disse isso poucos dias antes de morrer, em setembro de 1993, a propósito de especulações sobre quem da família Sarney seria candidato a governador do Maranhão.

Por tudo isso, porque as circunstâncias o beneficiam e porque o seu grupo precisa realmente se reciclar, passar por uma profunda faxina e uma importante reforma, adaptando-se verdadeirmente às novas formas de fazer política, é que eu acredito que seja a hora e a vez de Sarney Filho liderá-lo.

3 comentários em “A Hora e a Vez!…”

  1. Os maranhenses não merecem a volta desse Clã que liderou o Estado uns 50 anos e continuamos com essa miséria, pobreza e piores índices em nivel nacional.
    Livrai-nos “Senhor”… desse retrocesso.

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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