Prefiro os coadjuvantes

Eu já disse diversas vezes que, nas histórias, reais ou ficcionais, eu prefiro os personagens coadjuvantes. Talvez isso se deva ao fato de eu me identificar mais com eles, de me sentir e até de gostar de me sentir sempre num lugar secundário, até mesmo quando sou protagonista de alguma coisa que por acaso esteja realizando. É que eu me sinto mais confortável nesse lugar.

Ser coadjuvante tira de nós a responsabilidade que recai obrigatoriamente sobre os protagonistas, e faz com que quem esteja nas sombras possa se sobressair mesmo estando na penumbra, o que pode dar um volume maior a ele, caso sua performance seja realmente boa. Se for excepcional então, ela pode ofuscar até a quem estiver em primeiro plano.

Quando jogava basquete, preferia ser aquele que fazia os passes, a ser quem finalizava as jogadas. Quando jogava tênis, preferia o voleio, tanto que logo migrei para o frescobol, onde ao invés de colocar a bola longe da raquete do opositor, deveria colocar a bola o mais próximo e de forma mais fácil para a resposta do parceiro. Como político, sempre preferi os acordos às disputas radicais. Como advogado, sou adepto da tese que afirma que um mal acordo é melhor que uma boa briga. Como empresário, tenho certeza de que o lucro deve ter uma margem descente, para que ele seja o mais duradouro possível. Tudo isso é coisa de quem prefere um plano secundário, ao brilho do protagonismo.

Meu fascínio por personagens como Sancho Pança, Tonto, Gawing e Galahad, João Pequeno e Frei Tuck, Robin ou mesmo o Coringa, é facilmente explicável. Penso que Dom Quixote, Zorro, Arthur Pendragon, Robin Hood e Batman são tão insuperáveis em suas essências, que o humano mais admirável é sempre que está mais próximo a eles, seus parceiros, e é esse humano, mais simples, menos sofisticado, falível e real, quem eu mais admiro e valorizo.

Vou extrapolar absurdamente na explicação que se segue, mas por favor não me levem a mal. O meu fascínio por coadjuvantes me faz admirar mais a Paulo de Tarso que a Jesus Cristo, pois o fato do messias ser filho unigênito do Deus Pai todo poderoso, o coloca em um patamar proibitivo de almejarmos para nós, fazendo que o seu segundo seja o ideal humano mais desejável a se imitar.

Feito todo esse preâmbulo, gostaria de comentar sobre um dos personagens mais interessantes, sensacional mesmo, que eu tive conhecimento nos últimos tempos. É claro que é um personagem coadjuvante, secundário. Trata-se de Rip Wheeler, vaqueiro que trabalha no rancho “Yellowstone Dutton Ranch”, uma das maiores fazendas de gado dos Estados Unidos, na série da Paramount, “Yellowstone”. Ele é interpretado por Cole Hauser, e tem o jovem ator Kyle Red Silverstein interpretando uma versão mais jovem dele em vários flashbacks.

Rip tem tudo aquilo que eu gostaria em um amigo. Alguém que é leal, companheiro, honesto, honrado, forte e violento, mas justo. Ele é um bruto, é verdade, mas um bruto como Shane. Um bruto que ama. Ama o homem que o fez seu filho e a mulher que o enlouquece e o alegra.

Rip Wheeler é o que há de melhor em termos de construção psicologia de um personagem em toda a série “Yellowstone”. Ele é tão bom que mereceria ter um “spin off” sobre ele, ouviu Taylor Sheridan.

Eu não gostaria de ter Jonh Duttun como amigo, mas gostaria muito de que Rip Wheeler fosse para mim o que ele é para o personagem interpretado por Kevin Costner.

Assistam a série “Yellowstone” e me digam se eu não tenho razão.

Ruído na comunicação

A vida está muito cansativa, principalmente por causa da imensa e absurda exposição a que todos nós somos submetidos através dos mais variáveis dispositivos que compõem as redes sociais.

Quem não está nas redes, não existe. Quem existe, precisa ter zilhões de seguidores para que sua marca pessoal seja valorizada e ele possa ser considerado um influenciador, ou seja, alguém que “impõe” suas opiniões sobre seus “seguidores”, uma coisa que beira o fanatismo.

Porém, mais que criticar as redes sociais em si ou mesmo quem a usa como instrumento de trabalho, gostaria de abordar um aspecto delicado desse instrumento, muitas vezes utilizado de forma tirânica, como temos visto ultimamente.

As redes sociais por si só não fazem mal a ninguém nem a coisa alguma, assim como uma arma de fogo, ou um carro. É o bom ou o mau uso dessas coisas que definem o que podem ser.

Quando Andy Warhol disse que no futuro todos teriam 15 minutos de fama, jamais imaginou que iria acertar tanto quanto a fama e errar tanto quanto ao tempo dela. A fama de todo mundo nas redes sociais é por muito, muito tempo e só deixa de existir em casos extremos e raros.

Eu sou o exemplo perfeito de fracasso das redes sociais, tenho poucos seguidores e acredito que não influencio ninguém ou se muito, uma ou duas pessoas que pensam como eu e se veem refletidos nas coisas que eu mostro, falo e escrevo.

Outro dia, fiz uma postagem onde apresentei as fotos de dois criminosos. Um que roubou um país inteiro, de diversas formas e através de muitos métodos, mais que isso, fragilizou seu povo, dividindo-o para poder escravizá-lo, e outro que assediou mulheres e cometeu estupro, crimes covardes e hediondos.

Naquela postagem eu dizia que me causava espécie que algumas pessoas perdoavam os crimes de um daqueles sujeitos, mas não perdoavam os crimes do outro.

Houve quem pensasse que eu estivesse comparando os dois criminosos e até seus crimes. Teve quem imaginasse que eu relativizava os crimes e até quem dissesse que eu estava politizando uma coisa que nada tinha de política.

Lembro que uma pessoa me acusou de defender um estuprador, quando na verdade eu deixei claro o seu abominável crime.

Uma outra pessoa me mandou ter cuidado com aquele tipo de mensagem, pois elas normalmente causam ruído, ao que eu reconheci a possibilidade, mas ressaltei que é preciso que se investigue para saber se o ruído é proveniente do transmissor ou do receptor.

Depois de toda essa polêmica, eu fiz uma outra postagem, que transcrevo mais abaixo, onde eu esclarecia peremptoriamente a minha intenção ao publicar aquela matéria.

“Vejam bem, essa postagem não é sobre esse ou aquele criminoso nem sobre os crimes que eles cometeram, nem mesmo sobre perdoá-los ou não. Essa postagem é sobre a hipocrisia das pessoas que agem de maneiras diferentes em situações parecidas, pessoas que usam pesos diferentes e medidas distintas em casos semelhantes, pessoas que acham que a razão está sempre do seu lado, que sistematicamente se vitimizam e costumam colocar sempre a culpa nos outros!…” Ainda assim algumas pessoas fizeram questão de não entender. Não sei até agora se o ruído está no transmissor ou no receptor.

Testando o Chat GPT

Pedi a dois amigos, um com tendência socialista e o outro de tendência liberal, que usassem suas contas no Chat GPT para fazerem, cada um, um artigo sobre a política brasileira atual, usando referências do livro O Príncipe, de Maquiavel, citando os ensinamentos de alguns capítulos desse livro como por exemplo o XVII e o XVIII, comparando Lula e Bolsonaro e as práticas políticas vivenciadas por eles.

Veja alguns fragmentos do artigo encomendado ao Chat GPT por meu amigo socialista:

“A política brasileira tem sido objeto de intensa discussão tanto internamente quanto no exterior. Desde a eleição de Jair Bolsonaro em 2018, o Brasil tem vivido uma intensa polarização política que tem gerado muita controvérsia e intensos debates sobre o futuro do país.

Para entender melhor o cenário político da atualidade, podemos recorrer ao livro “O Príncipe” de Nicolau Maquiavel, que contém ensinamentos importantes sobre liderança e governança.

No capítulo XVII, Maquiavel aborda a importância da crueldade em certas circunstâncias para manter o poder. Ele argumenta que, em certos casos, a crueldade é necessária para evitar que ações futuras sejam implementadas. No entanto, essa crueldade deve ser aplicada de forma calculada e limitada, para não causar revolta na população. Esse ensinamento pode ser aplicado a políticos como Bolsonaro, que tem adotado uma postura autoritária e agressiva em relação a opositores políticos e minorias, o que pode gerar revolta na população e colocar em risco a governança.

Por outro lado, Lula tem adotado uma abordagem mais conciliadora e pragmática em relação à política. Anteriormente, ele teve um governo marcado pela realização de políticas sociais, o que o tornou popular entre as classes mais pobres.

No capítulo XVIII de “O Príncipe”, Maquiavel discute a importância da astúcia e da habilidade política para manter o poder. Ele argumenta que é necessário saber quando ser generoso e quando ser cruel, quando ser honesto e quando ser mentiroso.

Pelo que se viu Bolsonaro ficou reprovado neste quesito, pois demonstrou não ter inteligência emocional, astúcia ou habilidade em seus relacionamentos, políticos ou mesmo pessoais.

Em contraste, Lula tem sido elogiado por suas habilidades políticas, ele é conhecido por sua capacidade de mobilizar e unir diferentes grupos em torno de uma causa.

No artigo encomendado pelo meu amigo liberal ao mesmo chat, as coisas acontecem um pouco diferente:

A grande polarização política do Brasil tem sido intensamente discutida não só no âmbito interno, como também externamente. Desde 2018, com a eleição de Jair Bolsonaro, o Brasil tem se tornado uma espécie balão de ensaio dessa tendência de extrema polarização que se alastra pelo mundo.

Passados 35 anos da promulgação da Constituição Brasileira e quase o mesmo tempo da queda do Muro de Berlim, que simboliza efetivamente a queda do poder soviético no leste europeu e o fim da guerra fria, fatores que pautavam filosófica e ideologicamente grande parte da humanidade, experimentou um renascer das ideias liberais, no Brasil embasadas por 24 anos de governos de esquerda, 8 anos do PSDB e 16 anos do PT e PMDB.

Podemos usar um velho livro, publicado a exatos 510 anos, “O Príncipe”, de Maquiavel, para tentar aprender com seus ensinamentos coisas importantes sobre como se formam e se mantém ou se perdem as lideranças.  Escolhemos dois nomes para comparar: O ex-presidente Bolsonaro e o atual e novamente presidente Lula.

No capítulo XVII de O Príncipe, Maquiavel pergunta ao leitor o que é mais importante, se ser amado por suas bondades ou se ser temido por suas maldades, e demonstra que o mais importante é ser amado por uns e ser temido por outros. A pergunta que fazemos é quem entre Lula e Bolsonaro pratica com mais eficiência tal preceito.

Tanto Bolsonaro quanto Lula são seguidores de Maquiavel, mas Lula parece levar vantagem por também ser seguidor de Gramsci, e Bolsonaro fica em desvantagem por não seguir a ninguém.

Já no capítulo XVIII de O príncipe, Maquiavel trata da importância politica de ser astuto e habilidoso, para se manter no poder, dosando amor e medo como combustível que movimenta as engrenagens deste mesmo poder.”

Moral da história. Ficou claro para mim que a inteligência artificial que controla o Chat GPT é extraordinária, mas também ficou claro que ela depende de dois universos. Aquele no qual o seu interlocutor está imerso e no universo no qual está contido o próprio Chat GPT, a base de dados a que ele tem acesso. Ou seja, o produto resultante do trabalho do Chat GPT terá sempre o DNA do interlocutor e o DNA da plataforma a qual ele pertence, o que não deixa de ser um grande perigo.

PS: No início desta semana uma grande quantidade de importantes personalidades ligas a área tecnológica, pediram que haja uma contenção na expansão das inteligências artificiais, pois acreditam que elas sejam inseguras e possam ficar incontroláveis.

Algumas regras fundamentais da política

Numa animada conversa entre alguns bons e velhos amigos, surgiu a ideia de listar algumas regras fundamentais da política, que às vezes, ou não são observadas, ou não são nem do conhecimento de alguns políticos atuais.

Naquela conversa ficou decidido que cada um citaria uma regra que achasse ser fundamental no exercício da política, e que se possível citasse um caso ou exemplo que corroborasse tal regra.

Resolvemos também que não colocaríamos as regras em ordem numérica ou de importância, pois acreditamos que não há hierarquia nesse tipo de coisa. Regra é regra, ainda mais quando ela é discutida por velhos políticos numa mesa de bar.

– Bom cabrito não berra. Se berrar, precisa ter chifres e pernas fortes o bastante para sair dando cabeçadas e tentar sobreviver. Se não berrar pode virar governador.

– Existem atitudes que não devem ser tomadas forma alguma, tais como ser arrogante, prepotente, intolerante, perseguidor, hipócrita, corrupto… No entanto existem outras que são obrigatórias, como ser simpático, empático, disponível, compreensivo, diplomático, coerente e honesto. Ter os atributos da primeira lista ou por outro lado não ter os da segunda, não é garantia de insucesso. Infelizmente muita gente que é como os da primeira lista tem mais sucesso e muito mais poder que os que são como os da segunda, mas em contrapartida, normalmente, eles têm vidas mais curtas na política.

– Um vereador, um deputado, estadual ou mesmo federal, até consegue se eleger sozinho, sem precisar decisivamente de alguém ou de um grupo político! Já para ele se reeleger, vai precisar de ajuda, caso contrário não terá sucesso. Um candidato a prefeito, a governador, a presidente da república, ou mesmo a senador, jamais conseguirá se eleger sem um grupo que o apoie. O político que não entender isso, pode ter presente, mas certamente não terá futuro.

– Para ficar conhecido, um político não precisa ser eloquente e discursar bem, não precisa comparecer a todas as sessões plenárias, não precisa apresentar mil propostas legislativas, nem mesmo precisa estar diariamente nas redes socias e nos Blogs. Para um político ficar conhecido basta que ele se meta em alguma confusão, que não honre a palavra empenhada ou não seja cumpridor de seus compromissos, que ele desconheça ou não leve em consideração regras básicas de convivência social, como atender o telefone ou retornar uma ligação. Viu, senhores secretários!…

– Para ser um bom político, ou pelo menos para tentar ser um bom político, é indispensável que o indigitado conheça um pouco da história política do seu Estado e de seu País. Conhecer os fatos da história não garante a ninguém ser um bom político, mas desconhecê-los, garante que essa pessoa não será um político de sucesso, pois certamente cometerá os mesmos erros que outros cometeram antes.

– Há uma diferença enorme entre um membro do poder legislativo e um parlamentar. Para alguém ser membro do poder legislativo, seja como vereador, deputado estadual e federal ou mesmo senador, basta que o dito cujo seja eleito para esse fim. Para ser um parlamentar, o eleito deve estar preparado e capacitado para exercer integralmente as funções do parlamento, coisas que vão além da contingência de uma mera eleição.

– Dois fatores subverteram muito a atuação dos políticos nos últimos anos. O grande avanço da tecnologia de comunicação através das redes sociais, fazendo com que cada pessoa possa ser um verdadeiro jornalista, distribua sua opinião por todos os lados, de maneira quase sempre tóxica,  e o advento das emendas parlamentares, que transformou os políticos em verdadeiros ordenadores de despesas, feitas nem sempre de maneira republicana e correta. O mundo da política hoje é movido pelos Blogueiros e pelas emendas.

– Cada safra é uma safra, cada eleição é uma eleição. Uma eleição é como uma lavoura. Assim como o arroz, o milho ou o feijão precisam ser cultivados, também os votos precisam ser cultivados. Quando fazemos tudo certo no plantio da lavoura, é certa uma boa colheita, e o mesmo acontece com a eleição. Prova disso é o que aconteceu com três deputados que foram os mais votados em uma eleição, superando individualmente os coeficientes eleitorais de suas legendas, e na eleição seguinte não conseguiram se eleger nem na sobra, pelo simples fato de não terem feito corretamente o que deveriam.

Muitas outras regras foram citadas naquele delicioso bate papo, sendo que o ônus da prova além de não caber ao acusador, nem precisava ser trazido a baila, pois nessas ocasiões o que vale mesmo é o bom papo e a camaradagem.

PS: Uma coisa ficou certa naquela prazerosa ocasião, existem pessoas que deveriam prestar atenção a essas regras, ah, isso há!..

Sobre Processos Criativos

Fui convidado por meu amigo Miguel Abdala para dar uma palestra sobre processos criativos para uma turma de alunos de Propaganda e Marketing do CEUMA. Não foi exatamente uma palestra, foi um bate papo sobre quais e como são meus processos cognitivos e criativos.

Comentei que quando eu era criança, preferia assistir aulas que estudar em casa. Em mim, o lúdico sempre se sobressaiu mais que qualquer outra coisa, e eu sempre achei que as aulas eram lúdicas, pois via os professores como contadores de histórias, sendo que os professores das matérias exatas contavam histórias de terror, gênero do qual jamais gostei.

Falei a eles sobre minha professora particular, Dona Terezinha, que notou que quando ela lia os textos para mim, meu aprendizado era muito melhor. Casualmente ela descobriu que eu era dislexo, síndrome muito pouco conhecida naquela época. Com o passar do tempo fui descobrindo como usar minha dislexia em meu benefício, fazendo com que minha audição e minha visão compensassem a minha dificuldade cognitiva de leitura e amenizem bastante meu TDAH, que naquela época era conhecido comumente por “menino danado, com falta de atenção”.

Os livros ilustrados tinham minha preferência. As revistas em quadrinhos eram meu mundo, mas havia também as enciclopédias ilustradas e os fascículos, e eu os consumia avidamente.

Foi nessa época que passei a amar os meios de comunicação eletrônicos, rádio e televisão. Daí ao cinema foi um pulo.

Falei a eles que toda vez que meu pai ia nos levar para o Colégio Batista, ele ensaiava, em voz alta, os discursos que ele faria naquele dia na Assembleia Legislativa, e ouvi-lo fez com que desde cedo eu aprendesse como fazer aquilo que mais tarde usaria em minha atuação política.

Expliquei que antes de tudo eu sou um contador de causos, como “Seu” Sergio, o caseiro do sítio que tínhamos no Ingaúra, que se sentava toda noite na porta da casa do sítio e contava suas histórias para uma plateia curiosa e atenta.

O fato de gostar de ouvir histórias me fez aprender a contá-las, me fez descobrir a morfologia dos personagens e identificar seus arquétipos. Isso me possibilitou aprender a desenhar o esqueleto das histórias e colocar nelas a musculatura necessária para fazer esse esqueleto ficar de pé e andar por onde eu desejasse. Ser escritor, produzir textos ou qualquer coisa relacionada a eles, depende unicamente disso.

Normalmente costumo acordar muito cedo, e assim que levanto começo a escrever. Quando acabo um texto, faço uma primeira leitura e o reviso, e o leio novamente, e torno a revisá-lo. Faço isso umas seis vezes. Em seguida peço que minha esposa, Jacira, o leia para mim. Enquanto escuto a leitura, vou revisando, pois as palavras que ouço precisam se encaixar perfeitamente. Quando elas não se encaixam, doem em meu ouvido.

Uma preposição, um adjetivo, ou um substantivo mal colocado, doem como se fosse um beliscão.

Feito isso deixo o texto descansar por uns dias. Na verdade, me distancio dele, para que quando volte a lê-lo ou a ouvi-lo, três dias depois, possa ter um melhor senso crítico sobre ele, e então o reviso por uma última vez, ou até que ele se torne uma verdadeira Skol, e desça redondo.

Normalmente uso Três métodos de processos criativos.

Inspiração, que também chamo de psicografia mediúnica ou “sopro no ouvido”, que é quando do nada aparece em minha mente a ideia de um texto, que as vezes vem prontinho, quase como se alguém o soprasse em meu ouvido.

Suspiração, que chamo de trabalho de pesquisa ou modelagem ou esculturação, que é quando para realizar um trabalho, é necessário que se pesquise sobre o assunto a ser desenvolvido, que se analise aspectos que precisam ser abordados, que se molde o texto para que ele seja melhor narrado e mais bem recebido pelo leitor.

Observação e Vivênciação, que eu também chamo de “Janela indiscreta” ou “Eu cobaia de mim”, que é quando ao observar ou vivenciar alguma coisa, eu escrevo um texto ou crio um enredo baseado no que vi ou fiz.

Contei aos alunos que Lavoisier dizia que “na natureza nada se perde, nada se cria e tudo se transforma”, e que um marqueteiro safo parodiando o químico francês disse que no mundo de hoje, “nada se cria, tudo se copia”, mas argumentei que para que não se seja um mero plagiador, precisamos saber como fazer essas releituras para se possa reaproveitar tais ideias de maneira original.

Foram quase três horas de uma agradável conversa. No final pude ler para eles alguns textos, mostrando cada processo criativo utilizado em suas produções e exibi os filmes “Pelo ouvido” e “Lockdown, como não fazer um filme”, mostrando a eles os textos dos quais se originaram.

Acredito que os alunos tenham gostado de nosso bate papo. Eu adorei.

As efemérides de 2023

O ano de 2023 está repleto de efemérides.

Essa palavra grega designava a tabela astronômica onde, em intervalos de tempo regulares, registrava-se a relativa posição de um corpo celeste, com os quais astrônomos, astrólogos, magos e navegadores se orientavam no exercício de cada uma de suas diversas atividades.

Quando essa palavra foi absorvida pelo idioma e pela cultura romana ela passou a designar aquilo que se convencionou chamar de memorial ou diário, onde se anotava os acontecimentos de cada dia.

Nos dias atuais o termo efemérides se relaciona com a lista de fatos marcantes que aconteceram em determinados dias e anos. Datas que se tornaram relevantes por marcarem, de alguma forma, a história das pessoas e da sociedade.

Particularmente para mim 2023 é um ano de muitas e importantes efemérides.

Neste ano meu pai fará 30 anos de falecido. Se vivo fosse, completaria 90 anos de idade. Para marcar esta data, a Fundação Nagib Haickel resolveu doar à Assembleia Legislativa do Maranhão, onde ele exerceu diversos mandatos e chegou a ser presidente, um busto para ser colocado na entrada do plenário que leva o seu nome.

Um outro busto será colocado no Prédio Nagib Haickel, no Complexo Administrativo do Estado, no Calhau, e uma estátua, em tamanho natural, será erguida na praça que leva seu nome, em sua cidade natal, Pindaré Mirim.

2023 marca o quadragésimo aniversário de posse de meu primeiro mandato eletivo, legislatura em que fui o mais jovem parlamentar do Brasil. Em comemoração, no mês de setembro, receberei na Assembleia Legislativa, as Medalhas de Mérito, João do Vale e Canhoteiro, que me foram outorgadas em 2021 pelos relevantes serviços prestados ao nosso Estado, ao criar as leis de incentivo à cultura e ao esporte do Maranhão.

Também neste ano comemorarei, junto com meus queridos amigos Celso Borges, Roberto Kenard, Paulo Coelho, Érico Junqueira Aires, Dulce Brito, Cordeiro Filho e Ronaldo Braga, dentre muitos outros, os 40 anos da Revista Guarnicê, que deu origem a um dos mais importantes movimentos artísticos e culturais de nossa terra, e que lançou muitos nomes de nossa literatura.

Para marcar essa data, lançaremos a minissérie “Guarnicê – uma história pra contar”, que narra a trajetória daqueles jovens que não sabendo que era impossível fazer aquilo tudo, foram lá e fizeram.

Entre tantas datas importantes que teremos em 2023, uma se destaca mais que qualquer outra. Trata-se da comemoração do bicentenário de nascimento de nosso maior poeta, Antonio Gonçalves Dias.

Essa efeméride será o centro das atenções da Academia Maranhense de Letras, que em parceria com o Governo do Maranhão, por iniciativa do governador Carlos Brandão, realizará diversos eventos em louvor àquela que é a figura central de nossa cultura.

Entre as diversas atividades e eventos, como palestras, seminários, concursos literários, concessão de medalhas comemorativas, recitais, espetáculos teatrais, haverá também a realização de um filme sobre a vida e a obra do poeta.

Duas outras efemérides marcam esse ano no que diz respeito a minha pessoa. Em 1973, há exatos 50 anos, comecei a escrever textos com intenção de publicá-los, e naquele mesmo ano começaram a ser disputados os JEM’s, Jogos Estudantis Maranhenses, que revelaram alguns de nossos maiores atletas. Inclusive estamos produzindo uma minissérie para registrar a história daquela geração e das que a sucedeu.

2023 promete ser um ano bem movimentado.

Sobre aquilo que mais precisamos

A politician at a podium making an announcement

No começo de nossa república, os órgãos governamentais mais cobiçados pelos políticos eram os que envolviam a fazenda pública, a segurança e a instrução, pois neles estavam a fiscalização das empresas, a arrecadação dos impostos e os pagamentos dos fornecedores, o controle das ações civis e penais das pessoas e o acesso ao conhecimento com a respectiva possibilidade de nomeações de professores e seus auxiliares.

A sociedade evoluiu e com ela a máquina administrativa também passou a ser vista e utilizada de outras formas. Os órgãos citados anteriormente continuam sendo de grande importância, mas deixaram de ser os mais cobiçados, com exceção da Educação.

A fazenda pública hoje só arrecada e não mais tem função pagadora. A segurança, pela existência de uma grande quantidade de direitos e regras que devem ser respeitadas e obedecidas, não mais enche os olhos dos políticos. A instrução pública que hoje se chama erradamente de educação, pois educação é algo imensamente maior que a mera transferência de conhecimento, é a única que mantém a sua importância, não mais pela possibilidade de semear pessoas em cargos, pois hoje todos eles são preenchidos por concurso público, mas pela possibilidade de pautar e controlar a sociedade e o povo que dela faz parte, através dos conteúdos e matérias que se estabelece na grade curricular.

Setores como o planejamento que foi desmembrado da fazenda pública, passou a ter bem mais importância, pois em que pese não arrecadar, é o setor que efetivamente planeja os investimentos e os gastos do Estado, prioriza e autoriza os pagamentos. Meio ambiente, que nem existia, passou a ser uma forma de controle dos meios de produção, pois é ele que diz onde pode a sociedade implantar suas casas e seus negócios. Organismos ligados às pessoas, que antes nem eram cogitados, passaram a ter grande relevância, pois uma das formas mais modernas e eficientes de politização, são os direitos sociais. O setor de infraestrutura que antes era chamado apenas de obras públicas, ganhou uma importância imensa, uma vez que a melhoria dos ambientes onde vive a população é de suma importância, coisa que antes não era crucial.

Essa mudança de paradigma requer um novo político, que se preocupe com coisas diversas, que tenha um olhar mais abrangente e menos focado, que observe o periférico simultaneamente com o pontual, requer alguém não só mais sensível, mas também mais múltiplo, alguém que possa dosar a importância do meio ambiente, do agronegócio, da indústria e da construção civil, sem que uma atividade interfira negativamente na outra. Este político é o que há de mais importante hoje e o que é mais raro em nossa sociedade.

Acredito que apenas o liberalismo responsável é capaz de produzir um político assim. Alguém que saiba o valor de preservar o meio ambiente, mas que entenda que de nada ele servirá à população se ela não tiver alimentos bons e baratos, que existem certos custos que a indústria deve pagar para que o meio ambiente seja preservado, mas que a produção não deve e não pode ser reprimida.

Responsabilidade social e política não se refere apenas a garantir direitos e igualdades às pessoas, mas garantir a elas uma vida mais produtiva e feliz, e isso não apenas aos menos favorecidos que devem é claro ser priorizados, mas os cuidados com eles não podem desqualificar o respeito aos demais.

A extremada politização das causas que criou o “nós contra eles” em todos os âmbitos do convívio social, é a arma que os incapazes usam ao se recusarem a entender isso que eu hoje comento aqui.

O respeito, o compromisso com o correto e com o justo, a fraternidade, a tolerância e a dedicação à realização de coisas boas para todos de forma racional, mesmo que se saiba o quanto isso é complicado e difícil, é o que define o bom político, hoje e eternamente.

PS: Ofereço esse texto àqueles que considerado os melhores secretários da administração estadual anterior: Felipe Camarão, que foi eleito vice governador; Carlos Lula que agora é deputado estadual; Marcellus Ribeiro Alves, que para o bem de nosso Estado continua na Secretaria da Fazenda; e Ted Lago que fez um primoroso trabalho frente a EMAP.

Uma explicação irretocável

Um renomado professor entrou na sala de aula de uma importante universidade inglesa, com uma galinha debaixo de um braço, um saco de milho na mão, e disse para seus alunos, do primeiro ano do curso de ciências políticas, que ele iria explicar de maneira cabal e definitiva o que é o comunismo, e que, ainda por cima, eles iriam presenciar um extraordinário experimento antropológico, pois nele seria usado uma ave e não um ser humano. Todos ficaram curiosos.

O professor colocou o saco de milho sobre a mesa e em seguida começou a arrancar as penas da coitada da galinha. A ave debatia-se e cacarejava de aflição e dor. O professor continuou depenando o galináceo, mesmo contra os protestos de alunos “politicamente corretos” e de algumas alunas mais sensíveis.

O professor parou por um instante, e perguntou a um dos alunos mais “afetados”. – “Você é vegano?” – O aluno respondeu que não, e o professor continuou. – “Então você é só hipócrita mesmo, né?… Pois para comer o Sunday Roast que sua mãe deve preparar para família, e com a qual você deve se refastelar, os pobrezinhos do porco, do boi e do peru, precisam ser sacrificados, não é garoto!…” E continuou arrancando as penas da galinha.

Ao fim daquela horrível cena de tortura, a turma estava atônita com tamanha barbaridade.

A galinha continuava se debatendo e cacarejando de dor. O professor então foi até a mesa onde havia colocado o saco de milho, e encheu a mão em concha com os grãos dourados e levou para perto do bico da ave extenuada. Por um momento ela parou de se debater e cacarejar, mas em seguida começou a comer o milho, dado pelo professor.

A galinha continuava inquieta, pois estava muito dolorida. O professor colocou-a suavemente no chão e continuou a alimentá-la. Em seguida o professor parou um pouco de fornecer milho à galinha. Instantes depois ele começou a andar pela sala de aula, deixando cair atrás de si alguns poucos grãos de milho. A galinha então começou a seguir os passos do professor, para comer o milho. Ele parava e ela parava. Ele andava e ela o seguia.

Os alunos mais espertos logo intuíram do que se tratava o tal experimento, porém, os mais “politicamente corretos” faziam cara de espantosa incompreensão.

O professor então disse: “Vocês acabam de presenciar e constatar como funciona o comunismo. Não interessa o nível de privação de liberdade, o nível de sofrimento, as dores que o comunismo imponha ao povo, pois se o sistema conseguir fazer com que ele, o povo, se torne completamente dependente de ajuda de um estado totalitário, ele, o povo, assim como essa galinha, sempre irá continuar seguindo a quem lhe dá um pouco de milho, mas ele, o povo, jamais será livre, será sempre dependente e estará sempre à mercê de quem lhe fornece o milho deles, de cada dia.

Melhor que dinheiro

Comecei minha jornada na política em 1978, como assessor parlamentar. De lá para cá fui deputado estadual, deputado federal constituinte e secretário de Estado, voltando depois a ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa do Maranhão, mas desde janeiro de 2011, não sou mais político, pelo menos desses com mandato eletivo. Depois dali ainda exerci funções como secretário de esportes do Estado e de comunicação do Município de São Luís.

Ao todo foram 40 anos de vida pública, cujo saldo, em meu ponto de vista, acredito tenha sido bastante positivo.

Nunca perdi uma eleição; não trago nenhuma mácula moral ou ética no meu currículo; não cultivei inimigos e fiz nesse trajeto uma infinidade de bons companheiros e amigos, e até mesmo os poucos adversários que tive, sempre me trataram de forma respeitosa.

Estou comentando isso aqui hoje, pelo fato de mesmo sem manter nenhum cargo ou laço formal com os poderes constituídos, ainda sou procurado por pessoas, no sentido de ajudá-las a resolver algum assunto de seu interesse. Isso acontece não apenas comigo, mas com qualquer pessoa que tenha sido político, ou que mantenha algum nível de poder, mesmo que só informal ou aparente, como é o meu caso.

Mas a razão pontual e específica de abordar esse assunto, se deve ao fato de eu ter sido procurado por um amigo, no sentido de ajudar uma pessoa que precisava tratamento médico de urgência, pois corria risco de perder a vida se não fosse atendido imediatamente.

Não me lembro da última vez que eu tenha ficado atônito com um caso assim. O fato de não conhecer o secretário de saúde do Estado me deu certa sensação de obsolescência, e essa é uma sensação horrível, posso garantir a vocês.

Imediatamente, meu temperamento irreverente e brincalhão fez troça de mim mesmo e me fez pensar que se não conheço o secretário de saúde, conheço o chefe dele, que foi meu contemporâneo no Colégio Batista, e é um dileto amigo meu, mas resolvi não recorrer a COBF e pedi ajuda à um outro querido amigo, que ainda está na política e tem o instrumento necessário para ajudar as pessoas. Poder.

O senhor que precisava de tratamento urgente foi atendido e passa bem, graças à ajuda daquele meu bom amigo e das pessoas a quem ele deve ter acionado para resolver tal questão.

Quando soube do desfecho satisfatório do caso, vi que a sensação de estar ficando obsoleto é inversamente proporcional a de conseguir ajudar alguém, de fazer o bem para uma pessoa. Essa em minha opinião é a função principal do poder.

Esse acontecimento serviu para reafirmar uma das primeiras lições que aprendi na minha vida, e que já foi até tema de propaganda de um banco, no tempo em que eu ainda era criança. “Melhor um amigo na praça do que muito dinheiro no caixa”.

Muito obrigado, meu amigo ABF!…

“I have a dream!…”

Eu sempre acalentei um sonho. Na verdade, não é um sonho comum, desses que se tem quando está dormindo. Sonho aqui é figura de linguagem, metáfora para exemplificar uma ideia, algo que gostaria que fosse realidade. Meu sonho é viver em uma sociedade minimamente justa, onde o bom senso e a coerência prevaleçam.

Thomas Morus chamava isso de Utopia, eu chamo de Estado Democrático de Direito, onde todos estão sujeitos às mesmas regras, têm os mesmos direitos e os mesmos deveres, onde as regras não podem ser desrespeitadas e onde ninguém pode transgredir quanto a elas.

Eu sempre quis viver num lugar onde as pessoas pudessem valer pelo que elas são, e que aquilo que elas tivessem fossem apenas recursos extras que elas pudessem usar para viver melhor. Eu sempre acreditei que vive melhor quem vive cercado de pessoas que também possam viver bem, não necessariamente de maneira igual, mas minimamente bem.

Durante quase toda a minha vida, acreditei erradamente que meu posicionamento político e ideológico era de centro esquerda, mas já az mais de vinte anos que descobri que na verdade eu e minhas ideias estamos de maneira mais coerente e realista no escaninho exatamente oposto àquele em que eu me via. Sou realmente de centro direita.

Ter consciência de sua real e verdadeira posição no espectro político, é muito importante, principalmente para aqueles que militam na política.

É muito fácil e bonito ser de esquerda, pois quem está nessa posição não tem que fazer muito esforço, uma vez que o ser humano está naturalmente nesta latitude. Os humanos têm suas características mais marcantes, no que diz respeito a antropologia, psicologia, sociologia e filosofia, vinculadas aos pensamentos comuns ao quinhão à esquerda do centro do espectro político e ideológico.

Nosso subconsciente, nossa memória ancestral, nos remete aos tempos primitivos, em que vivíamos em bandos no início das civilizações, e desde lá nós nos acostumamos a gostar dos amparos, dos apoios e dos benefícios que possam nos ser proporcionados. O nosso humanismo inato, por si só é uma ideia e um sentimento poderoso, e tudo isso se enquadra muito mais nas ideias da esquerda, mas este não é o caso da esquerda estremada.

Essas mesmas sensações e sentimentos são comuns àqueles que se posicionam à direita do centro, mesmo que algumas de suas teses políticas e econômicas, deem motivos para que as pessoas possam simpatizar menos com os pensamentos destes.

Os moderados de direita não são completamente contra os amparos, os apoios e os benefícios aos cidadãos, eles apenas estabelecem critérios restritivos e rígidos para esses privilégios. Os de Direita não acreditam na mera doação, eles querem que ela seja proveniente de algo mais, uma troca positiva e honesta entre o indivíduo e a sociedade.

As diferenças fundamentais entre os antagonistas que estão no meio do espectro político, dos de centro esquerda com os de centro direita, são meramente questões semânticas e diplomáticas, coisas que se resolve com um pouco de conversa, bom senso e boa vontade.

Já no que diz respeito aos que estão nesta posição intermediária, de direita e de esquerda, além de muito mais diplomacia, há uma necessidade bem maior de entendimento semântico e de concessões estratégicas de lado a lado.

Entre estes grupos de direita e esquerda há um outro diferencial. Os de direita privilegiam os deveres do cidadão e os de esquerda, dão mais ênfase aos seus direitos. No caso dos dois grupos antagônicos mais próximos do centro, o equilíbrio entre deveres e direitos está mais presente.

No tocante àqueles que estão nos polos extremos do espectro político, suas diferenças são praticamente irreconciliáveis, pois essas pessoas são irracionais e irascíveis. Eles acreditam tão piamente em suas teses, que muitas vezes elas se transformam em verdadeiras religiões. Eles chegam a eleger verdadeiros profetas, messias salvadores, a quem seguem cegamente, o que normalmente causa grandes problemas, por um lado e pelo outro.

Lembro que quando estava pesquisando para fazer as leis de incentivo à cultura e ao esporte do Maranhão, o que eu tinha em mente era a reclamação daqueles que diziam que o governo de então ajudava muito mais a um determinado grupo de artistas e esportistas, que aos outros.

Fiz essas leis para proporcionar a igualdade e a equidade entre quem desenvolvesse trabalhos naqueles setores. O governo, qualquer que fosse ele, apenas autorizaria que o empresariado escolhesse quais projetos mais se encaixavam no seu perfil. Aquelas leis foram concebidas e criadas para serem ferramentas de política de Estado, uma política equânime e igualitária.

Meu pai gostava de repetir ditados populares. Ele dizia que não se importava em dar peixe àqueles que precisavam comer, mas que mais importante que dar o peixe era ensinar as pessoas a pescar e dar a elas condições para isso.

As Leis de Incentivo à cultura e ao esporte do Maranhão são leis que apoiam, amparam e beneficiam as pessoas dos respectivos setores. Elas não são de esquerda, nem de direita. Elas são Leis. Lei não tem lado.

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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