Dito & Feito

No último dia 26, quinta-feira, lancei no Café Literário da III Feira do Livro de São Luis, que acontece até o dia de hoje, na Praça Maria Aragão, o livro Dito & Feito – Crônicas e escritos insubmissos, coletânea de textos selecionados pelo professor e acadêmico Sebastião Moreira Duarte, dentre aqueles que publiquei nesses mais de 15 anos em que escrevo aos domingos neste que é o maior e mais importante jornal de nossa terra.

O professor Sebastião teve liberdade total para escolher as crônicas que ele achasse que deveriam fazer parte desse primeiro volume de textos temporais que tive o desplante de aqui publicar. Ele os dividiu em três grupos, separando-os por temas, com focos tão sutis, que muitas vezes até eu mesmo, que os conheço bem, chego a confundi-los.

Há um grupo de crônicas chamado de Primeiro Registro: Deveres de Casa, onde se encontram as crônicas que abordam temas pessoais e familiares, como aquela em que quase psicografo uma carta de meu pai em ocasião de seu primeiro ano de falecimento. Há aquela outra em que lembro do cheiro de pão assado que Mãe Didi, mãe de criação de minha mãe, fazia quando eu era criança. Há também dois outros textos em que falo de meu Tio Samuel Gobel e sua maravilhosa história de vida, desde a sua amada Atenas, na Grécia, passando pelo campo de concentração de Dachau, na II Guerra Mundial, até chegar nesta outra Atenas, a maranhense.

No Segundo Registro, A Morada do Cidadão, as crônicas falam de política partidária e filosófica, da vida do ponto de vista coletivo e individual, das inquietações humanas, de nossos anseios, de nossas angústias, de nossas limitações e sobre como superar tudo isso. Estas são crônicas em que procuro mostrar a condição humana tendo, quase sempre como pano de fundo, um fato real, concreto, que dá causa ao texto ou que dele é consequência. Estão ali escritos dos quais particularmente me orgulho e dos quais gosto de maneira definitiva, como Dezesseis Minutos, Razoabilidade e proporcionalidade, Os dez mandamentos de Maquiavel, Fronteiras humanas, De que precisa um bom guerreiro? Viva os Zé Robertos da vida…

O Terceiro Registro, última partição do livro, é o que Sebastião reservou para colocar as crônicas em que há mais Poesia & Vida. Nele estão textos que abordam temas mais artísticos, culturais e por fim algumas histórias antigas que eu reconto bem ao meu modo, retemperando como e com o que eu acho que devo. Alho, cebola e tomate, um pouco de sal e pimenta são sempre bem vindos! Aqui, textos como A escolha e A bondade de Deus se sobressaem.

Dito & Feito ficou sob a responsabilidade editorial da Ética, editora de Imperatriz, que pertence ao dinâmico Adalberto Franklin, meu confrade da Academia Imperatrizense de Letras.

Por falar em confrade, coube a dois de meus confrades na Academia Maranhense de Letras, o mestre Jomar Moraes e o já citado Sebastião Moreira Duarte, a responsabilidade de avalizarem a mim e a essa minha obra. Jomar fez a orelha e a apresentação do livro coube a quem escolheu as crônicas.

Jomar disse entre outras coisas: “Joaquim Haickel, por acreditar nas palavras, com elas e por elas trava seu combate de eleição, com a firmeza dos que associam talento inconteste e vocação verdadeira”.

Já Sebastião analisa outro aspecto da obra, colocando luzes generosas sobre o estilo de quem não é pura e simplesmente cronista, alguém que tem um pezinho atolado na ficção e no cinema: “Crônicas de fim de semana é o que parecem ser estes escritos, à primeira aproximação. Pela singeleza de seu aparato, por seu conteúdo sem pretensões, ainda que manifestando inadiáveis preocupações, aqui estão, decerto, textos de fácil leitura. Mas que ninguém se deixe levar pelas aparências: Joaquim Haickel é hábil o bastante – e bastante prudente – para não mirar o que viu, e, mesmo assim, atirar no que viu melhor que ninguém, de sua posição privilegiada. (…) Direi, então, que alguns destes trabalhos estão mais para contos que para crônicas: serão cronicontos – se me é permitido repetir expressão utilizada noutra circunstância – em que a ficção toma o lugar da confissão, para que esta, cifrada em sutilezas, não seja flagrada, de saída, como libelo acusatório”.

Depois do dito, só me resta o feito.

2 comentários em “Dito & Feito”

  1. Caro Joaquim, bom dia

    Parabéns pelo FEITO após o dito! Parabéns pelo Livro!
    Refexões do dia – A vida ensina, e a gente apanha muito e aprende (se for ínflexível não aprende).

    “Os aduladores assemelham-se aos amigos como os lobos aos cães.”

    **********
    “Lobos? São muitos. Mas tu podes ainda
    A palavra na língua Aquietá-los.
    Mortos? O mundo.
    Mas podes acordá-lo
    Sortilégio de vida
    Na palavra escrita.
    Lúcidos? São poucos.
    Mas se farão milhares
    Se à lucidez dos poucos
    Te juntares.
    Raros? Teus preclaros amigos.
    E tu mesmo, raro.
    Se nas coisas que digo
    Acreditares.”
    ********************
    “Veja, se eu o enviar para dormir no meio dos lobos, seja esperto como as serpentes e inofensivo como os pombos.(Jesus de Nazaré)

  2. Joaquim,

    Acompanho sempre seus textos, tanto em seu blog como no jornal aos domingos e foi muito boa a idéia de juntá-los em um livro,
    assim as pérolas que lá se encontram não se perderão no tempo. Já tive a oportunidade de ler algumas mais antigas e que eram
    inéditas para mim. É autobiográfico. Fala muito de você, de cada momento importante de sua vida e nos mostra o quão transparente você é. Parabéns por mais esse feito.

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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