Joaquim Haickel
30 de abril de 2020
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Como sempre faço, hoje acordei bem cedo e vim para o escritório, vomitar nas teclas do computador o que represei durante a noite no rio que há entre minha mente e aquilo que comumente chamamos de alma.
Vinha com algo quase pronto em minha mente, mas ao abrir meu computador, deparei-me com uma mensagem de meu primo Marco Aurélio, que veio a calhar com tudo que senti ao acordar neste quadragésimo quinto dia de quarentena.
Depois de ler e reler a mensagem de Corélio resolvi mudar um pouco o que iria escrever hoje. O que desejo agora, é responder aquela mensagem de meu primo e aproveitar para falar com todos que por acaso venham a ler o que aqui escrevo.
Meu primo querido, acho que nunca disse isso a nenhum de vocês, de maneira tão clara e direta como vou dizer agora, mesmo que também nunca tenha tentado de qualquer forma ou por qualquer maneira esconder, mas ao ler essa tua mensagem me deu vontade de dizer: Eu amo muito todos vocês, minha família. Gostaria que todos soubessem disso.
Amo meus avós, meus pais, meus irmãos, meus filhos, meus netos, meus sobrinhos, meus tios, meus primos. Amo as pessoas que vivem ao nosso redor e que tanto gostamos de tê-las conosco. Amo meus amigos, dos mais próximos aos mais distantes. Amo meus colaboradores de todas as naturezas. Amo os desconhecidos, e hoje vejo que amo até aqueles pelos quais pensei que nutrisse indiferença, mágoa, desamor ou mesmo desprezo, já que ódio é um sentimento que fomos ensinados a não nutrir por ninguém.
Se há uma coisa boa nisso tudo é o fato de que sentimentos negativos parecem que estão cada dia que se passa, se esvaindo. Espero que se não todos, porque alguns já se foram, a maioria de nós possamos sair ilesos desse caos em que o mundo se encontra. Fiquem bem.
PS: Como sou teimoso, impertinente como bem me qualificou desde que era apenas um menino, minha querida mãe Teté, vou escrever agora aqui o que acordei com vontade de escrever.
Já faz quarenta e cinco dias que estou de quarentena e começo a ficar cansado dessa rotina. Hoje pela primeira vez senti um medo maior que de costume. Imaginei o que sentiria e faria se alguém muito próximo a mim adoecesse e ficasse mal. Imaginei se eu ficasse mal. Imaginei-me numa UTI, entubado, imóvel, sem poder me coçar! Imaginei o que aconteceria com as pessoas que tanto amo se eu lhes faltasse ou se uma delas me faltasse. Mas como sou um conhecido egoísta, prefiro que eu lhes falte que elas a mim.
Atenção meu irmão Nagib, tu entre todos está proibido de adoecer, pois na hora do pega pra capar és tu quem resolves tudo.
Quanto a mim, caso aconteça comigo o pior, exijo que não permitam que seu seja enterrado em uma cova comum. Façam com meu corpo o que meu pai queria que fizéssemos com o dele e não conseguimos fazer. Cremem-me e joguem minhas cinzas na confluência dos rios Anil e Bacanga, bem em frente ao cais de São Luís, como última forma de declarar meu eterno amor por minha cidade.
Joaquim Haickel
25 de abril de 2020
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O ex-deputado Roberto Jeferson, meu colega na Assembleia Nacional Constituinte, disse recentemente, que um grupo de deputados liderados pelo presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, está tentando mudar a Constituição brasileira no sentido de permitir que haja reeleição para os membros da Mesa Diretora da CD, dentro da mesma legislatura.
Veja, na primeira sessão de cada período legislativo a Câmara dos Deputados se reúne para eleger sua Mesa Diretora para um mandato de dois anos, sendo proibida a reeleição, dentro da mesma legislatura. Essa proibição ocorre para impedir que o Poder Legislativo se torne propriedade de uma pessoa ou de um grupo, enfraquecendo assim o sistema republicano de governo e fragilizando o estado democrático.
Caso haja reeleição, o Legislativo, poder mais afeito que os demais à ação de acordos e conchavos, se transformará em fonte de grande problema no equilíbrio e na harmonia entre os poderes, o que acarretará graves problemas institucionais.
A Constituição maranhense copiava a federal quanto à eleição da Mesa Diretora de seus Poderes Legislativos, mas em 1994 o então presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, mudou a Constituição de nosso Estado para permitir reeleição dos membros da Mesa Diretora.
Em 1999, como deputado, eu entrei com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade contra aquele artigo da nossa Constituição estadual. O Supremo Tribunal Federal achou que a modificação da Constituição maranhense não estava em desacordo com a Constituição Federal e rejeitou minha ADIN, permitindo que no Maranhão, o presidente da ALM continuasse a se eleger indefinidamente, como um presidente de associação comunitária ou clube de futebol.
Em 2002, com a eleição de novos deputados, fizemos um movimento para ganhar a eleição para a Mesa Diretora, usando as regras vigentes na época. O primeiro passo foi convencer a oposição, que sempre apoiou a reeleição, de que era hora daquilo acabar. Vencida aquela etapa, teríamos que dissuadir o governo de então, a não se intrometer na eleição da ALM, o que não aconteceu, fato que recrudesceu ainda mais a decisão de derrubarmos aquele grupo que estava alojado no Poder Legislativo, já fazia dez anos.
Nosso grupo era composto por 8 dos 28 deputados ligados ao governo e por todos os 14 da oposição. Não havia margem para erro.
O certo é que vencemos a eleição. Estabelecemos uma nova administração no Poder Legislativo e uma das primeiras medidas que tomamos foi emendar a Constituição estadual e o regimento da ALM, deixando os textos “ipsis litteris” aos seus correlatos a nível federal. Eu fui o autor das emendas.
O deputado Carlos Alberto Milhomem e eu fomos eleitos respectivamente, presidente e primeiro secretário da Assembleia para o biênio 2003-2004, porém, em 2006, o clima político no Maranhão tinha mudado muito. Havia outro presidente na ALM, que levado pelas circunstâncias políticas e apoiado por alguns daqueles que conosco derrubaram a reeleição, fez com que mudassem novamente os dispositivos legais, permitindo a volta da reeleição.
De lá para cá, todo aquele que se elegeu presidente da ALM, se reelegeu, e só deixaria de fazê-lo se fosse muito inábil, se não tivesse capacidade de agregar os interesses de seus colegas, ou se tivesse que enfrentar um grupo de parlamentares como aquele que em 2003, derrotou, não só o grupo aquartelado no Legislativo durante dez anos, mas também, o governo do estado e todas as suas forças, os caciques da política do Maranhão, e até mesmo o Poder Judiciário, local e nacional, que apoiava a reeleição.
O que Rodrigo Maia e seu grupo deseja fazer na Câmara dos Deputados é um desserviço ao Brasil. Não digo isso em defesa de Bolsonaro e de seu governo, que são passageiros. Digo isso com o conhecimento de alguém que viveu na política durante 32 anos, e sabe que a usurpação do controle do Poder Legislativo é extremamente nociva à república e à democracia.
O que eles pretendem, usando uma forma aparentemente legítima e democrática, acobertada pela votação de uma emenda constitucional, é nada mais, nada menos, que levar a cabo um golpe legislativo, e estabelecer um parlamentarismo branco no Brasil.
Para
proteger o comércio e a indústria brasileira, e consequentemente defender a
economia nacional neste momento de grave crise, o governo, através de seu
determinado, operoso e destemido presidente, bem que poderia baixar um dispositivo
legal que obrigasse os bancos, que são as peças mais fortes da nossa, assim
como de qualquer engrenagem econômica, a postergar por 180 dias os pagamentos
de empréstimos contraídos pelas empresas, antes desta calamidade se abater
sobre nós.
Essa
ideia me ocorreu quando tive certeza que muitas empresas, teriam imensa
dificuldade em cumprir com seus compromissos, uma vez que a grande maioria
delas se encontra fechada, sem nenhuma atividade econômica positiva. Estão
apenas acumulando dívidas. Foi aí que me lembrei de uma coisa que deveria ter
estudado mais do que o fiz. Direito administrativo. “O Fato do Príncipe”.
Fui
dar uma estudadinha, e vou tentar explicar da forma
mais didática possível, se é que isso é possível.
A
expressão “fato do príncipe” é comumente utilizada no direito administrativo ao
tratar dos contratos, da possibilidade jurídica de sua alteração. Em síntese, é
o ato administrativo realizado de forma legítima, mas que causa impactos nos
contratos já firmados.
Trata-se
de agravo econômico resultante de medida tomada sob titulação diversa da
contratual, isto é, no exercício de outra competência, cujo desempenho vem a
ter repercussão direta na econômica contratual estabelecida no que foi
acordado.
Ufa!…
Entendeu!?… Vou tentar simplificar ainda mais.
Imagine
que eu e você fizemos um contrato em uma situação na qual tudo deveria correr
de forma normal, como o esperado. Repentinamente ocorre uma calamidade, irrompe
uma guerra, ocorre um desastre natural de proporções catastróficas, assim como
essa da Covid-19, e tudo para, as empresas fecham, tudo foge ao controle. O
ambiente onde aquele nosso contrato foi firmado não mais existe, impedindo que
ele seja honrado, da forma como foi estabelecido e por isso algo deve ser feito
para manter a normalidade legal dele, sem prejuízo maior para nenhuma das
partes.
Não
será um adiamento de 180 dias do recebimento dos empréstimos que quebrará o
nosso poderoso sistema bancário, mas esse adiamento poderá salvar muitas
empresas e impedir o desemprego em massa, e a quebradeira que poderá acontecer
tanto na indústria quanto no comércio. Fazendo isso o governo estaria ajudando
de forma definitiva na sustentação de nossa economia, talvez da forma mais
efetiva que qualquer outra.
Outra
coisa importante a ser lembrada, quanto a pedirmos esse “sacrifício” aos
bancos, é que todas as vezes que tivemos um problema com o sistema bancário,
ele foi socorrido pelo governo, sempre às custas do dinheiro do contribuinte,
em sua maior parte das empresas. É hora deste privilegiado setor de nossa
economia participar como um dos vetores de solução desta grave crise pela qual
atravessamos. Além disso, se essas medidas forem implementadas, não haverá para
os bancos nenhuma perda econômica ou financeira, haverá apenas e tão somente um
adiamento do recebimento dos valores emprestados.
Não
sei se a disposição e a coragem do presidente Bolsonaro para enfrentar os
poderosos conglomerados bancários, está no mesmo nível das que ele tem para
bater boca no Twitter! Se tiver, estará fazendo uma das coisas mais acertadas
de seu governo, até aqui.
Joaquim Haickel
11 de abril de 2020
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Não vejo a hora de tudo isso
acabar, para que eu possa voltar à minha rotina de afazeres e trabalhos
diários, pois preciso dar continuidade às séries que estou produzindo e
dirigindo: “Manufatura Fashion”, “Raja na Rota das Emoções”, “A Pedra e a
Palavra”, “JS – 90”, “As Mina Pira”, em que pese continuar trabalhando
nelas in home office!
Preciso também voltar logo a me
dedicar às pesquisas e à produção dos projetos que alguns de meus parceiros,
como Beto Matuck e Fernando Baima, irão dirigir como são os casos dos
longas-metragens sobre a vida e a obra de Bandeira Tribuzi e sobre a Revista
Guarnicê, os quais eles trabalham de suas casas.
E ainda tem um leitor e
comentarista, dos blogs de meus bons amigos Jorge Aragão e Zeca Soares, um FDP
sem caráter, que insiste em perguntar, como se soubesse a resposta, o que é que
eu faço na vida. A vontade que dá é de mandá-lo perguntar à mãe dele, se eu
faço bem direitinho!…
Outra coisa que preciso fazer
com urgência é parar com essa abominável prática do desenfreado exercício
alimentar compulsivo, que além de ter se abatido sobre a minha corpulenta
figura, tem afligido a muita gente também nesses tempos de clausura.
Nestes dias de isolamento
social, tenho dedicado uma parcela bastante grande de meu tempo para assistir a
filmes e séries em todas as plataformas disponíveis. Sugiro que não percam “A
Promessa”, “O Poço”, “Os Últimos Czars”, “A Ascensão do Império Otomano” e
“Madame C.J. Walker”, entre tantos à nossa disposição.
Um amigo mandou-me uma mensagem
de WhatsApp dizendo que como há 20 anos eu havia sugerido em um discurso que
fiz, como deputado estadual, na Assembleia Legislativa do Maranhão, finalmente,
estão utilizando os espaços que ficam abaixo das arquibancadas do Castelão.
Durante este tempo de reclusão,
estamos, eu e meus confrades Sebastião Moreira Duarte e Manuel Aureliano Neto,
fazendo a reforma do Estatuto e do Regimento da Academia Maranhense de Letras,
tudo isso sendo feito cada um de sua casa, em nossos computadores, e através de
contatos telefônicos.
Em casa, com pouco o que fazer,
exercito minha memória e relembro passagens interessantes de minha vida, como
aquela vez em que numa feira em São Paulo, consultei um oráculo, jogadora de
tarô e de runas, que me disse que eu gostava tanto de ouvir e de contar
histórias que iria chegar um tempo em que eu as escreveria até mesmo em meu
próprio corpo, como faziam os antigos druídas celtas. Hoje olho para meus
braços e vejo que acabei por realizar a previsão dela. Tenho marcadas em mim,
tatuagens que registram algumas ideias importantes: Inteligência e Sabedoria,
na parte interna do antebraço esquerdo; Honra e Nobreza, na parte interna do
antebraço direito.
Mais tarde faria mais três
tatuagens: um poema no pulso esquerdo, a pomba da paz na costa da mão direita e
o símbolo do infinito no pulso direito, essa última fiz pra registrar o meu
infinito amor por Jacira.
Dizem que nessa quarentena, os
relacionamentos serão testados. Os meus relacionamentos, os internos, de casa,
vão muito bem, obrigado! Tenho tido certa dificuldade é no Twitter, onde alguns
amigos meus insistem em não aceitar minhas posições, sempre claras, diretas e
quase sempre elegantes!… Um desses amigos, até me respondeu citando Sartre:
“Nosso inferno são os outros.”
Resovi trazer para cá uma discussão
que acredito ser oportuna: A reforma eleitoral.
Em primeiro lugar, transcrevo o texto
de meu amigo Flávio Braga (Unificação das eleições: proposta elitista e
excludente) e sem seguida o meu, sobre o assunto abordado por ele (Falácia
eleitoral).
Espero que apreciem!…
Unificação das eleições: proposta elitista e excludente
Em tempos de pandemia de Covid-19,
mais uma vez a proposta de unificação das eleições em todos os níveis da
Federação está na agenda nacional. As principais vantagens alegadas pelos seus
defensores são o barateamento das campanhas eleitorais, racionalização do
processo eleitoral com economia de recursos públicos, maior eficiência da
gestão pública, ininterrupção do funcionamento das casas legislativas e cansaço
do eleitorado.
Sustentam que, com a realização de
eleições simultâneas para todos os cargos eletivos, haverá uma única campanha
eleitoral a cada quatro ou cinco anos. Nos anos não-eleitorais, os Poderes
Executivo e Legislativo poderiam realizar seus trabalhos sem a necessidade de
envolvimento com a mobilização eleitoral de candidatos e partidos. Trata-se de
argumentos falaciosos, sofismáticos.
Como veterano militante da seara
eleitoral, sou radicalmente contra essa proposição legislativa, por entender
que a tarefa de construção e amadurecimento de um país democrático deve ser uma
prática quotidiana, imbricada num processo de melhoria contínua.
A realização de eleições a cada dois
anos traz uma contribuição magistral para a politização das pessoas,
tonificando e robustecendo o exercício da cidadania. Inequivocamente, o
alargamento desse interregno produziria resultados mais negativos do que
positivos. E o mais grave: como consequência direta e imediata, provocaria o
recrudescimento da alienação e do analfabetismo políticos.
Quando a população é estimulada a
exercitar a soberania popular e vivenciar o debate político, a tendência é
aumentar a sua conscientização e a higidez do Estado Democrático de Direito. É
uma forma clássica de agregar valor ao sistema político. Portanto, quanto mais
eleição melhor. Quanto mais participação político-popular melhor. Faz parte da
essência do termo “democracia”.
A cada pleito a República amadurece
um pouco mais, o processo eleitoral se aprimora e as instituições democráticas
se fortalecem. Possibilita-se, assim, uma interação maior do eleitorado com os
atores políticos e o sistema representativo, aprofundando a discussão crítica
em torno da busca de soluções para os tormentosos problemas sociais, políticos
e econômicos.
Em verdade, trata-se de uma proposta
elitista, excludente e aristocrática, na medida em que carrega o escopo
subjacente de excluir a participação do eleitorado do cenário político,
resguardando o monopólio do seu protagonismo apenas para políticos profissionais
e tecnocratas.
Por fim, cabe frisar que a quantia
que a Justiça Eleitoral despende em cada eleição para manter viva a chama da
democracia é irrisória em face do montante estratosférico das dotações que
compõem o Orçamento Geral da União.
Falácia eleitoral
Acompanho sempre que posso o que
escreve o meu amigo e professor Flávio Braga a respeito de direito eleitoral.
Às vezes concordo com ele, mas especificamente, no que diz respeito a sua
opinião, expressada no seu texto “Unificação das Eleições: Proposta Elitista e
Excludente”, devo discordar por ele se basear em teses aparentemente corretas
que estão eivadas de erros de interpretação da realidade, e até de desvirtuação
dela.
Diz o professor, “… vantagens
alegadas pelos seus defensores são o barateamento das campanhas eleitorais,
racionalização do processo eleitoral com economia de recursos públicos, maior
eficiência da gestão pública, ininterrupção do funcionamento das casas
legislativas e cansaço do eleitorado”.
O Professor atua como um reducionista
que se apega a detalhes literários de uma construção frasal para tentar
diminuir a ideia contida nela, por falta do devido aprofundamento.
E ele continua, “Sustentam que, com a
realização de eleições simultâneas para todos os cargos eletivos, haverá uma
única campanha eleitoral a cada quatro ou cinco anos. Nos anos não-eleitorais,
os Poderes Executivo e Legislativo poderiam realizar seus trabalhos sem a
necessidade de envolvimento com a mobilização eleitoral de candidatos e partidos.
Trata-se de argumentos falaciosos, sofismáticos”.
O que o professor diz ser falácia e
sofisma é a mais pura verdade e a mais palpável realidade, e provo isso usando
lógica, bom senso e conhecimento do sistema eleitoral.
Peguemos o exemplo de um político que
concorra a mandato eletivo para o executivo. Ele precisa antes de mais nada se
eleger, vencer a eleição para a qual se candidatar. Isso demanda tempo,
dedicação e principalmente recursos financeiros, sem contar com uma série de
negociações e “conchavos” políticos, partidários e eleitorais.
Ao se eleger, o candidato assumirá o
cargo de prefeito, por exemplo, e durante o primeiro ano do mandato, e muitas
vezes até mesmo durante o segundo, ainda sofrerá as influências da eleição.
Influências ligadas à dívidas políticas, compromissos eleitorais, pendências
financeiras… Isso leva tempo para ser sanado e regularizado! É assim que
acontece na vida real, não no imaginário idealístico das pessoas.
No segundo ano de seu mandato aquele
prefeito irá comandar em seu município uma nova eleição onde fará de tudo para
eleger deputados, senadores, governador e presidente, ligados a si, que lhe
apoiem e respaldem. Será mais uma batalha, envolvendo compromissos políticos,
eleitorais e financeiros, o que faz que de dois em dois anos o sistema
eleitoral destrua o sistema administrativo e crie um círculo vicioso
insuperável, pois dele resultará ou não a sobrevivência política e pessoal dos
envolvidos neste intrincado jogo, que sempre escolherão a sobrevivência em detrimento
de ações corretas em benefício da sociedade!
Esse é um dos motivos mais decisivos
para unificarmos as eleições e aumentarmos os mandatos para cinco ou seis anos
sem direito a reeleição para cargos executivos.
Mas o professor Flávio Braga continua
seu texto e comete mais adiante o mais grave dos erros em meu ponto de vista. O
de querer usar eleições como remédio para sanar a incapacidade da família, do
Estado e da sociedade de modo geral, de fazer com que as pessoas através do
ensino e da educação, possam se tornar CIDADÃOS, na verdadeira concepção da
palavra.
Usar-se eleição para ensinar o povo a
votar, a escolher seus representantes, é a suprema barbaridade, uma vez que
sabemos que o voto é, em primeiro lugar, uma atitude emocional, sujeita a manipulações
das mais diversas, ao alcance de publicitários e marqueteiros. Depois o voto
depende da relação do candidato com o eleitor, que muitas vezes criam entre si
um ambiente construído por identidades religiosas, raciais, culturais e
clientelísticas, ligadas a própria sobrevivência, de um e de outro.
Nem vou continuar a analisar o texto
do Professor Flávio Braga, pois acredito que tenha conseguido explicar de forma
satisfatória onde está e em que consiste o seu erro quanto a esse assunto.
A solução tem que ser mecânica.
Depois que o sistema funcionar satisfatoriamente, veremos maneiras de
aprimorá-lo.
Joaquim Haickel
4 de abril de 2020
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Política
é um jogo bem parecido com o xadrez! É preciso que se pense com cautela e
argúcia nas consequências dos movimentos que fazemos. Movimentarmos peões,
cavalos, bispos e torres sem o devido conhecimento das consequências dessas
ações, acarreta situações que em alguns casos serão decisivas, positiva ou
negativamente, no sucesso do jogo.
Os
jogadores mais gabaritados do xadrez político, adversários do presidente Jair
Bolsonaro, devem saber que tirar o capitão da presidência da República irá
causar um efeito diverso daquele que eles pretendem, pois seu substituto,
general Hamilton Mourão é muito mais bem preparado e não fará as bobagens que
seu comandante em chefe comete tão corriqueiramente!
Imagino
que o que na verdade os adversários de Bolsonaro querem, não é simplesmente
tirá-lo do poder, mas, tal qual o Adélio Bispo, esfaqueá-lo, repetidamente,
para fazê-lo sangrar, enfraquecendo-o, para ganhar dele a eleição em 2022 e
assim voltarem ao poder. Pelo andar da carruagem, tudo indica que irão
conseguir seu intento!
As
diversas burrices que comete o presidente Bolsonaro formam um conjunto de
coisas absurdas, dignas representantes daquilo que o genial Sergio Porto, o
Stanislaw Ponte Preta, nomeou como Febeapá, Festival de Besteiras que Assola o
País. E não adianta os adoradores do Mito virem dizer que ele não é burro, que
não é ignorante, mal educado, que ele faz tudo como deve ser feito, tanto que
por isso se elegeu presidente da República. O fato é que ele não se elegeu
presidente, ele foi usado como uma conveniente pá de lixo, que por acaso
agradava, naquele momento aos eleitores!
Da
mesma forma como acontece com as pás de lixo, depois de algum tempo, depois de
terem cumprido o seu papel, elas são descartadas e jogadas fora, junto com o
mesmo lixo que elas ajudaram a eliminar.
Com
um verdadeiro líder acontece diferente, ele pode até ser descartado
eleitoralmente, como aconteceu com Churchill, que depois de liderar o Reino
Unido e o mundo contra Hitler e os nazistas, perdeu a eleição. Mas, ocorre que
ele será sempre lembrado como um líder, alguém que como Moisés liderou seu povo
em momentos decisivos de sua história, mesmo que como punição, Deus o tenha
proibido de entrar na terra prometida. Alguém que como Martin Luther King lutou
por uma correta e justa ideia e até morreu por ela, sem vê-la realizada.
Já
está passando da hora de Jair Bolsonaro resolver se vai entrar para a história
do Brasil como apenas uma pá de lixo, fato que para ele, em sua forma desfocada
e obtusa de ver as coisas, parece ser o suficiente.
Para
nós, que esperamos muito mais daqueles que devem liderar nosso país, nossa
nação e nosso povo, na conquista de tempos e condições melhores, uma pá de lixo
não é a solução, pois o lixo sempre vai se acumular.
Precisamos
de um líder que estabeleça as condições necessárias para que tenhamos tudo que
se precisa para viver de forma minimamente digna e aceitável, onde inclusive se
tenha garantias de um serviço de limpeza, não apenas sanitária, mas também
política, que impeça o lixo humano de se apropriar do poder, dos corações e das
mentes de nosso povo.
Não
sei se ainda há tempo para Bolsonaro deixar de ser apenas uma pá de lixo, mas o
povo brasileiro ficaria muito feliz se pelo menos ele realmente tentasse.
Joaquim Haickel
28 de março de 2020
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É indecente e
criminosa a politização que está ocorrendo em torno da pandemia de coronavírus.
É asquerosa a atitude de pessoas que aproveitam ocasiões de tamanha dificuldade
para dar vazão a essa que é uma das mais torpes facetas da condição humana: a
perfídia.
Utilizarem-se deste
momento, em que enfrentamos essa avassaladora calamidade, onde todos estamos
sujeitos a adoecer e alguns até a morrer, para tirarem vantagem política ou
denegrir adversários, é algo ultrajante e inaceitável.
Os canalhas que
fazem esse tipo de coisa estão sendo observados, e mesmo aquelas pessoas de
pouca percepção, são capazes de reconhecer quem joga com suas vidas.
É igualmente
inadmissível gestores públicos idiotas não serem capazes de se comportar com a
devida e necessária civilidade, urbanidade e decoro, ainda mais em um momento
como esse. Muito grave também é o que acontece com a imprensa, onde jornalistas
tomam posições ideológicas e partidárias, colocando em segundo plano o bem
comum.
Exigir-se
inteligência emocional de quem não a possui talvez seja demais, mas ter-se a
inteligência comum, aquela que nos faz entender como funciona uma operação
simples de adição ou subtração, isso é indispensável. Sem essa inteligência
mínima, somos completamente descartáveis, principalmente neste momento de
crise.
O que se espera é
que todos deem vazão à honra e à nobreza que deve habitar em algum canto
obscuro, até mesmo da criatura humana mais desnaturada que vaga sobre esta
condoída terra.
Estou enojado com o
que tenho visto e posso garantir que o que vi até aqui me faz crer que ninguém
está inocente das acusações.
A responsabilidade
de um governante numa hora dessas ultrapassa o limite da mera
representatividade eleitoral e política. Ela passa a extrapolar os limites da
obrigação legal e a se estabelecer como questão de posicionamento social e
humano.
A macroeconomia,
lato sensu, e individualmente os sistemas econômicos mais simples, que vão das
empresas de maior porte até as empresas individuais, atingindo o cidadão comum
na ponta mais distante desta cadeia, não pode ser de forma alguma esquecida,
mas também não pode ser o item mais importante neste momento.
Quando eu era
detentor de cargo público, como deputado ou secretário de estado, sempre chamei
a atenção dos meus colegas e colaboradores para um dilema que bem representa a
vida e a ação dos políticos de todas as esferas. O dilema da vaca e do
carrapato.
Nele, algumas
pessoas advogam que por existirem carrapatos, melhor seria não se ter vacas,
enquanto alguns mais radicais defendem que se mate as vacas para acabar com a
praga dos carrapatos.
Desculpem o exagero
deste exemplo, mas ele se deve ao fato absurdo de existir pessoas incapazes de
ver que cada caso possui no mínimo dois lados. Muitos casos possuem três,
quatro, cinco… Uma infinidade de facetas que devem ser levadas todas em
consideração. Imaginem no caso de uma situação como esta que estamos
enfrentando agora!?…
Da mesma forma que
o desastre que essa pandemia vai causar em nossas vidas a curto prazo, de forma
pontual e particular, ela causará um incalculável e descomunal desastre
econômico, que acarretará problemas gravíssimos de todas as ordens, em todas as
esferas, de todos os setores da sociedade.
Mas uma coisa é
certa! Os que não morrerem vítimas desta doença, sofrerão as graves
consequências dela, e precisam estar preparados para isso. Sobreviver é
possível, vejam o que aconteceu depois da peste negra, o que aconteceu durante
e depois das grandes guerras, e em consequência das grandes quebradeiras e
recessões pelas quais o mundo passou! Sobrevivemos!…
O que não é
admissível é que os canalhas de um lado e jumentos de outro, tentem tirar
proveito dessa calamidade para ganhar alguma coisa com isso, seja econômica ou
politicamente. Isso é inaceitável!
Joaquim Haickel
21 de março de 2020
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Essa
pandemia causada pelo novo coronavírus fez com que eu fosse ler um pouco a esse
respeito, e em meio a minhas leituras deparei-me com matérias correlatas que me
remeteram a outro assunto: o fim dos tempos, o que me levou ao Evangelho de
João, o Livro das Revelações, mais conhecido como Apocalipse.
Escrito
como se fosse uma poesia, meio que psicodélica, pois em algumas passagens o
escritor está tão doidão, parece até ter usado algum tipo de alucinógeno, pois
nos induz a acreditar que está tendo visões bem características deste tipo de
atitude. É aí que aparecem os Quatro Cavaleiros do Apocalipse: a fome, a
guerra, a peste e a morte.
Aquela
leitura me fez ver que em pleno século XXI, tempos de imensa evolução
tecnológica, a humanidade ainda é atingida de forma avassaladora por surtos,
epidemias e pandemias, nos remetendo a um texto religioso de dois mil anos.
Segundo
as estatísticas da Organização Mundial da Saúde, morrem no mundo, vítimas
apenas dos mais diversos tipos de gripe, duas pessoas por minuto, 120 por hora,
mais de 2.800 por dia, acima de 86.000 por mês, o que totaliza mais de 1 milhão
e 50 mil pessoas, anualmente.
Porém,
há um fato muito mais alarmante do que essa peste que se abate sobre a
humanidade e que nos passa despercebido, mesmo sendo muito mais cruel e
permanente que a falta de saneamento e as doenças que ela acarreta. Falo da
fome, outro dos quatro Cavaleiros do Apocalipse, que segundo João de Patmos se
espalharão pela terra e a devastarão, quando estiver próximo o fim do mundo.
Segundo
estatísticas da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, a
fome mata pelo mundo, 10 pessoas por minuto, 600 por hora, mais de 14.000 por
dia, algo em torno de 430.000 por mês, totalizando mais de 5 milhões 180 mil
pessoas por ano. O equivalente a quase cinco vezes a população da cidade de São
Luís! São números inacreditáveis!
Em
outra esfera, e por mais incrível que possa parecer, a guerra, outro cavaleiro
do dos tempos, mata muito menos pessoas. Estimativas indicam que
aproximadamente 360 mil pessoas morreram em 2019 nas guerras convencionais, em
curso no mundo. Número bem inferior à quantidade de outras mortes, causadas
pelos outros agentes citados anteriormente.
O
número de vítimas da guerra ganha imensas proporções quando se soma todas as
mortes de todos os conflitos bélicos da história, mas cumulativamente os três
fatores são catastróficos.
O
quarto flagelo é a própria morte, e nesta última leitura que fiz, por um
instante, fiquei achando que havia um erro naquele elenco, afinal de contas os
três outros cavaleiros sintetizam o quarto. Todos levam à morte! Mas logo
entendi que aquela morte citada por João em seu caótico poema profético, tem
uma outra conotação, uma outra dimensão, ela diz respeito a um outro tipo de
vilão que ataca a humanidade também há milênios. O controle torpe e corrupto
dos homens e das sociedades por religiosos e políticos infames e mentirosos.
Essa morte representa isso, a falência das lideranças da humanidade, na
religião e na política.
A
alegoria usada para caracterizar os quatro mensageiros do fim dos tempos é auto
explicativa: montado em um cavalo branco acinzentado, aparece uma figura de
porte majestoso, usando uma coroa, um arco e uma máscara, que representa a
mentira e a infâmia praticadas pelos poderosos da falsa igreja e os mandatários
da terra; um potro avermelhado, cor do sangue que jorra nas guerras, traz uma
figura com características de guerreiro que empunha uma espada com a qual
matará seus inimigos; um equino negro, cor que sugere as trevas e a ganância,
traz montado em si uma figura famélica, carregando uma balança destinada a
fraudar a pesagem e a distribuição dos frutos que por sorte brotem da terra; e,
por fim, um corcel amarelo esverdeado, cuja cor sugere a decomposição dos
corpos, traz montado em si uma figura com característica cadavérica, empunhando
uma jarra contendo doenças e uma espécie de gadanho, que usará para revirar os
restos de suas vítimas.
No
momento atual é este último cavaleiro, o da peste, que nos visita. Ele está
sendo combatido e certamente será derrotado em mais essa batalha. Mas uma
pergunta se impõe: até quando ficaremos reféns destes flagelos? Quando iremos
nos livrar deles definitivamente?
A
minha opinião é que estes quatro tem um que os lidera, e que deve ser eliminado
para que os demais deixem automaticamente de existir.
Ninguém pode
sustentar com capacidade de impor como verdade, a narrativa de que uma pessoa
age discriminando as mulheres, lato sensu, se ficar comprovado que tal pessoa
se refere a um indivíduo em particular, que por acaso é uma mulher, não pelo
fato de ser mulher, mas por sua posição política e ideológica. O mesmo ocorre
em muitos outros casos, como narrativas sobre racismo, homofobia, fascismo,
corrupção, desonestidade…
Dois casos
desse tipo tomaram conta do nosso dia a dia nos últimos anos. No primeiro, a
esquerda, insiste em dizer que criaram uma narrativa caluniosa, injuriosa e
difamatória contra o ex-presidente Lula, imputando a ele ações criminosas,
corruptas e desonestas que envolvem bilhões em desvio do erário público
brasileiro.
Acusações
foram feitas, processos foram instaurados, julgamentos aconteceram, sentenças
foram proferidas, penas foram cumpridas e ainda assim a banda à esquerda do
espectro ideológico de nosso país, de modo geral, defende a inocência do
apenado, declarando isso tudo ser uma grande trama, um grande golpe contra a
liberdade e o estado democrático de direito.
Por outro
lado, a direita defende incondicionalmente o presidente Jair Bolsonaro, acusado
de racismo, homofobia, misoginia, fascismo, apologia ao desrespeito à liberdade,
à violência e à ditadura.
O fato é que
em 2018, depois de desmontado, o esquema de poder do Partido dos Trabalhadores,
que comandou nosso país, por 14 anos, apoiado numa esquerda que minou,
aparelhou e fragilizou nossa sociedade nas últimas seis décadas, ruiu.
Isso
aconteceu por um motivo elementar, comum às estruturas políticas baseadas em
ideologias autoritárias, concentradoras de poder, mesmo aquelas que
APARENTEMENTE não o são, como no caso da que se implantou no Brasil, desde a
ascensão da esquerda ao poder em 1995 com Fernando Henrique Cardoso.
Essas
estruturas não sobrevivem ao tempo, pois as pessoas e as gerações mudam. Elas
não se perpetuam, ainda mais em uma sociedade como a de hoje, onde a informação
se dissemina por si só, não dependendo mais dos grandes detentores e
manipuladores do poder jornalístico, que teve seu apogeu nos anos quentes da
Guerra Fria, nas décadas de 60 e 70, e seu declínio a partir de 1989, com a
queda do Muro de Berlim, símbolo do controle ideológico e político de metade do
mundo pelo comunismo.
Acusar
Bolsonaro de tudo que acusam é muito fácil e acho até que ele ajuda bastante
seus acusadores, pois é um camarada verborrágico, irascível, descontrolado, que
reage primeiro e pensa depois!… Quando pensa!…
Mas acusar
quase 60 milhões de brasileiros que disseram um retumbante NÃO a tudo que o PT
e os esquerdistas fizeram com nosso país, isso é inadmissível! Um absurdo sem
precedentes na história contemporânea, essa mesma história que é movimentada e
sustentada pelas redes sociais!…
A tentativa
de criar uma narrativa falsa sobre o fato de nossa democracia está sendo
enfraquecida pelo presidente, que ele defende o uso da violência, o desrespeito
à liberdade, à depredação do meio ambiente, que ataca índios, homossexuais,
mulheres, negros… Isso é apenas o reducionismo da questão política
estabelecida pela esquerda em busca de recuperar o espaço que perdeu.
Bolsonaro é
acusado de misoginia, mas ele tem parte das mulheres ao seu lado. Ele não ataca
as mulheres, ataca as pessoas deste gênero que se opõem a ele e ao seu projeto
político, que foi chancelado por seus eleitores! O mesmo ocorre com os negros,
os homossexuais, os indígenas… O problema deste senhor é que além de não
saber se comunicar, não demonstra nenhum interesse em aprender, o que dificulta
muito o trabalho de pessoas que como eu, acredita saber o que realmente está
acontecendo em nosso país.
Em minha
modesta opinião o que está acontecendo no Brasil é um distúrbio, quase como uma
singularidade gravitacional, causada pelo desmonte das estruturas sociais,
perpetrado pelas ideologias de esquerda, na intenção de controlar totalmente a
sociedade. Ninguém está preparado para absorver e solucionar a imensa
fragilidade estrutural causada pelo vazio, pelo buraco negro (se é que posso
chamá-lo assim sem ser considerado racista), que dá origem a este distúrbio, a
esta singularidade.
PS: Atenção
patrulhadores, de esquerda e de direita: corram para o Google!…
Joaquim Haickel
7 de março de 2020
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Fiquei imaginando qual é a nota que se poderia dar, de zero a
dez, para filmes baseados em fatos reais, no que diz respeito ao
conhecimento, aprendizado que eles possam nos oferecer
ao assisti-los. Imaginei isso no tocante às portas e janelas que eles
possam abrir para nós, mesmo que algumas vezes até conhecemos o
enunciado do assunto, mas quase sempre desconhecemos os detalhes sobre eles.
Cheguei à conclusão que muitas respostas podem ser
dadas a essa pergunta, mas posso garantir
que nenhuma será igual a zero. Não existe nenhum filme, por pior
que seja, por mais mal feito que possa ser, que não agregue conhecimentos e
aprendizados para quem o assistir.
Observei que muito poucas deverão ser as notas iguais a
1, 2 e 3, e essas não estarão relacionadas a
filmes ruins, mas àqueles que se apropriam de
um determinado fato real para desenvolver em torno dele uma
forte carga dramática. Essas podem até parecer notas baixas para filmes
tão importantes, mas não são. “Tróia”, “Barrabás”, “Quo Vadis”, “Coração
Valente”, “…E o Vento Levou”, “Sem Lei, Sem Alma”, “O
Encouraçado Potemkin”, “Doutor Jivago”, “O Discurso do
Rei” e “Cidadão Kane”, são perfeitos representantes deste tipo e
desta categoria de filme.
Estabeleci que notas 4, 5 e 6 deveriam ser as pontuações de filmes
que usam em seus enredos apenas algumas dramatizações e licenças poéticas,
como é o caso de “Ben-Hur”, “Spartacus”, “El
Cid”, “1492, a Conquista do Paraíso”, “A Rainha Margot”, “Titanic”, “Carruagens
de Fogo”, “Reds”, “O Vento será tua Herança”, e “O Império do Sol”. Todos,
filmes baseados em fatos reais, que se apoderam das narrativas literárias e
cinematográficas para mais e melhor envolver o público, dando asas à
dramatização, mas mantendo-se bem fiéis ao fato histórico enfocado.
Vi que poderia dar notas 7, 8 e 9, para filmes que estão em
patamares quase totalmente ancorados em fatos reais, mas com uma
pegada mais próxima da documentação histórica, não do documentário, e
sim com menos preocupação com os artifícios literários do roteiro ou com
os recursos próprios da cinematografia, como, “A Missão”, “Amistad”, “Tora, Tora, Tora”, “O mais
Longo dos Dias”, “A Queda – as últimas horas de Hitler”, “O
Julgamento de Nuremberg”, “Malcolm X”, “JFK – A Pergunta Que Não Quer Calar”,
“Os Gritos do Silêncio” e Attica.
As notas 10, em minha opinião, devem ser atribuídas a filmes que
agradam quase a unanimidade das pessoas graças a sua abordagem bem ajustada,
limpa, sem ruídos, irretocável, como é o caso de “A Guerra do Fogo”,
“Agonia e Êxtase”, “O Homem que não Vendeu sua
Alma”, “Amadeus”, “Os Eleitos”, “O Último
Imperador”, “Lawrence da Arábia”, “Gandhi”, “Patton” e “A Lista
de Schindler”.
É importante que se ressalte que quem tiver o privilégio de
assistir a esses 40 filmes, pode se considerar não só um
felizardo, mas ficar certo de ter tido acesso a algumas das páginas
mais importantes da história da humanidade.
Preciso dizer também, sendo um pouco gabola, que assisti a todos
estes filmes e a mais algumas centenas deste mesmo tipo, que é o meu favorito.
Os vejo sempre com o espírito crítico bem aguçado, procurando analisar neles, o
que é verdade e o que é obra literária e cinematográfica. Sugiro que se
pesquise a respeito dos fatos envolvendo os filmes baseados em eventos reais ou
históricos, faço isso frequentemente e essa é uma outra grande satisfação que
tenho com o cinema: a pesquisa histórica.
Abordei esse assunto hoje porque durante a semana que passou,
assisti a dois filmes baseados em fatos reais, os quais eu, que sou
tido por algumas pessoas como um sujeito culto, bem informado, além de cinéfilo
de grande monta, nem imaginava que existissem. Os filmes e muito menos os fatos
que os motivaram.
Não vou fazer spoilers! Só vou dizer que os filmes,
“Jodotville” e “O Banqueiro da Resistência”, são imperdíveis, menos pela arte
cinematográfica que expressam, e muito mais pelas extraordinárias e
surpreendentes histórias que contam.
Esses dois filmes estão disponíveis na Netflix. Não deixe de
assisti-los, e descubra o quão pouco nós conhecemos a história de nosso mundo e
comprovem a crueza de nossa condição humana.
PS: Depois que acabei de escrever esse texto, quando fui lê-lo
novamente para revisá-lo, constatei que a maioria dos 42 filmes que usei
nele, como exemplos, têm de alguma forma envolvimento com conflitos bélicos.
Parece que essa infelizmente é uma marcante e triste condição
humana.
Perfil
“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.
Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.
Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.
Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.
Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.
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