Um tradutor para o presidente, please!

De tudo que vi e ouvi nas últimas semanas, o que mais me chamou a atenção foi o comentário que o presidente Jair Bolsonaro fez a um de seus ministros.

Aparentemente, Bolsonaro usou o termo “paraíba” para se referir aos governadores do Nordeste. Em minha opinião essa expressão traz em si o mesmo sentido de chamarmos militares de “milicos”, palmeirenses de “porcos” ou um cearense de “cabeça chata”! Nada mais!…

É bem verdade que isso não é coisa que um presidente da República deva dizer, mas para isso não acontecer nós deveríamos ter elegido no lugar do Bolsonaro o Sergio Vieira de Melo, mas infelizmente ele já morreu. Na verdade, mesmo eu adoraria ter o Sergio Vieira de Melo como nosso presidente, mas temos que nos contentar com Bolsonaro, por enquanto.

Sobre o presidente, preciso dizer a você que me homenageia com sua leitura, que eu consigo entender perfeitamente o que ele fala. Entendo sem nenhuma das distorções causadas por sua falta de tato e de polidez. Consigo entender a sua intenção, o texto por trás do subtexto e do contexto dos quais ele não consegue se desenredar, pelo contrário, ele se enrola cada vez mais. Eu o entendo pelo fato de que meu pai era um homem muito direto e às vezes até pouco polido. Reconheço que as pessoas que não estão acostumadas a esse tipo de gente terão muita dificuldade de entender as suas colocações, e o que é pior, ele não faz nenhum esforço para fazer-se compreender.

Pouco diplomático, o presidente Jair Bolsonaro, não deseja ser diferente, no que está completamente equivocado, pois seu estilo direto e pontiagudo, ao contrário de só ser uma vantagem, está se mostrando ser aquilo que seus adversários precisam para desacreditá-lo e desqualificá-lo. Em última análise, ele é o seu maior e pior adversário. O pior é que ele não vê isso!

Outro grave erro do presidente é acreditar que não é importante qualquer coisa que possam dizer seus adversários, sejam eles dos partidos políticos de esquerda, da imprensa, ou mesmo pessoas comuns que não sendo destas facções, discordem pontualmente de sua forma de agir. É importante sim! É muito importante, pois o que seus adversários dizem pode acabar se tornando mais decisivo que qualquer coisa que o presidente e seu governo possam vir a fazer de bom para o Brasil e para nossa gente.

Sobre ele ter se referido a governadores como “de Paraíba”, confesso que ele fala tão mal que a princípio nem entendi. Depois aceitei que ele estivesse falando dos governadores do Nordeste, menos por serem nordestinos, mas por serem todos de esquerda, todos seus adversários, que lhes chamam de nazista. Não identifiquei nisso nenhuma forma ou intenção de racismo.

Sobre ele citar o governador do Maranhão como sendo o pior de todos, não consegui entender em sua fala uma discriminação específica contra o Estado do Maranhão ou a nossa gente.

O presidente tem o direito de achar Flávio Dino o “pior de todos”, da mesma maneira que Flávio Dino não se cansa de proclamar suas opiniões, sempre demeritórias sobre o presidente do Brasil.

“Não tem que ter nada para esse cara” é uma frase política, que em minha interpretação significa simplesmente o seguinte: Não faremos nada no Maranhão através do governo do Estado. Tudo que tivermos que fazer lá, deve ser feito diretamente pelo governo federal, como a duplicação da BR-135, as obras de melhoria da cidade de São Luís, que já estão sendo realizadas pelo IPHAN, o apoio direto aos municípios e às instituições, como o Hospital Aldenora Bello e nossas ações na Ferrovia Norte-Sul, o que levará as riquezas do Maranhão para o sul, por preços mais competitivos!

Ao dizer isso, Bolsonaro imita o próprio Flávio Dino, quando o governador do Maranhão se refere a um ou outro produtor cultural que busca apoio para um projeto por meio da lei de incentivo a cultura do Estado: “Não tem que ter nada para esse cara”. É triste, mas é do jogo!…

Eu não me arrependo de ter votado em Bolsonaro! Se alguém deveria se arrepender de alguma coisa é ele! Não só se arrepender, mas também parar de dizer e fazer tanta bobagem, correndo o grave risco de desperdiçar a grande oportunidade de soerguimento do Brasil que ele mesmo está propiciando!

Celso Antônio, brasileiro.

Nada sabia sobre Celso Antônio de Menezes. Muito pouca gente sabe sobre ele. Desde que tomei conhecimento de sua incrível história, tive vontade de realizar um documentário que possibilitasse às pessoas conhecerem esse gênio da arte brasileira, que nasceu na cidade de Caxias, no Maranhão.

Realizar este filme passou a ser uma de minhas metas. Comecei a procurar por Celso Antônio, a pesquisar tudo o que dissesse respeito a ele e o livro de Eliezer Moreira sobre Celso foi o estopim. Joaquim Itapary, sabendo de meu interesse, passou-me o endereço de um site de leilões de obras de arte e lá arrematei todas as peças do escultor que estavam disponíveis. Saí comprando tudo que pude encontrar, feito por ele.

Era minha intenção doar o acervo que adquiri, inclusive, parte dele da família de Celso, para o governo do Maranhão, para que ele colocasse em exposição permanente em um espaço dedicado às artes de nossa terra, mas o governo não se mostrou sensível a essa ideia.

As pessoas costumam valoriza pouco as funções de produtor executivo, de produtor, de diretor de produção… Isso é um grande erro. Nenhum diretor pode fazer bem o seu trabalho se não tiver por trás de si bons produtores. Sabendo disso resolvi escalar meu parceiro Joan Carlos Santos, da produtora Play Vídeo, para produzir comigo este filme que resgatará a história deste gênio esquecido de nossa arte.

Precisávamos de um diretor detalhista, minucioso, que beirasse a chatice no esmero da narrativa da história. Precisava de um poeta do cinema. Alguém que soubesse intercalar silêncio e som, longas sequências imagéticas com os necessários depoimentos que compusessem a tela que retrataria a nossa história. Afortunadamente eu tinha esse diretor. Beto Matuck, da Matuck & Yamaji Filmes, meu parceiro de muitos, grandes e bons projetos foi a escolha perfeita.

Essas três empresas integrantes do Polo de Cinema do Maranhão, a Play, enquanto proponente do projeto, a M&Y, se responsabilizando pela direção artística e a Guarnicê, na produção executiva, se valeram do indispensável apoio do MAVAM para realização deste filme, que temos certeza será um marco na história do cinema e das artes do Maranhão.

O filme Celso Antônio, brasileiro, é um sobrevoo sobre a trajetória do escultor maranhense Celso Antônio de Menezes, que viveu entre 1896 e 1984 e participou intensamente do movimento modernista, juntamente com Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Manuel Bandeira, entre outros, mas apesar de aclamado como um importante artista de vanguarda, sua obra é hoje refém do desconhecimento.

Nosso documentário refaz o caminho do escultor, investigando o que teria provocado o seu declínio e impedido que sua obra ficasse registrada mais profundamente no cenário das artes brasileiras.

Duas passagens são as mais controversas na vida do nosso personagem. A primeira, no governo Vargas, quando o renomado arquiteto francês Le Corbusier, que era amigo de Celso Antonio desde quando este morava em Paris, o convidou para fazer uma estátua que deveria ficar em frente ao prédio sede do Ministério da Educação… A obra se chamaria O homem brasileiro. Assistam ao filme e descubram o que aconteceu.

A outra grande polêmica foi quando, no governo do presidente Dutra, o escultor foi convidado para fazer uma escultura que simbolizasse o nosso trabalhador. Ela seria colocada em frente ao Ministério do Trabalho, no Rio de Janeiro.

Nesta imensa escultura em granito Celso Antônio usou como referência a figura de um homem mulato, atarracado, de feições fortes, com as mãos para trás, o que por si só fez da obra objeto de polêmica em torno de como deveria ser representado o tipo racial brasileiro. Dias após e inauguração a escultura foi retirada de seu local, sendo transferida para um parque em Niterói e caiu no esquecimento.

Um dos objetivos deste filme é sensibilizar o governo do Maranhão para que faça tratativas no sentido de trazer essa obra para São Luís e colocá-la em um local onde possa ser admirada por todos.

O lançamento de Celso Antônio, brasileiro será neste sábado, 27 de julho, às 10 horas da manhã, no Cinépolis, no São Luís Shopping. A entrada é franca.

Insônia Produtiva


Quando se fala em insônia normalmente se imagina logo que ela é proveniente de preocupações e dificuldades pelas quais o insone deve estar atravessando, mas em algumas oportunidades, ela pode acabar nos dando alegrias.

Normalmente durmo por volta das 11 da noite e acordo em torno das cinco da madrugada, o que me garante seis horas diárias de bom sono.

Esta semana tive dias muito atarefados, mas também muito produtivos. Trabalhei uma média de 16 horas diárias de segunda e sexta e deverei ainda trabalhar umas 8 horas no sábado e no domingo, o que totalizará umas 96 horas de trabalho, nas diversas atividades às quais me dedico.

Estou realizando várias produções cinematográficas. Acabei de produzir dois longa metragens documentais, um sobre o genial escultor maranhense, Celso António, dirigido por meu amigo e parceiro Beto Matuck, e o outro, baseado em imagens do grande fotógrafo Lindberg Leite, no qual divido a pesquisa, a produção e a direção com Cinaldo Oliveira, Joan Carlos Santos e Fernando Baima, respectivamente.

A Guarnicê Produções está desenvolvendo outros projetos. Para a TV Difusora, uma série em parceria com a Freela Conteúdos, espécie de Reality-Road Movie-Musical-Adventure, onde apresentaremos a banda de reggae Raja, em turnê pela Rota das Emoções e em parceria com a Objetiva Filmes, um telefilme baseado no material que Lindberg Leite produziu para esta emissora nos anos de 1960 e 1970.

Estou também produzindo duas séries e dirigindo uma delas, para canais de repercussão nacional e internacional, a Prime Box Brasil e a Fashion TV. O primeiro sobre a vida e a obra do padre António Vieira e o segundo sobre moda produzida de forma artesanal e sustentável. Ufa!… Só relatar isso tudo já cansa, imagina só fazer!?

A Guarnicê Produções está também participando, como coprodutora, do filme Trópico que será realizado no Maranhão e contará com direção de Giada Colagrande e a participação de Willem Dafoe e grande elenco, além de atores e técnicos de nossa terra.

Tem mais! Depois de muito tempo trabalhando como voluntário na Fundação Nagib Haickel, pois antes, pelo fato de ser deputado, não quis assumir nenhuma função de direção naquela instituição, agora sou seu presidente e justo em minhas mãos, ela está atravessando tempos difíceis, como de resto todo mundo está.

Outra tarefa que assumi foi ajudar a Academia Maranhense de Letras a levar em frente seu plano editorial. Eu, Sebastião Moreira Duarte, Félix Alberto Lima e José Neres, presididos por Lourival Serejo, fazemos parte da comissão editorial da AML, que está editando e publicando alguns livros.

Só para vocês terem uma pequena ideia deste trabalho: Eu lhes garanto que editar um livro hoje é infinitamente mais fácil do que em meados dos anos 1980, mas está um milhão de vezes mais difícil convencer alguns escritores que as capas de seus livros não podem ser feitas por eles, mas por artistas gráficos capacitados!

A semana também foi recheada de compromissos empresariais, setor em que graças ao bom Deus de Moisés e Maomé, conto com a indispensável ajuda de meu irmão Nagib e de minha esposa Jacira, sem os quais eu estaria quebrado.

Pois bem! A insônia! Adormeci às 11 horas da noite, com o controle remoto da TV na mão, e do nada despertei uma hora da madrugada.

Fui até a cozinha, tomei água para enganar o estômago e não ter que comer nada. Não funcionou. Assaltei a geladeira, mas fui moderado. Comi apenas frutas.

Como vi que não iria mesmo conseguir dormir fui para o computador. Passeei pela internet. Dei parabéns para os aniversariantes do dia no Facebook, li as últimas notícias e fui ver a página do MAVAM no Youtube… Agora que começa o texto de hoje. Quase no final!

Deparei-me com 60 filmes sobre os radialistas e o rádio maranhense. Um trabalho de registro e preservação de memória que não pode ser mensurado em preço financeiro. Emocionei-me com o Xeleléu de Rui Dourado, com o grande Zé Branco e senti saudade do amigo Edmilson.

Mas vi também outros conteúdos que realizamos: Os 27 filmes sobre os artistas plásticos do nosso estado, os 24 filmes sobre escritores maranhenses, os 19 sobre personagens e fatos importantes de nossa história, os 120 recortes de memória histórica, além de muitos outros filmes ficcionais e documentais nos quais participamos como realizadores ou apoiadores.

Fiz uma continha rápida e cheguei ao número extraordinário de 250 títulos de diversas durações e formas, realizados de 2009 para cá. Aprofundei a conta e cheguei à casa de 3.600 minutos de material finalizado e mais de nove mil minutos de material bruto.

Naquela madrugada fui dormir às seis da manhã e acordei as oito pra pegar no batente. Dormi feliz e acordei realizado.

PS: Quando lerem este meu texto, meu irmão Nagib e minha mulher Jacira, que em última análise, financiam tudo isso, dirão: “Muito bem! Parabéns! Isso é muito importante e até muito bonito, mas esse negócio não consegue se sustentar sozinho!?” Ao que eu responderei: “Claro que sim! Ele sustenta parte de minha felicidade!”

Veja você mesmo: https://www.youtube.com/channel/UCEWQytLxhKZ2gLs-wGn55FQ/videos

Morfologia e Sintaxe de um Filme

Finalmente encontrei um tempinho para assistir ao badalado filme, Democracia em vertigem, de Petra Costa.

A obra é anunciada como um relato documental sobre os acontecimentos que envolveram a cassação da então presidente Dilma Rousseff, mas ao terminar de assisti-la, tive a impressão de ter visto um filme poético e sensorial sobre política. Algo realmente diferente e incomum, e é neste sentido que acredito repouse suas maiores qualidades, aumentadas por belas imagens, uma trilha sonora quase sacra, a narração em primeira pessoa da própria diretora, construída de forma inteligente, feita para cativar o espectador, levando-o a acompanhá-la em um passeio pelos caminhos de sua visão sobre acontecimentos políticos recentes do Brasil.

Embora cite a cassação de Dilma Rousseff, e apresente depoimentos de diversos outros políticos, na verdade Petra usa a si própria e a Lula, como fios condutores narrativos de seu filme.

A voz às vezes doce e até tímida da narradora, que constrói suas frases com engenharia milimétrica, para não demonstrar sentimentos extremados que a fizesse resvalar na raiva, aparenta não desejar estabelecer uma verdade histórica, o que transformaria seu filme num mero instrumento político. Aparenta!…

Petra é muito inteligente em sua forma de abordagem. Seduz o espectador a ouvi-la e ver as imagens que captou ou selecionou. Nos mostra imagens de filmes caseiros de sua família, estabelecendo conosco uma intimidade, e faz com que sintamos que ela não é uma dessas ativistas idiotizadas. Isso ela não é, e é muito mais perigosa exatamente por isso.

A autora assume abertamente o pecado da subjetividade e o tenta transformar em maior ativo de seu filme. As opiniões e os erros históricos que usa na tentativa de construir um cenário favorável para contar sua história, a princípio não me incomodaram. Já esperava isso. Mas foi sua forma narrativa que fez com que eu lhe fosse condescendente, mesmo tendo identificado fatos fora de contexto, distorções, edições maldosas, como nos casos da votação do impeachment de Dilma, do discurso de posse de Temer e do comício de Lula antes de ser preso.

É esperta ao nos contar que é neta de um dos fundadores de uma das maiores construtoras brasileiras, a Andrade Gutierres. Ao reconhecer o envolvimento dessa empresa com crimes de corrupção, usa a “franqueza” como antídoto para a má vontade de alguns, que, discordando de sua visão ideológica e política, peremptoriamente, pudessem descartar sua abordagem.

Conta sobre a posição antagônica de seus avós e de seus pais. Os primeiros colocados confortavelmente na direita, enquanto os segundos, ativistas de esquerda, que acabaram presos por envolvimento com a guerrilha.

Seu filme nos apresenta um magnífico trabalho de pesquisa imagética. Os passeios que sua câmera faz pelos ambientes, às vezes vazios, às vezes abarrotados de gente, os silêncios, a música, as falas de seus entrevistados, escolhidas com argúcia, e principalmente sua voz quase infantil, nos conduzem por onde ela deseja e imagina que nos leva.

Ela usa sua inconformação com os acontecimentos, sua indignação, a melancolia de seu sonho desfeito, como arma para tentar conquistar corações e mentes de quem possa se posicionar contra as forças que ela diz ser antidemocráticas.

Enquanto assistia ao filme de Petra Costa me veio uma ideia! Colocá-lo em uma timeline de edição e fazer com ele o que na hora chamei de “Morfologia e Sintaxe de um Filme”, indicando em cada sequência pontos de concordância ou discordância com aquilo que tenho não como verdade, mas como fato comprovado, possível ou plausível, como faria um documentarista.

Petra consegue levar seu filme de forma mais ou menos poética e ideológica durante os primeiros 80 minutos de seu tempo. Nos últimos 40 minutos do filme, ela perde a mão, e ele se transforma em um produto parcial e panfletário, mera propaganda política e partidária.

As belas imagens do começo dão lugar a discursos de defesa de Lula e do esquema de poder do PT.

Democracia em Vertigem não se aprofunda nos fatos. Sua autora não nos mostra o papel da mídia e do jornalismo como vetor de todo esse processo; não mostra o aparelhamento sofrido pelo estado; apenas cita ou resvala em assuntos densos, como o Mensalão, o Petrolão e nem fala do assalto ao BNDES; não analisa o fato de que Lula poderia ter conduzido o Brasil para um outro rumo, mesmo que usasse o caminho da esquerda; não cita o fato de que Dilma não deixou que Lula fosse candidato em seu lugar em 2014…

Este filme decididamente não é um documentário. Se o fosse não seria tão relevante.

Referências!…


Referências, para mim, são como bebida e comida, água e pasto… Cabe aqui uma pergunta para confrontar o poeta: “A gente tem sede de quê!? A gente tem fome de quê!?…”

Toda vez que assisto à série Billions, tenho mais certeza de como é importante sermos bem informados sobre tudo o que aconteceu e acontece no mundo. O conhecimento, a informação, o acesso sobre diversos pontos de vistas dos fatos históricos é, em minha opinião, uma das coisas mais importantes, enquanto somos passageiros desta nave chamada erradamente de vida.

A quantidade de informações salpicadas no decorrer de cada episódio de Billionsconstantemente nos confronta com essa necessidade!…

Imaginem estar em uma conversa sobre a atual situação e a importância dos índios americanos no contexto daquela nação, e falarem que os descendentes das tribos nativas da América do Norte não representariam tanto problema hoje em dia, se os administradores dos assuntos indígenas, nos idos do século XIX, tivessem distribuído a eles mais alguns cobertores contaminados! Só quem conhece um pouco da história e das versões sobre ela, comprovadas ou não, é capaz de entender esse texto e seu contexto.

Outro detalhe importante ocorreu quando personagens de Billions comentaram sobre basquetebol, referindo-se à importância que teve Larry Bird naquele maravilhoso time verde de Boston da década de 1970, os Celtics. Só os verdadeiros conhecedores de basquete saberiam sobre o que falavam!…

Nem vou comentar aqui a infinidade de referências sobre negócios, mercados financeiros ou termos legais de advogados e procuradores, assuntos e objetos principais da série. São tantas referências sobre esses temas que, se os quisermos acompanhar, só pausando o filme e recorrendo ao Pai Google, pois sobre a maioria delas, nós pobres mortais, nunca nem ouvimos falar.

Num episódio da quarta temporada, uma das referências chamou a minha atenção imediatamente, pois eu conseguia entender completamente o sentido do que estava sendo dito, mas não tinha a menor ideia sobre quem o Taylor e a Wendy estavam falando… Um tal de Kahn!…

Parei o vídeo e fui direto para o Google, pois não tenho mais nem a Delta-Larrouse, nem a Britânica, ou a Barsa ou a Mirador para recorrer… E se as tivesse, passaria horas até descobrir quem era o tal sujeito.

Só havia entendido a palavra Khan, e que o filho dele havia feito um filme a seu respeito, mas sabia também que o assunto envolvia urbanismo e arquitetura. Fui logo digitando o nomee apareceu: “Louis Isadore Kahn foi um dos grandes nomes da arquitetura mundial. Louis Kahn nasceu na Estônia, mas sua família mudou-se para os Estados Unidos, quando Kahn tinha apenas 5 anos. Foi naturalizado americano em 15 de maio de 1914”.

Mas isso não acontece só desta forma! Você, em uma conversa despretensiosa, se depara com assuntos de que jamais ouviu falar e para não ficar com cara de bobo, assim que pode, saca o smartphone, acessa algum espaço virtual que o coloque up-to-date sobre o papo, e de repente você está de volta, ligado e sincronizado!…

Outro dia dei uma carona para meu eterno mestre, Sebastião Moreira Duarte, que dos homens com quem convivo, é o mais culto, e estávamos conversando sobre a série que estou produzindo e dirigindo a respeito do padre jesuíta Antônio Vieira. No meio da conversa e inspirado por ela, comecei a viajar numa possível abordagem do tema jesuitismo… Repentinamente, Marcelo, meu motorista, deu uma freada. Olhei para ele e vi que ele ficou distraído com nossa conversa e se descuidou do volante, bem na hora em que eu e Sebastião comentávamos sobre as personalidades fortes tanto de Vieira quanto de Savonarola…

Savonarola!… Quem seria capaz de dizer quem foi Savonarola, mas sem recorrer ao Google!?…

Como comecei esse texto confrontando um poeta, quero encerrá-lo confrontando outro: “Ideologia! Eu quero uma pra viver!” Ao que respondo: Neste momento só a ideia pode nos livrar das ideologias, desgastadas e carcomidas por seu mau uso, meu caro amigo poeta, amigo do beija-flor.

Justo reconhecimento

J

É público e notório que faço restrições ao atual governo do Maranhão, mas é igualmente do conhecimento de todos que procuro sempre ser correto e justo em minhas ações e atitudes.

O fato de acreditar que o atual governo trouxe poucas mudanças para o quadro político do Maranhão, trocando algumas vezes o modus operandi e outras vezes o cenário dos acontecimentos, mas permanecendo na maioria das vezes com resultados idênticos aos de governos anteriores, não faz com que eu desconheça que em alguns aspectos aconteceram boas mudanças e até algumas evoluções.

Da mesma forma que vejo retrocessos em diversos pontos e igualdade em outros tantos, não posso negar que houve avanços.

Exemplo dessa escala pode ser visto claramente na SECMA. Se por um lado ela está completamente aparelhada, só dando apoio a quem se alinha de alguma maneira ao governo (vejam o caso do MAVAM), por outro lado ela continua prestigiando enormemente o Carnaval e o São João, coisa que governos anteriores já faziam.

Eu não seria correto se não reconhecesse a boa mudança que tem acontecido no setor audiovisual. Primeiro por ter sido implantada no IEMA, uma escola de cinema, mesmo que de forma precária (tanto que os primeiros equipamentos daquela escola, foram doados exatamente pelo MAVAM), é uma ação que demonstra interesse por esse importante setor da cultura e da economia criativa.

Há outro fato que deve ser citado. Em 2015 foi realizado o 1º Arranjo Regional entre a ANCINE e a SECTUR. A Agência disponibilizou 2 reais para cada 1 real aportado pelo Maranhão, o que resultou em 3 milhões de reais em projetos audiovisuais.

Este ano a ANCINE mudou a proporção, e como o Maranhão vai aportar novamente 1 milhão de reais, ela contribuirá com 5 milhões para o novo projeto de Arranjo Regional.

Mas há ainda outro fato que deve ser mais louvado. O município de São José de Ribamar se candidatou a participar do Arranjo Regional 2019, aportando 500 mil reais nele. Por ser um município que não é capital de estado, tem o privilégio de receber da ANCINE 6 reais para cada um que conveniar, o que totalizaria 3,5 milhões de reais a mais circulando no setor audiovisual do Maranhão. Ocorre que a prefeitura de Ribamar, devido à crise que aflige nosso país, iria desistir de participar deste projeto por não conseguir o montante pelo qual se comprometeu.

Foi aí que surgiu uma pessoa extraordinária! Uma mulher incansável! Uma produtora audiovisual incrível, que chamou para si a responsabilidade de resolver esse problema e buscou sensibilizar pessoas que pudessem ajudar o setor audiovisual do Maranhão a não perder 3,5 milhões de reais.

Sheury Manu falou com diversas pessoas, e conseguiu para a causa do audiovisual maranhense a simpatia do deputado Duarte Junior, a quem eu também faço restrições comportamentais e políticas, mas reconheço que neste caso ele ajudou bastante.

Por sorte Manu encontrou-se em um evento com o governador e conseguiu expor-lhe a questão, que pelo que me contaram, entendeu imediatamente o caso, com uma incrível praticidade cartesiana, que resultou na solução do problema.

Com o convênio que será feito com a Prefeitura de São José de Ribamar, o Maranhão aportará nos projetos de Arranjos Regionais de 2019 a quantia de 1,5 milhão de reais e a ANCINE entrará com 8 milhões, o que colocará no setor audiovisual maranhense 9,5 milhões de reais em projetos a serem aprovados por editais.

Não há como negar os fatos. Quando se faz necessário, não há como deixar de aplaudir ou de agradecer.

PS: Meia dúzia de babacas vão já dizer, nas redes sociais, que estou me oferecendo para Flávio Dino… É que estas pessoas não são capazes de entender o que é correto.

Ainda sobre o MAVAM

Fiz grande esforço para não tocar neste assunto, mas não aguentei e sucumbi!

A Fundação Nagib Haickel fez circular um documento comunicando que a partir de 1º de julho, o MAVAM – Museu da Memória Audiovisual do Maranhão suspenderá suas atividades, por não mais estar conseguindo manter satisfatoriamente em funcionamento este serviço, prestado gratuitamente à comunidade maranhense.

Depois de publicado o comunicado começaram a chover telefonemas, postagens nas redes sociais, mensagens de diversas formas e provenientes de diversos remetentes, todas de surpresa, mas principalmente de apoio, solidariedade e esperança de que em breve o MAVAM volte a funcionar regularmente.

O secretário geral da Academia Maranhense de Letras, Sebastião Moreira Duarte, publicou na semana passada um maravilhoso artigo tratando deste assunto, porém ressalto que outras tantas mensagens foram também muito significativas para nós.

Recebi um e-mail da ex-primeira dama do Maranhão, dona Eline Murad, onde ela dizia estar penalizada com o acontecido e nos oferecia sua solidariedade. Fiquei muito sensibilizado por ser a remetente uma pessoa tão respeitada e querida por todos.

Vi também o comentário de Kassandra Benevides, na página do MAVAM no Facebook, que dizia o seguinte: “Amo este lugar com todas as minhas forças!”. Amei essa declaração de Kassandra!

O colecionador e membro do IHGM, Antonio Guimarães, publicou em sua página no Facebook um belo texto que bem retrata essa situação, vista pelo prisma de alguém que vive neste segmento cultural.

Não foi surpresa saber dos bons sentimentos de Adson Carvalho, um dos voluntários no MAVAM. Surpresa foi ler o belo e emocionante relato dele, um rapaz tímido e recatado, falando numa rede social sobre sua experiência no tratamento de nossos acervos fotográficos: “Faz pouco mais de três anos que eu venho colaborando como voluntário, com o MAVAM… Tenho executado ações de conservação, limpeza, reprodução, digitalização, guarda e catalogação de fotografias… Tenho me dedicado a cuidar de três coleções… Que já serviram de auxílio para conclusão ou complementação de monografias, dissertações, teses e até mesmo trabalhos pessoais de diversas pessoas que procuram nossa instituição, buscando apoio nas imagens de seus acervos… Enfim, esta instituição tem um papel primordial para preservação da história e da memória maranhense e nacional…”

Outro que se manifestou, desta vez em mensagem pessoal diretamente para mim, foi Ângelo Guimarães Rosa, que durante algum tempo, antes de se transferir para Curitiba, foi um dos que voluntariamente ajudaram o MAVAM:“Não é fácil ver algo tão bonito não florescer da forma que merece… A grandeza dos projetos que participei não era medida pelo montante da verba ou equipamentos empregados, mas sim pelo sonho em fazer parte de um momento único… O MAVAM significou esse sonho, estávamos construindo o retrato da história passada em nosso presente e isso era o que nos motivava ainda mais a participar deste projeto… A força motriz da nossa inspiração era sem dúvida a sua audácia e comprometimento… Por vezes eu vi você bancar um projeto e seguir até o fim com ele sem medir consequências, tudo em prol da realização do objetivo maior do ideal… Por fim, queria deixar claro o meu agradecimento por todas as realizações que fizemos juntos, e as oportunidades que o MAVAM me proporcionou…”.

O comentário no Facebook, de um experiente e calejado produtor audiovisual, Joan Carlos Santos, resume tudo: “Amigos, estou aqui pensando no MAVAM e comecei a contabilizar mentalmente a quantidade de material que existe lá. Acervos fotográficos de Edgar Rocha, Antonio Guimarães, Ribamar Alves, milhares de outras fotos das mais variadas procedências; O acervo do escultor Celso Antonio; Acervo de áudio de Talvane Lucato; Acervos de vídeos de Lindberg Leite, da VCR, da Phocus, de diversos cineastas; A produção de filmes próprios e com diversos parceiros, isso sem contar com o apoio que o MAVAM sempre deu a TODOS que o procuram! Imagino que por baixo, exista lá algo em torno de 100.000 fotografias em diversos formatos e mídias, umas 500 horas de acervos de áudio, umas 4.000 horas de vídeos não editados ou tratados e umas 200 horas de material finalizado”.

A mim só resta agradecer a todos que se solidarizaram conosco, nas pessoas de Sebastião, Dona Eline, Kassandra, Guimarães, Adson, Ângelo e Joan.

Aquele que não devia morrer

Esclarecimento necessário

Na reunião da Academia Maranhense de Letras, na última quinta-feira, dia 6 de junho, fui surpreendido por meu querido professor, amigo e confrade naquela Casa de Cultura, Sebastião Moreira Duarte, com a leitura do texto abaixo, sobre o MAVAM, Museu da Memória Audiovisual do Maranhão.

Antecipo ao prezado leitor que a generosidade que Sebastião demonstra para com a minha pessoa neste texto é demasiada, uma vez que as minhas atitudes quanto a este assunto são pura e simplesmente uma quetão existencial.

De qualquer maneira fico muito grato ao autor desta bela peça literária, e estendo este agradecimento a AML, por todo apoio e solidariedade que tem sido dado à Fundação Nagib Haickel, ao MAVAM e particularmente a mim.

Aquele que não devia morrer.

Sebastião Moreira Duarte

Escrevo estas linhas à beira-mágoa, como diria o poeta. Recusei-me, de início, a escrevê-las, sem saber se o que me afligia mais era a mágoa em si, ou a sua causa inesperada e inexorável.

Encontrei-me ausente de São Luís, por alguns dias. De volta, retomando uma pauta de trabalhos adiados e inadiáveis, amanheço batendo as aldrabas da porta grossa do Mavam, o Museu da Memória Audiovisual do Maranhão, aos pés da igreja do Desterro. Preciso de imagens para ilustrar algumas publicações próximas da Academia Maranhense de Letras.

Bato, e ninguém me ouve. Bato e insisto. Abre-me a porta, relutante, alguém que estava ali só para deixar a notícia: o Mavam bateu portas. Encerrou as suas atividades.

Desabo em desalento. (Nos tempos do velho Machado, eu diria: “enfiei!” – para dizer: “estremeci, fiquei pasmo!”)

E eu bem que podia evitar o longo percurso – quase 20 km! – até as portas fechadas do Mavam. Bastaria ter tido tempo para ler, nos jornais que se acumularam à minha espera, a nota pesarosa dada à imprensa pela pesarosa, mas ingênita elegância de Joaquim Haickel.

Desde a sua ideia inicial, o Mavam é grande e generoso como Joaquim Haickel, o seu criador, amparado, desde o prédio que o abrigava, até às instalações e equipamentos que o faziam funcionar, pela fundação que leva o nome de seu pai, o imenso Nagib. Como Joaquim Haickel, o Mavam era feito de teimosia. Seguia adiante movido por teimosia, a acendrada convicção que parecia ecoar, às margens do Bacanga, a expressão famosa que um dia Alfieri pronunciou ao pé dos Alpes, explicando-se a si próprio: “Eu quis. Eu quis sempre. Eu quis fortissimamente.” Desde menino, Joaquim Haickel queria o Mavam, desde estudante, desde os tempos dos filmes em super-8, desde o primeiro até o último Festival Guarnicê, Joaquim Haickel queria o Mavam. Joaquim queria fortissimamente o Mavam.

Muita gente pensava – e continuará pensado – que o Mavam era um órgão público. E não está/estava sem razão: trata-se de uma das mais públicas de nossas instituições privadas. (Em comparação, só a própria Academia, já pra mais de centenária, e que não tem outra razão de ser senão oferecer-se sempre, de portas abertas, ao público).

Não sei quantas vezes eu vi Joaquim Haickel se movimentando de um lado para outro – é quase impossível encontrá-lo parado! – atrás de velhos acervos familiares e profissionais, à cata de material para guardar e preservar no Museu de tantos usuários. Eu mesmo, já nem sabia mais que tinha tido sido comerciante em São Luís, quando um dia me vejo, em pulsante renovação de vida, junto com meu pai e meu irmão, cortando a fita inaugural de uma loja de eletrodomésticos que ia de uma rua a outra, no centro de São Luís. Que emoção, rever-me, ainda em sonhos de mocidade, resolvendo fazer-me rico em meio aos meus familiares! Quantas outras pessoas terão tido, poderiam ter, emoções iguais!

Foi por causa do Mavam que os maranhenses de ontem e de agora puderam ver as imagens da velha capital maranhense explodindo de dentro de seu centro histórico congestionado, abrindo-se pela ponte e pela barragem, por bairros e avenidas cuidadosamente calculados (e por imprevistos desvios da ideia original), segundo planos de um engenheiro teimoso chamado Haroldo Tavares. Tudo ficaria esquecido, irremediavelmente perdido, não fosse o cuidado de pesquisar, encontrar, adquirir e manter disponíveis documentos que tão facilmente se perdem e perecem.

Escolas de nossa rede pública e privada, instituições públicas e particulares podem dispor, ainda agora, de material insubstituível para aprender a História de sua terra, graças ao trabalho realizado pelo Mavam.

Mas o Mavam era, muito, Joaquim Haickel. Não vem ao caso indagar aqui por que dar-lhe fim, por lenta asfixia e final estrangulamento. Basta saber que a entidade era o indivíduo, a criatura era o criador. Este seria abatido, abatendo-se a sua criação.

Aprendi, desde os bancos escolares, que Y-Juca Pirama significa “aquele que deve morrer”. Queria saber como se diz, em língua de índio, “aquele que NÃO deve morrer”, para, assim, proclamar por sobre todos os telhados da Taba dos Timbiras: O Mavam NÃO deve morrer! O Mavam NÃO pode morrer!

E se, em definitivo, não for possível reabrir mais as portas do nosso Museu da Imagem maranhense, que se grave em seu epitáfio o que um amigo incomparável – e incomparável amigo do Maranhão, e seu historiador – mandou escrever sobre o seu túmulo: “Aqui dorme Carlos de Lima. Sob protestos”.

Reforma política já!…


Todo mundo vive falando em reforma da previdência, reforma tributária e medidas de contenção da corrupção e da criminalidade, mas não escuto ninguém falar na mãe de todas as reformas, sem a qual as demais serão inócuas, pois sem ela o mal maior não será combatido de forma eficiente, eficaz e efetiva, a reforma política.

Relaciono a seguir 11 pontos que em minha modesta opinião não podem estar fora da pauta da urgente reforma política que precisamos aprovar para que o Brasil volte a ser um país viável.

1 – Eleições gerais e coincidentes: Com votação para representantes populares para os poderes Legislativo federal, estaduais e municipais, num sábado e para os candidatos a cargos dos poderes Executivo federal, estaduais e municipais, no domingo imediatamente depois;

2 – Mandato de seis anos para todos os cargos: Sem reeleição para os cargos executivos. Sendo que os mandatos dos senadores passarão a ter a mesma duração dos demais congressistas;

3 – Voto universal, secreto, direto e majoritário para todos os cargos: como não poderia ser diferente, o voto tem que ser universal, secreto e direto. A inovação neste quesito fica por conta do voto passar a ser majoritário, acabando com a possibilidade de elegerem-se pessoas que não tenham a devida representatividade eleitoral direta;

4 – Eleições únicas para o Congresso: nossos representantes nas casas do Congresso Nacional, Senado Federal e Câmara dos Deputados, passarão a ser eleitos juntos e em pé de igualdade, só que os três congressistas mais votados de cada Estado serão eleitos senadores e os demais, serão eleitos deputados. Os suplentes serão sempre os subsequentes;

5 – Financiamento público de campanha: o financiamento das campanhas eleitorais será público, mas deve haver a possibilidade de empresas privadas e pessoas físicas contribuírem para um fundo que deverá ser dividido, pela Justiça Eleitoral, entre os partidos políticos, de uma forma a ser estudada, mas sempre de modo equânime e proporcional;

6 – Fidelidade Partidária: o político que se eleger por um partido só poderá sair dele no final do mandato. Não haverá prejuízo em caso de mudança partidária para uma nova candidatura por outro partido. No caso do voto do parlamentar, este pertence a ele e à sua consciência, e não ao seu partido;

7 – União, Federação ou coligação de partidos: deve haver a possibilidade de formação de grupos ideológicos em torno de propostas políticas que juntem força na eleição de seus membros, principalmente para a disputa de cargos executivos;

8 – Cláusula de barreira: os partidos deverão ter um desempenho mínimo para continuar existindo. Esse desempenho deve respeitar os casos de União, Federação ou coligação de partidos;

9 – Candidaturas avulsas: estas devem ser aceitas, pois um cidadão deve ter o direito de não desejar se filiar a nenhuma agremiação partidária e ainda assim vir a ser candidato a um cargo eletivo, principalmente pelo fato da eleição passar a ser majoritária, o que nivela e igula todos os candidatos independentemente de estarem em partidos ou fora deles;

10 – Voto obrigatório: o voto facultativo só pode ocorrer em uma sociedade onde os cidadãos tenham consciência da necessidade de votar e do ônus de não votar, de participar das decisões sobre seus destinos ou deixar que outros tomem essas decisões. Em uma sociedade fragilizada como a nossa se encontra, a obrigatoriedade do voto se faz necessária, ela é uma etapa que não pode ser simplesmente descartada na formação da consciência do cidadão;

11 – Ficha Limpa: se vivéssemos em um país que tivesse uma cultura de respeito às leis, esse tipo de precaução não seria necessário, porém, até que atinjamos este patamar, como nação e sociedade faz-se indispensável que se elimine peremptoriamente os que comprovadamente não tem capacidade de se manter em conformidade com as leis.

Penso que algumas pessoas podem discordar de minhas opiniões expressadas acima. Em defesa delas só tenho a dizer que são resultado de uma vivência de mais de 40 anos na política, da luta renhida entre a teoria e a prática, do inconformismo entre o que se deseja e o que é possível.

Não sei o que o futuro nos reserva neste sentido, mas tenho certeza que alguma coisa precisa acontecer para mudar a forma de se fazer política no Brasil. Se isso não ocorrer, não haverá salvação.

Num beco!… Mas ainda há saída!…


O texto que eu programei para esta semana falava de um assunto menos pesado que política. Falava de referências, de filosofia e de poesia, mas infelizmente o cronista tem obrigação de estar em dia com os assuntos mais comentados e discutidos, afinal de contas propagamos nossas ideias e opiniões, através de jornais e redes sociais, e são os assuntos do momento que as pessoas desejam mais ler.

Dito isso, volto a falar sobre a incapacidade do presidente Jair Bolsonaro e de grande parte de seus apoiadores, em entender os acontecimentos.

Que o sujeito seja conservador, tradicionalista, de direita, eu posso entender e até apoiar em alguns casos, circunstâncias e gradações. Mas daí o indivíduo não ter a capacidade de discernir entre como agir, o que fazer e o que não fazer para alcançar seus objetivos, isso é inadmissível!

Não vou discutir os objetivos do presidente Bolsonaro, até porque concordo integralmente com alguns deles, em parte com outro tanto, aprovo menos outro lote de medidas que ele deseja implementar, e discordo de outras de suas ideias. Mas o que eu discordo total e peremptoriamente é com a forma dele se expressar e conduzir suas ações.

Alguém tem que dizer para o presidente que a forma é parte da ação. Que conteúdo e forma compõem o todo. Que um político, principalmente um presidente, precisa entender e dominar a arte da comunicação, da diplomacia, do diálogo, em diversos cenários e nas mais variadas esferas. Que uma coisa é ser candidato, e outra bem diferente é ser presidente. Que quanto a essas coisas ele nem deve argumentar contrariamente, pois jamais terá razão!

Não queremos que Bolsonaro se transforme no macio Sarney, no escorregadio Fernando Henrique ou que seja espertalhão como Lula! O que não se deseja de modo algum é que ele seja maluco como Collor, tão fleumático quanto Itamar ou um idiota completo como Dilma.

Imagino que todo brasileiro conhece o presidente Bolsonaro! Tem gente que o acha fascista, racista, misógino, homofóbico, que ele faz apologia da tortura e da violência. Eu não acho nada disso a respeito dele, mas não posso deixar de concordar que ele é o maior responsável por fazer com que digam, pensem e propaguem essas opiniões sobre ele, pois ele é um verdadeiro desastre em comunicação, tanto pessoal quanto institucional!

Existem aqueles que acham que aquilo que o presidente Bolsonaro diz é o certo! Que a sua forma de se expressar e agir é correta! Não afirmo que algumas das coisas que ele diz estejam erradas, mas posso garantir, sem medo de errar, que a FORMA como ele diz, o LOCAL e a OCASIÃO de suas falas ou manifestações são completamente desfavoráveis às suas intenções.

Acredito que o Jair queira fazer o melhor para o nosso país. Nisso eu o igualo ao Lula dos primeiros dois anos de mandato presidencial. O que ocorre, e é grave, é que Lula jamais teve contra si toda a grande mídia nacional, nunca contou com uma oposição tão ferrenha e bem aparelhada, e principalmente, Lula jamais cometeu a asneira de ser ele mesmo seu maior adversário!

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro não for capaz de entender que a forma dele SER, só pode se consumar de maneira efetiva, eficiente e eficaz, se ele passar a AGIR de modo mais astuto, inteligente, diplomático e POLÍTICO, na maior e melhor concepção dessa palavra tão desgastada e desvalorizada.

Minha mágoa com Lula não se deve ao fato dele ter se tornado um corrupto, não é porque ele quase destruiu o nosso país. Minha maior mágoa de Lula se deve ao fato dele ter tido a oportunidade, a condição e o poder necessários para realmente transformar o Brasil e ter optado, miseravelmente, por se perpetuar, ao seu grupo e a sua ideologia, no comando de nossa nação.

O mesmo eu digo antecipadamente para Bolsonaro. Ele terá não apenas a mágoa, mas em muitos casos, terá a repulsa e até mesmo o ódio, daqueles que não querem e não admitem ver o Brasil novamente trilhando o caminho tão tortuoso como aqueles dos tempos do PT e de seus asseclas.

Ou Bolsonaro muda ou mudam o Bolsonaro!…

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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