Seis horas em um domingo chuvoso de março

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Num domingo de março, resfriado e com dor na garganta, resolvi não sair de casa e assisti há três filmes: “Os Rejeitados”, “Uma Vida – A História de Nicholas Winton” e “American Ficcion”, na companhia de minha inseparável esposa, Jacira.

Foram na verdade mais de seis horas, contando com os intervalos para ir ao banheiro ou a cozinha providenciar alguma coisa para beliscar e beber, e para atender uma ou outra chamada ao celular, mas foram as melhores horas que nós poderíamos ter passado em um domingo chuvoso de março.

Esses três filmes não podem deixar de serem vistos, pois são o que há de melhor atualmente no cinema e nas plataformas de filmes.

Não vou fazer uma crítica mais aprofundada de nenhum deles. Quem desejar uma crítica que procure uma nos diversos sites disponíveis para isso. Vou falar um pouco de minha percepção sobre eles, de como eles me tocaram.

“Os Rejeitados” como nome diz, trata de um grupo inusitado de pessoas que por algum motivo e de alguma forma não estavam inseridos entre aqueles que estavam “convidados” em alguns aspectos ou para algum evento ou ocasião. O mais interessante é o ambiente em que transcorre a ação e as pessoas envolvidas nela, uma escola elitista de Massachussets, um controverso professor, alguns alunos problemáticos, um em particular, uma cozinheira da escola…

A simplicidade como a história é contada e o foco que a história e a direção dão a cada personagem, são que há de melhor, além das maravilhosas performances dos atores. Não percam!

“Uma Vida – A História de Nicholas Winton” faz chegar até nós a notícia real da existência de um herói quase totalmente desconhecido, que salvou 669 crianças da morte certa nas mão dos infames nazistas, numa cidade de Praga dominada durante os eventos que culminaram com a Segunda Guerra Mundial.

Nicholas Winton, que teve sua heroica história conhecida do público apenas no final dos anos 1980, quase 50 anos depois de a ter realizado, ficou depois conhecido como o Schindler inglês, por ter realizado façanha semelhante a do lendário empresário alemão retratado por Spielberg no cinema. Também imperdível.

Por fim assistimos “American Ficcion”, que com todo respeito deveria ganhar um Oscar especial e não apenas o de melhor roteiro adaptado. O Oscar especial deveria ser pela grande quantidade de ironia certeira e humor inteligente e refinado disparado contra uma sociedade hipócrita que coloca pessoas e grupos sociais em gavetas e prateleiras como se fossem meros objetos.

Ironizar e rir de si mesmo é para mim uma das fórmulas infalíveis do sucesso, seja de um livro, de um filme ou de qualquer outro tipo de manifestação intelecto-cultural, ou quem sabe psicossocial.

Mas de tudo o que eu mais gostei e me realizei foi que no final da noite, depois de mais de seis horas, minha esposa, Jacira, se virou para mim e num tom grave e eloquente, proferiu uma sentença certeira: “Esse filme é sobre você, meu bem!” .

Eu explico! Jacira estava se referindo ao fato de em 1990 eu ter feito uma coisa muito semelhante ao que fez o personagem principal deste filme, o Monk. Eu apresentei um conto em uma oficina ministrada pelo famoso Caio Fernando Abreu como tendo sido escrito pelo controverso roteirista e diretor de cinema, David Linch, quando na verdade ele fora escrito realmente por mim. O conto se chamava “Pelo Ouvido”, e como a obra de Monk, no filme, mais tarde se tornou realmente uma produção cinematográfica de sucesso.

Filmes são viagens eternas e não podem ser perdidas.

PS: Caso você deseje assistir ao filme “Pelo Ouvido”, acesse o link:  https://www.youtube.com/watch?v=f_IPEo0xmac&list=PL1CRSF1DLcjy3I099RjYmPinddfHsKxfz&index=4

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O jogo

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Política é um jogo antigo, e como todo jogo, ganha quem joga melhor.

É indispensável que os contendores desse intrincado jogo conheçam suas regras antes que se atrevam a disputá-lo, pois não estar familiarizado com elas é o primeiro passo para não ter sucesso nesse jogo.

Existem aqueles que tentam subverter as regras e até quem tente criar novas regras para este jogo. Alguns poucos, raros mesmo, conseguem esse extraordinário feito, mas quase sempre quem tenta essa façanha acaba se dando mal, principalmente pelo fato deste jogo acompanhar a ordem natural das coisas, da natureza, principalmente da natureza humana, uma constante que se caracteriza por sua inconstância.

Como todo jogo, este também depende, em muitos sentidos, da sorte, mas há quem faça com que essa vantagem se torne pouco relevante ao desenvolver jogadas capazes de mudar o desenrolar dos acontecimentos. Isso é o que alguns chamam de criação de um fato político.

Um único erro, por menor e mais insignificante que ele seja, pode gerar uma cadeia de acontecimentos capazes de decretar uma fragorosa derrota.

Coragem é outro fator preponderante nesse jogo. Sem ela um contendor não vai chegar muito longe. Mas coragem é indispensável para qualquer coisa, mesmo que no jogo da política ela seja ingrediente fundamental.

Da mesma forma como em qualquer jogo ou esporte, política requer estilo. Existem os mais sutis, os mais moderados, assim como existem os mais radicais e até os mais rudes e violentos.

Política tem um pouco de cada jogo ou esporte que existem comumente por aí. Nele é preciso ter preparo físico como no atletismo ou nos jogos de campo ou de quadra, estratégia como no xadrez ou jogos de salão. O blefe é uma de suas mais poderosas armas, como no pôquer e em outros jogos de cartas.

Em política se encontram quase todas as atividades relevantes dos seres humanos, tais como a história, a geografia, a estatística, a antropologia, a sociologia, a psicologia, a filosofia…

O jogo da política acontece em todos os lugares e a toda hora e os árbitros ou os organizadores dessas contendas nem sempre são vistos ou identificáveis. Ele é um jogo jogado em família, entre esposas e esposos, pais e filhos, entre irmãos. É jogado nas empresas entre chefes e subordinados. Nas igrejas entre sacerdotes e fiéis…

Política é um jogo que todos nós jogamos, com todas as pessoas, a cada minuto de nossas vidas, mas é a política eleitoral e partidária, aquela que estabelece as linhas gerais dos acontecimentos em nossas vidas e consequentemente como vamos disputar esse nosso jogo diário. É esse tipo de política com a qual devemos mais nos preocupar e nos empenhar para que ela seja praticada com regras claras, coerentes, sérias, justas e principalmente democráticas que permitam igualdade inicial para todos os contendores, sem isso todos os nossos jogos serão meramente um jogo de cartas marcadas.

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Movimentos Culturais

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Nestes meus quase 65 anos, testemunhei o surgimento e o desaparecimento de alguns movimentos culturais.

Na minha juventude, nos anos 1970, foi a época da cultura dos Hippies, pessoas que lutavam pelo direito de fazerem as besteiras que ELAS desejassem fazer com a vida DELAS. Era o tempo do abandono da inocência do pós-guerra, dos ultrapassados anos 1950, e da conquista da liberdade a qualquer custo.

Agora, em minha velhice estou sendo obrigado a conviver com a cultura dos Wokes, que tentam obrigar TODAS as pessoas pensarem e agirem como ELES desejam. É o tempo da resgate da inocência abandonada, da quase que fanática caça aos culpados pelos males do mundo, da implantação forçada do politicamente correto e o último suspiro da liberdade individual.

Tudo indica que não estarei vivo quando no mundo estiver acontecendo um movimento cultural que consiga misturar de maneira inteligente e equilibrada essas duas formas de pensamento, que poderia muito bem se chamar de “Wordies”, ou “Mundismo”, um movimento que pregasse a defesa das liberdade dos indivíduos, bem como exigisse as responsabilidades destes para com todas as pessoas indistintamente, e para com a natureza, tendo o respeito, a solidariedade, a paz e o amor como pressupostos fundamentais…

… Um momentinho aí… Isso se parece muito com os ensinamentos originais de alguém!…

Vejam como são as coisas! Nos anos 1970 convivi com os Hippies, que lutavam pelo direito de as pessoas fazerem as besteiras que ELAS desejassem. Agora estou sendo obrigado a conviver os Wokes, que tentam obrigar as pessoas a pensarem e agir conforme ELES desejam.

Vamos mal!…

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Como diferenciar uma pessoa de direita de uma de esquerda

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Recebi esse texto e achei interessante.

Como diferenciar uma pessoa de direita de uma de esquerda

Uma pessoa de direita que não gosta de arma, não tem arma. Uma pessoa de esquerda que não gosta de arma, tenta proibir a todos terem armas.

Um vegetariano de direita, não come carne. Um vegetariano de esquerda faz campanha contra o consumo de proteína animal.

Um homossexual de direita, leva sua vida como deseja e não incomoda ninguém. Um homossexual de esquerda, faz disso uma bandeira e campanha para que todos sejam iguais a ele.

Uma pessoa de direita que é prejudicado em seu trabalho, procura meios legais para solucionar a questão. Uma pessoa de esquerda na mesma situação se diz discriminado, alega dano moral e faz disso uma bandeira política.

Um ateu de direita não acredita em Deus, não vai a igreja, a sinagoga ou a mesquita. Um ateu de esquerda quer obrigar a todos não acreditarem na existência de Deus nem admite a alusão a Ele.

Uma pessoa de direita, quando tem dificuldade financeira, arregaça as mangas e trabalha ainda mais. Quando isso ocorre com alguém de esquerda ele põe a culpa na burguesia que explora o trabalhador.

Uma pessoa de direita, quando não gosta ou não valoriza uma determinada coisa não a compra ou consume. Um esquerdista quando não gosta de alguma coisa, faz campanha contra ela.

Alguém de direita, defende a liberdade de expressão e opinião, enquanto alguém de esquerda exige que todos o ouçam e concordem com o que eles dizem.

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Minhas escolhas para o Oscar 2024

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Este ano não vou tentar acertar quais serão os ganhadores do Oscar, vou simplesmente citar aqueles que eu destaco como os merecedores das premiações.

Melhor Filme: Oppenheimer

Melhor Atriz: Sandra Hüller – Anatomia de uma Queda

Melhor Ator: Cillian Murphy -Oppenheimer

Melhor Atriz Coadjuvante: Emily Blunt – Oppenheimer

Neste quesito eu preferiria votar em Penélope Cruz, de Ferrari, que nem foi indicada.

Melhor Ator Coadjuvante: Robert Downey Jr. – Oppenheimer

Melhor Direção: Christopher Nolan – Oppenheimer

No caso de prêmio de melhor direção, qualquer um dos cinco indicados são merecedores do prêmio, não só das indicações, o que faz com que a escolha do melhor fique em segundo plano, transforma a votação numa mera escolha pessoal de cada um dos eleitores, pois mérito todos têm e são mais que suficientes para vencerem.

Melhor Filme Internacional: Zona de Interesse

Melhor Figurino: Napoleão

Melhor Trilha Sonora: Indiana Jones e a Relíquia do Destino

Melhor Som: Oppenheimer

Melhor Canção Original: “Wahzhazhe (A Song for My People)” (Assassinos da Lua das Flores)

Melhor Roteiro Adaptado: Tony McNamara – Pobres Criaturas

Melhor Roteiro Original: Justine Triet & Arthur Harari – Anatomia de uma Queda

Melhor Maquiagem e Penteado: Pobres Criaturas

Melhor Montagem: Oppenheimer

Melhor Efeitos Visuais: Missão: Impossível – Acerto de Contas

Melhor Fotografia: Pobres Criaturas

Melhor Design de Produção: Pobres Criaturas

Por não ter visto os filmes indicados nas categorias de Melhor Animação, Melhor Curta de Animação, Melhor Curta-Metragem em Live-Action, Melhor Documentário e Melhor Documentário de Curta-Metragem, eu não vou me manifestar sobre eles.

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“ – Perdeu mané!…” “ – Essa é a sua opinião, presidente!…”

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Uma das primeiras coisas que aprendi na faculdade foi que existem algumas regras básicas no direito, que antecedem qualquer coisa, inclusive a concepção das leis, e dentre elas sempre achei que duas se sobressaiam de forma crucial sobre as demais.

A primeira dessas regras é a que diz que não há crime sem que exista uma lei anterior que o defina, o que significa que uma ação só é crime se houver uma lei que estabeleça que aquele ato ou fato é crime.

A outra regra, tão ou mais importante quanto a anterior, é a que estabelece que uma lei NÃO PODE retroagir no tempo, pelo menos não para prejudicar quem quer que seja, sendo assim ela não pode ter seus efeitos consubstanciados no tempo passado.

Nos dois casos o sujeito dessas ações, menos que as leis  em si, é o tempo, ou seja, nem a lei prevalece sobre essa variável permanente em nossas vidas, assim como na física, de modo amplo e geral, pois se isso acontecesse não estaríamos subvertendo pura e simplesmente a lei, mas também a física, como Newton a observou, caso contrário, uma coisa que aconteceu no passado seria mudada pelo fato de que uma regra legal que foi estabelecida depois desse fato ter acontecido, surtiria um efeito que apagaria, juridicamente as responsabilidades decorrentes daqueles acontecimentos.

Você consegue ver o absurdo que é uma coisa como essa?

Foi isso que tentaram fazer cinco magistrados de nossa suprema, quando tentaram cassar o mandato de sete deputados federais que haviam sido eleitos durante a vigência de uma determinada lei. Esses tais magistrados gostariam que os efeitos de uma lei nova retroagissem para mudar juridicamente um acontecimento regido pela jurisdição vigente no tempo em que efetivamente ocorreu a ação.

Esse é mais um fato que mostra a situação caótica em que se encontra a justiça brasileira capaz de gerar fatos inadmissíveis para qualquer estudante do primeiro ano de qualquer uma das mais deficientes faculdades de direito espalhadas por esse nosso extraordinário, mas vilipendiado e dividido país. Nossos magistrados tentam subverter até as leis da física!

PS: Dois ministros que normalmente marcham e votam juntos divergiram quanto ao tema citado acima e as duas frase que compõem o título deste texto, ditas por cada um deles em momentos diferentes, foram usadas neste caso para criar aquilo que se poderia chamar de “O diálogo do caos.” 

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Sobre a criação das leis de incentivo a cultura e ao esporte do Maranhão e sua atual situação

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Recentemente fui procurado por um grupo de produtores culturais que me pediram que lhes falasse sobre as ações em torno da elaboração, da criação e da efetiva implantação das leis estaduais de Incentivo à cultura e ao esporte do Maranhão, e que fizesse uma análise sobre a forma de como hoje elas são implementadas.

Confesso que dei um sorrisinho maroto, misto de gozação e angustia, mas mesmo assim fiz uma rápida e sucinta explanação para eles.

Expliquei-lhes que em meu último ano como deputado estadual, resolvi levar adiante dois projetos que há anos tentava aprovar, mas sempre havia algo que acabava atrapalhando, eram as tais leis de incentivo à cultura e ao esporte.

Contei-lhes que depois de muitos estudos e análises que contaram com a importante colaboração de alguns assessores da Assembleia e principalmente da Secretaria de Fazenda do estado, chegamos a um modelo que parecia ser aceitável para que finalmente pudéssemos ter instrumentos de apoio, fomento e difusão das produções culturais e esportivas em nosso Estado. Elas seriam leis gêmeas idênticas, só mudando o ramo de aplicabilidade e aquilo que cada um dos setores tivesse de peculiaridade.

Ressaltei que contei também com a decisiva ajuda de um dos mais importantes apoiadores culturais e esportivos de nosso estado, o empresário, meu amigo de muitos anos, e irmão da então governadora, Fernando Sarney, que mais que todos sabia da importância de instrumentos como aqueles para o sucesso de nossa cultura e de nosso esporte.

Expliquei a eles que apresentei os projetos na Assembleia Legislativa e que consegui sensibilizar todos os deputados no sentido de apoiarem, tanto que eles foram aprovados por unanimidade.

No entanto, atendendo a recomendação da Procuradoria Geral do Estado, a governadora Roseana Sarney vetou ambas as leis, com base em um artigo da Constituição Estadual, que prevê que o poder legislativo não pode legislar no sentido de criar despesas financeiras, ocorre que o nosso argumento era no sentido de que essas leis não significavam despesas, e sim renúncia fiscal por parte da administração pública, em favor de projetos que fomentassem os setores culturais e esportivos, que acabariam gerando ações afirmativas, além de riquezas e até mesmo de mais impostos.

Contei a eles que os vetos interpostos pela governadora foram derrubados pela Assembleia Legislativa e as leis foram promulgadas, mas só passariam a vigorar no ano seguinte, com a efetiva regulamentação das mesmas e aprovação de suas aplicabilidades pelas respectivas secretarias.

Em agosto de 2011, quase um ano depois de aprovadas as leis, a governadora encaminhou para a Assembleia duas medidas provisórias, as de número 100 e 101, cujos textos traziam a mesma redação e o mesmo teor das leis que foram por mim apresentadas, dando assim validade e efetiva aplicabilidade a tais dispositivos legais.

Estes poderosos instrumentos foram instituídos respectivamente por meio das Leis 9.437 e 9.436, de 15 de agosto de 2011, e se consubstanciam por meio de recursos oriundos da renúncia fiscal do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) a partir do faturamento das empresas patrocinadoras dos projetos.

Quanto a segunda parte do que haviam me pedido, expliquei que durante os anos de 2012, 2013, 2014 e 2015, tais leis não sofreram nenhuma modificação, mas a partir do ano de 2016, diversas mudanças foram feitas nessas leis, desvirtuando sua ideia e sua concepção original, dificultando o acesso aos recursos por parte dos produtores culturais e esportivos, quando deveriam na verdade facilitar e viabilizar as produções nesses dois importante setores de nossa economia.

As mudanças foram tão absurdas e radicais que através de uma simples portaria modificaram a composição das comissões responsáveis por analisar e aprovar os projetos em cada uma das secretarias, eliminando a representação da sociedade civil e substituindo-a por funcionários comissionados de cada pasta, o que transforma essas comissões em meras carimbadoras das ordens superiores.

Hoje, com raras exceções, o que se vê é a utilização de ambas as leis como apoio e braço operacional de iniciativas governamentais, coisas que eram totalmente vedadas quando da idealização, concepção e implantação dessas leis.

Por fim, expliquei-lhes que a mim fica o consolo de ter sido o idealizador e criador desses instrumentos que visavam o fortalecimento da cultura e do esporte maranhense, e que, se hoje eles não cumprem mais como deveriam, as funções e os objetivos para os quais foram criados, nos resta lamentar e quem sabe lutar para mudar essa triste realidade.

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O que esperar de Flávio Dino como Ministro do STF

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Motivado pela pergunta estampada em uma tarja de legenda, exibida em um programa da Globo News, (escrita de forma errada) onde aparecia, entre outros, a jornalista Miriam Leitão, (veja a foto), resolvi responder à pergunta com o texto abaixo.

Já faz 8 anos que eu escrevi um texto abordando um assunto parecido com esse, sobre esse mesmo personagem, o ex-juiz federal, ex-presidente da EMBRATUR, ex-Deputado Federal, ex-Governador do Maranhão, ex-Ministro da Justiça, ex-Senador da República e atualmente Ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, meu confrade na Academia Maranhense de Letras.

Há 8 anos escrevi dizendo que iria dar um prazo de 180 dias para só então me pronunciar sobre o que FD estava fazendo no comando do governo do Maranhão. Como pouco ou nada foi feito neste intervalo de tempo, dei a ele crédito e prorroguei o prazo por igual período. Depois de um ano de gestão me manifestei dizendo que mudaram os nomes, os personagens que ocupavam os cargos, que mudaram até algumas práticas políticas, mas que de modo geral as coisas continuavam iguais ao que acontecia antes, era um governo de amigos.

Não era possível desconhecer, no entanto, que aconteceram algumas boas mudanças, da mesma forma que era impossível não dizer que depois de muitos anos, as práticas vitorinistas haviam voltado a existir em nosso Estado.

A história dirá que Flávio Dino interrompeu 50 anos de hegemonia de Sarney e seu grupo político no Maranhão, e isso é verdade, mas também dirá que guardadas as devidas proporções, o tempo que separa as duas gestões e o fato de Sarney ter governado o Maranhão por apenas quatro anos e Flávio por oito, os avanços alcançados pelo primeiro, superam em muito tudo que foi feito pelo segundo.

Já em comparação com Roseana Sarney e os quatorze anos em que ela governou o Maranhão, pode-se dizer que os oito anos de Flavio, disputam em pé de igualdade.

Mas deixemos o passado para os historiadores profissionais, que no futuro certamente se debruçarão sobre esse tema. Vejamos o presente.

Flavio Dino é, sem a menor sombra de dúvida, o político mais articulado, mais culto, mais preparado, que apareceu no Brasil nos últimos 20 anos. Isso não quer dizer que eu concorde com seus posicionamentos ideológicos, nem com suas práticas políticas, mas é impossível para qualquer pessoa de bom senso não reconhecer as qualidades diferenciadas de Flavio, mesmo que alguns de seus defeitos sejam igualmente fáceis de se identificar.

Como já disse, Flávio é muito culto. Como orador, existem hoje pouquíssimos que se igualam a ele. Articula bem as palavras e os pensamentos, portanto é um grande sofista, naquilo que o termo grego tem de bom e de pejorativo também. Sua capacidade intelectual cobre um vasto campo e ela só é limitada por sua ideologia que restringe muito o incrível potencial que ele tem.

Se Flávio fosse um moderado, mesmo sendo um esquerdista, tenho certeza de que seu sucesso seria maior do que realmente é. O fato de ser um taurino, que precisava superar outro taurino, fez dele um verdadeiro Minotauro ou seria melhor dizer, um Dinotauro: Forte como um touro e astuto com Flávio Dino.

Ocorre que depois de desbancar o sarneysismo no Maranhão, se o que ele realmente deseja é conquistar o Brasil, ele precisaria ficar mais “light”, o que é difícil para alguém de seu temperamento.

Mas voltemos ao título de meu texto de hoje: “O que esperar de Flávio Dino como Ministro do STF”. EU, particularmente, espero que ele se reinvente, que se torne mais “light”, mais leve, sem nenhuma alusão ao seu corpanzil. Espero que ele seja menos, muito, muito menos polêmico, que não tente ser engraçado, que seja menos radical, que se torne um juiz salomônico, apaziguador, que se lembre da espada de Dâmocles, mesmo que use com muita parcimônia e sabedoria a espada que Alexandre, o grande (não o pigmeu careca), aquela espada que o macedônio usou para “desatar” o nó Górdio.

Eu espero que Flávio Dino se redima dos equívocos que por acaso tenha cometido durante seu tempo na política partidária e ideológica e saiba que como juiz de nossa suprema corte, neste momento conturbado da história de nosso país, ele pode se tornar apenas mais um infame, ou ao contrário do que grande parte das pessoas imagina, se transformar no sustentáculo de nossa cambaleante democracia, que vem sendo vilipendiada de forma absurda pelas más ações advindas do poder executivo, pela inação criminosa do poder legislativo e pela tirania abjeta praticada pelo poder judiciário.

Testemunhar a redenção de FD será uma das maiores satisfações que eu terei em minha vida, aristotelicamente política, socraticamente filosófica e platonicamente ideológica.

Espero do fundo de minha alma que Flavio Dino possa permitir que eu diga, no fim de minha vida, que fui seu adversário ideológico, seu confrade na Academia Maranhense de Letras e seu admirador pelo trabalho que realizou no STF, ao ajudar a restaurar e estabilizar o estado de direito e a democracia em nosso país e assim, quem sabe, ele possa mais uma vez abandonar a magistratura e retornar, nos braços do povo para a política, para ser aquilo que parece ser seu objetivo: Presidente da República.

Esse me parece ser o melhor, o mais curto e o mais garantido caminho.

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Bolsonaro não desqualifica a direita, ele só desqualifica o Bolsonarismo

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O pensamento de direita não é somente representado por Bolsonaro, muito menos por seus seguidores, sejam eles os moderados ou mesmo aqueles que votam nele por falta de opção. O pensamento de direita já existia antes de Bolsonaro e continuará existindo depois dele. Graças a Deus.

O advento de Bolsonaro, guardadas as devidas proporções e aplicabilidades, é semelhante ao aparecimento de Lula, que por sua vez não desqualifica a esquerda, pois nem todo esquerdista é como Lula. Ou será que é?

No caso de Bolsonaro, posso afirmar que a maioria das pessoas que se posicionam conscientemente no campo ideológico da direita não pensa e não age como ele. Quem sabe realmente o que é o pensamento de direita, que defende a livre iniciativa, o livre comércio, o empreendedorismo, quem defende a liberdade de expressão, a auto determinação do indivíduo, o direito à propriedade dos bens amealhados pelas pessoas no decorrer da vida, quem valoriza instituições como a família, a igreja, a Nação, o País, de maneira consciente, quem sabe se comportar civilizadamente em sociedade, quem sabe a importância de sentimentos como respeito, elegância, refinamento social, aqueles que acreditam que o estado existe para regular as relações entre as pessoas e as instituições e não para submete-las às determinações ideológicas de uma elite política, esses sim, são os verdadeiros representantes da direita.

A direita advoga o liberalismo econômico e social, prega a valorização das liberdades individuais colocando os interesses dos indivíduos e suas necessidades em primeiro lugar, sem esquecer das responsabilidades deles para com a sociedade.

O pensamento liberal é sempre no sentido de garantir que para cada direito concedido ao cidadão, um dever dele para com a sociedade deve ser estabelecido. O Liberalismo acredita que direito não é privilégio, Direito é algo que necessita de uma contrapartida por parte de quem o recebe. O direitista acredita piamente que um direito só pode ser exigido pelo cidadão porque ele oferece à sociedade uma obrigação correspondente, que deve ser exigida pela sociedade com a mesma energia e tenacidade, equilibrando, justificando e equalizando as forças entre direitos e deveres dos cidadãos, fazendo com que as engrenagens da sociedade liberal estejam sempre alinhadas e afinadas.

O funcionamento padrão de uma sociedade liberal oferece a população o sucesso que uma sociedade comunista busca desesperadamente e que jamais conseguiu oferecer em nenhum lugar e em tempo algum. O perfeito funcionamento do liberalismo, quando agregado ao humanismo que toda sociedade humana necessita, transforma-se no modo quase perfeito de convivência social e política.

Bolsonaro não tem a profundidade necessária para entender esse tipo de coisa e por isso representa apenas uma parte da direita em nosso país. A maior parte dela, tem apoiado e deverá continuar apoiando Bolsonaro por não ter um verdadeiro representante do pensamento liberal ou de direita que possa representá-los.

Ninguém pode desconhecer que Bolsonaro se coloca no espectro da direita, mas achar que toda a direita brasileira é representada por ele e por seus seguidores mais fanáticos, é desconhecer a história da direita.  

Vou citar alguns luminares do pensamento liberal ou de direita em nosso país, pessoas ligadas as mais diversas áreas de atuação, e gostaria que você, que me prestigia com a leitura destas mal traçadas linhas, dissesse se Jair Bolsonaro poderia carregar a pasta de algum deles: Ruy Barbosa, Joaquim Nabuco, Cândido Rondon, Getúlio Vargas, Roberto Campos, Eugenio Gudin, Delfim Netto, Sandra Cavalcante, Carlos Lacerda, Góes Monteiro, José Sarney, Gustavo Corsão, Alceu Amoroso Lima (Tristão de Atayde), Assis Chateaubriand, Magalhães Pinto, Ademar de Barros…

Mesmo que você discorde de mim quanto aos nomes constantes na lista acima, tenho certeza de que você concordará comigo quanto ao fato de Bolsonaro jamais poder figurar num panteão como esse, logo, ele não sabe o que é ser um verdadeiro liberal, um representante genuíno da direita. Ele simplesmente ocupa o espaço de alguém que se contrapõe à esquerda e por esse motivo capitaliza o apoio eleitoral de muitos verdadeiros e consistentes liberais.

Do que precisa a direita no Brasil? De alguém que tenha a consciência dos componentes da lista acima e que tenha o apelo eleitoral de Bolsonaro, o que parece ser impossível, porque o povo brasileiro, o eleitor médio, não consegue perceber a diferença.

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Ombudsman dos outros

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Tenho assistido, e acredito que você também, tantas barbaridades e idiotices que têm sido prolatadas em vários programas jornalísticos das mais diversas emissoras de televisão e de rádio de nosso país, que como produtor e diretor de conteúdos audiovisuais, resolvi pensar em um jeito de, se não de solucionar esse gravíssimo problema, pelo menos de minorá-lo de maneira criativa e extremamente positiva.

Depois de ter analisado um pouco toda essa situação e por ter passado a minha vida inteira envolvido com comunicação e jornalismo, posso garantir que terá sucesso extraordinário, um programa de televisão, como também sua versão para emissoras de rádio, que apresente, de forma analítica, ponderada, criteriosa e coerente, análises sobre aquilo que dizem e comentam outros programas que sejam jornalísticos e opinativos.

Seria exatamente como aquilo que sugere o curioso título deste texto, seria um programa que serviria como “Ombudsman dos outros”, onde fossem analisadas, com critérios apurados, aquilo que os jornalistas e seus convidados dizem.

Levando-se em consideração que o conhecimento e a opinião da sociedade atual, do século XXI, ao contrário da sociedade do “odiento” século XX, que eram formadas pelo convívio familiar, por boas escolas e universidades,  e que é hoje formada essencialmente pelas notícias que se ouve e assiste nos mais diversos meios de comunicação e nas redes sociais, conhecimento e informação da espessura de uma folha de papel, o “Ombudsman dos outros” filtraria e analisaria o que fosse dito nesses programas, de forma criteriosa, usando a lógica, o bom senso, o conhecimento histórico e científico, faria ponderações e mostraria ao público a consistência e a inconsistência daquilo que ali foi dito.

Lembro para quem não se lembra e digo para aqueles que não sabem o que é um Ombudsman. Ele é um profissional contratado por um órgão, instituição ou empresa com a função de receber críticas, sugestões e reclamações de seus usuários, e que sua função no jornalismo é essencial, tanto que são chamados de editores públicos, advogados dos leitores ou editores de leitores.

A primeira vez que essa função foi utilizada foi em dois jornais na cidade de Louisville, no estado de Kentucky, nos Estados Unidos, em 1967. Três anos depois, o The Washington Post seria o primeiro grande jornal a contratar um profissional para exercer essa importante função.

Apenas para exemplificar o que aconteceria no programa “O ombudsman dos outros”, veja o que disseram alguns jornalistas de uma certa emissora de televisão sobre o fato de um ministro do STF ter tomado atitudes “legais” no sentido de investigar a atuação de uma ONG, uma instituição de defesa dos direitos dos cidadãos que demonstrou preocupação com o aumento da corrupção no Brasil: “… essa é uma agenda pessoal do ministro …”.

Ora, esse comentário leva o espectador a achar normal, natural, certo, que um ministro do STF tenha uma agenda própria, sua, pessoal, faz com que quem por acaso assista o que ali esteja sendo dito, pense que a atitude do ministro está correta, quando a função do jornalista âncora, comentarista, opinativo, editorialista, é antes de tudo analisar o fato e a notícia por trás dele, do ponto de vista daquilo que é ético, certo, sensato e deve ser feito, ou pelo menos dar espaço para que aquilo tudo tenha um contraponto, uma ponderação.

Em momento algum os jornalistas ou comentaristas daquele programa teceu algum comentário sobre o fato de um ministro do STF ter uma agenda própria, sobre isso não condizer com a função de juiz, muito menos com a função de um ministro de uma corte suprema. A agenda de um juiz deve ser o processo, e seu manual, a sua bíblia, deve ser a lei, usada com sabedoria, sensibilidade e bom senso. São comentários como esse que enfraquecem o nosso senso de cidadania, bem como a falta de crítica a atitudes como essa, do tal ministro.

Talvez, se tivermos um ombudsman dos outros, possamos voltar a assistir alguns programas sem a imensa preocupação de filtrarmos as barbaridades que a maioria dos programas e dos jornalistas vomitam sobre nós a todo instante.

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