Decepcionado e triste.

Não deveria estar decepcionado, pois nunca me iludi sobre as virtudes de caráter de certas pessoas. Mas mesmo assim estou decepcionado, porque no fundo, bem lá no fundo, nutria uma tênue esperança de que eu estivesse equivocado em meu juízo de valor e pelo menos algumas dessas pessoas, as que tinham tudo para provar que eu estava errado, se salvassem do patíbulo comum da decapitação pública pelo crime de extorsão, pela venalidade.

Saudade de Walter Rodrigues. Todos sabem que ele não era uma figura fácil, mas nunca se soube que ele tenha usado a função de jornalista para extorquir quem quer que fosse. Nunca se soube que ele desfrutasse da intimidade de algum “poderoso” para em seguida cobrar-lhe a conta, verba, mídia para seu jornal, sua coluna ou seu blog. Isso não.

Mas por essas bandas, isso não é novidade que aconteça. Sempre aconteceu! Aqui e em muitos lugares, mas não pensei que pudesse acontecer com quem se diz tão honrado e sério, defensor dos mais altos e nobres sentimentos de justiça, paladino da moralidade e defensor de um jornalismo comprometido com as mais altas causas da sociedade.

Que desperdício de talento. Alguém que já quis ter a alma leve como a de Quintana, que quis trilhar os caminhos das pedras de Drummond. Alguém que amava Rimbaud, que lia Whitman na intenção de absorvê-lo, que tinha Pessoa como régua e compasso, mas que pelo que tudo indica, no final, vai acabar tendo do seu lado apenas um único de seus antigos ídolos: Bukowski e sua garrafa de gin.

Estou triste. Mas a minha maior tristeza é por ver comprovada a sina de algumas pessoas, por ver que não adianta tentar. De pedra não se tira água.

Mas mesmo assim me resta um último consolo, refletido num trecho de um belíssimo poema, muito antigo, mas bem atual e que vale tanto para o pau quanto para o machado.

Tudo tem seu tempo,
há um momento oportuno
para cada empreendimento
debaixo do céu.

Tempo de nascer,
e tempo de morrer;tempo de plantar,
e tempo de colher

Tempo de matar,
e tempo de sarar;
tempo de destruir,
e tempo de construir.

Tempo de chorar,
e tempo de rir;
tempo de gemer,
e tempo de dançar.

Tempo de atirar pedras,
e tempo de ajuntá-las;
tempo de abraçar,
e tempo de se separar.

Tempo de buscar,
e tempo de perder;
tempo de guardar,
e tempo de jogar fora.

Tempo de rasgar,
e tempo de costurar;
tempo de calar,
e tempo de falar.

Tempo de amar,
e tempo de odiar;
tempo de guerra,
e tempo de paz.

9 comentários em “Decepcionado e triste.”

  1. achei seu comentário importante ainda que não comentasse o nome de quem se fala mas para um bom entendedor um risco quer dizer francisco como diz o dito popular você é um ser admirável e de respeito até hoje nunca se soube de nada que desabonasse sua conduta tenho um grande respeito por você e pelo saudoso e velho nagib. esse poema é muito atual e se refletirmos tem tudo a haver com nosso cotidiano. muita paz e boa sorte.

  2. Caro Nagib as palavras TUDO TEM SEU TEMPO é muito antiga esta escrita na Biblia no livro de Eclesiaste capitulo terceiro, que foi escrito pelo rei SALOMÂO quando sua velhice

  3. Sandro Henrique Bezerra da Silva

    Nobre Deputado Joaquim Haichel,sempre visito seu blog encontro bons artigos, até porque voçê é um bom escritor,
    na realidade é também uma cabeça pensante da nossa sociedade,as vezes não concordo com o que vc escreve,mais o legal disso é que discordar não é ofender já dizia Estevão Angelo,agora achei interresante esse decepcionado e triste,bacana mesmo,porém quero lembra-te que dentre essas afirmações que fez o sabio rei Salomão tem uma que é muito importante si bem que as outras também às são,TEMPO DE PLANTAR E TEMPO DE COLHER O QUE SI PLANTOU.Bem isso é a lei da semeadura,sei que vc sabe o que é isso,sei também que agente só colher o que planta e diga si de passagem nunca ninguem colhe o tanto que planta, sempre si colhe mais:quem planta paz colhe paz em abundancia,quem planta odio em abundancia também si colhe,quem planta vento colhe tempestade,veja só que faz a cova nela cairá,pois é essa e a lei da semeadura,que tipo de semente voçê plantou ou está plantando ou seja nós todos,a qualidade da colheta é de acordo com a qualidade da semeadura,por isso que tenhamos cuidado na hora de plantar pois uma coisa é certa vai chegar a hora de coelher.um abraço.

  4. Joaquim,
    Disse ” Nelson Rodrigues ” que DINHEIRO COMPRA ATÉ AMOR VERDADEIRO.
    Forte demais!
    Talvez um alento para você pensar, avaliar onde isso se aplica e a quem.
    Reaja meu forte combatente!
    Não se decepcione, apenas reavalie os conceitos.
    O homem precisa vencer e perder.
    Na vitoria verás a quantidade de amigos e no fracasso saberás a qualidade desses amigos. Mais uma vez externas tão bem tuas emoções, que considero agora, apenas um desabafo.
    Abraço,
    Adelino Neto.

  5. Suas reflexões são sempre muito perspicazes, e ainda retrata com muita clareza, como um bom literário, fatos do cotidiano.
    Parabéns, mesmo não sendo candidato, tenho certeza que continuará contribuindo p/ a política do nosso estado.

  6. NEIVALDO FERREIRA LEITE

    Caro amigo Deputado, li os seus relatos, e comprredi a maneira que o ilustre amigo analisa os acontecimentos em linhas gerais.
    Sua sinceridade e habilidade com as palavras têm um só enrr~edo o da honestidade com as pessoas ,tanto na politica como fora,
    Qto ao passado do Zé Reinaldo é lamentavél, assim como suas pretênções politicas no fundo do poço.
    Tenho orgulho de ser maranhense e ter José Sarney como filho imortal Universal de todas as gerações existentes no planeta, que consegue vê aquilo que os normais não conseguem, refirome no visivel a Ferrovia Norte Sul, palco de todos seus sucessores em campanha elei´tórais que obra magnifíca só falta concluir é esse que devemos compater ou aquele que deveria está ao seu lado para o resto da vida, viva Sarney a eternidade já esta consolidada pelo seu legado aos povos de todo Universo.
    Parabéns amigo Joaquim pela sua firmeza e não desanime que tbm és guerreiro das Tribus Universais porrisso ´sou teu ensentivador.
    Abraço do fundo do coração.

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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