Discurso proferido por mim no dia 22 de setembro de 2025, na Assembleia Legislativa do Maranhão, durante a solenidade de entrega de Título de Cidadão Maranhense ao ator Antonio Saboia.

“… É com imensa honra que retorno a esta tribuna depois de 14 anos, hoje não mais na condição de representante do povo maranhense neste Poder, função que exerci com muito orgulho, entre 1983 e 2011, mas agora como representante de uma pequena parcela, porém bastante significativa, das artes e da cultura maranhense.

Estou aqui como procurador de todos aqueles que, em nosso Estado, trabalham no setor audiovisual e que, através destas minhas mal traçadas linhas, vêm acolher como nosso mais novo irmão maranhense esse francês, nascido na Cidade Luz, que desde menino perambula pelo Centro Histórico da Cidade dos Azulejos, da Ilha dos Amores, a quem desde sempre declara seu amor eterno.

Em meu nome e no de meus companheiros do audiovisual maranhense, venho saudar ANTOINE SABOIÁ, para os mais íntimos Antonio Saboia, ludovicense de coração e maranhense por paixão.

Como manda o protocolo, devo falar um pouco sobre aquele que hoje recebe o título de Cidadão Maranhense, coisa que ele já é, de fato, há muitos anos.

Antonio José Clemens Saboia nasceu em Paris e é filho do jornalista maranhense Napoleão Pires Saboia e da pesquisadora francesa Andreé Anita Clemens, infelizmente já não mais entre nós.

Quem por acaso não conheça Antonio Saboia, é importante que saiba que ele é hoje um dos mais requisitados atores de cinema do Brasil, o que muito nos orgulha, já que ele diz, que o que mais orgulha a ele é ter começado essa sua maravilhosa jornada de ator aqui em São Luís do Maranhão.

Lembro que, antes de conhecer IN PERSONA a figura atenciosa e elegante de Antonio Saboia, eu o vi em dois filmes, o que de imediato chamou a atenção do cinéfilo compulsivo que sou, e do cineasta frustrado que, de certa forma, todos que escolhem essa ocupação acabam sendo, pelo fato de estarmos sempre insatisfeitos, em busca de um projeto melhor para realizar.

Nesses curtas-metragens, “Ódio”, de Breno Ferreira, e “Reverso”, de Francisco Colombo, dois de meus queridos parceiros nessa arte, Antonio já saltava da tela. Quem o visse e entendesse minimamente de cinema saberia que ali estava um grande ator, cheio de recursos artísticos, dono de uma imensa sensibilidade, além de uma capacidade cênica inata e rara. Um diamante bruto que, em minha modesta opinião, nem precisava ser lapidado, pois seu maior valor sempre estaria em seu extraordinário estado natural.

Depois disso, conheci Antonio e fiquei esperando uma oportunidade para trabalhar com ele, até que tive o prazer de produzir o curta-metragem “Farol”, obra de outro querido parceiro, o cineasta Arturo Saboia, primo de Antonio.

Esse nosso conterrâneo se orgulha ao comentar que seu primeiro prêmio foi conquistado aqui, em sua terra. Ele foi escolhido como melhor ator coadjuvante no Festival Guarnicê de Cinema, pelo filme maranhense “Lamparina da Aurora”, de Frederico Machado, ocasião em que estreou também como coprodutor.

O mesmo orgulho ele sustenta ao afirmar aos quatro ventos que seu primeiro papel como protagonista foi em outro filme maranhense, “Órbitas da Água”, novamente dirigido por Frederico Machado, obra na qual eu atuei como coprodutor.

Antonio Saboia realmente se orgulha muito do fato de todas as suas primeiras conquistas cinematográficas terem acontecido aqui em nosso Estado.

Mas como era de se esperar, o Maranhão se tornou pequeno para ele e ele alçou voo e foi conquistar o Brasil e o mundo.

Participou de diversas séries de televisão e até de algumas novelas; Atuou em Bacurau, de Kleber Mendonça Filho, laureado em Cannes; em Deserto Particular, de Aly Muritiba, premiado em Veneza e  representante do Brasil no Oscar de 2022;

Por fim interpretou Marcelo Rubens Paiva no filme “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, primeiro filme brasileiro a conquistar um Oscar.

Sobre este filme, preciso contar duas coisas:

Eu fiz parte do júri da Academia Brasileira de Cinema que escolheu “Ainda Estou Aqui” para representar o Brasil no Oscar. Quando vi a performance de meu querido amigo Antonio Saboia, me emocionei ao lembrar das cenas de “Ódio” e “Reverso”, quando previ que ali nascia um grande ator.

Ainda Estou Aqui” me fez lembrar de um outro amigo, colega constituinte de 1988, Fernando Gasparian.

Numa certa tarde, “Gaspa” me levou até uma subcomissão dizendo que eu precisava conhecer uma amiga sua, que era ninguém menos que Dona Eunice Paiva, de quem ele era muito próximo.

Essa é a vida! Ela nos leva por caminhos inacreditáveis. Agora imaginem como deve ser a vida de um ator: uma pessoa que interpreta a vida de outras pessoas, que se molda a elas.

Enquanto escrevia este pequeno discurso, lembrei da mais conhecida frase de um homem que era escritor como o pai de Antonio, pesquisador como a mãe de Antonio e que, além de francês como Antonio, tinha o mesmo nome que ele:
“Você é eternamente responsável por todo aquele que você cativa.”

Essa poderia ser a frase impressa no cartão de apresentação desse nosso Saint-Exupéry Saboia.

Quando soube que Mavi Simão havia decidido que o homenageado deste ano em seu Festival Maranhão na Tela, seria Antonio Saboia, comentei o fato com um amigo, o deputado Carlos Lula, que se prontificou a apresentar um projeto que fizesse com que, legalmente, esse CABRA pudesse sustentar, por onde quer que andasse, que a pessoa dele nasceu em Paris, mas que o ator que ele é, nasceu foi em São Luís, única capital de um Estado brasileiro fundada por franceses.

Devo ressaltar aqui nosso agradecimento ao deputado autor do projeto que concede a Antonio Saboia, o Título de Cidadão Maranhense, o Deputado Carlos Lula, que apesar de ser de uma corrente partidária diferente da minha, é um querido amigo de longas datas, e um grande parlamentar, o que só engrandece este ato de gestação e nascimento de um novo cidadão maranhense.

Obrigado, Deputado Carlos Lula.
Obrigado, Senhoras e Senhores Deputados.

Agradeço em meu nome e em nome de todos aqueles que fazem o audiovisual maranhense, por acolherem como nosso irmão de direito alguém que já era nosso irmão de fato.

Seja bem-vindo, irmão Antonio Saboia, e obrigado pelo maravilhoso trabalho que você realiza, engrandecendo o nome do Maranhão”.

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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