Ucrânia, Chechênia e outras guerras

Acordei pensando sobre o que está acontecendo na Ucrânia, e lembrei do que aconteceu no Afeganistão e depois na Chechênia. No primeiro caso, a União Soviética e no segundo a Federação Russa, invadiram aqueles países e nós, do ocidente, defensores da liberdade e da democracia, fizemos muito pouco, quase nada em relação a isso.

No caso do Afeganistão, os Estados Unidos, apenas cumpriram seu papel de antagonista dos russos naquilo que até então era a guerra fria. No caso da Chechênia, não lembro de nenhuma ação mais efetiva contra Putin, que já naquela época fazia as suas presepadas.

Me pergunto por que eu não me indignei com a invasão e aniquilação da Chechênia! Pensando agora, acredito que foi pelo fato de não ter nenhum conhecimento nem empatia sobre aquele país e seu povo. Talvez pensasse que era um problema interno, que eles que o resolvesse internamente.

Depois, aquele atentado terrorista checheno no Teatro Dubrovka, em Moscou, fez com que tomasse partido contra os terroristas, sem analisar os motivos, mesmo que cruéis e inadmissíveis daquela ação, o por que daquela atitude tão radical. Hoje sei que ela foi uma represália pelo genocídio que Putin estava efetuando em seu país.

Agora Putin ataca um país mais conhecido, com relações mais próximas a nós, com religião igual a nossa, com costumes parecidos aos nossos, com um povo cosmopolita, e aí tomamos partido e nos opomos a invasão e a guerra.

Hoje acordei me odiando por não ter tido o mesmo pensamento e a mesma atitude que tenho agora em relação a Ucrânia, quando da invasão da Chechênia. Hoje vejo como estava errado. Não me posicionei contra a invasão da Chechênia, pelo fato da maioria do povo daquele país ser mulçumano, por não ter conosco muitas semelhanças e ter diferenças em quase todos os aspectos.

Hoje descobri o quanto fomos canalhas, eu inclusive, por não sermos coerentes em questões tão importantes como esta, por usarmos dois pesos e duas medidas.

Alguém disse certa vez, não lembro quando nem onde, que mesmo que não se perceba imediatamente, quando um leão espana com o rabo, as moscas que o fustigam, as consequências disto acontecem, seja elas quais forem ou quando e onde repercutam.

Neste momento estou pasmo por tão pouco está sendo efetivamente feito para conter, para parar Putin, e temo que as consequências disso possam ser desastrosas, não só para a Ucrânia e seu povo, mas para todo o mundo.

Esse conflito, que teve início já faz mais de um mês, parece que ainda vai se arrastar ainda por algum tempo e o que é pior, parece que todos nós estamos nos acostumando com ele. Digo isso por eu mesmo ter ficado tão indignado quando essa guerra começou, mas agora, devido aos problemas do dia a dia, as vezes até esqueço dos horrores que estão acontecendo na Ucrânia, da mesma forma que às vezes nem lembro do que acontece no Afeganistão, na Síria, no Sudão e em tantos outros lugares conflagrados por guerras.

Nossa responsabilidade em coisas como essas, são bem maiores do que pensamos.

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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